>FRANCESCO SEMPRINI
La Stampa
Horror no Canadá pela descoberta macabra perto de uma instituição administrada pela Igreja por décadas. São filhos de indígenas tirados de suas famílias desde o século XIX e até 1968 para serem "reeducados".
“Às vezes acontecia que nossos amigos, nossos colegas de escola, fossem embora sem nunca mais voltar. Achávamos que tinham fugido e por isso ficávamos felizes por eles”. Fala Harvey McLeod, um cidadão canadense que frequentou a Kamloops Indian Residential School no final dos anos 1960, uma instituição que representa o prólogo do capítulo mais macabro e mais sombrio da história do Canadá.
Horror no Canadá pela descoberta macabra perto de uma instituição administrada pela Igreja por décadas. São filhos de indígenas tirados de suas famílias desde o século XIX e até 1968 para serem "reeducados".
“Às vezes acontecia que nossos amigos, nossos colegas de escola, fossem embora sem nunca mais voltar. Achávamos que tinham fugido e por isso ficávamos felizes por eles”. Fala Harvey McLeod, um cidadão canadense que frequentou a Kamloops Indian Residential School no final dos anos 1960, uma instituição que representa o prólogo do capítulo mais macabro e mais sombrio da história do Canadá.
De fato, ao lado dessa escola, localizada a 350 km a nordeste de Vancouver, foi identificada uma vala comum na qual foram enterrados os restos mortais de 215 crianças, a maioria pertencente à minoria étnica "Tk'emlúps te Secwépemc", uma comunidade de nativos da Colúmbia Britânica.
Há algumas décadas circulavam entre eles suspeitas sobre a atuação do sistema de escolas fundadas no século XIX pelo governo canadense e administradas pela Igreja Católica, que já viu mais de 150.000 crianças indígenas arrancadas de suas famílias para reeducá-las para a "cultura dominante" e "torná-las verdadeiros canadenses".
Há algumas décadas circulavam entre eles suspeitas sobre a atuação do sistema de escolas fundadas no século XIX pelo governo canadense e administradas pela Igreja Católica, que já viu mais de 150.000 crianças indígenas arrancadas de suas famílias para reeducá-las para a "cultura dominante" e "torná-las verdadeiros canadenses".
Um capítulo devastador na história do Novo Mundo que escondeu o que foi um verdadeiro extermínio sistemático. “É uma história de que se falava, mas que nunca havia sido documentada”, explica a presidente da comunidade dos “Tk'emlups te Secwepemc”, Rosanne Casimir, ao anunciar a macabra descoberta.
“No fim de semana passada, com a ajuda de um georadar, tivemos a confirmação dos resultados preliminares, ou seja, a existência na sepultura dos restos mortais de 215 crianças, todos alunos da Kamloops Indian Residential School - continua ela - alguns tinham apenas três anos de idade".
Inaugurado em 1890, o instituto - um dos maiores da rede de internatos-reformatórios administrados pelo governo e autoridades religiosas - permaneceu sob o controle da Igreja Católica até 1969, quando a titularidade foi transferida para Ottawa que o transformou em residência de estudantes até seu fechamento em 1978. Quando o número de matrículas atingiu o pico na década de 1950, contava com 500 alunos.
Inaugurado em 1890, o instituto - um dos maiores da rede de internatos-reformatórios administrados pelo governo e autoridades religiosas - permaneceu sob o controle da Igreja Católica até 1969, quando a titularidade foi transferida para Ottawa que o transformou em residência de estudantes até seu fechamento em 1978. Quando o número de matrículas atingiu o pico na década de 1950, contava com 500 alunos.
Outras escolas semelhantes sobreviveram até 1996 e, ao longo dos anos, milhares de crianças, longe de suas famílias, sofreram todos os tipos de abusos e violências. O próprio McLeod conta que foi vítima de “abusos físicos e sexuais”, e compara o trauma sofrido com o de um prisioneiro de guerra: “Em 1966 eu era uma pessoa que não queria mais viver”.
Uma dor dilacerante ressurgiu com a descoberta macabra: "Eu perdi meu coração, é tão doloroso ouvir o que acontecia naquele lugar".
Para o primeiro-ministro Justin Trudeau, a descoberta "traz à memória um capítulo vergonhoso da história do Canadá".
As escolas residenciais pertenciam a uma política colonial que retirava as crianças indígenas de suas comunidades. Milhares foram enviados para essas escolas e nunca mais voltaram para casa. É uma perda incomensurável”, escreve no Twitter a ministra para as relações com as comunidades indígenas, Carolyn Bennett, garantindo o empenho do governo para “render respeito pelas almas inocentes”.
Três anos atrás, Trudeau pediu ao papa Francisco que pedisse desculpas aos sobreviventes e às famílias das vítimas pelo papel desempenhado pela Igreja Católica nos colégios, mas Bergoglio não o havia achado adequado.
Três anos atrás, Trudeau pediu ao papa Francisco que pedisse desculpas aos sobreviventes e às famílias das vítimas pelo papel desempenhado pela Igreja Católica nos colégios, mas Bergoglio não o havia achado adequado.
A Conferência Episcopal Canadense, em uma carta aos indígenas, explicou, portanto, que o Santo Padre acreditava que "não poderia responder pessoalmente" pelo pedido de desculpas. Mas encorajava os bispos locais a continuar o caminho de reconciliação e solidariedade com as comunidades. Uma posição que reflete a linha de Bergoglio, segundo a qual os eventos em que a Igreja local cometeu crimes devem ser resolvidos pela própria Igreja local.
Quanto a Ottawa, em 2015 uma investigação da Comissão para a Verdade e a Reconciliação, iniciada pelo ex-primeiro-ministro Stephen Harper, confirmou as décadas de abusos físicos, sexuais e emocionais sofridos por crianças em instituições governamentais e eclesiásticas.
Quanto a Ottawa, em 2015 uma investigação da Comissão para a Verdade e a Reconciliação, iniciada pelo ex-primeiro-ministro Stephen Harper, confirmou as décadas de abusos físicos, sexuais e emocionais sofridos por crianças em instituições governamentais e eclesiásticas.
As investigações vão agora continuar em colaboração com o departamento do médico legal da Colúmbia Britânica, enquanto o governo garantiu que os restos mortais dos jovens nativos de Tk'emlúps te Secwépemc serão identificados e protegidos.
> Com tradução é de Luisa Rabolini para IHU online e foto de arquivo histórico. https://www.paulopes.com.br