Terra. A preparada para o homem - capítulo 3

 

O 6º DIA DA CRIAÇÃO, O PRINCIPAL?

 Deus estava preparando o caminho para sua maior criação, mas antes era necessário estruturar o lugar onde viveriam, para que não sofresse quando se deparasse com a realidade, nua e crua, do novo mundo que encararia após a sua saída do paraíso.

 

6º DIA – TERRA PREPARADA (HOMEM SALVO)

Todas as benfeitorias na Terra já previam o homem na condição de pecador, ou seja, mesmo diante da iminente infidelidade humana, Deus já se mostrava fiel, guardando, protegendo e antecedendo todos os seus atos.

 

“E disse Deus: Produza a Terra alma vivente conforme a sua espécie, gados, répteis.” (Gn 1.24)

 

No sexto dia Deus ordenou a criação de toda sorte de animais terrestres, répteis, inclusive gados e grandes rebanhos para que enchessem toda a Terra.

A visão era perfeita, riqueza na arborização, os céus povoados pelas aves, as águas e mares com os seus limites e animais marinhos, a natureza formada com todo o seu resplendor, mas faltava algo para completar a sua obra, justamente um que tivesse domínio sobre tudo e todos, é claro, que toda a sua obra não se resumiria a tão somente estes benefícios animais. Deus pensava mais alto, havia deixado o principal para o final.

Em todos os atos, anteriores, houve uma determinação para que houvesse algo, era como se Deus estivesse sozinho, criando conforme seu gosto, mas agora Ele conclamava a outros[1] para auxiliarem-no naquela obra.

E este pedido não foi feito aos anjos, animais ou aos elementos já criados. Neste momento sublime ficou claro que não se trataria apenas e tão somente de mais um item no seu complexo processo criacional.

Seria algo especial, que teria a sua marca, a sua impressão digital, já que Deus utilizou suas próprias mãos para criar o homem.

Deus sentiu a necessidade de algo mais pessoal, inteligente, que pudesse se comunicar e ter comunhão com Ele. Era o apogeu da criação.

O encerramento de toda aquela obra foi com chave de ouro, pois o homem foi criado sem nenhuma interferência maligna, dos anjos, dos animais ou do ambiente.

Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o principio da vida, o fôlego.

 

“E disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. (Gn 1.26)

 

Deus vivificou a coroa da glória da sua criação e o colocou para habitar na Terra que já estava pronta, somente esperando por este grande momento, vendo que isto era bom, Ele se alegrou.

O homem foi criado segundo a imagem de Deus para se tornar a sua representação na Terra, seria uma cópia fiel e mesmo atribuindo-lhe a semelhança deixava bem claro que jamais deveria se imaginar assumindo o seu lugar, pois seria o adorador e não o adorado.

A imagem e semelhança de Deus tornou o homem diferente do restante da criação, pois o raciocínio, sentimento e intelecto, são dotações que não são vistas nos animais, somente nele. Outro diferencial foi o barro[2], uma substância que já existia, enquanto que todas as outras criações se originaram do nada.

  Deus ordenou que o homem tivesse domínio sobre todos os animais, aves, peixes e répteis, pois agora viveriam em harmonia e se multiplicariam sem que houvesse a necessidade do uso da violência para se alimentarem. Esta era a continuidade do plano Divino da criação que primava pela paz entre as espécies. O mal nasceria depois com a introdução do pecado original.

Como prova de sua superioridade foi dado ao homem a incumbência de administrar, cultivar a Terra e nomear todos os animais, ficando assim instituído a noção de trabalho no meio da humanidade, que mais tarde, seria pelo pecado, tornado em penoso ocasionando o suor e esforço corporal. Por enquanto ainda era um trabalho leve, que resultava do uso da inteligência e raciocínio.

Esta liderança foi uma capacitação dada por Deus para que o homem enfrentasse as situações adversas que apareceriam em seu caminho, logo após a sua expulsão do paraíso, uma espécie de aprendizado, um treinamento, pois a luta que o aguardava não seria contra a carne ou sangue, mas sim contra as hostes espirituais.

Enquanto esteve no paraíso, o homem cumpriu as ordens que recebera e desempenhou as funções atribuídas. Aquilo não era uma espécie de punição, mas sim aprendizado para que ocupasse seu tempo com algo produtivo e que lhe proporcionasse alegria.

O local onde vivia, o paraíso, lugar de delícia, não era um palácio, uma mega cidade, mas um jardim, onde havia duas árvores, a do conhecimento do bem e do mal e a da vida, que apontavam para duas direções diferentes.

A primeira testemunhou a vergonha e desprezo, consequências da desobediência humana, enquanto que a segunda não foi alcançada, pois Deus expulsou o homem daquele lugar antes que isto acontecesse. Ela está reservada para aqueles que lavarão as suas vestes no sangue do Cordeiro[3].

Deus presenteou o homem com a estadia no paraíso para viver em harmonia com tudo e com todos. Desta forma ficou a Terra ao término do sexto dia, em contraste com o primeiro quando ainda estava sem forma, vazia e em trevas semelhante à situação do homem pecador sem Jesus.

Todas as benfeitorias na Terra tiveram um único beneficiário, o homem. Deus não tinha outra justificativa para tamanha obra, pois os céus e o universo são como estrado para os seus pés, então não teria a necessidade da adequação deste insignificante planeta, neste vasto e infinito vácuo, para ser sua nova morada. Tudo foi materializado para a sua maior criação.

No paraíso estavam os animais, homem, natureza, todos em harmonia. Ao ver isto Deus descansou, pois não havia mais o que fazer. O que poderia ser oferecido para que tivessem uma vida saudável e agradável estava ali a disposição.

Estavam frente a frente às três forças que impulsionariam a Terra, formando um triângulo de dependências entre eles, vinculando um ao outro, pois estavam os animais, a natureza e o homem, lutando entre si em busca da tão desejada harmonia.



[1] “Façamos o homem” (Gn 1.26). “O homem é como um de nós” (Gn 3.22).  “Desçamos e confundamos” (Gn 11.7).                                                     

[2] O homem foi feito do pó (Gn 2.7) e a mulher do osso (Gn 2.23).

[3] Conforme Apocalipse 22.14  http://ailtonsilva2000.blogspot.com/