Lição 8, Naamã É Curado da Lepra

Lições Bíblicas - 3º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultos

Tema: O Plano de DEUS para Israel em meio à Infidelidade da Nação, As Correções e os Ensinamentos Divinos no Período dos Reis de Israel
Comentário: Pr. Claiton Pommerening
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Pr. Henrique
 
 
 
 
Lição 8, Naamã É Curado da Lepra
 
 
TEXTO ÁUREO
“Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de DEUS; e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado.” (2 Rs 5.14)
 
 
VERDADE PRÁTICA
DEUS não opera milagres necessariamente segundo nossas expectativas. Ele faz da forma e no momento que lhe apraz.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 4.46-54 A fé no que JESUS diz é suficiente para gerar cura
Terça - Mt 10.8 JESUS deu autoridade aos discípulos para curar em seu nome
Quarta - Tg 5.14,15 A oração feita com fé é capaz de curar e libertar o pecador
Quinta - Jó 5.8,9 Os milagres que DEUS realiza são inimagináveis
Sexta - At 20.33,34 Um exemplo contra a cobiça
Sábado - Sl 103.3 O Senhor tem poder para curar doenças e perdoar pecados
 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 2 Reis 5.1-10,14,25-27
1 - E Naamã, chefe do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor e de muito respeito; porque por ele o SENHOR dera livramento aos siros; e era este varão homem valoroso, porém leproso. 2 - E saíram tropas da Síria e da terra de Israel levaram presa uma menina, que ficou ao serviço da mulher de Naamã. 3 - E disse esta à sua senhora: Tomara que o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra. 4 - Então, entrou Naamã e o notificou a seu senhor, dizendo: Assim e assim falou a menina que é da terra de Israel. 5 - Então, disse o rei da Síria: Vai, anda, e enviarei uma carta ao rei de Israel. E foi e tomou na sua mão dez talentos de prata, e seis mil siclos de ouro, e dez mudas de vestes. 6 - E levou a carta ao rei de Israel, dizendo: Logo, em chegando a ti esta carta, saibas que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o restaures da sua lepra. 7 - E sucedeu que, lendo o rei de Israel a carta, rasgou as suas vestes e disse: Sou eu DEUS, para matar e para vivificar, para que este envie a mim, para eu restaurar a um homem da sua lepra? Pelo que deveras notai, peço-vos, e vede que busca ocasião contra mim. 8 - Sucedeu, porém, que, ouvindo Eliseu, homem de DEUS, que o rei de Israel rasgara as suas vestes, mandou dizer ao rei: Por que rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel. 9 - Veio, pois, Naamã com os seus cavalos e com o seu carro e parou à porta da casa de Eliseu. 10 - Então, Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado.
14 - Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de DEUS; e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado.
25 - Então, ele entrou e pôs-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseu: De onde vens, Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte. 26 - Porém ele lhe disse: Porventura, não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou de sobre o seu carro, a encontrar-te? Era isso ocasião para tomares prata e para tomares vestes, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois, e servos, e servas? 27 - Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre. Então, saiu de diante dele leproso, branco como a neve.
 
 
COMENTÁRIOS DA BEP - CPAD
5.1 NAAMÃ. A história de Naamã demonstra a providência de DEUS (vv. 1-14), seu poder e sua graça redentores (vv. 15-19) e seu juízo contra o pecado (vv. 20-27). A narrativa destaca a verdade de que a graça e a salvação divinas não se limitavam a Israel, mas que Ele queria compadecer-se dos não-israelitas e levá-los a conhecer o único DEUS verdadeiro (ver Lc 4.18,19; 25-27).
5.10 LAVA-TE... NO JORDÃO. Eliseu mandou Naamã lavar-se nas águas turvas do rio Jordão como uma simples demonstração de humildade e de obediência. Além disso, ao fazer assim, Naamã acharia impossível atribuir a sua cura aos seres humanos ou a meios naturais. Tanto os israelitas, quanto os sírios sabiam que o Jordão não poderia curar lepra. Naamã precisava saber que a cura provinha milagrosamente da graça e do poder de DEUS, mediante a palavra do seu profeta.
5.13 LAVA-TE E FICARÁS PURIFICADO. Este trecho, juntamente com muitos outros do AT, aponta profeticamente para JESUS CRISTO, o prometido Messias de DEUS.
5.15 EM TODA A TERRA NÃO HÁ DEUS, SENÃO EM ISRAEL. É surpreendente que Naamã, embora sendo estrangeiro, foi milagrosamente liberto da lepra e convertido ao DEUS verdadeiro, enquanto que muitos leprosos, em Israel, permaneceram na sua impureza. O próprio CRISTO referiu-se a Naamã (Lc 4.27) a fim de ressaltar que quando o povo de DEUS desobedece à sua Palavra, Ele tira deles o seu reino e suscita outros para experimentarem a sua salvação, justiça e seu poder (Mt 8.10-13; 23.37-39).
5.16 NÃO TOMAREI. DEUS não atende os necessitados por um preço estipulado; se assim fosse, somente seria atendido quem pudesse pagar. Por conseguinte, Eliseu achava injusto tirar proveito daquilo que DEUS fizera através dele (cf. Mt 10.8; 2 Co 2.17). A cura de Naamã foi um ato misericordioso de DEUS, que nenhuma soma de dinheiro poderia retribuir. Agora, Naamã devia servir somente a DEUS por toda sua vida (v. 17).
5.20 HEI DE... TOMAR DELE ALGUMA COISA. Geazi, servo de Eliseu, tinha um coração cobiçoso e, daí, intentou desvirtuar o ato gracioso de DEUS, visando proveito próprio material. Nas suas transgressões, ele traiu Eliseu, mentiu a Naamã e a Eliseu e desonrou o nome de DEUS. O NT refere-se a pessoas semelhantes, que mercadejam a Palavra de DEUS (2 Co 2.17 ARA). Existem, infelizmente, obreiros que procuram enriquecer e acumular riquezas materiais através da proclamação do sangue derramado de CRISTO, oferecendo salvação aos perdidos, cura aos enfermos, ou aconselhamento aos que estão em crise. Os tais se aproveitam da Palavra de DEUS e mercantilizam a sua misericórdia, transformando as "riquezas incompreensíveis de CRISTO" (Ef 3.8) em "tesouros do Egito" (Hb 11.26).
 

OBJETIVO GERAL - Revelar que DEUS deseja curar e salvar a todos.
 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Relatar a busca de Naamã por sua cura;
Salientar o orgulho e a falta de fé de Naamã;
Identificar a ambição de Geazi.
 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Esta lição nos impressiona pela forma de DEUS operar seus milagres. Eliseu mandou Naamã lavar-se nas águas turvas do Rio Jordão como uma simples demonstração de humildade e obediência. Naamã precisava entender que a cura jamais viria pela ação humana ou por meios naturais. Ela viria, sim, milagrosamente pela graça e pelo poder de DEUS. Converse com seus alunos sobre a importância da humildade e da obediência diante da urgência de um milagre. A grandeza, o orgulho e a desobediência não levam a coisa alguma - "um grande homem..., porém leproso" (v.1). Naamã obedeceu às orientações do servo do Senhor e foi completamente curado (v.14).
 

PONTO CENTRAL - O Senhor trabalha por meios inimagináveis.


Resumo da Lição 8, Naamã É Curado da Lepra
I – NAAMÃ, O CHEFE DO EXÉRCITO SÍRIO
1. Naamã, um comandante honrado.
2. A escrava, uma testemunha de DEUS.
3. A caravana de Naamã.
II – O MERGULHO NO RIO JORDÃO
1. Eliseu não se impressionou com a pompa.
2. A decepção e a cura de Naamã.
3. DEUS ainda opera milagres, e não misticismos.
III – GEAZI É ACOMETIDO DA LEPRA
1. A rejeição dos presentes.
2. Homens de DEUS não se deixam vender.
3. Por ganância Geazi é acometido da lepra.
 
 
 
INTRODUÇÃO
 
Morreu o rei Acabe e Acazias, seu filho mais velho, o primogênito, reina em seu lugar.
Morreu o rei Acazias e agora Jorão, ou Jeorão, o irmão de Acazias reina porque não tinha filhos para reinar em seu lugar.
Lembrando que Josafá, no reinado de Judá teve um filho com este mesmo nome, que se casou com a filha de Acabe, Atalia.
 
