A Bíblia não trata de jovens, propriamente dito. Fala de crianças e de adultos, somente. O termo adolescente é bem recente na história, sequer aparece nas Bíblia.
Não é necessário fazer força para enxergar que: os adolescentes estão cada vez mais pendurados nas redes sociais, os jovens estão casando mais tarde, saindo de casa mais tarde, arrumando empregos cada vez mais tarde. E isso serve tanto para fora quanto para dentro da igreja.
A Igreja, de modo geral, não sabe criar o jovem, muito menos o adolescente. É a idade em que a criança quer explorar a liberdade para agir como adulto sem a cabeça ou responsabilidade de um. E nós perpetuamos isso. Pegamos leve, não cobramos tanto assim. Afinal, são adolescentes. Essa é a fase da vida que eles têm para fazer isso, não?
Há um século, o “adolescente” já tinha enxada na mão; trabalhava, deixava de ser criança, ajudava com as contas e manutenção da casa. Hoje, ele grava diversos takes do último desafio de dança para postar no TikTok / Reels, no telefone de última geração que ganhou dos pais. Não exigimos deles porque “precisam do seu espaço”… e depois não sabemos porque nunca crescem, não se portam como adultos. Cada vez mais, muitos estão beirando os trinta anos sem perspectiva de vida, tanto de carreira quanto de casamento. O próximo alvo é, no máximo, mais uma viagem com os amigos, mais um intercâmbio.
Sabe quem mais leva o jovem a sério na sociedade hoje? O tráfico. Desde cedo, investe no jovem: ensina o que desejar, dá curso profissionalizante, oferece plano de carreira. Entrega uma arma na mão do menor de idade, promete roupa de marca e mulher. Quem também valoriza o jovem é a militância política, tanto que dominou as universidades, pois sabia que ali seria capaz de desarmar (literalmente) a futura concorrência, criando adultos que não oferecem resistência. Ensinam valores e princípios pelos quais “vale a pena” se entregar e lutar. E geralmente não incluem construir uma família ou criar filhos.
E o que a igreja fez durante isso? Organizamos gincana, noite brega. Fizemos louvorzão e festa de música eletrônica gospel. Ensinamos que o jovem cristão pode ser tão divertido quanto o não cristão, mas sem sexo, bebida ou droga. E nos convencemos de que estamos certos dizendo “pelo menos estão na igreja”. Afinal, se não fere o Evangelho, qual é o problema de inovar? Daí, o jovem cristão aprende a se divertir, a extravasar, a fazer tudo igualzinho o mundo faz, só que em versão gospel. E quando a diversão do mundo fica mais legal, saem da igreja. Afinal, fora da igreja eu tenho espaço para fazer tudo que faço aqui, só que com ainda mais liberdade! E ainda há quem pergunte por quê.
Então, como lidar com o jovem cristão?
Trate-o como o adulto que está se tornando. Ensine-o que se espera de um homem e uma mulher cristã, as responsabilidades que a vida trará, como lidar com o mundo. Prepare-os para encarar o mundo como cristãos! Fale sobre os desafios que enfrentarão no mundo real, da degradação moral, da revolução sexual, das tentações com as quais certamente serão confrontados! Ensine-os o que Deus espera de homens e mulheres, discípulos que sejam fiéis a Ele.
Não são mais crianças. O próximo passo é crescer, deixar pai e mãe e construir um lar, pregar o Evangelho à próxima geração. E não ficar jogando vídeo game do sofá da casa dos pais até os trinta e poucos anos – como se fosse a coisa mais normal do mundo.
“Mas teologia é pesado, é chato, né? O jovem de hoje quer algo mais atual e relevante.” O jovem estuda inglês, espanhol, química, filosofia etc, estuda pro vestibular e não consegue lidar com um panorama bíblico? Cosmovisão cristã? Introdução às doutrinas centrais da sua fé? Quem te contou essa mentira?
Sem dúvida, o inimigo não pensa assim. Ele certamente acredita no potencial dos jovens e investe pesado neles.
Se eles não se interessam, é porque nós não os ensinamos a desejar essas coisas. Partimos do pré-conceito de que o jovem vai achar chato e que temos que concorrer com o que veem no celular.
Será que o jovem de hoje está sendo preparado para morrer para o mundo? Ou apenas a não ficar, “escolher esperar”, ser “loucos por Jesus”? Daí quando saem para a vida, não sabem lidar, se encantam com o que veem e acabam se entregando.
Os jovens buscarão exemplos, modelos a serem seguidos. Se nós não apresentarmos bons modelos, eles encontrarão outros por conta própria. Portanto, ensine-os sobre os grandes nomes da história. Apresente “jovens” como João Ferreira de Almeida, que aos 16 anos já traduzia a Bíblia. Fale sobre Jonathan Edwards, C.S. Lewis, grandes exemplos de cristãos que viveram e fizeram grandes coisas.
Por que você acha que jogador de futebol, ex-BBB e blogueira de maquiagem tem tantos seguidores? Nossos jovens querem modelos, buscam um estilo de vida para desejar e imitar. O sonho é ser influencer, youtuber, instagrammer ou tiktoker para poder ganhar roupa de graça e ser pago para fazer vídeo de dancinha ou viagem.
Como é que a Igreja sobrevive assim? Quando é que esse jovem aprende a ser adulto, se a sua adolescência foi investida em cultivar a molecagem?
Ensine o jovem o valor eterno dos seus atos, a investir naquilo que de fato importa: arrumar um emprego, encontrar uma pessoa para construir um lar, servir ao próximo, dar testemunho cristão, pregar o Evangelho, sustentar uma igreja e pregar a Palavra para que a próxima geração possa conhecer o Evangelho.
Ensine o jovem que o mundo é mal, que a vida é difícil, mas que somos peregrinos, aqui de passagem. Ensine-os que o mundo é enganoso e que ele está a caminho da morte, mas que Cristo venceu o mundo e um dia virá para restaurar todas as coisas.
Dê ao jovem algo para amar, algo ao qual se apegar por toda esta vida (e a próxima). Ensine-os a não se contentarem com o esgoto que este mundo os empurra goela abaixo. Ensino-os a desenvolverem a sua mente, seu coração e a sua salvação. Ensine-os a glorificar a Deus em toda a sua vida e não a jogarem fora.
fonte https://voltemosaoevangelho.com