Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2021 - CPAD - Para adultosTema: O Apóstolo Paulo - Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a igreja de CRISTO
Comentário: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Henrique Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejashttps://ebdnatv.blogspot.com/2021/11/escrita-licao-7-paulo-o-plantador-de.html escrita TEXTO ÁUREO
“Eu plantei; Apolo regou; mas DEUS deu o crescimento.” (1 Co 3.6) VERDADE PRÁTICA
A experiência com CRISTO é o mais poderoso fator motivacional para plantar igrejas. LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 15.20 Igrejas plantadas em lugares onde CRISTO não foi anunciado
Terça - Ef 3.1 A plantação de igrejas se deu entre os gentios
Quarta - 1 Co 9.16 Pregar o Evangelho é uma obrigação
Quinta - Rm 13.1-3 Antioquia, o ponto de partida do ministério de Paulo
Sexta - At 16.9 O ESPÍRITO SANTO direcionou Paulo na missão
Sábado - At 26.14,19 A verdadeira motivação para a missão
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 3.6-9; Atos 13.1-3; 16.1-5,9,10
1 Coríntios 3
6 - Eu plantei, Apolo regou; mas DEUS deu o crescimento. 7 - Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS, que dá o crescimento. 8 - Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho. 9 - Porque nós somos cooperadores de DEUS; vós sois lavoura de DEUS e edifício de DEUS.Atos 13
1 - Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. 2 - E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. 3 - Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
Atos 16.1-5,9,10
1 - E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, 2 - do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio. 3 - Paulo quis que este fosse com ele e, tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego. 4 - E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém 5 - de sorte que as igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número.
9 - E Paulo teve, de noite, uma visão em que se apresentava um varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos! 10 - E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho.
Atos 13.1-3 - BEP - CPAD13.2 SERVINDO... E JEJUANDO. O cristão cheio do ESPÍRITO é muito sensível ao que o ESPÍRITO SANTO comunica durante a oração e o jejum (ver Mt 6.16). Aqui, a comunicação da parte do ESPÍRITO SANTO provavelmente foi uma mensagem dada em profecia (cf. v. 1).
13.2 PARA A OBRA A QUE OS TENHO CHAMADO. Paulo e Barnabé foram chamados à obra missionária, não temos menção de Paulo quanto a seu sustento por parte desta igreja, portanto quem o enviou, foi o ESPÍRITO SANTO pessoalmente (muitas vezes não é a igreja que envia os missionários, vão pela fé). As características dessa obra estão descritas em At 9.15; 13.5; 22.14,15,21 e At 26.16-18.(1) Paulo e Barnabé foram chamados para pregar o evangelho e conduzir homens e mulheres à salvação em CRISTO. As Escrituras não indicam em lugar nenhum que os missionários do NT foram enviados aos campos para realizarem trabalhos sociais ou políticos, i.e., propagar o evangelho e fundar igrejas mediante o exercício de todos os tipos de atividades sociais ou políticas para o bem da população do Império Romano. O alvo dos missionários era conduzir pessoas a CRISTO (At 16.31; 20.21), livrá-las do poder de Satanás (At 26.18), levá-las a receber o ESPÍRITO SANTO (At 19.6) e organizá-las em igrejas. Nesses novos cristãos, o ESPÍRITO SANTO veio habitar e manifestar-se através do amor; Ele deu dons espirituais (1 Co 12.1-14.40) e transformou esses fiéis de tal maneira que suas vidas glorificavam ao seu Salvador. (2) Os missionários do evangelho de hoje devem ter a mesma atividade prioritária: ser ministros e testemunhas do evangelho, que levem outros a CRISTO, livrando-os do domínio de Satanás (At 26.18), fazendo-os discípulos, motivando-os a receber o ESPÍRITO SANTO e os seus dons (At 2.38; 8.17) e ensinando-os a observar tudo quanto CRISTO ordenou (Mt 28.19,20). Isto deve ser acompanhado de sinais e prodígios, cura de enfermos e libertação de oprimidos pelos demônios (At 2.43; 4.30; 8.7; 10.38; Mc 16.17,18). Esta tarefa suprema de pregar o evangelho, no entanto, deve também incluir atos pessoais de amor, de misericórdia e de bondade para com os necessitados (cf. Gl 2.10). Deste modo, todos que são chamados a dar testemunho do evangelho servirão na causa divina segundo o modelo de JESUS (ver Lc 9.2). A igreja tem o dever de sustentar os missionários para que não se vejam obrigados a trabalhar num serviço secular para se sustentarem.
13.3 OS DESPEDIRAM. Com estas palavras começa o grande movimento missionário da igreja até aos confins da terra (1.8). Os princípios missionários vistos no capítulo 13 são um modelo para todas as igrejas que enviam missionários. (1) A atividade missionária é originada pelo ESPÍRITO SANTO, através de líderes espirituais que estão profundamente dedicados ao Senhor e ao seu reino, buscando-o com oração e jejum (v. 2). (2) A igreja deve estar atenta ao ministério e atividade proféticos do ESPÍRITO SANTO e sua orientação (v. 2). (3) Os missionários que são enviados, devem fazê-lo segundo a chamada e a vontade específicas do ESPÍRITO SANTO (v. 2b). (4) Mediante a oração e o jejum, a igreja buscando constantemente estar em harmonia com a vontade do ESPÍRITO SANTO (vv. 3,4), confirma a chamada divina de determinadas pessoas à obra missionária. O propósito é que a igreja envie somente aqueles que forem da vontade do ESPÍRITO SANTO. (5) Pela imposição de mãos e o envio de missionários, a igreja indica que se compromete a sustentar e assistir os que saem à obra. A responsabilidade da igreja que envia missionários inclui demonstrar amor e cuidado para com eles de um modo digno de DEUS (3 Jo 6), orar por eles (v. 3; Ef 6.18,19) e sustentá-los financeiramente (Lc 10.7; 3 Jo 6-8). Isso inclui ofertas especiais de amor para necessidades específicas deles (Fp 4.10, 14-18). O missionário é uma projeção do propósito, interesse e missão da igreja que os envia. Essa igreja fica sendo, portanto, uma cooperadora da verdade (Fp 1.5; 3 Jo 8). (6) Aqueles que saem como missionários devem estar dispostos a expor a vida pelo nome de nosso Senhor JESUS CRISTO (At 15.26).