 
 Jorão - (Strong Português) - יורם Yowram
Jorão = “Javé é exaltado”
São 4 os Jorãos mais conhecidos da Bíblia
1) filho do rei Josafá, de Judá, e, ele próprio, rei de Judá por oito anos; sua esposa era a perversa Atalia que provavelmente foi quem o instigou a fim de que o culto a Baal fosse aceito em Judá
2) filho do rei Acabe, do reino do norte, Israel, e, ele próprio, rei de Israel durante doze anos; foi assassinado por Jeú no mesmo terreno onde o seu pai tinha matado Nabote, cumprindo-se, assim, cada letra da profecia de Elias
3) um levita na época de Davi e um antepassado de Selomite
4) filho de Toí, rei de Hamate
 
 
Breve resumo da vida de Jorão ou Jeorão. Dicionário Bíblico Wycliffe
O mesmo que Jorão (q.v.), que é e uma forma abreviada deste nome.
1. Filho de Acabe e Jezabel (2 Rs 3.1), rei de Israel, quase contemporâneo do rei de Judá que tinha o mesmo nome. Ele sucedeu seu irmão mais velho Acazias. Jeorão destruiu a imagem de Baal que seu pai havia feito (3.2), mas continuou a sustentar a adoração ao bezerro que Jeroboão I havia instituído. Israel e Judá eram nações amigas e aliadas durante o seu reinado, como resultado da aliança entre Acabe e Josafá pelo casamento de seu filho com a Filha de Acabe, Atalia. Juntos, eles dominaram a revolta do rei Mesa de Moabe (2 Rs 3.1-27). O registro feito por Mesa da campanha é encontrado na Pedra Moabita (q.v.). Jeorão deve ter sido o rei não identificado de Israel a quem Naamã foi enviado para ser curado de lepra (2 Rs 5.1- 8); a quem Eliseu revelou os movimentos do exército assírio; que enviou as tropas inimigas derrotadas a Damasco depois de alimentá- las (2 Rs 6.8-23); e que testemunhou o cerco de Samaria pelos assírios (2 Rs 6.24-7.20). Ferido na batalha de Ramote-Gileade contra Hazael da Síria, Jeorão (ou Jorão) foi a Jezreel para buscar a cura (2 Rs 8.28,29), mas ao invés disso foi assassinado por uma flecha do arco de Jeú; assim terminou a dinastia de Onri na própria terra que Jezabel havia conseguido para Acabe através do assassinato Nabote (1 Rs 21).
2. Filho de Josafá, que serviu como regente de seu pai por cinco anos antes de sucedê-lo no trono de Judá em 848 a.C, com 32 anos de idade (1 Rs 22.50; 2 Cr 21.1,3,5). Para fortalecer a aliança política de seu pai com Israel (2 Cr 18.1), ele se casou com Atalia, mais velha, filha de Acabe e Jezabel, que evidentemente o influenciou a permitir a adoração a Baal-Melcarte (2 Rs 8.18). Ele assassinou os seus irmãos e alguns dos príncipes de Judá (2 Cr 21.4). Jeorão lutou contra os filisteus e os árabes (2 Cr 21.16,17), os quais capturaram suas esposas e todos os seus filhos, exceto Acazias (Jeoacaz). Em 841 a.C., ele morreu de uma doença prolongada e dolorosa, mas não houve lamento (2 Cr 21.18-20).
3. Um sacerdote designado pelo rei Josafá para ensinar a lei (2 Cr 17.8). A. W. W.
 
 
 Naamã - (Strong Português) - נעמן Na Ìaman - Dicionário Bíblico Wycliffe
Naamã = “amabilidade”
2 Naamãs mais conhecidos na Bíblia
1) filho de Bela, da família de Benjamim; ele estava junto à família de Jacó que foi para o Egito
2) comandante encarregado do exército da Síria; quando atingido pela lepra, orientado por uma serva hebreia que trabalhava em sua residência, ele procurou Eliseu, seguiu as suas instruções e foi curado
 
 
Breve resumo da vida de Naamã - Dicionário Bíblico Wycliffe
O nome ocorre em ugarítico como N'm.n e em um texto egípcio da época de Tutmósis III.
1. Um benjamita e fundador de um clâ (Gn 46.21).
2. Um filho de Belá, filho de Benjamim (Nm 26.40; 1 Cr 8.4). Alguns estudiosos identificam este homem com o n 1, como sendo a mesma pessoa.
3. Um filho de Eúde, neto de Benjamim (1Cr 8.7).
4. Um capitão sírio do exército de Ben- Hadade, rei de Damasco. Este competente comandante-em-chefe foi curado de lepra através do ministério do profeta Eliseu (2 Rs 5; Lc 4.27).
A natureza precisa da lepra de Naamã é desconhecida, pois o termo hebraico (sara‘ath) é usado para vários tipos de doenças de pele (cf. Lv 13-14). Alguns pensam que esta não era perigosamente contagiosa, pois nem Naamã nem o servo de Eliseu, Geazi, foram isolados da sociedade (2 Rs 5.27; 8.4). Por outro lado, a doença podería ser extremamente grave, porém naquele momento poderia estar em uma fase inicial. A descrição bíblica sobre o general sírio, que era atormentado pela terrível doença, é carregada de drama. Enquanto era perseguido pela morte, Naamã ouviu, de uma pequena escrava israelita de sua casa, sobre o poder que um profeta hebreu em Israel tinha para realizar milagres. Armado com uma carta, redigida em termos um tanto arrogantes, de seu rei sírio ao rei de Israel, Naamã foi a Samaria e solicitou sua cura. O rei de Israel ficou imediatamente desconfiado e sobressaltado com as exigências da carta, e rasgou suas roupas em uma atitude de desespero. O profeta Eliseu ouviu a respeito do dilema do rei, e procurou recompor o assustado monarca. Então, o profeta Eliseu mandou uma mensagem a Naamã, instruindo-o para que se banhasse por sete vezes no rio Jordão. A princípio, o general sírio, arrogantemente, desdenhou sua suposta humilhação, e rejeitou o remédio. Mas seus auxiliares o persuadiram a submeter-se ao "tratamento" recomendado pelo homem de DEUS. Ele condescendeu e foi curado.
Ao ser limpo da lepra, Naamã insistiu com Eliseu para que aceitasse presentes de prata, ouro e roupas, mas o profeta gentilmente recusou. Naamã confessou que o DEUS de Israel é o único e verdadeiro DEUS, e solicitou duas cargas de mula da terra de Canaã (2 Rs 5.15-17). Isto pode ser uma indicação de sua crença de que o Senhor (Yahweh) se limitava a Israel e só podia ser adorado em seu solo (Ex 20.24). Ele também refletiu a idéia pagã da época de sincretismo religioso, ao levantar junto a Eliseu a questão da adoração na casa de Rimom (v. 18), Eliseu manteve-se estranhamente silencioso. A idéia de que Yahweh era visto como o DEUS do mundo inteiro, mas de que Ele realizasse alguns eventos históricos através dos membros de seu conselho celestial, e de que os deuses das nações vizinhas fossem esses seres celestiais menores (Dt 32.8,9; 1 Rs 22.19, 22; Sl 82) é uma explicação insatisfatória deste enigma. Curado de sua lepra e tendo uma nova fé, Naamã partiu para sua pátria. Mas ele foi interceptado no caminho por Geazi, o oportunista servo de Eliseu que, sob um falso pretexto e motivado pela ganância, requisitou alguns dos presentes que Eliseu recusara. Naamã, de forma gentil e generosa, os entregou. Ao retomar para a casa de Eliseu, Geazi escondeu os presentes em sua própria casa e depois foi a Eliseu que já tinha recebido a revelação de DEUS a respeito do que tinha feito e assim, Geazi teve sua falsidade exposta, e a lepra de Naamã caiu sobre ele.
Troca de hospitalidade por questões médicas parece ter sido predominante no mundo antigo, conforme demonstrado pelo rei egípcio Ramsés II, que ofereceu ajuda médica a uma princesa hitita. Também por volta de 1275 a.C., um médico e exorcista foi enviado pelo rei babilônio ao rei hitita Hattusilis.
Os milagres do Senhor JESUS CRISTO e os de Eliseu (q.v.) são notavelmente semelhantes. O Senhor JESUS, em Lucas 4.27, destaca a cura de um oficial sírio como um exemplo da preocupação de DEUS com os gentios, também podemos notar a libertação da filha da mulher grega, siro-fenícia, em Marcos 7:26 (Obs. Pr. Henrique). A salvação dos gentios é o maior exemplo do amor e misericórdia do PAI por todos os povos.
A cura de Naamã permanece como um testemunho imortal de que não se pode comprar o poder de DEUS com as coisas do mundo! (Obs. Pr. Henrique - Não era aconselhável receber presentes de pessoas de nações pagãs a quem se dejava converter ao DEUS único e verdadeiro).
D. W. D.
 
