ESCOLA DOMINICAL EDITORA BETEL - Lição 1

 



Vale e Deserto: Lugares de Propósitos, Desafios e Vitórias
4 de Julho de 2021


TEXTO ÁUREO

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” Salmo 23.4

VERDADE APLICADA
Na caminhada cristã, os vales e desertos contribuem no processo de aperfeiçoamento na vida dos que perseveram em Cristo.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
Falar quais são os propósitos de Deus na provação.
Mostrar que vale e deserto são lugares de desafios.
Apresentar a grandeza das vitórias no vale e no deserto.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

EZEQUIEL 37
Veio sobre mim a mão do Senhor; e o Senhor me levou em espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos,
E me fez andar ao redor deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale e estavam sequíssimos.
E me disse: Filho do homem, poderão viver estes ossos? E eu disse: Senhor Jeová, tu o sabes.
Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.
E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército grande em extremo.

LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA / Gn 21.15-19 A provisão de Deus na vida de Agar e Ismael.
TERÇA / Gn 26.1-33 A providência de Deus na vida de Isaque.
QUARTA / 1Sm 17 Deus dá a Davi a vitória na peleja contra Golias.

QUINTA / 2Cr 20.1-30 Deus dá a Josafá a vitória sobre seus inimigos.
SEXTA / Sl 84.1-7 A felicidade em habitar no santuário de Deus.
SÁBADO / Ez 37.1-14 A visão de um vale de ossos secos.

HINOS SUGERIDOS: 126, 186, 459
 
MOTIVOS DE ORAÇÃO
Ore para que a Igreja continue servindo ao Senhor, apesar das dificuldades.

INTRODUÇÃO
A Bíblia nos ensina que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus. Mesmo passando por momentos difíceis, precisamos entender que Deus é Soberano e tem o controle de todas as coisas.

PONTO DE PARTIDA

É preciso ser aperfeiçoado por Deus.

1- Os Propósitos da Provação
Todos nós encaramos momentos difíceis ao longo da vida. No entanto, é preciso estar sensível, espiritualmente falando, ao propósito de Deus em nos proporcionar esses momentos de provação.

1.1. Um lugar de provação.

Segundo o dicionário, vale é uma extensão longa e baixa de terra que fica entre colinas ou montanhas. Em diversos textos bíblicos, a expressão vale indica provações, situações de conflito, lugar de dificuldades, entre outros. O profeta Ezequiel vivenciou literalmente a dinâmica do ‘vale’. O profeta foi deportado para a Babilônia [2Rs 24.10-16], sofreu a perda trágica de sua esposa e não pôde vivenciar o luto [Ez 24.15-17]. Com isso o profeta perdeu seus bens mais valiosos, foi desterrado, ficou viúvo, viu sua nação deteriorando até o desmoronamento final com a última deportação, podendo ser, assim como a nação irmã (o Reino do Norte), completamente extinta.
É nesse interim que o profeta teve uma experiência sobrenatural no ‘vale’ de ossos secos. Deus conhece a nossa estrutura e não nos provará além das nossas forças [1Co 10.13]. O vale é um lugar onde estamos a sós com Deus, mais quebrantados, contritos e sensíveis à Palavra de Deus. É no vale que Deus se revela e nos mostra quem somos, como estamos e trabalha em nós o que precisa ser trabalhado.

Subsídio do Professor:

Deus nos prova com o objetivo de nos ensinar, aperfeiçoar e nos tornar aptos para as intempéries da vida. Todos os servos de Deus passam pelo processo do fogo (aperfeiçoamento). Ele nos prova para nos levar mais adiante. É o que o apóstolo Tiago afirma: “Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” [Tg 5.11].

1.2. Um lugar de fé.

Ao conduzir Ezequiel ao vale de ossos secos, Deus estava exercitando a fé do profeta. A experiência do cativeiro foi um golpe aterrador tanto para a nação, quanto para o homem de Deus. Mesmo que o vale de ossos secos não fosse algo literal, mas, sim, uma visão sobrenatural, ele expressava a trágica situação espiritual do povo. No entanto, Deus faz o impossível e mostra o Seu poder para mudar a triste realidade e, assim, reavivar a esperança da nação. Na boca do profeta não poderia haver incredulidade, murmuração ou tristeza, mas, sim, a fé na ação poderosa do Espírito de Deus [Ez 37.3-5].