Atos 16.1-5,9,10 - BEP - CPAD
16.5 AS IGREJAS ERAM CONFIRMADAS. Ver At 12.5 sobre a intercessão em favor daqueles que são perseguidos por pregar o evangelho. Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus. Atos 12:5
16.6 IMPEDIDOS PELO ESPÍRITO SANTO. Toda a iniciativa no evangelismo e na atividade missionária, especialmente no caso das viagens missionárias registradas em Atos, deve ser orientada pelo ESPÍRITO SANTO, como vemos em At 1.8; 2.14-41; 4.8-12,31; 8.26-29,39,40; 10.19,20; 13.2; 16.6-10; 20.22. A orientação aqui, pode ter ocorrido em forma de uma revelação profética, de um impulso interior, de circunstâncias externas, ou visões (vv. 6-9). Pelo impulso do ESPÍRITO, avançavam para levar o evangelho aos não salvos. Quando o ESPÍRITO os impedia de ir numa direção, iam noutra, confiando nEle para aprovar ou desaprovar seus planos de viagem. Portanto o missionário e aqueles que os orientam devem manter estreita comunhão com o ESPÍRITO SANTO.
OBJETIVO GERAL - Motivar a igreja local para plantar mais igrejas.
Resumo da Lição 7, Paulo, o Plantador de Igrejas
I – PAULO, O DESBRAVADOR SOB UMA GLORIOSA OBRIGAÇÃO
1. Paulo, o desbravador.2. Uma gloriosa obrigação.3. Plantação de igreja, uma parceria.II – ANTIOQUIA, O PONTO DE PARTIDA PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA
1. Uma igreja missionária.2. A primeira viagem missionária.3. A segunda viagem missionária.III – CARACTERÍSTICAS DE UM PLANTADOR DE IGREJAS
1. Motivado pelo chamado.2. Experimentado no deserto da vida.3. A igreja segundo as Escrituras. INTRODUÇÃOLição 7 - Paulo, o Plantador de Igrejas
A Igreja de Cristo tem a sua dimensão visível na igreja local. Para se estabelecer uma igreja local é preciso que haja pessoas disponíveis, e que tiveram uma experiência com Cristo, para plantar igrejas. Nesse sentido, a lição desta semana tem como propósito motivar a igreja local, especificamente pessoas vocacionadas, a plantar novas igrejas. O Movimento Pentecostal cresceu porque houve crentes dispostos que ouviram a voz do Espírito Santo para abrir suas casas como um ponto de pregação ou desbravar o interior do Brasil.
Resumo da lição
Para atingir a esse propósito, o tópico primeiro mostra que o apóstolo Paulo foi um desbravador do Evangelho sob uma gloriosa obrigação de pregar o Evangelho de Cristo. Não há dúvidas de que o apóstolo foi o grande desbravador do Evangelho no mundo gentílico. Ele plantou igrejas em lugares que pessoas nunca haviam tido contato com o nome de Jesus. Essa disposição era vista pelo apóstolo como uma gloriosa obrigação a ser cumprida. E ele a cumpriu com alegria.
O tópico segundo procura sinalizar Antioquia como um lugar estratégico para o crescimento da Igreja Primitiva. Tratava-se de uma igreja missionária. Dela, muitas outras igrejas foram geradas no Reino de Deus. Isso lembra muito o crescimento das igrejas pentecostais no Brasil. A partir de uma igreja numa determinada localidade, Belém do Pará, milhares de igrejas foram gestadas no país. Uma igreja referência cumpre uma função estratégica para plantar novas igrejas. Ela desempenha esse papel formando, capacitando e enviando novos obreiros.
O terceiro tópico procura pontuar as características de um plantador de igreja. Uma dessas primeiras características está na motivação do plantador. No ministério de Paulo vemos que essa motivação se deu a partir de sua experiência gloriosa com Cristo. Essa experiência faz com que o plantador de igrejas tenha um senso de urgência no mundo a respeito da evangelização. Além, claro, de esse plantador ser experimentado nos obstáculos da caminhada e perseverar na plantação de igrejas segundo as Escrituras.
Aplicação
Esta lição nos ensina que é preciso ter experiência com Cristo. Quem tem essa experiência verdadeira tem tudo para buscar a vocação missionária. É preciso também ser compromissado com a Palavra de Deus, a Bíblia. Ela é o esteio de regra de fé e prática da igreja local.Um plantador de igrejas é um legítimo apóstolo da igreja atual. O Acordo Mútuo dos Ministros - 1 Coríntios 3:5-10 (Comemtário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT)
Aqui o apóstolo os instrui a como tratar essa disposição de espírito, e corrigir o que estava errado entre eles acerca desse assunto:1 Coríntios 3.6 - Eu plantei, Apolo regou; mas DEUS deu o crescimento. 7 - Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS, que dá o crescimento. 8 - Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho. 9 - Porque nós somos cooperadores de DEUS; vós sois lavoura de DEUS e edifício de DEUS.
I
Lembrando-os que os ministros a respeito de quem eles contendiam eram apenas ministros: “Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o Senhor deu a cada um” (v. 5). Eles são ministros, meros instrumentos usados pelo DEUS de toda a graça. Parece que algumas pessoas que causavam divisão em Corinto haviam feito mais adeptos, como se elas fossem senhoras de sua fé, autoras de sua religião. Note que devemos tomar cuidado para não deificar ministros, não colocá-los no lugar de DEUS. Os apóstolos não eram os autores da nossa fé e religião, embora eles fossem autorizados e qualificados para revelá-la e propagá-la. Eles atuavam neste ofício como DEUS concedeu a cada homem. Observe que todos os dons e poderes que até os apóstolos descobriram e exerceram na obra do ministério vinham de DEUS. Eles manifestaram sua missão e doutrina como divinas. Estava completamente errado transferir por sua própria conta aquela atenção aos apóstolos, os quais somente deveriam ser respeitados em relação à autoridade divina pela qual eles atuavam, e a DEUS, de quem eles tinham a sua autoridade. “Paulo plantou, Apolo regou” (v. 6). Ambos eram úteis, cada um para uma finalidade. Note que DEUS faz uso de uma variedade de instrumentos e os prepara para seus diversos usos e intenções. Paulo foi preparado para o trabalho de plantar, e Apolo para o trabalho de regar, mas DEUS deu o crescimento. Note que o sucesso do ministro deve derivar da bênção divina: “pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas DEUS, que dá o crescimento” (v. 7). Até os ministros apostólicos não são nada em si mesmos, não podem fazer nada com eficácia e sucesso a menos que DEUS conceda. Note que os ministros mais fiéis e mais bem qualificados têm exatamente uma compreensão apropriada de sua insuficiência e são muito desejosos de que DEUS deva ter toda a glória de seu sucesso. Paulo e Apolo não são nada em seu próprio valor, mas DEUS é tudo em todos.