 
Breve resumo sobre Lepra - Dicionário Bíblico Wycliffe
LEPRA - O significado preciso da palavra lepra, tanto no AT como no NT, ainda está em discussão. E um termo bastante vago que, possivelmente, inclui a moderna doença que tem esse nome.
No AT, a palavra hebraica sara‘ath, traduzida como “lepra” quer dizer;
(1) uma condição escamosa da pele humana e de objetos inanimados; e, uma doença humana, às vezes grave, e às vezes um sinal do desagrado aivino ligado à impureza cerimonial, e à exclusão da comunidade. Em alguns contextos, Sara‘ath indica uma enfermidade que debilita e enfraquece as pessoas. A ênfase não está nas manifestações clínicas ou no contágio (embora as primeiras possam estar implícitas), mas em seu significado cerimonial. Os termos médicos e cerimoniais são usados indiscriminadamente em diferentes passagens.
A palavra sara‘ath como é usada por médicos e leigos na moderna Israel, transmite a idéia de qualquer doença de pele repulsiva, inclusive a lepra. Em países bastante variados, a verdadeira lepra tem, durante anos, evocado profundas reações emocionais atribuídas a diversos elementos (complexo de culpa, violação de tabus, medo de deformidade, castigo divino ou temor de contrair uma doença supostamente muito contagiosa). Infelizmente, tal atitude pode resultar, ou ser reforçada, por uma errônea identificação da “lepra” bíblica com a verdadeira doença chamada lepra.
A lepra é uma doença pouco contagiosa causada por um germe (Mycobaeterium leprae), descrita em 1874 por Hansen (daí o nome “Mal de Hansen” ou “Hanseníase”, que significa lepra) e que afeta principalmente os nervos dos membros e a pele. Em 1847 ela foi clinicamente diferenciada das outras doenças por Daniellsen e Boeck. Seu período de incubação é muito longo e chega até 15 anos. Ela nunca é hereditária, porém a suscetibilidade à doença pode ser herdada.
Nenhuma evidência de lepra é encontrada em inscrições, remanescentes ósseos ou múmias das dinastias do Egito ou da Palestina. Os registros mais antigos (de aprox. 600 a.C.) vêm da índia, e o mais antigo esqueleto com lesões leprosas data do século V d.C.
Referências no AT. Os detalhes revelados em Levítico 13 e 14 para ajudar os sacerdotes a fazer a distinção entre sara‘ath e outras doenças benignas não têm, atualmente, nenhum valor diagnóstico, e o significado exato das palavras hebraicas em Levítico 13.2-10,30 traduzidas como “inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa" são muito duvidosas.
Os sinais da sara‘ath (depressão central, descoloração da pele e do cabelo, escamas, infecção do couro cabelo) não são típicos da lepra. Por outro lado, os sinais característicos da verdadeira lepra (nódulos, face leonina, manchas indolores, ulceração irregular das extremidades) não são mencionados.
Em Levítico, a “lepra” podia ser uma infecção localizada da pele (13.3); uma erisipela adjacente a uma úlcera (v. 18); complicações de uma queimadura com fogo (v. 24); infecção por tinha ou pústulas no couro cabeludo ou na barba (v. 29), uma dermatite pustular (v.36); um favo ou ferida do deserto (v. 42); míldio das vestes ou do couro (vv. 47-59); ou um fungo que cresce nos muros de pedra (14.34). O sacerdote pedia ordenar a expulsão do acampamento como medida provisória (que não seria quarentena) dependendo do aparecimento de sinais indubitáveís. A aparência da verdadeira lepra toma-se perceptível em uma ou duas semanas.
A mâo de Moisés tornou-se “leprosa, branca como a neve” (Êx 4.6). “Miriã (tornou-se] leprosa como a neve” (Nm 12.10), e Geazi tornou-se um “leproso, branco como a neve” (2 Rs 5.27). Entretanto, a verdadeira lepra nunca é acromática e incolor, e a expressão “como a neve” pode caracterizar uma escamosidade e não uma ausência de cor.
As referências a uma vítima da lepra como “alguém que morreu”, cuja carne está um tanto consumida, não podem indicar a benigna “lepra branca" (vitiligo, leucoderma) da Europa medieval e da índia moderna.
As instruções em Números 5,2 e Deuteronômio 24.8 colocam a “lepra” em um ritual semelhante à poluição sexual e ao contato com um cadáver. A natureza da saru‘afh de Naamã (2 Rs 5.1-14), que não o tomou socialmente “impuro" ou impróprio para a função pública, é desconhecida; é possível que se tratasse da sarna para a qual os banhos com enxofre de Rabbi-Mayer, perto de Tiberíades, são até hoje reputados como curativos, e os portadores dessa infecção são aconselhados a “mergulhar sete vezes”, provavelmente expressando um ato de fé.
A doença transmissível que repentinamente acometeu Geazi também pode ter sido a sarna, contraída por causa das vestes que ele havia cobiçado (v. 27). Os quatro homens leprosos de Samaria (2 Rs 7.3) estavam vivendo fora da cidade, mas podiam se locomover. A lesão na testa do rei Uzias (ou Asarias) em 2 Crônicas 26,19-21, possivelmente era a verdadeira lepra que se tornava mais visível quando seu rosto ficava rubro de raiva. Referências no NT. Ocorre uma imprecisão semelhante em relação à lepra no NT.
A LXX traduz sara‘ath utilizando a palavra grega lepra, um termo abrangente que cobre qualquer doença escamosa da pele. A verdadeira lepra era conhecida por Aristóteles <345 a.C.) com o nome de leontíase on satiríase. Os médicos Alexandrinos descreveram a verdadeira lepra no século III a.C., e lhe deram o nome de elefantíase. Galeno (133-201 d.C.) a descreveu com o nome de elephantiasis Graecorum. Essa doença foi introduzida no litoral Mediterrâneo (inclusive na Palestina) e na Itália com o retorno dos soldados de Pompeu (62 a.C.).
Os evangelistas referem-se à lepra (Mt 10.8; 11.5; 26.6; Mc 1.40-44; 14.3) e não k elephantiasis Graecorum grega. Porém, o diagnóstico em Lucas 4.27 relembra a referência a Naamã em 2 Rs 5.1-27. Da mesma forma são imprecisas as referências ao “homem cheio de lepra" (Lc 5.12), aos dez leprosos (Lc 17.11-19) e a “Simão, o leproso” (Mt 26.6; Mc 14.3).
O desaparecimento da lepra era geralmente associado à purificação com ênfase no aspecto cerimonial. A palavra “cura” foi usada uma vez no NT (Lc 17.15) falando de um gentio. Entretanto, a frase neutra “a lepra desapareceu, e [ele] ficou limpo” (Mc 1.42; Lc 5-13) foi usada para os judeus, e a palavra “purificado” foi usada para um gentio (Lc 4.27).
A “lepra” incluía doenças sarnentas de animais, a ferrugem nas colheitas em crescimento ou armazenadas, as pragas, a varíola e a indigência. A palavra “lepra” era usada com o artigo definido ou indefinido e podia ser singular ou plural.
Por causa de sua implícita conotação de impureza cerimonial e castigo divino, e, em vista do terrível estigma social que a acompanha, a palavra “leproso” não deve ser usada atualmente para designar aqueles que sofrem da verdadeira doença. Da mesma forma, seu uso sob forma figurada em um sentido pejorativo deve ser evitado. Nosso Senhor mostrou verdadeira compaixão por aqueles que estavam cerimonialmente impuros e pelos socialmente excluídos quando “estendeu a mào”e “tocou” (Mc 1.41) aqueles que sofriam de lepra. S. G. B.
 