O profeta é desafiado a ter fé para, então, profetizar. Portanto, ter fé deve resultar em atitude de fé, pois a fé sem obras é morta [Tg 2.26]. Ezequiel creu, profetizou conforme a ordem do Senhor e o resultado foi poderoso [Ez 37.7-10]. Não podemos passar a vida inteira proclamando aos céus as impossibilidades da terra. Devemos, sim, proclamar na terra a realidade dos céus. Nada é impossível para Deus [Lc 1.37]. Tudo o que temos a fazer é crer no Seu agir [Hb 11.6].

Subsídio do Professor:

Na versão Revista e Corrigida vemos o termo: “(…) o SENHOR me levou em espírito” [Ez 37.1], indicando que o vale não era algo tangível, mas, sim, uma visão espiritual. Outro fator importante visto era que as batalhas na antiguidade eram verdadeiras carnificinas de proporções gigantescas. John W. Walton (et. al.) – Comentário Histórico Cultural do Antigo Testamento (p. 934) afirma que essa quantidade descrita na passagem mostra que houve uma grande catástrofe e que esses cadáveres não tiveram um sepultamento digno, ou seja, aquela tragédia foi um verdadeiro vitupério.
Ao levar o profeta Ezequiel ao vale, o Senhor lhe mostrou que é possível transformar coisas que aparentemente não possuem a menor chance de recuperação. De início, o vale é um lugar assustador, porém, o Senhor sempre se revela e nos mostra algo superior, mais valioso e mais duradouro [1Pe 1.7].

1.3. Um lugar de transformação.

Deus mostrou ao profeta Ezequiel Seu poder para transformar e mudar toda e qualquer circunstância. O que era um vale de ossos secos, tornou-se em um exército grande em extremo [Ez 37.10]. Outro personagem que passa pelo “vale” e foi transformado é o patriarca Jacó, quando de sua experiência com Deus na passagem do Jaboque.
Foi tão impactante que teve seu nome mudado de Jacó (usurpador), para Israel [Gn 32.22-30]. O vale é um lugar de encontro com Deus. Quando vivenciamos este encontro, então somos transformados. Nossa vida espiritual está marcada por esse encontro, o encontro com o Jesus Cristo ressuscitado. Nossa transformação está pautada nesse encontro real com o Cristo vivo.

Subsídio do Professor:

F. F. Bruce: “A visão do vale de ossos secos talvez seja a cena mais conhecida de todo o livro de Ezequiel. (…) a restauração da vida sobre os ossos é uma parábola da ressurreição nacional de Israel [v. 11-14]; mas no decorrer do tempo naturalmente veio a ser tratada como uma parábola de ressurreição pessoal, como pode ser visto nas pinturas de parede da sinagoga de Dura-Europos no Eufrates (século III a.C.). (…) A influência dessa seção de Ezequiel é tão forte em João 3.3-8 que não é de admirar que Jesus tenha expressado surpresa quando os mestres de Israel não conseguiram captar a insinuação [Jo 3.9-10].”

EU ENSINEI QUE:
É preciso estar sensível, espiritualmente falando, ao propósito de Deus em nos proporcionar momentos de provação.

2- Os Desafios do Vale e Deserto
Não é fácil passar por momentos difíceis. No entanto, os vales e desertos têm lições espirituais profundas, que são capazes de mudar para sempre nossas vidas.

2.1. Um lugar de providência.

Isaque é um personagem bíblico que se destaca por sua fé, perseverança e obediência a Deus. Quando o Senhor lhe apareceu, havia fome na terra e muita escassez [Gn 26.1-6]. Deus lhe fez uma grande promessa, Isaque seguiu Seus preceitos e prosperou. Ele se tornou muito rico. Por ser o único que prosperava em uma terra de fome, foi invejado por todos, inclusive, pelo rei Abimeleque [Gn 26.12-16]. Obrigado a sair do local, Isaque foi para o vale de Gerar. No entanto, foi no vale que ele cavou e encontrou um poço de águas vivas. Mesmo estando no vale, o Senhor Deus o abençoou [Gn 26.17-18]. É preciso entender que os desafios do vale não nos impedem de desfrutar da providência de Deus.

Subsídio do Professor:

Nada acontece sem o controle de Deus. É preciso ter fé na providência de Deus para as nossas vidas. A história de Isaque nos ensina que o segredo não é o lugar, mas quem está conosco. Não precisamos temer os males que os inimigos tentam nos causar. Deus tem providência para nós, mesmo nos vales.

