Igreja Católica da Alemanha admite que freiras forneciam crianças a padres pedófilos

 

Foto do acusador diante do
orfanato em que morou
 

Obispo Karl-Heinz Wiesemann, de Speyer, uma das mais antigas cidades da Alemanha, reconheceu como verdadeiras as acusações de um homem de que freiras responsáveis por um orfanato forneciam crianças para padres e políticos pedófilos e elas eram pagas por isso. 

Atualmente com 63 anos, o homem relatou à Justiça que foi nos anos 60 e 70 uma das crianças abusadas, principalmente pelo então vigário-geral Rudolf Motzenbäcker, que o estuprou cerca de mil vezes.


O Tribunal de Bem-Estar Social de Darmstadt examinou as acusações do homem em maio de 2020, e agora a agência católica de notícias KNA e a protestante EPD obtiveram cópias do processo, com dezenas de páginas. 

A história chegou à Justiça porque o homem acionou a Lei de Compensação de Vítimas de Abusos, e as freiras Niederbronn disseram que não tinham informações porque o orfanato foi fechado em 2.000. Então a Justiça determinou que seus peritos fizessem uma investigação.

A vítima contou que as freiras da congregação Niederbronn "literalmente arrastaram" meninos e meninas para os padres abusadores.

Ele disse ao tribunal que tinha de se apresentar ao padre Motzenbäcker uma ou duas vezes por mês, sob o pretexto de cuidar do jardim da moradia do sacerdote, onde com frequência havia orgia com crianças. Compareciam de três e sete homens entre 40 e 60 anos.

Lembrou que uma vez encontrou na casa de Motzenbäcker três outros sacerdotes, que o usaram para "jogos sexuais", como penetração oral e anal. Havia espancamentos e encarceramento em um porão frio.

Transcrição de um trecho do depoimento da vítima ao tribunal: “Havia uma sala em que as freiras serviam bebidas e comida aos senhores, no outro canto as crianças eram estupradas. Os cavalheiros presentes teriam feito generosas doações às freiras"

Prossegue: “Os lençóis de linho ficavam manchados com o sangue dos órgãos genitais das crianças que tinham sido rasgados."


O homem disse que houve vítimas que se mataram. Contou que chegou a ir à polícia com uma menina do orfanato porque ela teria ficado grávida em uma orgia, mas os dois foram chamados por mentirosos pelas autoridades.

Duas semanas depois, ele sentiu a falta da menina no jantar e a procurou. Encontrou o corpo dela dependurado no sótão do orfanato. Ele não acredita que tenha havido suicídio, mas assassinato, porque a menina sabia demais. 

As autoridades policiais e o Ministério Público não têm informação sobre a suposta morte da menina, mas, para a Justiça, isso não prejudica a credibilidade do denunciante.


A Diocese de Speyer informou que outras vítimas apresentaram acusações de abuso, com histórias semelhantes entre si. O bispo Wiesemann disse que a Igreja está ajudando as investigações e as freiras também, embora, de início, elas resistiram em colaborar.

O principal denunciante disse que a maioria das pessoas envolvidas nos "estupros coletivos" promovidos por Motzenbäcker, inclusive as freiras cafetinas, já morreram, incluindo o padre, em 1998.

Por isso e também por causa da prescrição dos crimes, não houve nenhuma condenação. Ainda assim, o Ministério Público pagou ao denunciante a indenização de 15.000 euros em reconhecimento ao seu sofrimento.

Laudo de um perito da Justiça diz que o homem apresenta "sintomas psicopatológicos em uma extensão clinicamente relevante resultado da experiência de abuso”.

Os escândalos de pedofilia dentro da Igreja Católica, como esse, têm sido a principal causa na Alemanha de os fiéis deixarem de frequentar as missas, abandonando a religião.


Com informação da agência católica KNA e de outras fontes e foto de arquivo. https://www.paulopes.com.br