 
2 Reis 5:1-27 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
2 Reis 5:1-8
A Purificação do Sírio Naamã

Os milagres do nosso Salvador foram planejados para as ovelhas perdidas da casa de Israel, mas um, como uma migalha de pão, caiu da mesa para uma mulher de Canaã. Assim ocorreu com esse milagre que Eliseu realizou para Naamã, um sírio. Pois DEUS faz o bem a todos, e quer que todos os homens sejam salvos. Aqui temos:
I
A grande aflição na qual estava Naamã, no meio de todas as suas honras (v. 1). Ele era um grande homem em uma alta posição. Não apenas rico e elevado, mas particularmente feliz por duas coisas:
1. Que ele tinha sido muito útil ao seu país. DEUS o fez assim: Por ele o Senhor dera livramento aos siros, sucesso na guerra até mesmo contra Israel. A preservação e a prosperidade até daqueles que não conhecem a DEUS e o servem devem ser atribuídas a Ele, pois Ele é o Salvador de todos os homens, mas principalmente daqueles que crêem. Que Israel saiba que quando os siros prevaleciam, isso vinha do Senhor.
2. Que ele era muito aceitável ao seu príncipe, era o seu favorito, e primeiro ministro do Estado. Ele era tão grande, tão alto, tão honrável, e um poderoso homem de valor. Mas era um leproso, sofria daquela doença repugnante, que fez dele um fardo para si mesmo. Note: (1) nenhuma grandeza do homem, ou honra, ou interesse, ou valor, ou vitória, pode colocá-lo fora do alcance das mais dolorosas calamidades da vida humana. Há um grande grupo decrépito e doente sob roupas ricas e alegres. (2) Todo homem tem algum mas ou outro em seu caráter, alguma coisa que o mancha e o degrada, algo que diminui a sua grandeza, algum abatimento da sua alegria. Ele pode ser muito feliz, muito bom, mas, em uma coisa ou outra, pode não ser tão bom quanto ele deveria, nem tão feliz como gostaria. Naamã era tão grande quanto o mundo poderia fazê-lo, e ainda assim (como diz o bispo Hall) o mais desprezível escravo na Síria não trocaria de pele com ele.
II
A notícia que lhe foi dada a respeito do poder de Eliseu por uma pequena serva que atendia a sua esposa (vv. 2,3). Essa serva era israelita de nascimento, providencialmente levada cativa para a Síria e ali entregue à família de Naamã, onde divulgou a fama de Eliseu para a honra de Israel e do DEUS de Israel. A infeliz dispersão do povo de DEUS às vezes tem sido a feliz oportunidade da difusão do conhecimento de DEUS (At 8.4). Essa pequena serva:
1. Como convém a uma legítima israelita, considerou a honra do seu país, e, embora fosse apenas uma criança, pôde dar um relatório do famoso profeta que eles tinham entre eles. As crianças devem aprender cedo a respeito das maravilhosas obras de DEUS, para que, a qualquer lugar que forem, possam falar delas (veja o salmo 8.2).
2. Como convém a uma boa serva, ela desejou a saúde e o bem-estar de seu senhor, embora fosse uma cativa, forçada a ser uma serva. Muito mais devem os servos por escolha buscarem o bem de seus senhores. Os judeus na Babilônia deviam buscar a paz da terra em que estavam cativos (Jr 29.7). Eliseu não purificou nenhum leproso em Israel (Lc 4.27), mas essa pequena serva, a partir de outros milagres que ele tinha operado, inferiu que ele podia curar o seu senhor, e da sua beneficência geral, que Eliseu o curaria, embora Naamã fosse um siro. Os servos podem ser bênçãos às famílias onde eles estão, ao falarem o que sabem da glória de DEUS e da honra de seus profetas.
III
O pedido que o rei da Síria fez, depois disso, ao rei de Israel em nome de Naamã. Naamã tomou conhecimento da informação, embora dada por uma simples serva, e não desprezou a informação por causa da insignificância da serva, quando a informação visava a saúde do seu corpo. Ele não disse: “A menina fala como uma tola. Como qualquer profeta em Israel pode fazer por mim o que todos os médicos da Síria têm tentado em vão?”. Embora ele não amasse nem honrasse a nação dos judeus, se alguém daquela nação pudesse apenas curá-lo da sua lepra, ele reconheceria a obrigação de forma agradecida. Quem dera aqueles que são espiritualmente doentes ouvissem assim prontamente as novas trazidas a eles pelo grande Médico! Veja o que Naamã fez a respeito dessa pequena sugestão.
1. Ele não enviaria mensagem ao profeta para que viesse até ele, mas tal honra ele pagaria a alguém que tinha em si tanto poder divino a ponto de ser capaz de curar doenças. Ele mesmo iria até ele, embora ele mesmo fosse doente, inadequado para a sociedade, a jornada fosse longa e se tratasse do país de um inimigo. Os príncipes, pensa ele, devem inclinar-se diante dos profetas quando precisam deles.
2. Ele não iria incógnito — disfarçado, embora sua missão proclamasse sua doença repugnante, mas foi com pompa, e com grande comitiva, para prestar maior honra ao profeta.
3. Ele não iria de mãos vazias, mas levaria consigo ouro, prata, roupas, para presentear seu médico. Aqueles que são prósperos e necessitam de saúde, mostram o que eles consideram a bênção mais valiosa. O que eles não darão pelo bem-estar, força e saúde do corpo?
4. Ele não iria sem uma carta ao rei de Israel da parte do rei seu senhor, o qual desejava sinceramente a sua recuperação. Ele não sabe onde, em Samaria, encontrar esse profeta operador de maravilhas, mas toma por certo que o rei sabe onde encontrá-lo. E, para levar o profeta a fazer o máximo por Naamã, ele irá até ele apoiado pelos dois reis. Se o rei da Síria deve pedir a sua ajuda, ele espera que o rei de Israel, sendo o seu senhor, possa ordenar que o faça. Os dons do súdito devem todos (pensa ele) estar a serviço e ser para a honra do príncipe e, por isso, ele roga ao rei que o restaure da sua lepra (v. 6), tomando por certo que havia uma intimidade entre o rei e o profeta maior do que realmente existia.
IV
O susto que isso provocou no rei de Israel (v. 7). Ele entendeu que havia nessa carta:
1. Uma grande afronta a DEUS, e por isso ele rasgou suas vestes, de acordo com o costume dos judeus quando eles ouviam ou liam algo que consideravam ser blasfemo. E seria menos do que uma blasfêmia atribuir a ele um poder divino? “Sou eu DEUS, para matar a quem eu quiser, e para vivificar a quem eu quiser? Não, eu não alego ter tal autoridade.” Nabucodonosor alegava, como encontramos em Daniel 5.19. “Sou eu DEUS, para matar com uma palavra, e para vivificar com uma palavra? Não, eu não alego ter tal poder.” Assim, esse grande homem, esse homem mau, é levado a reconhecer que é apenas um homem. Por que ele, com essa consideração, não se corrigiu por causa da sua idolatria, e pensou assim: — eu adorarei como deuses aqueles que não podem matar nem vivificar, que não podem fazer nem o bem nem o mal? Um mau projeto para si mesmo. Ele apela para aqueles que estavam à sua volta por isso: “Vede que busca ocasião contra mim. Ele me pede que cure a lepra, e, se eu não o fizer, embora eu não possa, fará disso um pretexto para promover uma guerra contra mim”, o que ele suspeita ainda mais por ser Naamã o seu general. Tivesse ele compreendido corretamente o significado da carta, que quando o rei lhe escreveu para curar a lepra ele quis dizer que ele cuidasse para que Naamã fosse curado, não teria ficado com esse espanto. Note: Nós geralmente criamos muita preocupação para nós mesmos ao interpretar mal as palavras e as ações de outros que são bem intencionados: É amor a nós mesmos não pensar nenhum mal. Se ele tivesse se lembrado de Eliseu e do seu poder, facilmente teria compreendido a carta, e sabido o que tinha de fazer. Mas ele se coloca nessa confusão, fazendo-se um estranho ao profeta: A serva cativa o tinha mais em seus pensamentos do que o rei o tinha.
V
A oferta que Eliseu fez de seus serviços. Ele estava inclinado a fazer qualquer coisa para deixar seu príncipe tranqüilo, embora fosse negligenciado e seus bons serviços anteriores fossem esquecidos pelo rei. Ouvindo sobre a ocasião em que o rei tinha rasgado suas vestes, ele lhe enviou uma mensagem para fazê-lo saber que se o seu paciente viesse até ele, não perderia seu trabalho (v. 8): Ele saberá que há profeta em Israel (e seria triste para Israel se não houvesse), que há um profeta em Israel que pode fazer aquilo que o rei de Israel não ousou tentar, e a que os profetas da Síria não puderam aspirar. Não foi para a sua própria honra, mas para a honra de DEUS, que ele desejou fazer com que todos soubessem que havia profeta em Israel, embora obscuro e negligenciado. Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
 