2.2. Um lugar de provisão.

Outro personagem bíblico que merece destaque é Agar. Por pensar que o Senhor a tinha impedido de gerar, Sara, mulher de Abraão, fez uma proposta ao seu marido: deitar-se com Agar, sua criada egípcia, e gerar um filho [Gn 16.1-3]. Quando soube que estava grávida, Agar começou a fazer pouco caso da sua senhora. Com o nascimento de Ismael e o passar dos anos, a convivência com Sara se tornou insuportável. Assim, Abraão a despediu, para que andasse errante pelo deserto [Gn 21.14]. No entanto, no deserto, Deus abriu os olhos de Agar para ver um poço. Ela tinha em mãos apenas um odre vazio, mas Deus lhe fez ver um poço, algo além do que necessitava. No deserto existem poços. Que Deus abra os nossos olhos para ver a Sua provisão [Gn 21.15-19].

Subsídio do Professor:

A água do odre de Agar havia terminado; a morte de seu filho Ismael era certa. Ela se distanciou para não ver a morte de seu filho, mas Deus ouviu a voz do menino, abriu os olhos de Agar e lhe mostrou um poço no deserto. Nas horas de grandes aflições é comum vermos apenas o problema. Mas ali, bem ao lado de Agar, estava um poço. Era Deus suprindo as necessidades. De acordo com Russell Shedd: “Ismael contava, já, com cerca de 17 anos de idade, não era mais aquela criancinha que Agar tinha carregado em seus braços. A referência ao fato de Deus ter ouvido (Ismael significa “Deus ouve”) a voz de Ismael, indica que Abraão lhe havia ensinado a orar”.

2.3. Um lugar de passagem.

O salmo 84 nos ensina que aquele que busca forças em Deus, e nEle confia de todo o coração, ao passar pelo vale, faz dele uma fonte [Sl 84.5-6]. Os vales existem e é preciso compreender que ninguém está isento de passar pelo vale. No entanto, o salmista afirma que o vale é lugar de passagem, não de morte ou estagnação. A nossa segurança de que não ficaremos no vale está em Deus. Ele prometeu estar conosco sempre [Mt 28.20], seja qual for a circunstância [Is 43.2]. Ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, não temeremos mal algum, pois Ele está conosco [Sl 23.4], caminhando do nosso lado e nos dando segurança.

Subsídio do Professor:

Russell Shedd: “Uma vida cheia de fé faz com que os próprios tempos áridos e escabrosos da nossa vida possam ser momentos de refrigério e de ascensão; a necessidade do cristão é simplesmente receber a força sobrenatural de Deus em todas as circunstâncias.”

EU ENSINEI QUE:
Os vales e desertos têm lições espirituais profundas, que são capazes de mudar para sempre nossas vidas.

3- As Vitórias no Vale e Deserto
Os vales e desertos da vida são oportunidades que temos de buscar e adorar a Deus, de se autoconhecer e de sermos forjados para batalhas maiores.

3.1. Um lugar de buscar e adorar a Deus.

Josafá, rei de Judá, certo dia, recebeu um aviso: uma grande multidão resolveu vir à peleja contra ele [2Cr 20.1-2]. Para ele, era impossível a vitória. Temendo, buscou ao Senhor e decretou um jejum nacional [2Cr 20.3-13]. Então, Deus levantou um profeta no meio da congregação, dizendo que não temessem porque Deus pelejaria por eles [2Cr 20.14-17]. Ao ouvir a voz de Deus, o povo O adorou. Josafá creu no Senhor e colocou cantores, que marchavam à frente do exército, adorando a Deus. Enquanto louvavam ao Senhor, Deus entrou em ação, pois os inimigos mataram-se uns aos outros. A vitória e os despojos foram tão grandes que o local onde eles se reuniram para louvar ao Senhor se chamou Vale de Beraca – Vale da Bênção [2Cr 20.18-30].