II
Representando-lhes a unanimidade dos ministros de CRISTO: “ora, o que planta e o que rega são um” (v. 8), empregados pelo Mestre, encarregados da mesma revelação, ocupados de um trabalho e engajados em um plano – em harmonia um com o outro, porém, eles podem ser colocados em oposição um com o outro por provocadores de partidos facciosos. Eles têm seus diferentes dons que vêm do único e mesmo ESPÍRITO, para os mesmos propósitos; e eles possuem de coração o mesmo intento. Os que plantam e os que regam são companheiros de trabalho na mesma obra. Note que todos os fiéis ministros de CRISTO são unânimes no grande projeto e intenção de seu ministério. Eles podem ter diferenças de sentimento em coisas menores; eles podem ter seus debates e controvérsias; mas eles concordam de coração no grande plano de honrar a DEUS e salvar almas, promovendo o cristianismo verdadeiro no mundo. Todos esses podem aguardar uma recompensa gloriosa de sua fidelidade, e em proporção a ela: todo homem receberá sua própria recompensa, de acordo com suas obras. Seu serviço é um, mas alguns podem dedicar-se mais que outros; seu fim ou plano é um, mas alguns podem persegui-lo mais de perto que outros; seu Mestre também é um, e esse Mestre bom e gracioso pode estabelecer uma diferença nos galardões que Ele dará, de acordo com o serviço diferente que eles fizeram: cada trabalho de alguém terá sua própria recompensa. Aqueles que trabalharam mais duramente receberão o melhor. Aqueles que foram mais fiéis terão o maior galardão; este é o trabalho glorioso em que todos os ministros fiéis estão ocupados. Eles são “cooperadores de DEUS”, synergoi – cooperadores, companheiros de trabalho (v. 9), na verdade, não na mesma ordem e grau, mas submissos a Ele, como instrumentos em suas mãos. Eles estão engajados na mesma ocupação. Eles estão trabalhando juntos com DEUS, promovendo os propósitos de sua glória e a salvação de almas preciosas; e aquele que conhece o trabalho deles cuidará para que eles não trabalhem em vão. Os homens podem negligenciar e difamar um ministro enquanto eles elogiam-se uns aos outros, e não têm razão para nenhum dos dois: eles podem condenar quando devem condenar, e aplaudir quando devem negligenciar e evitar; mas o julgamento de DEUS está de acordo com a verdade. Ele nunca recompensa a não ser por justa razão e Ele sempre recompensa na proporção do zelo e da fidelidade de seus servos. Note que ministros fiéis, quando são maltratados, devem encorajar-se em DEUS. E é para DEUS, o agente-chefe e diretor da grande obra do Evangelho, com quem trabalham, que devem se empenhar em aprovar-se a si mesmos. Eles estão sempre sob seus olhos, ocupados em sua lavoura e edifício; e por essa razão, com certeza, Ele cuidará deles: “lavoura de DEUS, edifício de DEUS sois vós, e por conseguinte, nada é de Paulo ou de Apolo; nada pertence a um ou a outro, mas a DEUS: eles somente vos plantam ou regam, mas é a bênção divina sobre sua própria lavoura que sozinha pode fazê-la frutificar. Vós não sois nossa lavoura, mas de DEUS. Trabalhamos submissos a Ele e com Ele e por Ele. Tudo o que temos feito entre vós é para DEUS. Vós sois lavoura e edifício de DEUS”. Ele havia empregado a primeira metáfora antes, agora continua com outra, sobre um edifício: “segundo a graça de DEUS que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele”. Aqui Paulo denomina-se um prudente construtor, uma imagem que reflete dupla honra sobre ele. Era honroso ser um construtor no edifício de DEUS; mas ele adicionou à sua figura o fato de o construtor ser sábio. As pessoas podem estar em um ofício para o qual elas não são qualificadas, ou não completamente qualificadas, como essa expressão sugere que Paulo era. Mas, embora ele atribua a si mesmo tal figura, não é para agradar seu próprio orgulho, mas para engrandecer a graça divina. Ele era um prudente construtor, mas a graça de DEUS o fez tal. Note que não é errado em um cristão, mas para seu elogio, tomar conhecimento do bem que está nele, para louvar a graça divina. O orgulho espiritual é abominável: ele está fazendo uso dos maiores favores de DEUS para alimentar nossa própria vaidade, e fazer ídolos de nós mesmos. Mas tomar conhecimento dos favores de DEUS para promover nossa gratidão a Ele, e falar deles para a sua honra (sejam eles de que tipo forem), é uma expressão apropriada do dever e atenção que nós devemos a Ele. Note que os ministros não devem ser orgulhosos de seus dons e graças; mas, quanto mais qualificados eles forem para o seu trabalho, e quanto mais sucesso tiverem nele, mais agradecidos serão a DEUS por sua distintiva bondade: “pus eu o fundamento,... e outro edifica sobre ele”. Como ele havia dito anteriormente: “Eu plantei, Apolo regou”. Paulo havia lançado os fundamentos de uma igreja no meio deles. Ele “os gerou pelo evangelho” (4.15). Quaisquer que fossem os instrutores que eles tivessem além dele, eles não tinham muitos pais. Ele não se rebaixaria em relação a ninguém que tivesse servido entre eles, nem seria roubado de sua própria honra e respeito. Note que os ministros fiéis podem preocupar-se com sua própria reputação. Sua utilidade depende muito dela. “Mas veja cada um como edifica sobre ele”. Esta é uma advertência oportuna; pode haver edifícios muito medíocres sobre um bom fundamento. É fácil enganar-se aqui; e deve haver muito cuidado, não somente para assentar um fundamento certo e seguro, mas para erguer um edifício simétrico sobre ele. Nada deve ser colocado sobre ele a não ser o que o fundamento suportará e o que se encaixa com ele. Ouro e lama não devem ser misturados. Observe que os ministros de CRISTO devem tomar muito cuidado para não construir suas próprias fantasias ou falsos raciocínios sobre o fundamento da revelação divina. O que eles pregarem deve ser a clara doutrina de seu Mestre, ou o que estiver perfeitamente de acordo com ela. A Missão de Paulo e Barnabé - Atos 13:1-3
Temos aqui a autorização e comissão divinas dada a Barnabé e Saulo para irem pregar o evangelho entre os gentios e a sua ordenação a esse ministério pela imposição de mãos, com jejum e oração. Aqui está:
I
Um relato do estado em que se encontrava a igreja que estava em Antioquia (v. 1), que foi plantada no capítulo 11.20 (E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor. Atos 11:19-21).
