“Ninguém vai nos dizer quais devem ser nossas leis. Seguiremos o Islã e faremos nossas leis sobre o Alcorão”, disse um dos fundadores do Talibã.
O Talibã pendurou um cadáver em um guindaste no último sábado (25), em uma praça no Afeganistão.
A cruel imagem retrata o retorno das execuções conforme a lei sharia, assim como eram feitas no passado.
A princípio, oficiais do Talibã levaram quatro corpos para a praça principal da cidade de Herat. Depois, colocaram três dos corpos em outras partes da cidade para exibição pública, relatou à Associated Press o comerciante Wazir Ahmad Seddiqi, que dirige uma farmácia nos arredores da praça.
Autoridades do Talibã anunciaram que os quatro foram pegos participando de um sequestro no sábado e foram mortos pela polícia, contou Seddiqi.
Segundo Ziaulhaq Jalali, chefe da polícia nomeado pelo Talibã em Herat, os militantes islâmicos resgataram um pai e um filho sequestrados e os quatro homens foram mortos após uma troca de tiros.
Um vídeo da Associated Press mostra multidões ao redor do guindaste, olhando para o corpo, enquanto alguns homens cantavam.
(Foto: AP Photo)
“O objetivo dessa ação é alertar todos os criminosos de que eles não estão seguros”, disse um comandante do Talibã que não se identificou à AP.
Retorno das execuções
Desde que o Talibã invadiu Cabul em 15 de agosto e assumiu o controle do país, há temores do retorno do regime severo do final da década de 1990 — caracterizado pelos apedrejamentos públicos e amputações, muitas vezes realizadas diante de multidões em um estádio.
Na semana passada, um dos fundadores do Talibã, o mulá Nooruddin Turabi, disse que o grupo iria voltar a realizar execuções e amputações de mãos, mas não iriam fazer em público.
“Todos nos criticaram pelas punições no estádio, mas nunca dissemos nada sobre as leis e punições de ninguém”, disse Turabi à Associated Press, em Cabul. “Ninguém vai nos dizer quais devem ser nossas leis. Seguiremos o Islã e faremos nossas leis sobre o Alcorão”.
Turabi foi ministro da Justiça e chefe da polícia religiosa durante o governo anterior do Talibã, garantindo a aplicação das rígidas leis islâmicas. “Cortar as mãos é muito necessário para a segurança”, opina.
(Foto: AP Photo/Felipe Dana)
Ele disse que os casos serão julgados por juízes, mas a base das leis do Afeganistão será o Alcorão. Ele ainda informou que o Gabinete está estudando se deve punir em público e vai “desenvolver uma política”.
Falando sobre o retorno das execuções e punições, o Departamento de Estado dos EUA disse que “tais atos constituem abusos flagrantes dos direitos humanos”.
O porta-voz Ned Price disse a repórteres na sexta-feira (24) que os EUA “permaneceriam firmes com a comunidade internacional para responsabilizar os perpetradores de quaisquer abusos”.
Fonte: Guiame via http://www.pointrhema.com.br