Subsídio do Professor:

O segredo da vitória no vale está em confiar no Senhor. Josafá sabia que não poderia vencer por suas próprias forças e isso nos ensina a confiar em Deus e buscá-Lo em oração e jejum em todas as batalhas de nossas vidas [2Cr 20.3]. Contra as forças do mal que querem destruir a Igreja, não usamos armas humanas [2Co 10.4]. J. Keir Howard: “O rei e o povo respondem à palavra de Deus com um ato de louvor e adoração [2Cr 20.18]. (…) A vitória foi celebrada por meio do saque dos despojos de guerra, o que levou três dias (…), seguido de um culto de gratidão no vale de Beraca [2Cr 20.26].
Beraca significa “bênção” ou “louvor”, e o versículo pode ter o propósito específico de explicar como esse local em particular ganhou esse nome. O resultado a longo prazo da vitória foi que o temor de Deus veio sobre todas as nações [2Cr 20.29], e o reino teve paz [2Cr 20.30].”

3.2. Um lugar de autoconhecimento.

O texto de Deuteronômio 8.2 nos ensina o motivo pelo qual Deus nos conduz até os vales e desertos da vida: “para saber o que estava no teu coração”. Será que Deus não sabe o que há em nossos corações? Sim, Ele sabe, mas nós não. Os momentos difíceis são uma oportunidade de fazermos um autoexame e de reconhecer o que está errado em nossas vidas [Sl 51.3-7]. Ao fazer essa autoanálise, é possível que tenhamos que confessar a Deus pecados e falhas e Ele, com muito zelo, nos cura, purifica e nos faz seguir adiante [1Jo 1.9].

Subsídio do Professor:

Deus nunca teve a intenção de exterminar a nação de Israel no deserto. Ele os levou por um caminho mais longo para aperfeiçoá-los na fé [Êx 13.17-18]. O Senhor nos leva aos desertos e por caminhos inesperados para que neles sejamos trabalhados [Sl 103.13-14]. De acordo com H. L. Lyte: “Como um pai, Ele cuida de nós e nos poupa; Ele conhece muito bem nossas fraquezas”.

3.3. Um lugar de forjar servos.

Antes de enfrentar Golias e se tornar um herói nacional, Davi era um moço inexperiente na guerra e desconhecido de todos [1Sm 17.33]. No entanto, Davi era um jovem de grande força e coragem, pois havia lutado, e matado, um leão e um urso [1Sm 17.34-36]; confiava integralmente no poder de Deus [1Sm 17.37]; e sabia que Deus que lhe daria vitória, pois a afronta de Golias não tinha sido contra ele ou a nação, mas contra o Deus vivo [1Sm 17.37, 45-47].
Enquanto Davi apascentava e cuidava de ovelhas, suas batalhas diárias estavam lhe forjando para momentos mais difíceis. A luta entre Davi e Golias ocorreu no vale, mas a guerra era do Senhor [1Sm 17.47]. As nossas vitórias nas provações não são para engrandecer o nosso nome, mas, sim, para glorificar o Senhor dos Exércitos, o nosso Deus.

Subsídio do Professor:

É comum um leão correr atrás de alguém, mas Davi correu atrás do leão. Ele não venceu o gigante Golias por acaso. Ele fora treinado por Deus. Os desertos e vales existem para nos fortalecer, para nos preparar para as grandes vitórias do porvir [Sl 37.5]. Acerca da passagem bíblica de 1Samuel 17, Laurence E. Porter afirma o seguinte sobre Davi: “O jovem apresentou-se como voluntário quando homens calejados da guerra estavam se esquivando, assegurando a Saul que a luta não lhe era estranha, pois tinha vencido leões e ursos, “assim será este filisteu incircunciso como um deles; porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo” [1Sm 17.36].
Após se recusar a usar a armadura com que não estava habituado, ele “escolheu para si cinco seixos do ribeiro” e “lançou mão da sua funda” [1Sm 17.40]; o rapaz seguro de si lançou-se ao desafio, com sua leveza e rapidez de movimento, contra o escárnio e o orgulho do filisteu, com a seguinte convicção: “porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão” [1Sm 17.47]”.

EU ENSINEI QUE:
Os vales e desertos da vida são oportunidades que temos de buscar e adorar a Deus, de se autoconhecer e de sermos forjados para batalhas maiores.

CONCLUSÃO
Os momentos difíceis de nossas vidas não devem ser encarados com pessimismo. Deus sempre se manifesta e tem algo a nos revelar em cada um deles. Para entender os propósitos, viver os desafios e alcançar as vitórias no vale e deserto, é preciso estar sensível à voz do Espírito Santo de Deus.

Fonte: Revista Betel   https://marcosandreclubdateologia.blogspot.com