1. Como a igreja em Antioquia estava bem provida de bons ministros. Havia alguns profetas e doutores (v. 1), homens notáveis por dons, graça e utilidade. JESUS, quando subiu ao céu, deu uns [...] para profetas [...] e doutores (ou “mestres”, versão RA; Ef 4.11). Estes homens tinham ofícios: profetas e doutores. Ágabo, pelo visto, era profeta e não doutor, e muitos eram doutores que não eram profetas. Os mencionados aqui eram divinamente inspirados e recebiam instruções imediatamente do céu em ocasiões especiais, o que lhes dava o título de profetas. Outros eram doutores declarados da igreja nos cultos, expunham as Escrituras e esclareciam a doutrina de CRISTO com aplicações satisfatórias. Estes eram os profetas, sábios e escribas que JESUS prometera enviar (Mt 23.34), que eram, de todos os modos, qualificados para o serviço da igreja cristã. Antioquia era uma grande cidade com muitos cristãos,alguns se reuniam num mesmo lugar para orarem com jejuns buscando a orientação de DEUS. Fazia-se necessário que tivessem doutores para lhes ensinarem os retos caminhos do Senhor. Na lista, Barnabé é citado em primeiro lugar, provavelmente porque era o mais velho, e Saulo, por último, provavelmente porque era o mais novo. Mas depois o último se tornou o primeiro e Saulo foi mais célebre na igreja. Mais três nomes são citados. (1) Simeão (v. 1), que, com vistas a distingui-lo de outros do mesmo nome, era chamado Níger, “o Negro”, por causa da cor dos cabelos ou da pela, não sabemos. É semelhante àquele que em tempos mais recentes foi cognominado de o Príncipe Negro**. (2) Lúcio (v. 1), de Cirene, que certos estudiosos pensam (inclusive o Dr. Lightfoot) que se trata do mesmo Lucas que escreveu os Atos, era originalmente cireneu e teve sua formação educacional na faculdade ou sinagoga cirenaica em Jerusalém, onde ouviu e recebeu o evangelho. (3) Manaém (v. 1), indivíduo de certa dignidade porque foi criado com Herodes, o tetrarca, o que quer dizer que ou se alimentaram do mesmo leite, ou freqüentaram a mesma escola, ou foram alunos do mesmo tutor, ou, preferivelmente, eram colegas e companheiros constantes. Em cada parte da formação educacional de Manaém, Herodes era seu companheiro e amigo íntimo, dando-lhe a clara perspectiva de cargo honorífico na corte. Não obstante, ele abandonou todas essas esperanças por amor a CRISTO. Foi como Moisés que, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó (Hb 11.24). Tivesse ele se unido a Herodes, com quem fora criado, ele poderia ter tido o lugar de Blasto e sido camareiro do rei. Mas é melhor ser companheiro de sofrimentos com um santo do que ser companheiro de perseguições com um tetrarca.
2. Como os bons ministros da igreja em Antioquia eram bem usados: Eles serviam ao Senhor e jejuavam (v. 2). Observe: (1) Os doutores (ou mestres) fiéis e diligentes estão, na verdade, servindo ao Senhor. Os que ensinam os cristãos estão servindo a CRISTO. Eles realmente o honram e promovem os interesses do Reino. Note que obreiros e usados por dons servem à igreja ensinando, pregando, orando e jejuando por amor a CRISTO. Em seus serviços eles têm de olhar para Ele, e as suas recompensas, eles as receberão dele. (2) Servir ao Senhor, de um modo ou de outro, tem de ser o negócio declarado das igrejas e seus pofetas e doutores (ou mestres). Devemos separar tempo para esta obra e passar uma parte do dia nela. O que mais temos de fazer como cristãos e ministros senão servir a CRISTO, o Senhor? (Cl 3.24; Rm 14.18). (3) O jejum é de utilidade em nosso serviço ao Senhor como sinal de nossa humilhação e como meio de nossa mortificação e consagração a DEUS.Paulo era praticante do jejum - "nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns", 2 Coríntios 6:5
II
As ordens que o ESPÍRITO SANTO deu para separar Barnabé e Saulo, no meio de um culto em que alguns ministros das várias congregações na cidade se uniram em um jejum solene ou dia de oração: Disse o ESPÍRITO SANTO (v. 2) muito provavelmente através de um dos profetas da igreja ali presentes: "Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado". Ele não indica a espécie da obra, mas alude a um chamado já feito anteriormente, sobre o qual os dois sabiam o significado, enquanto os demais poderiam ou não saber. Quanto a Saulo, fora-lhe dito especificamente que tinha de levar o nome de CRISTO diante dos gentios (Atos 9.15), que ele seria enviado aos gentios (Atos 22.21). A questão fora resolvida entre eles em Jerusalém antes deste dia. Ficou resolvido que Pedro e demais apóstolos se disporiam entre os da circuncisão (judeus), para que Saulo e Barnabé fossem para os gentios (Gl 2.7-9). É provável que Barnabé soubesse que fora escolhido para fazer o mesmo serviço que Saulo. Contudo, eles não se atirariam a esta colheita, ainda que copiosa e produtiva, até que recebessem ordens específicas do Senhor da colheita: Lança a tua foice e sega! [...], porque já a seara da terra está madura (Ap 14.15). As ordens eram: Apartai-me a Barnabé e a Saulo. Observe aqui: 1. CRISTO, pelo seu ESPÍRITO, nomeia os seus ministros. É pelo ESPÍRITO de CRISTO que, em certa medida, eles são qualificados para os serviços, inclinados para isso e tirados de outros cuidados incompatíveis com isso. Há aqueles que o ESPÍRITO SANTO separa para o serviço de CRISTO, distinguindo-os dos outros como indivíduos que são oferecidos e que de boa vontade se oferecem ao serviço do templo. “Separai-os”. 2. Os ministros de CRISTO são separados para ele e para o ESPÍRITO SANTO: “Separai-os para mim” (v. 2, versões NTLH e RA). Eles devem ser empregados na obra de CRISTO e sob a orientação do ESPÍRITO, para a glória de DEUS Pai. 3. Todos que são separados para CRISTO como seus ministros são separados para trabalhar. JESUS não tem servos para ficarem à toa. Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja (1 Tm 3.1). É para isso que eles são separados: trabalhar na palavra e na doutrina (1 Tm 5.17). Eles são separados para labutar, não para vadiar. 4. A obra dos ministros de CRISTO, à qual eles são separados, é obra que já está determinada, para a qual todos os ministros de CRISTO, até hoje, têm sido chamados e a que eles foram, por meio de um chamado externo, orientados e escolheram.