 
2 Reis 5:9-14
O Método Prescrito para a Cura

Aqui nós temos a cura da lepra de Naamã:
I
A curta e clara orientação que o profeta lhe deu, com a certeza de sucesso. Naamã planejou honrar a Eliseu quando veio em seu carro e com todo o seu séqüito, até a porta dele (v. 9). Aqueles que mostravam pouco respeito aos profetas em outros tempos eram muito corteses com eles quando deles precisavam. Ele foi à porta de Eliseu como um pedinte de esmola. Aqueles que foram limpos de sua lepra espiritual, devem esperar nos portões da Sabedoria, e vigiar nas umbreiras de sua porta. Naamã esperava ter seu cumprimento respondido, mas Eliseu lhe deu a reposta sem nenhuma formalidade, não foi à porta para atendê-lo, para que ele não parecesse satisfeito com a honra que lhe fora dada, mas enviou-lhe um mensageiro para lhe dizer: Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, prometendo-lhe que se ele assim o fizesse seria curado da doença. A promessa era clara: Ficarás purificado. O método prescrito era claro: Vai e lava-te no Jordão. Isso não era planejado como se fosse qualquer meio para a cura. Pois, embora o banho frio seja recomendado por muitos como sendo verdadeiramente salutar, alguns ainda pensam que, no caso de lepra, fosse mais danoso. Mas isso foi planejado como um sinal da cura e um teste para a sua obediência. Aqueles que buscam ajuda de DEUS devem fazer como lhes é ordenado. Mas por que Eliseu enviou um mensageiro até ele com essa orientação?
1. Porque ele tinha se retirado, nesse tempo, para a devoção, para se concentrar nas orações para a cura, e não se distrairia. Ou:
2. Porque ele sabia ser Naamã um homem orgulhoso e o faria saber que diante do grande DEUS todos os homens estão no mesmo nível.
II
A aversão de Naamã ao método prescrito porque não era o que ele esperava. Duas coisas o desgostaram:
1. Que Eliseu, como ele julgou, menosprezou a sua pessoa ao lhe enviar ordens por meio de um servo, não vindo ele mesmo (v.11). Tendo grandes expectativas de cura, ele tinha imaginado como ela se realizaria, e o esquema que tinha elaborado era esse: “Certamente ele sairá, isso é o mínimo que ele pode me fazer, sendo eu um nobre da Síria, a mim que vim até ele com toda essa pompa, a mim que com freqüência tenho sido vitorioso sobre Israel. Ele por-se-á em pé, e invocará o nome do Senhor, seu DEUS, e falará de mim em sua oração, e então ele passará a sua mão sobre o lugar, e assim realizará a cura”. E porque não aconteceu assim, ele se enfureceu, esquecendo-se: (1) Que ele era um leproso, e que a lei de Moisés, que Eliseu observava religiosamente, excluía os leprosos da sociedade — um leproso, e por isso ele não devia insistir em formalidades. Note: Muitos têm corações insubmissos debaixo de situações humilhantes (Nm 12.14). (2) Que ele era um peticionário, implorando por um favor que ele não podia exigir. E pedintes não devem escolher, os pacientes não devem prescrever para os seus médicos. Veja em Naamã a tolice do orgulho. Uma cura não o satisfará a menos que ele seja curado com cerimônia, com muita pompa e exibição. Ele rejeita ser curado, a menos que façam do jeito dele.
2. Que Eliseu, como ele julgou, menosprezou o seu país. Ele considerou desagradável ser enviado para se lavar no Jordão, um rio de Israel, quando pensava em Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel. Com que magnificência ele fala desses dois rios que regavam Damasco, os quais logo depois formam um, chamado pelos geógrafos de Crisóroas — o rio dourado! De que maneira desprezível ele fala de todas as águas de Israel, embora DEUS tenha chamado a terra de Israel de a glória de todas as terras, e especificamente por seus rios de água (Dt 8.7)!
3. Tão comum é para DEUS e o homem diferirem em seus julgamentos. De que forma desprezível ele fala das orientações do profeta! Não me poderia eu lavar neles e ficar purificado? Ele podia se lavar neles e ficar purificado da sujeira, mas não se lavar neles e ser purificado da lepra. Ele se irritou porque o profeta lhe ordenou que se lavasse e fosse purificado. Ele pensava que o profeta deveria fazer tudo e não estava satisfeito porque lhe ordenara fazer alguma coisa — ou ele pensou que isso fosse uma coisa tão comum, tão simples, fácil demais para curar um homem tão importante — ou ele não acreditou que de qualquer modo isso realizaria a cura, ou, se o fizesse, que virtude medicinal havia no Jordão, mais do que nos rios de Damasco? Mas ele não considerou: (1) Que o Jordão pertencia ao DEUS de Israel, que era de quem ele esperava a cura, e não dos deuses de Damasco. O rio regava a terra do Senhor, a terra santa, e, em uma cura miraculosa, a relação com DEUS era muito mais importante do que a profundeza do canal ou a beleza da correnteza. (2) Que, mais do que uma vez antes disso, o Jordão tinha obedecido às ordens da onipotência. Antigamente, ele tinha permitido uma passagem a Israel, e, depois, a Elias e Eliseu, e por essa razão, era mais adequado para tal propósito do que aqueles rios que apenas tinham observado a lei comum da sua criação, e jamais tinham sido distinguido dessa forma. Mas, sobretudo: (3) O Jordão era o rio designado, e se ele esperava uma cura vinda do poder divino, ele devia submeter-se à vontade divina, sem perguntar pelas razões e motivos. Note: É comum para aqueles que se acham sábios olharem com desprezo os preceitos e as ordens da sabedoria divina, e preferirem suas próprias fantasias diante de si. Aqueles que estão por estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitarão à justiça de DEUS (Rm 10.3). Naamã falou consigo mesmo com tanta fúria (como os homens irascíveis geralmente fazem) que, furioso, virou as costas à porta do profeta, pronto para jurar que jamais teria qualquer outra coisa para dizer a Eliseu. E então, quem seria o perdedor? Note: Os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria misericórdia (Jonas 2.8). Os homens orgulhosos são os piores inimigos de si mesmos e privam-se da sua própria redenção.
III
O modesto conselho que seus servos lhe deram para obedecer às ordens do profeta, com uma reprovação implícita aos seus ressentimentos (v. 13). Embora em outros tempos eles guardassem sua distância, e agora o vissem encolerizado, mas, sabendo que ele era um homem que ouviria a razão a qualquer momento, e de qualquer pessoa (um bom caráter de um grande homem, e muito raro), aproximaram-se e tomaram a liberdade de argumentar um pouco o problema com ele. Eles tinham formado uma ótima opinião do profeta (tendo, talvez, ouvido mais dele pelo povo comum, com quem eles conviveram, do que Naamã tinha ouvido pelo rei e seus cortesãos, com quem ele tinha convivido), e, por isso, imploraram-lhe que considerasse: “Se o profeta te dissera alguma grande coisa, se tivesse te ordenado que seguisse um tedioso tratamento médico, ou se submetesse a alguma operação dolorosa, tomando um vesicatório, fazendo uma sangria ou salivando, não a farias? Sem dúvida o farias. E tu não te submeterás a um método tão fácil como esse: Lava-te e ficarás purificado?” Observe:
1. Seus próprios servos lhe fizeram essa reprovação e lhe deram esse conselho, que não foi mais depreciativo para ele do que ter sido informado de alguém que poderia curá-lo pela serva de sua esposa (v. 3). Note: É uma grande bênção ter ao nosso redor pessoas que têm liberdade conosco e, respeitosamente, nos falam de nossas faltas e tolices, embora sejam nossos inferiores. Os senhores devem estar inclinados a ouvir os motivos de seus servos (Jó 31.13,14). Se nós devemos ser surdos aos conselhos dos ímpios, embora dados pelos nomes mais veneráveis e nobres, assim devemos ter nossos ouvidos abertos para um bom conselho, embora nos seja trazido por aqueles que estão muito abaixo de nós: Não importa quem fala, se o que disser for bem dito.
2. A reprovação foi muito modesta e respeitosa. Eles o chamam de Pai. Pois os servos devem honrar e obedecer a seus senhores com um tipo de afeição filial. Ao reprovarmos ou aconselharmos, nós devemos fazer com que pareça que isso venha do amor e da verdadeira honra, e que pretendemos não a repreensão, mas a restauração.
3. Isso foi muito racional e ponderado. Se os servos rudes e descuidados tivessem incitado o ressentimento irado de seu senhor e proposto que se vingasse de sua rixa com o profeta, que (pensava ele) o afrontara, quão prejudiciais teriam sido as conseqüências! Fogo do céu, provavelmente, teria caído sobre todos eles! Mas, para a nossa grande surpresa, eles ficaram do lado do profeta. Eliseu, embora seja provável que percebesse que o que tinha dito tinha colocado Naamã de mau humor, não se importou em pacificá-lo: Era risco dele se persistisse em sua ira. Mas seus servos foram usados pela Providência para acalmá-lo. Eles argumentaram com ele: (1) Sobre seu sincero desejo pela cura: Porventura, não farias qualquer coisa? Note: Quando os pecadores doentes chegam a esse ponto de estarem dispostos a fazer qualquer coisa, a se submeter a qualquer coisa, desistir de qualquer coisa, por uma cura, então, e só então, ali começa a surgir alguma esperança para eles. Então eles aceitarão a CRISTO nos próprios termos dele quando estiverem inclinados a tê-lo sob quaisquer termos. (2) Sobre a facilidade do método prescrito: “É apenas: Lava-te e ficarás purificado”. É só tentar. A tentativa é barata e fácil. Não pode machucar, mas pode fazer o bem”. Note: Os métodos prescritos para a cura da lepra do pecado são tão claros que seremos completamente indesculpáveis se não os observarmos. É apenas: “Crê e serás salvo” — “arrepende-te e serás perdoado” — “lava-te e serás purificado”.
IV
A cura realizada, ao usar os meios prescritos (v. 14). Naamã, mudando de idéia, cedeu em experimentar, mas, devia parecer que não fazia com muita fé ou determinação. Pois, considerando que o profeta lhe ordenara que se lavasse no Jordão sete vezes, ele mergulhou muitas vezes, tão ligeiramente quanto pôde. Porém, DEUS se agradou de honrar a si mesmo e à sua palavra ao fazer com que aquilo se tornasse eficaz. E a sua carne tornou, como a carne de um menino, para a sua grande surpresa e alegria. Os homens conseguem isso por cederem à vontade de DEUS, por atenderem a suas instituições. Sua purificação pela água coloca uma honra na lei que se refere à limpeza de leprosos. DEUS engrandecerá a sua palavra e, sobretudo, o seu nome. Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
 
