A santidade pessoal do pastor

 

Robert Murray McCheyne disse a famosa frase: “A maior necessidade do meu povo é a minha santidade pessoal.”

Agora, antes de que críticas sejam arremessadas em McCheyne por ele dar muito valor aos pastores, vamos ser claros: McCheyne não está dizendo que ele é mais importante do que Cristo. Este é o mesmo homem que disse: “Nossa alma deve ser um espelho de Cristo; devemos refletir cada característica: para cada graça em Cristo, deve haver uma contrapartida em nós” e “Para cada olhar para si mesmo, olhe dez vezes para Cristo”. Em vez disso, ao afirmar a importância da santidade pessoal do pastor, ele está ecoando Paulo em 1 Timóteo 4, quando ele diz: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.”

Essas são palavras necessárias para os pastores em nossos dias. Palavras necessárias para pastores em todos os tempos. Nada é mais essencial para o chamado de um pastor ou para o ministério que ele estende aos outros do que a sua própria santidade pessoal.

Ao refletir sobre a década passada, vendo irmãos no pastorado falharem moralmente, percebo que as ameaças parecem vir em quatro categorias principais. Caro pastor, esteja em guarda contra cada uma.

Negligência da vocação

O pastorado não é uma ocupação; É um chamado, um chamado para servir ao Senhor, servindo ao Seu povo. Como John Piper disse amavelmente: “Irmãos, não somos profissionais.” Na verdade, o pastor serve como o chefe-servo de seu pequeno rebanho. Ele pode receber um salário da igreja, mas ele é empregado de cima. A vocação não é primariamente um trabalho destinado a garantir renda. O pastor não trabalha para poder receber. Em vez disso, o chamado do pastor é para dar a sua vida, derramando-a como oferta de libação para o bem dos outros (2 Timóteo 4.6). Ele não tem como perspectiva uma promoção. Ele não atua. Ele não pretende simplesmente produzir algo. Em vez disso, ele procura ao longo de toda a sua vida servir e amar os outros, em nome de Cristo. Tal serviço requer o engajamento do coração, da mente e da alma. Por isso, ele evita seguir um roteiro frio na adoração, aconselhamento, ensino, ou até mesmo na administração. Pastor, você não pode apenas bater o ponto. Cada serviço que fazemos é para ser motivado pelo amor do povo de Deus. Seja feliz em diminuir para que Ele possa aumentar (João 3.30). Procure servir e não ser servido (Mateus 20.28), para o bem da igreja e para a glória de Cristo. Procure ser um pastor em busca da santidade, recusando-se a se tornar um profissional.

A negligência do corpo

O pastorado exige tudo de um homem. Eu assisti uma infinidade de homens deixar o pastorado não para uma falta de amor para com as pessoas ou de um dom adequado, mas por pura exaustão. Os conflitos custaram caro, as horas se tornaram muitas e as pressões, muito grandes. E quando o corpo está cansado, seja fisicamente ou emocionalmente, ele se torna um campo ideal para o jogo do pecado. Nosso corpo e alma estão unidos; não devem ser negligenciados. Pastor, observe o sábado, tire todos os seus dias de férias e peça aos mais velhos uma licença de estudo anual. Tire retiros de oração regulares. Mantenha alimentadas as chamas de suas próprias afeições para com Cristo conforme você concede o descanso adequado ao seu corpo. Encontre um amigo em quem confiar e para te ajudar a passar por coisas pastoralmente emocionais. Procure ser um pastor em busca da santidade combatendo a exaustão e erigindo um forte para lidar com a exaustão quando ela, de fato, acontecer.

Negligência da Família

O pastorado pode ser uma bênção e um desafio para a família média. Há muitos benefícios para nossas esposas e filhos. Há também algumas dificuldades que, muitas vezes, o pastor intensifica. Sejamos claros, o pastorado não fornece uma desculpa para o homem negligenciar sua família. Em vez disso, o pastorado reforça a necessidade de ele amar e cuidar de sua família de forma adequada. As exigências de ser um pastor não superam as exigências da mulher e dos filhos do pastor. Seus corpos, corações e almas continuam como seu primeiro dever. Pastor, esteja em casa quase todas as noites da semana. Jogue bola no quintal. Comam o jantar juntos. Lidere a sua esposa e filhos no culto familiar (Como alguém pode liderar a família de Deus no culto, se não liderar a sua própria casa na adoração?). Ouça-os e busque pastorear seus corações. Se debruce sobre suas necessidades e lutas. Chore com eles. Ria com eles. Como é triste quando a família de um pastor torna-se desiludida com a igreja, porque o pastor estava muito apaixonado por ela. Procure ser um pastor que busca a santidade ao se voltar para a sua família com diligência e amor.

Negligência da Alma

Deixar de cuidar do jardim de sua própria alma ameaça a santidade pessoal do pastor mais do que qualquer outra coisa. Ele se ocupa com o plantio da Palavra e poda ervas daninhas na vida dos outros, mas a sua alma recebe pouca atenção. Ele é muito ocupado. O trabalho é muito difícil. Outros estão em pior situação. E em seu próprio coração, mundanismo entra silenciosamente, orgulho ameaça a sua tenda, luxúria se instala e a retidão foge. Os pequenos pecados que antes tinham um pequeno espaço, agora têm controle. A preparação do sermão não mais mexe com o pastor, seus sermões se tornam em performances, seu ministério se torna puro dever e sua vida começa a se desintegrar.

Oh, querido pastor, examine seu coração diariamente. Busque eliminar o pecado e atiçar as chamas da retidão. Nunca ensine ou pregue qualquer coisa que não mova primeiro o seu coração. Procure irmãos no Senhor que, como Filemom, reanimem a sua alma (Filemom 1.7). Encontre autores que agitem sua mente. Pratique a oração diária, a leitura da Bíblia e a memorização para a sua própria vida pessoal em Cristo. Ore para que o Senhor lhe dê uma verdadeira visão de si mesmo, então o orgulho não terá nenhum espaço, a luxúria não terá nenhum fascínio, a ganância não encontrará chão e a preguiça não persistirá. Mesmo enquanto você busca ver outros serem conformados à imagem de Cristo mais e mais, você deve trabalhar para ver isso ocorrer na sua própria vida também. Procure ser um pastor que busca a santidade se voltando para o jardim de sua própria alma.

Pastor, a nossa necessidade de santidade pessoal não pode ser subestimada. Você tem uma santa vocação, para realizar um serviço santo, para a noiva sagrada de Cristo, para a glória de um Deus santo. Busque a santidade. “Afadigue-se” e “esforce-se” em fazê-lo, “segundo a sua eficácia que opera eficientemente em” você (Colossenses 1:29). Ao fazer isso, “salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”. (1 Timóteo 4.16)