III
A ordenação de Barnabé e Saulo correspondente às ordens que o ESPÍRITO SANTO deu para separá-los: Não foi para o ministério em geral (há muito que Barnabé e Saulo já eram ministros), mas para um serviço em particular no ministério. Era algo peculiar e que exigia novo comissionamento. DEUS considerou que o momento era oportuno para transmitir essa ordem por meio das mãos desses profetas e doutores a fim de que a igreja recebesse estas orientações: os doutores devem ordenar doutores, assim como profetas também devem preparar outros profetas para a igreja e seu ministério. Os cinco dons ministeriais devem acontecer na igreja, como alistados em Efésios 4.11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Efésios 4:11. Aqueles a quem foram confiadas as palavras de CRISTO devem, para o benefício da posteridade, confiá-las a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros (2 Tm 2.2). Assim, aqui, esses obreiros na igreja que estava em Antioquia, tendo jejuado, orado e posto sobre [Barnabé e Saulo] as mãos, os despediram (v. 3), de acordo com as orientações recebidas. Observe: 1. Simeão, Lúcio e Manaém oraram por Barnabé e Saulo (v. 3). Quando bons homens são enviados para fazer a boa obra devem receber as orações solenes e particulares da igreja, especialmente dos irmãos que são companheiros de trabalho e companheiros de armas. 2. Simeão, Lúcio e Manaém uniram o jejum às orações, como fizeram em suas outras ministrações (v. 3). Foi o que JESUS nos ensinou por sua abstinência de sono (um “jejum de sono”) na noite anterior em que Ele enviou os apóstolos para passá-la em oração. 3. Simeão, Lúcio e Manaém puseram as mãos sobre Barnabé e Saulo (v. 3). Barnabé e Saulosaíram de modo honroso e com boa fama. (2) Eles rogaram a bênção sobre Barnabé e Saulo no empreendimento que assumiam, pediram que DEUS estivesse com eles e lhes desse sucesso. E para que conseguissem isso, oraram para que eles fossem cheios do ESPÍRITO SANTO na obra a fazer. É a mesma coisa que está explicada no capítulo 14.26, onde fala, em relação a Paulo e Barnabé, que de Antioquia, eles tinham sido recomendados à graça de DEUS para a obra que já haviam cumprido. Assim como era a mostra da humildade de Barnabé e Saulo o fato de se submeterem à imposição das mãos dos seus colegas, ou mais propriamente, subordinados, assim também era a mostra do bom temperamento dos outros doutores o fato de eles não invejarem Barnabé e Saulo pela honra de terem sido escolhidos, mas de alegremente terem lhes confiado esta honra com orações sinceras e vigorosas por eles. Eles os despediram com a máxima urgência por pura preocupação pelas regiões em que eles iam desbravar terras não evangelizadas. Paulo Adota Timóteo - Atos 16:1-5
Assim como Barnabé cuidou e orientou Paulo no início de seu ministério, Paulo era um pai espiritual de grande envergadura para Timóteo a quem chamava de filho. Aqui, ele adota espiritualmente Timóteo e cuida da educação de muitos outros filhos espirituais que, através do seu ministério, foram gerados para CRISTO. Em todos estes procedimentos ele mostra que é um pai sábio e amoroso. Aqui está:
I
Paulo aceita Timóteo em suas relações e o torna seu aluno. Um dos propósitos do Livro de Atos é ajudar-nos a entender as epístolas de Paulo, duas das quais são endereçadas a Timóteo. Era necessário que na história de Paulo houvesse alguns trechos narrativos sobre Timóteo. Este é um desses trechos narrativos. 1. Timóteo era discípulo (v. 1), um dos que pertenciam a CRISTO, e foi batizado, provavelmente qiuando ainda um adolescente, quando sua mãe se tornou crente, como a casa de Lídia foi batizada quando creu (v. 15). Sendo discípulo de CRISTO, Paulo o tomou para ser seu discípulo, a fim de ensiná-lo mais detidamente no conhecimento e na fé de CRISTO; ele o tomou para ser treinado para CRISTO. 2. A mãe de Timóteo era originalmente judia, mas crente (v. 1). Ela se chamava Eunice, e o nome da avó do rapaz era Lóide. Paulo fala dessas duas mulheres com grande respeito, visto que se destacaram em virtude e devoção religiosa, e as elogia especialmente por não expressarem uma fé fingida (2 Tm 1.5), tendo aceitado e abraçado sinceramente a doutrina de CRISTO. 3. O pai de Timóteo era grego (v. 1), um gentio. O casamento de uma judia com um homem gentio (embora alguns estudiosos afirmem que não faria diferença) era proibido tanto quanto o casamento de um judeu com uma mulher gentia: Não darás tuas filhas a seus filhos e não tomarás suas filhas para teus filhos (Dt 7.3). Não obstante, essa norma estava sendo quebrada embora o perigo de influência e contaminação fosse maior. Pelo fato de seu pai ser grego, Timóteo não foi circuncidado, já que o vínculo do concerto e o seu selo, como os outros vínculos dessa nação, passavam pelo pai e não pela mãe. Não sendo seu pai judeu, não lhe obrigaram a circuncisão, nem lhe deram o direito ao rito, exceto quando adulto e se manifestasse desejo disso. Mas, observe que embora sua mãe não conseguisse que ele fosse circuncidado na infância, porque o pai era de outra mentalidade e modo de vida, ela o educou no temor do Senhor, para que, mesmo desejando o sinal do concerto, ele não deixasse de desejar a coisa significada. 4. Timóteo adquirira um caráter muito bom entre os cristãos: Dele davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio (v. 2). Além de sua reputação ser imaculada e livre de escândalos, ele era brilhante. Muitos elogios lhe eram dados por ser jovem extraordinário e alguém de quem se esperava grandes coisas. As pessoas do lugar onde ele nasceu e os moradores das cidades circunvizinhas o admiravam e falavam dele com orgulho. Ele tinha boa fama por praticar o bem. 5. Paulo queria que Timóteo [...] fosse com ele (v. 3), que o acompanhasse, que estivesse a seu serviço, que recebesse seus ensinamentos e se unisse a ele no trabalho do evangelho – pregar no lugar dele quando houvesse ocasião e ser deixado para trás nos lugares onde ele já houvesse plantado igrejas. Paulo tinha um profundo amor por ele, não só porque era um jovem inventivo e de grande talento, mas porque era jovem sério e de sentimentos religiosos: Paulo sempre se lembrava das lágrimas do jovem (2 Tm 1.4). 6. Paulo tomou Timóteo e o circuncidou (v. 3), ou ordenou que o fosse. Era estranho. Paulo não se opusera ferrenhamente a quem era a favor de impor o rito da circuncisão nos convertidos gentios? Sim, se opusera. Nessa época ele já não tinha consigo os decretos do concílio de Jerusalém no qual manifestou opinião contrária a esse rito? Sim, já tinha. Contudo, ele circuncidou Timóteo não para obrigá-lo a guardar a lei cerimonial (que era o que pretendiam esses mestres ao querer impor a circuncisão), mas somente para tornar as relações sociais e o ministério do rapaz admissível e, quem sabe, aceitável entre os judeus que enxameavam aqueles rincões. Ele sabia que Timóteo tinha o potencial de fazer grande obra entre eles, estando admiravelmente qualificado para o ministério, se não mostrassem preconceitos contra ele. Portanto, para que os judeus não se afastassem do jovem dizendo que ele estava imundo, porque era incircunciso, Paulo o tomou e o circuncidou. Assim, ele se fez como judeu para os judeus, para ganhar os judeus e se fez tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns (1 Co 9.20,22). O apóstolo era contra os que tornavam a circuncisão obrigatória para a salvação, mas ele a usou quando era conducente para a edificação; não foi implacável em opor-se ao rito, como eles foram em impô-lo. Nesse caso, ele não agiu de acordo com a letra do decreto, mas de acordo com o espírito, que era espírito de ternura e brandura para com os judeus e de boa vontade para conscientizá-los gradualmente dos seus preconceitos. Paulo não tinha a mínima dificuldade em tomar Timóteo por seu companheiro, mesmo sendo ele incircunciso. Mas os judeus não dariam ouvidos ao rapaz se ele o fosse. Por isso, o apóstolo cede aos judeus. É bem provável que tenha sido neste momento que Paulo impôs as mãos em Timóteo para lhe conferir o dom do ESPÍRITO SANTO (2 Tm 1.6) e depois cobra dele a prática neste dom "Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos". 2 Timóteo 1:6.