 
2 Reis 5:15-19
O Grato Reconhecimento de
Naamã por Eliseu

Dos dez leprosos que nosso Salvador purificou, o único que retornou, dando-lhe graças, foi um samaritano (Lc 17.16). Esse siro fez assim, e aqui ele se expressa:
I
Convencido do poder do DEUS de Israel, não apenas que Ele é DEUS, mas que Ele é o Único, e que de fato em toda a terra não há DEUS, senão em Israel (v. 15) — uma nobre confissão, mas como tal insinua a miséria do mundo gentílico. Pois as nações que tinham muitos deuses na verdade não tinham nenhum DEUS, mas estavam sem DEUS no mundo. Outrora ele tinha pensado que os deuses da Síria eram deuses de fato, mas agora a experiência tinha corrigido esse engano, e ele sabia que apenas o DEUS de Israel era DEUS, o soberano, Senhor de tudo. Tivesse ele visto outros leprosos sendo purificados, talvez a visão não o teria convencido, mas a misericórdia da cura o afetou mais do que o próprio milagre. Aqueles que têm experimentado a divina graça estão mais capacitados para falar do seu poder.
II
A gratidão ao profeta Eliseu: “Por essa razão, por causa daquele cujo servo tu és, eu tenho um presente para ti: Prata, ouro, roupas, qualquer coisa que tu te agradares em aceitar”. Ele valorizou a cura não pela facilidade dela para o profeta, mas pela possibilidade de ele recebê-la, e, com alegria, pagaria por ela adequadamente. Mas Eliseu generosamente recusou a gratificação, embora Naamã insistisse com ele para aceitá-la. E, para evitar qualquer importunação, endossou a sua recusa com um juramento: Vive o Senhor, em cuja presença estou, que a não tomarei (v. 16), não porque ele não necessitasse, pois ele era pobre o bastante, e sabia o que fazer com ela, e como usá-la entre os filhos dos profetas, nem porque ele pensasse que fosse ilegítimo, pois ele recebeu presentes de outros. Mas ele não tinha obrigação com esse siro, nem esse deveria dizer: Eu enriqueci a Eliseu (Gn 14.23). Seria maior a honra de DEUS se fosse mostrado a esse novo convertido que os servos do DEUS de Israel eram ensinados a olhar as riquezas deste mundo com um desprezo santo, o que o confirmaria em sua fé que não há DEUS, senão em Israel (veja 1 Co 9.18; 2 Co 11.9).
III
Convertido ao culto do DEUS de Israel. Ele não apenas oferecerá um sacrifício ao Senhor, em gratidão pela sua cura atual, mas resolve que jamais oferecerá sacrifício a qualquer outro deus (v. 17). Foi uma cura feliz desse leproso, que o curou da sua idolatria, uma doença mais perigosa. Mas aqui estão dois exemplos da sua fraqueza e debilidade em sua conversão:
1. Em um exemplo, ele a excedeu, pois não apenas adoraria ao DEUS de Israel, mas que teria porções de terra tiradas do jardim do profeta, ou pelo menos por ordem do profeta, para fazer um altar (v. 17). Aquele que havia pouco tinha falado com desprezo das águas de Israel (v. 12), agora está em outro extremo, e supervaloriza a terra de Israel, supondo que, desde que DEUS tinha designado altares de terra (Êx 20.24), um altar daquela terra seria mais aceitável a DEUS, não considerando que do Senhor é a terra e a sua plenitude. Ou talvez o entusiasmo de sua afeição e veneração pelo profeta, não apenas por conta do seu poder, mas da sua virtude e generosidade praticadas para com ele, como dizemos, fez com que ele amasse o próprio chão em que pisava e desejasse ter um pouco dele consigo em casa. A moderna expressão de cortesia equivalente a isso seria: “Por favor, senhor, me dá uma foto sua”.
2. Em outro exemplo ele procedeu imperfeitamente, porque reservou para si a liberdade de curvar-se na casa de Rimom, condescendendo com o rei seu senhor e de acordo com o dever de sua posição na corte (v. 18). Nisso ele deve ser desculpado. Ele reconhece que não deve fazer isso, mas que, por outro lado, não pode manter sua posição — afirma que esse ato não é, nem jamais será, como tinha sido, em honra do ídolo, mas apenas em honra do rei — e, por essa razão, ele espera que DEUS o perdoe. Talvez, consideradas todas as coisas, isso possa dar margem a alguma apologia, embora não fosse justificável. Mas, como para nós, eu estou certo: (1) Se, em aliança com DEUS, nós fazemos uma reserva em relação a qualquer pecado conhecido, que continuaremos praticando, aquela reserva é um malogro da sua aliança. Nós devemos lançar fora todas as nossas transgressões e não excetuar nenhuma casa de Rimom. (2) Embora sejamos encorajados a orar pela remissão dos pecados que temos cometido, se pedimos por uma dispensa para continuarmos em qualquer pecado no futuro, nós zombamos de DEUS e enganamos a nós mesmos. (3) Aqueles que não souberem como renunciar a uma posição na corte quando não puderem mantê-la sem pecarem contra DEUS, e enganando suas consciências, não valorizam corretamente o favor divino. (4) Aqueles que verdadeiramente odeiam o mal terão consciência de absterem-se de toda aparência do mal. Embora o fato de Naamã dissimular a sua religião não possa ser aprovada, ainda por causa da sua promessa de não oferecer nenhum sacrifício a outro deus, mas apenas ao DEUS de Israel, foi um grande ponto ganho por um siro, e porque, pedindo perdão em relação a esse assunto, ele mostrou tal grau de convicção e sinceridade quanto deu esperanças de aperfeiçoamento, o profeta o despediu brandamente e disse-lhe: Vai em paz (v. 19). Os prosélitos jovens devem ser tratados com ternura. Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
 
