Os cristãos, os perseguidores e os leões

 Julio Severo

Enquanto os cristãos discutem hoje a perigo de vir um governo que os persiga implacavelmente e a direita explore esse medo para eleger seus candidatos, os cristãos do Império Romano já viviam esse perigo diariamente.



Eles eram torturados, queimados vivos e jogados às arenas dos leões. Eles eram comidos vivos e nada sobrava de seus corpos nem mesmo para enterrar dignamente num cemitério.

A perseguição do Império Romano era total: política e religiosa.

Contudo, não havia só perseguição romana. Por motivos religiosos, os judeus não cristãos perseguiam os judeus cristãos e ainda atiçavam o Império Romano contra os cristãos. Os judeus não cristãos se achavam um povo muito mais escolhido por Deus do que Jesus Cristo e os judeus cristãos. Essa percepção judaica errada persiste até hoje.

A reação dos cristãos era orar pelo sanguinário imperador Nero. O Apóstolo Paulo disse:

“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças, em favor de todas as pessoas; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2:1-4 King James Atualizada)

Paulo não xingava os romanos e os judeus perseguidores. Ele não xingava Nero. No lugar dos palavrões, ele encorajava os cristãos a orar pelo cruel imperador Nero e sua salvação.

Paulo podia ter essa atitude espiritual porque ele não era cristão apenas de nome. Através da oração e leitura da Bíblia, ele vivia em profunda amizade espiritual com Jesus.

Contudo, se ele vivesse envolvido em interesses políticos, ele xingaria Nero dia e noite. Ele xingaria os judeus que perseguiam os cristãos.

A qualidade dos que desconhecem a Deus é sua boca de privada, cheia da sujeira de seus corações. A qualidade dos que conhecem a Deus é sua boca de louvor, oração e pregação do Evangelho.

Os cristãos de hoje não são torturados nem comidos por leões e xingam todo mundo e não oram por ninguém. Os cristãos da época de Paulo eram torturados e comidos por leões, não xingavam ninguém, mas oravam por todos.

Foi xingando, caluniando e mentindo que o ditador comunista russo Lênin construiu a União Soviética. Foi com servos como Paulo que não xingavam, mas oravam, louvavam e pregavam o Evangelho que Jesus Cristo expandiu o Reino de Deus no mundo inteiro — um reino que é maior do que o Império Romano, maior do que o Império Americano, maior do que o Facebook, maior do que o Twitter e maior do que o Google.

Espero que o exemplo espiritual que Paulo deixou dois mil anos atrás, quando ele e muitos cristãos eram perseguidos sem xingar, sirva de lição para os cristãos modernos, que não oram nem leem a Bíblia, mas falam tantos palavrões e vulgaridades como se eles fossem mais espirituais do que Paulo e até Jesus Cristo.

Versão em inglês deste artigo: Christians, Persecutors and Lions

Fonte: www.juliosevero.com