II
Paulo confirma as igrejas que ele plantara (vv. 4,5): Ele ia passando pelas cidades (v. 4) em que havia anunciado a palavra do Senhor, como pretendia (Atos 15.36), para examinar o estado em que se encontravam.
1. Paulo e Silas entregavam às igrejas cópias dos decretos do sínodo de Jerusalém (v. 4) para lhes servirem de orientação no governo eclesiástico, terem o que responder aos mestres judaizantes e se justificarem por aderirem à liberdade com que CRISTO as libertou (Gl 5.1). Todas as igrejas estavam interessadas nesses decretos, sendo, então, necessário que todos os autenticassem adequadamente. Embora Paulo tivesse circuncidado Timóteo por certa razão particular, ele não queria que isso abrisse um precedente: Ele entregava os decretos (v. 4) às igrejas [...] para serem religiosamente observados, porque tinham de aceitar e executar a regra e não serem desestimuladas por um exemplo particular.
2. Este serviço que Paulo (mestre e apóstolo) e Silas (profeta - atos 15:32) faziam era muito bom para as igrejas. (1) As igrejas eram confirmadas na fé (v. 5). Elas eram particularmente confirmadas em sua opinião contra a imposição da lei cerimonial aos gentios. A firmeza e veemência com que os mestres judaizantes insistiam na necessidade da circuncisão, bem como os argumentos plausíveis que eles davam, abalaram as igrejas, de forma que começaram a vacilar a esse respeito. Quando elas viram o testemunho não só dos apóstolos e anciãos (v. 4), mas do ESPÍRITO SANTO que neles estava, contra esse ensino, foram estabelecidas e não vacilaram mais tempo quanto a isso. Note que os testemunhos da verdade, mesmo que não consigam convencer os que se opõem a ela, podem ser utilíssimos para confirmar os que estão em dúvida e firmá-los. Não somente isso, mas quando esses decretos puseram de lado a lei cerimonial e as suas ordenanças carnais, as igrejas foram confirmadas em geral na fé cristã e ficaram mais seguras de que era de DEUS, porque estabelecia um modo espiritual de servir a DEUS muito mais adequado à natureza de DEUS e do homem. O espírito de ternura e condescendência que se mostra claramente nestas cartas indicava que os apóstolos e anciãos estavam sob a orientação daquele que é o amor em pessoa. (2) As igrejas [...] cada dia cresciam em número (v. 5). A imposição do jugo da lei cerimonial nos convertidos era suficiente para afugentar as pessoas das igrejas. Se eles estivessem dispostos a se tornar judeus, há muito que o teriam sido, antes mesmo da chegada dos apóstolos. Se não havia meio de ter os privilégios cristãos sem se submeter ao jugo dos judeus, então eles prefeririam ficar como estavam. Se eles concluíssem que não havia perigo de serem escravizados dessa forma, então se sentiriam livres para aceitar o cristianismo e unir-se à igreja. E assim as igrejas [...] cresciam em número a cada dia. Não falhava um dia sem que uma ou outra pessoa se entregasse para JESUS. Todos que do fundo coração desejam promover a honra de CRISTO, a prosperidade da igreja e a felicidade do povo alegram-se com esse aumento. Paulo É Convidado a Ir para a Macedônia. A Conversão de Lídia - Atos 16:6-15
Nestes versículos, temos:
I
As viagens de Paulo indo a todos os lugares para fazer o bem. 1. Paulo e Silas, seu companheiro, passaram pela Frígia e pela província da Galácia (v. 6) onde, ao que parece, o evangelho já havia sido plantado. O texto sacro não menciona se a obra evangelizadora fora de Paulo ou não. É provável que tivesse sido. Na Epístola aos Gálatas, ele fala de ter-lhes anunciado pela primeira vez o evangelho, em cuja ocasião ele fora muito bem recebido por eles (Gl 4.13-15). Essa epístola revela que os mestres judaizantes tinham causado muitos prejuízos às igrejas da Galácia, induzido os crentes gálatas contra Paulo e os afastado do evangelho de CRISTO. Por essas razões, o apóstolo usa a carta para reprová-los com rigor e firmeza. Mas é claro que essa situação se instalou muito tempo depois da visita citada aqui. 2. Paulo e Silas foram impedidos neste momento de anunciar a palavra na Ásia (v. 6; província cujo nome está correto). Talvez fosse desnecessário o anúncio uma vez que havia outros obreiros trabalhando na região. Ou quem sabe as pessoas ainda não estavam preparadas para receber a mensagem cristã, como mais tarde a receberam (Atos 19.10): Quando todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor JESUS . Ou, como sugere o Dr. Lightfoot, naquele momento JESUS queria usar Paulo em um novo trabalho: anunciar a palavra a uma colônia romana em Filipos, visto que até aqui os gentios a quem ele havia pregado eram gregos. Os judeus odiavam mais particularmente os romanos que os outros gentios. Seus exércitos eram a abominação da desolação (Mt 24.15). É por isso que, entre outros fatores extraordinários, ele é impedido de anunciar a palavra na Ásia e em outras regiões: ficar livre para anunciar em Filipos. Esta ação de impedir e orientar dá a entender que em tempos vindouros a luz do evangelho seria dirigida mais para o oeste do que para o leste. Foi o ESPÍRITO SANTO que os impediu. Ele o fez por sussurros secretos na mente de ambos os pregadores, os quais, quando trocaram idéias, perceberam que era e vinha do mesmo ESPÍRITO. Ou o ESPÍRITO SANTO usou profetas para falar com eles. A transferência de ministros e a distribuição das bênçãos por intermédio deles estão, de maneira particular, sob a direção e orientação divina. No Antigo Testamento, encontramos um ministro que foi impedido de anunciar a palavra: Tu ficarás mudo (Ez 3.26). Ezequiel não podia anunciar nada a ninguém em lugar nenhum. Mas os ministros neotestamentários são impedidos de anunciar a palavra apenas em um lugar, ao mesmo tempo em que são orientados a ir para outro onde há mais necessidade. 