 
2 Reis 5:20-27
Os Pecados de Geazi e sua Punição

Naamã, um siro, um cortesão, um soldado, tinha muitos servos, e nós lemos quão sábios e bons eles eram (v. 13). Eliseu, um santo profeta, um homem de DEUS, tinha apenas um servo, e ele se mostra um companheiro vil, mentiroso e desobediente. Aqueles que, de longe, ouviram falar de Eliseu, o honraram e conseguiram o bem pelo que ouviram. Mas aquele que permanecia continuamente com ele, para ouvir a sua sabedoria, não ficou foi impressionado por ele, seja pela sua doutrina, seja pelos milagres. Alguém esperava que o servo de Eliseu devesse ser um santo (até o servo de Acabe, Obadias, era), mas até o próprio CRISTO teve um Judas entre os seus seguidores. Os meios da graça não podem prover graça. Os melhores homens, os melhores ministros, com freqüência têm tido aqueles entre eles que têm sido sua aflição e vergonha. Quanto mais perto da igreja, mais longe de DEUS. Muitos virão do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão no Reino; e os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores. Aqui temos:
I
O pecado de Geazi. Foi um pecado complicado.
1. O amor ao dinheiro, aquela raiz de todos os males, estava na base do pecado. Seu senhor desprezou os tesouros de Naamã, mas ele os cobiçou (v. 20). Seu coração (diz o bispo Hall) estava guardado nas bagagens de Naamã e Geazi devia correr atrás dele para pegá-lo. Multidões, por cobiçarem as riquezas do mundo, se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
2. Ele censurou a seu senhor por recusar o presente de Naamã, condenou-o como tolo por não receber ouro quando podia tê-lo feito, cobiçou e invejou a sua bondade e generosidade a esse estrangeiro, embora fosse para o bem da alma dele. Resumindo, ele se achou mais sábio do que o seu senhor.
3. Quando Naamã, como uma pessoa de maneiras polidas, desceu de sua carruagem para encontrá-lo (v. 21), Geazi lhe disse uma mentira deliberada, que o seu senhor o enviara até ele, e assim recebeu, para si mesmo, aquele presente que Naamã pretendia dar ao seu senhor.
4. Ele abusou de seu senhor, e de maneira vil o representou diante de Naamã como alguém que tinha se arrependido de sua generosidade, que era inconstante como quem não sabe o que quer, que dizia e voltava atrás, jurava e voltava atrás, que não fazia uma coisa honrável, mas que logo devia desfazer novamente. A sua história dos dois filhos dos profetas era tão tola quanto falsa. Se ele tivesse implorado uma oferta para os dois jovens estudantes, com certeza menos do que um talento de prata seria o bastante.
5. Havia o perigo de ele desviar Naamã daquela santa religião à qual acabara de aderir, e diminuir a boa opinião que tinha a respeito dela. Ele poderia então dizer, como os inimigos de Paulo insinuaram a respeito dele (2 Co 12.16,17), que, embora o próprio Eliseu não lhe tivesse sido um peso, ainda sendo astuto, ele o apanhou com fraude, enviando aquele que o cobrava. Nós esperamos que, posteriormente, ele tenha entendido que a mão de Eliseu não estava nisso, e que Geazi foi forçado a restituir o que tinha pego injustamente, ou isso podia tê-lo levado novamente para os seus ídolos.
6. Sua busca em esconder o que tinha conseguido aumentou muito o seu pecado. (1) Ele o escondeu, como Acã fez com o que adquiriu, pelo sacrilégio, na torre, um lugar secreto, um lugar forte, até que ele tivesse uma oportunidade de dispor disso (v. 24). Agora ele pensava estar seguro e aplaudiu a sua própria gerência de uma fraude pela qual tinha enganado, não apenas a prudência de Naamã, mas o espírito de discernimento de Eliseu, como Ananias e Safira com os apóstolos. (2) Ele negou tudo: Ele entrou e pôs-se diante de seu senhor, pronto para receber suas ordens. Ninguém parecia observar mais ao seu senhor, embora ninguém parecesse mais ofensivo para ele. Ele pensou como Efraim: Eu tenho me enriquecido; não acharão em mim iniqüidade alguma (Os 12.8). Seu senhor lhe perguntou onde ele tinha estado. “Em nenhum lugar, senhor” (respondeu ele), “fora de casa”. Note: Geralmente uma mentira leva a outra: o caminho desse tipo de pecado é sempre para baixo. Por essa razão, tenha a coragem de ser verdadeiro.
II
A punição desse pecado. Eliseu imediatamente o chamou para um acerto de contas por causa disso. E observe:
1. Como ele foi condenado. Ele pensou enganar ao profeta, mas logo ficou claro para ele que o espírito de profecia não podia ser enganado, e que era inútil mentir ao ESPÍRITO SANTO. Eliseu pôde lhe dizer: (1) O que ele tinha feito, embora o tivesse negado. “Tu dizes que não foste a lugar algum, mas não foi contigo o meu coração?” (v. 26). Geazi ainda tinha de aprender que os profetas têm olhos espirituais? Ou ele pensava ser possível esconder alguma coisa de um vidente, daquele com quem estava o segredo do Senhor? Note: É tolice abusar do pecado esperando mantê-lo em segredo. Quando tu te desvias para outro caminho, a tua consciência não vai contigo? Os olhos de DEUS não vão contigo? O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, principalmente a língua mentirosa dura só um momento (Pv 12.19). A verdade espalhar-se-á e freqüentemente vem à luz de forma surpreendente, para a confusão daqueles que fazem da mentira o seu refúgio. (2) O que ele planejara, embora guardasse isso em seu próprio coração. Ele podia ter-lhe dito os muitos pensamentos e intenções do seu coração, que ele estava projetando, agora que tinha adquirido esses dois talentos, para comprar terras e gado, deixar de servir a Eliseu e começar a trabalhar por conta própria. Note: Todas as esperanças tolas e artifícios das inclinações carnais estão abertos diante de DEUS. E ele também fala a Geazi do mal disso tudo: “Era isso ocasião para tomares prata? É uma oportunidade para te enriqueceres? Não poderias tu encontrar alguma outra forma melhor de conseguir dinheiro do que contradizer teu senhor, colocando uma pedra de tropeço diante de um novo convertido?” Note: Aqueles que querem conseguir riquezas a qualquer tempo, e por quaisquer meios e recursos, certos ou errados, colocam para si mesmos muitas tentações. Aqueles que querem ser ricos (per fast, per nefast; rem, rem, quocunque modo rem — por meios justos, por meios iníquos; sem se importar com princípios, pensando apenas em dinheiro) submergem a si mesmos na perdição e ruína (1 Tm 6.9). A guerra, o fogo, a praga e o naufrágio, não são, como muitos os fazem, coisas com que se ganhar dinheiro. Não é um tempo para aumentarmos nossa riqueza quando não podemos fazer isso a não ser por meios desonráveis para DEUS e para a religião, ou ofensivos para nossos irmãos ou para o público.
2. Como ele foi punido por isso: A lepra de Naamã se pegará a ti (v. 27). Se ele tiver o seu dinheiro, levará essa doença com ele: Transit cum onere — o empecilho vai junto. Ele estava planejando legar terras para a sua posteridade, mas, em vez delas, ele lega uma doença repugnante aos herdeiros do seu corpo, de geração a geração. A sentença foi imediatamente executada. Tão logo foi dita, realizou-se. Ele saiu de diante dele leproso, branco como a neve. Assim, ele está estigmatizado e tornado infame, e carrega a marca da sua vergonha aonde quer que vá: Assim, ele carrega a si mesmo e a sua família com uma maldição, a qual não apenas proclamará a sua maldade no presente, mas para sempre perpetuará a lembrança dela. Note: Trabalhar por ajuntar tesouro com língua falsa é uma vaidade, e aqueles que a isso são impelidos buscam a morte (Pv 21.6). Aqueles que adquirem riqueza pela fraude e a injustiça não podem esperar nem o conforto nem a continuidade dela. O que Geazi lucrou, embora tivesse ganhado seus dois talentos, quando, com isso, perdeu sua saúde, sua honra, sua paz, seu serviço e, se o arrependimento não evitou, sua alma para sempre? Veja Jó 20.12ss.
Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
 