3. Paulo e Silas queriam ir para Bitínia, mas não tiveram permissão: O ESPÍRITO de JESUS não lho permitiu (v. 7). Eles chegaram a Mísia e, pelo visto, anunciaram o evangelho ali. Era uma província ordinária e infame, ensejando um inclusive, um provérbio (Mysorum ultimus, em Cícero, significa um homem mais desprezível). Mesmo assim os apóstolos não fizeram pouco caso em não visitá-la. Eles se reconheciam devedores tanto a sábios como a ignorantes (Rm 1.14). Em Bitínia ficava a cidade chamada Nicéia, onde ocorreu o primeiro concílio geral contra o arianismo. Pedro endereçou sua primeira epístola a estas províncias (1 Pe 1.1). Havia igrejas prósperas naqueles lados. Mesmo que o evangelho não fosse anunciado a esses povos nesta ocasião, eles o ouviram o mais tardar na viagem de retorno destes dois pregadores. Observe que o entendimento e a inclinação desses pregadores lhes diziam que deviam ir para Bitínia. Mas, tendo métodos extraordinários de conhecer a vontade de DEUS, se deixaram levar por ela, fazendo o oposto do que a vontade de cada um dizia. Temos de seguir a providência divina agora e nos submeter à orientação da coluna de nuvem e de fogo (Êx 13.21). Se não tivermos a permissão para fazer o que queremos fazer, devemos aquiescer e crer que isto é o melhor para nós. O ESPÍRITO de JESUS (expressão que está em tantas cópias antigas) não lho permitiu. Os servos do Senhor JESUS sempre devem estar sob a restrição e direção do ESPÍRITO do Senhor JESUS, por quem Ele governa a mente dos homens. 4. Paulo e Silas passaram por Mísia (v. 8), ou atravessaram essa província (segundo certos estudiosos), semeando a boa semente, podemos supor, enquanto prosseguiam viagem. Eles desceram a Trôade, a tão falada cidade de Tróia, ou as regiões adjacentes que receberam esse nome. Aqui havia uma igreja, conforme verificamos (Atos 20.6,7), provavelmente plantada nessa ocasião e em pouco tempo. Em Trôade, Lucas encontrou Paulo e se uniu à dupla de pregadores. Daqui em diante, na maior parte das vezes, quando ele fala das viagens de Paulo, coloca-se entre o número dos que o acompanhavam: “nós procuramos”, “nos chamava”, “nós lhes anunciarmos” (v. 10) e assim por diante.
II
O chamado particular que Paulo recebeu para ir à Macedônia, quer dizer, a Filipos, a principal cidade (v. 12, versão NVI), habitada principalmente por romanos, segundo deduzimos (v. 21). Temos aqui:
1. A visão que Paulo teve (v. 9). Paulo tinha muitas visões, às vezes para encorajar, outras vezes, como aqui, para dirigi-lo no trabalho. Um anjo se apresentou diante dele para dizer-lhe que era da vontade de JESUS que fosse à Macedônia. Disse-lhe também que não se deixasse abater pelos impedimentos e proibições que se lhe ocorriam repetidamente pelos quais suas intenções eram interceptadas. Embora não fosse aonde queria ir, ele iria aonde DEUS tinha trabalho para ele fazer. Agora observe: (1) A pessoa que Paulo viu. Eis que se apresentava (v. 9) diante dele um varão que, pelo traje ou dialeto, dava a entender que era da Macedônia, ou ele mesmo deu essa informação para Paulo. Segundo certos estudiosos, o anjo assumiu a forma de tal homem. Ou, como entendem outros, imprimiu na mente de Paulo, quando estava entre adormecido e desperto, a imagem de tal homem: ele sonhou que viu tal pessoa. JESUS desejava dirigir Paulo para a Macedônia não como os apóstolos foram dirigidos outras vezes por um mensageiro enviado do céu, mas por um mensageiro enviado diretamente do próprio lugar de destino. Desse modo, o apóstolo dirigiria depois os movimentos dos seus ministros, inclinando o coração daqueles que precisavam de ser animados. Paulo é chamado para ir à Macedônia por um varão da Macedônia, que fala em nome dos demais. Certos estudiosos entendem que este varão era o anjo tutelar da Macedônia, pois supõem que há anjos que têm a responsabilidade por certas regiões geográficas como há aqueles que cuidam das pessoas. Baseiam esta interpretação em Daniel 10.20, que fala sobre o príncipe dos persas e o príncipe da Grécia que parecem anjos. Mas não há certeza disso. Eis que se apresentou ou aos olhos ou à mente de Paulo um varão da Macedônia. O anjo não deve anunciar o evangelho aos macedônios, mas tem de levar Paulo a eles. Nem deve, pela autoridade de um anjo, ordená-lo que vá, mas deve, na pessoa de um macedônio, solicitá-lo que venha. Um varão da Macedônia, não um magistrado, muito menos um sacerdote (Paulo não estava acostumado a receber convites dessas pessoas), mas um habitante comum daquela província, um simples homem que trouxesse no semblante as marcas da probidade e seriedade, que não abordasse Paulo com brincadeiras nem o fizesse perder tempo com ninharias, mas que lhe solicitasse ajuda com sinceridade e toda determinação. (2) O convite feito a Paulo. Este macedônio honesto lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos! (v. 9), quer dizer: “Vem e anuncia-nos o evangelho. Queremos participar dos benefícios das tuas labutas”. [1] “Tu tens ajudado muitas pessoas. Temos ouvimos falar de pessoas desta e daquela nacionalidade a quem tens sido muito útil. Por que não podemos ter participação nisso? Ó vem e ajuda-nos!” As bênçãos que as pessoas recebem do evangelho devem nos levar a aprofundar mais nossos conhecimentos do evangelho. [2] “O teu trabalho e o teu prazer são ajudar os perdidos. Tu és o médico dos doentes que sempre está pronto a atender o chamado de todo paciente. Vem e ajuda-nos!” [3] “Estamos precisando da tua ajuda tanto quanto outro povo. Nós, na Macedônia, somos tão ignorantes e desleixados em termos de religião como qualquer outro povo do mundo. Somos tão idólatras e depravados quanto qualquer um e tão engenhosos e diligentes em nos prejudicar como qualquer pessoa. Então, vem, vem até nós sem demora e ajuda-nos! Se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos (Mc 9.22).” [4] “Os poucos entre nós que têm algum senso das coisas divinas, e a mínima preocupação por suas almas e pelas almas dos outros têm feito o que podem para ajudar segundo a luz natural que possuem. Eu fiz a minha parte por alguém. Fizemos o possível para persuadir nossos vizinhos a temer e adorar a DEUS, mas pouco bem podemos fazer entre eles. Ó vem, vem e ajuda-nos! O evangelho que anuncias possui argumentos e poder acima do que conhecemos.” [5] “Não nos ajude apenas com as tuas orações: isso não vai dar certo. Tu tens de vir e nos ajudar.” Note que as pessoas têm grande necessidade de ajuda para que sejam salvas. O dever delas é procurar essa ajuda e convidar quem possa ajudá-las.