 
A Conversão de Naamã. 5:1-27. Comentário Biblico Moody
1. Naamã, comandante do exército. Agora começava a fase pública do ministério de Eliseu. A posição de Naamã realçava a importância do acontecimento. Leproso. Na Síria, a lepra apenas incapacitava a pessoa de realizar suas obrigações; Naamã, estando leproso, já não podia mais obter vitórias para a Síria, o que causava sérias preocupações.
2. Da terra de Israel levaram cativa uma menina. Uma nota da providência divina.
3, 4. Oxalá o meu senhor estivesse diante do profeta. Seu pensamento se traduzia assim: Em Israel há um DEUS vivo que pode curar. Foi Naamã e disse ao seu senhor. Suas palavras foram transmitidas ao rei.
5, 6. Enviarei. O rei prontamente enviou-o ao rei de Israel, porque acreditava que este poderia obter tudo o que quisesse do "seu" profeta. A mensagem foi ter à pessoa errada, pois o Senhor queria que a cura fosse uma questão pública. Ao que parece havia uma trégua entre Síria e Israel.
8. Saberá que há profeta em Israel. Isto é, "não tema que possa haver guerra por causa de sua incapacidade de curar Naamã. DEUS Todo-Poderoso libertará Naamã". Quando temos medo, devemos nos lembrar que "estou convosco todos os dias" (Mt. 28:20).
9,10. Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, lava-te ... no Jordão. Eliseu permaneceu dentro de casa para enfatizar a Naamã que nem a riqueza (v. 5), nem a posição (v. 1) podiam comprar a cura. O banho no Jordão enfatizava o poder de DEUS para curar.
11,12. Naamã quase perdeu a bênção por causa do orgulho. Humildade e fé produzem libertação a todos (Mt. 18:3).
13. Quanto mau. Se não obedecermos a DEUS nas pequeninas coisas, como podemos esperar que nos abençoe com as grandes?
14. E ficou limpo. A cura foi obtida através da obediência, no sétimo mergulho.
15. Eis que agora reconheço. Naamã ficou sabendo que havia um DEUS em Israel, obedecendo as Suas ordens. Ficou assim persuadido que Jeová era o único DEUS e seu único Senhor (v. 17).
16. Não o aceitarei. O Senhor não quer pagamento mas obediência e amor das almas redimidas.
17. Terra. Naamã queria a terra como lembrança de sua "bênção".
18,19. Nisto perdoe . . . a teu servo. Não se devia pensar que Naamã estivesse adorando o deus (Hadade) – Rimom. Vai em paz. Naamã demonstrou que tinha uma consciência sensível e não queria dar a impressão de que estivesse adorando ídolos. Ele recebeu a garantia de que DEUS compreendia o seu coração. Contudo, devemos ficar alertas à constante exposição em ambientes que nos enfraquecem para que não sobreestimemos nosso poder de resistência.
20, 21. Geazi . . . disse, isto é, pensou em seu coração. Vai tudo bem? A pressa de Geazi levou Naamã a pensar que algo de mais tivesse acontecido a Eliseu.
22-24. Meu senhor. Geazi estava cego ao fato do que grande prejuízo poderia ser causado ao testemunho do Senhor através de sua ambição. Dá-lhes. Geazi tomou alguma coisa "desse sírio" e escondeu seus ganhos injustos.
25-27. Teu servo não foi à parte alguma. Geazi mentiu para esconder o seu pecado. Era isto ocasião? "Este é o pior momento possível para se receber ouro. . . ". Geazi esperava, através do presente de Naamã, comprar as coisas enumeradas. Se pegará a ti. "Se você comprar essas coisas, há de comprar também a lepra de Naamã". Naamã se tomara um israelita, mas Geazi um pagão através do seu pecado (cons. Mt. 6:31-34). A conversão de Naamã servia para mostrar aos israelitas como é fácil ao Senhor mudar os corações dos adversários deles e conseqüentemente transformá-los em adoradores de Jeová, irmãos dos próprios judeus.
 
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - O Senhor está pronto para curar, basta que o busquemos e que depositemos nossa confiança e fé nEle.
SÍNTESE DO TÓPICO II - Para ser alcançado pelo milagre divino é necessário abandonar o orgulho e a falta de fé.
SÍNTESE DO TÓPICO III - É inadmissível que os servos de DEUS negociem milagres e curas do Senhor por presentes ou favores humanos.
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO TOP1
A verdadeira aula é um diálogo entre o professor e os alunos; o ideal seria que toda aula fosse como a resposta de uma pergunta dos alunos. Não é bom que somente o professor crie e fale, mas que ouça o aluno falar por sua vez.
Não é aconselhável transformar a aula num simples monólogo do professor para uma plateia de ouvintes receptivos e inertes, com o falso pressuposto, mais ou menos generalizado, de que a obrigação do aluno é ouvir, calar e reter. O verdadeiro ensino não consiste apenas na transferência de conhecimentos de uma cabeça para outra. Ensinar é fazer pensar, é estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar a criar novos hábitos de pensamento e de ação. O professor deve ser um comunicador dialogal e não um transmissor unilateral de informações.
 
 
SUBSÍDIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO TOP2
“DEUS cura Naamã (5.8-14). Os detalhes descrevem o cenário externo que, entretanto, era apenas incidental em relação ao milagre da cura que DEUS realizou através de Eliseu. Ele representava um outro episódio significativo no ministério de Eliseu, e tinha o propósito de demonstrar que só o Senhor é DEUS, e que os deuses de outras nações nada representavam. O rio Abana (12), atual Barada, começa nas montanhas do Líbano e corre através de Damasco, e torna possível a existência dessa cidade por causa do oásis formado em seu percurso. O rio Farpar (ou Farfar) não foi identificado tão facilmente como o Abana. É possível que a Bíblia se refira a um rio que começa nas montanhas do Líbano e corre cerca de 16 quilômetros em direção à região sudoeste de Damasco e que, nesse caso, seria chamado de rio de Damasco. Outra sugestão é que o rio Farpar seja uma referência a um afluente do Barada, o Nahr Taura.
[...] O registro da cura de Naamã representa um cativante relato da ‘cura do leproso’. Existe aqui um retrato notável sobre: (1) A grandeza que não leva a coisa alguma – um grande homem... porém leproso, 1; (2) O testemunho da fé de uma escrava, 2-4; (3) Um pedido inesperado e humilde, 9-11; (4) Alternativas mais atraentes, 12; (5) A obediência e a cura completa, 13,14” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.349).
 

CONHEÇA MAIS TOP3
“Os que experimentam em sua própria vida o poder da graça divina são os mais capacitados para falar deste assunto. Naamã também se mostra agradecido ao profeta Eliseu, que rejeitou toda a recompensa, não porque cresse que seria ilícita ou porque já teria recebido presentes de outros, mas para mostrar aos sírios que os servos do DEUS de Israel consideram as riquezas do mundo com santo desprezo.” Para saber mais leia: Comentário Bíblico Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 302.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO TOP3
“O pecado de Geazi. Foi um pecado complicado. 1.O amor ao dinheiro, aquela raiz de todos os males, estava na base do pecado. Seu senhor desprezou os tesouros de Naamã, mas ele os cobiçou (v.20). Seu coração estava guardado nas bagagens de Naamã e Geazi devia correr atrás dele para pegá-lo. Multidões, por cobiçarem as riquezas do mundo, se transpassaram a si mesmos com muitas dores.
2.Ele censurou a seu senhor por recusar presente de Naamã, condenou-o como tolo por não receber ouro quando podia tê-lo feito, cobiçou e invejou a sua bondade e generosidade a esse estrangeiro, embora fosse para o bem da alma dele. Resumindo, ele se achou mais sábio do que o seu senhor.
3.Quando Naamã, como uma pessoa de maneiras polidas, desceu de sua carruagem para encontrá-lo (v.21), Geazi lhe disse uma mentira deliberada, que o seu senhor o enviara até ele, e assim recebeu, para si mesmo, aquele presente que Naamã pretendia dar ao seu senhor.
4.Ele abusou de seu senhor, e de maneira vil o representou diante de Naamã como alguém que tinha se arrependido de sua generosidade, que era inconstante como quem não sabe o que quer, que dizia e voltava atrás, que não fazia uma coisa honrável, mas que logo devia desfazer novamente. A sua história dos dois filhos dos profetas era tão tola quanto falsa. Se ele tivesse implorado uma oferta para os dois jovens estudantes, com certeza menos do que um talento de prata seria o bastante.
5. Havia o perigo de ele desviar Naamã daquela santa religião à qual acabara de aderir, e diminuir a boa opinião que tinha a respeito dela. Ele poderia então dizer, como os inimigos de Paulo insinuaram a respeito dele (2 Co 12.16,17), que, embora o próprio Eliseu não tivesse sido um peso, ainda sendo astuto, ele o apanhou com fraude, enviando aquele que o cobrava” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Josué a Ester Edição Completa. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.566).
 
 
PARA REFLETIR - A respeito de “Naamã é Curado da Lepra”, responda:
Quem era Naamã? Naamã era comandante dos exércitos da Síria.
Que importância teve a menina escrava na cura de Naamã? Ela se tornou uma agente de DEUS na casa de Naamã, ainda que na condição de serva.
O que Naamã esperava do profeta Eliseu? Esperava que o profeta o recebesse com honras e que lhe tocasse com as mãos, mas a ordem foi de mergulhar sete vezes no rio Jordão.
Quais curas Naamã recebeu? Foi curado da lepra e do orgulho.
O que aprendemos com a cura de Naamã? A cura de Naamã nos mostra que DEUS está disposto a perdoar e salvar a todos, independentemente de posição social ou nacionalidade.


SUGESTÃO DE LEITURA
Poder, Cura e Salvação; Feridas que Curam; Decepção - Curando as feridas da traição.

CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 86, p. 40.
fonte http://www.apazdosenhor.org.br