2. A interpretação da visão que Paulo teve: Paulo, Silas e Lucas concluíram que o Senhor os chamava para anunciar o evangelho na Macedônia (v. 10). Eles estavam prontos para ir onde quer que DEUS os dirigisse. Note que podemos concluir que DEUS nos chama quando uma pessoa nos chama. Se o varão da Macedônia diz: Vem e ajuda-nos!, Paulo então conclui que DEUS diz: “Vá e ajude-os”. Os ministros trabalham com grande alegria e ânimo quando percebem que JESUS CRISTO os chama, não só para anunciar o evangelho, mas para anunciá-lo neste momento, neste lugar e a este povo. A Vida e a Época do Apóstolo Paulo - 220.92 - Biografia - Ball. Charles Ferguson - A Vida e a Época do Apóstolo Paulo.../ Bali, Charles Ferguson - 1° ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de DEUS, 1998. ISBN 85-263-0186-1 - Biografia. 2. História Bíblica. A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
Em seu regresso, Saulo foi recebido de braços abertos por alguns. Mas os que sabiam de sua mudança logo sentiram que a sua presença causaria confusão, pois ele, agora, acreditava no impostor segundo eles - JESUS. A confirmação veio de seus próprios lábios. Todos estavam desapontados e enfurecidos. Como um fariseu erudito, cuidadosamente criado e educado por hebreus, educado aos pés de um mestre como Gamaliel, e que logo se tornaria rabino, pôde tomar semelhante atitude?
Não se sabe de que forma os pais de Saulo receberam o duro golpe. Como não estivessem preparados, sentiram-se envergonhados por seu filho: justamente ele havia oferecido fogo estranho no altar.
Quando relatou sua experiência em Damasco - seu encontro com o CRISTO ressurreto - houve admiração e desdém. Muitas vozes elevaram-se contra, mas nenhuma pôde calar-lhe os lábios. CRISTO JESUS era tão real para Saulo, que não lhe importava se o mundo fosse contrário à sua mensagem; continuaria a pregá-la fielmente. Em Tarso, Saulo achava-se longe da sombra do Templo e do Sinédrio, e sendo um hábil orador, é provável que multidões se reunissem para ouvir-lhe os sermões. Alguns podem ter-se rejubilado com cada palavra e se tornado abertamente nazarenos.
Os rabinos mais velhos, invejosos de sua capacidade, certamente o advertiram a não falar contra as regras. É possível que em Tarso, diante da porta de sua própria sinagoga, haja sido chicoteado em público, fato que, mais tarde, haveria de mencionar (2 Co 11.24). Mas nisso se gloriou. Por seu intermédio, o Evangelho abriu os olhos aos cegos e levou a esperança a muitos corações. Nada o deteria. Não lhe dissera o Senhor que se tornaria apóstolo para os gentios?
Obscuridade e Fabricação de Tendas
Apesar de sua confiança e do chamado divino, Saulo entra num período de inatividade. Durante sete ou oito anos, pouco se ouve falar dele. Mas aqueles foram anos de espera, disciplina e paciência. Saulo talvez necessitasse desse tempo para fortalecer-se e descobrir o segredo de esperar pacientemente no Senhor. Ele tinha uma missão, mas faltava-lhe a oportunidade.
No plano de DEUS, para quem o tempo não existe, aquele período haveria de amainar o rancor dos rabinos. Talvez Saulo tenha permanecido em Tarso, enfrentando a oposição e sustentando-se na loja de tendas, até que DEUS completasse mais um grande estágio na história da Igreja. Nesse interregno, Pedro e os demais apóstolos foram se conscientizando de que a Igreja não era exclusivamente para os judeus. O Senhor dera a Pedro a visão dos animais puros e impuros, preparando-o para evangelizar Cornélio, o gentio de Cesaréia, que foi admitido na Igreja sem ter de passar pelos rituais judaicos. Esse foi um passo que revolucionou toda a perspectiva do Cristianismo. É possível que nessa ocasião, Saulo haja se irritado e resmungado contra a demora em seu ministério. Mas acabaria por aprender que as delongas de DEUS têm sempre um propósito; nada sai errado em seu cronograma.
Enquanto isso, Saulo vivia na obscuridade. É provável que haja pregado não apenas em Tarso, mas também na zona rural que visitara quando menino para comprar pêlo de cabra. Sempre que viajava pelas estradas e trilhas de camelos, através das florestas e vales, procurava seus conterrâneos. Falava-lhes de JESUS, o Messias, e convidava-os a procurar nEle a justificação pela fé.
Dispersão da Igreja de Jerusalém
A Igreja de Jerusalém teve seus altos e baixos. Quando a perseguição aumentou, os nazarenos viram-se obrigados a esconder-se. Alguns até saíram da Palestina, e procuraram refúgio noutras terras. Grande número dirigiu-se a Damasco. Outros foram até Antioquia, a linda capital romana da Síria, cerca de 480 quilômetros ao norte de Jerusalém. Em Antioquia, muitos judeus estrangeiros haviam se tornado seguidores de JESUS. Eles eram mais liberais, e o medo do sumo sacerdote não os constrangia. Alguns haviam nascido na Grécia, outros na costa africana de Cirene, e outros em Chipre. À medida que o Evangelho lhes era pregado, grande número veio a crer. E o ESPÍRITO de DEUS atuava na pregação levando também muitos gentios de Antioquia a se converterem. E isso muito aborreceu aos cristãos hebreus, pois estavam certos de que JESUS CRISTO pertencia somente a eles, e a única maneira de tornar-se nazareno seria tornar- se, primeiro, um prosélito da sinagoga.
Barnabé em Antioquia
O movimento de Antioquia cresceu tanto que um sinal de alarme foi enviado à igreja-mãe. Em Jerusalém, após as deliberações, Barnabé, com sua mente aberta e esclarecida, foi enviado a fim de investigar a autenticidade das proclamadas conversões dos gentios.
Barnabé ouvira os argumentos dos judeus de mente estreita e também dos judeus oriundos de Chipre. Vira igualmente as multidões de gentios que haviam abandonado seus ídolos, e agora professavam alegremente a CRISTO. Barnabé não podia negar a realidade daquelas conversões. Essas pessoas também haviam sofrido por CRISTO; algumas, apesar de desprezadas por sua própria gente, regozijavam-se por sua salvação.
Barnabé, impressionado com o que via, levantou-se para falar. Não criticou os gentios, nem ordenou que se afastassem da Igreja até serem instruídos no Judaísmo. Pelo contrário: maravilhou-se porque a graça de DEUS estendia-se além das fronteiras de Israel. Ele os exortou a que se agarrassem a JESUS, mesmo em face das perseguições, e jamais desistissem da fé. Suas palavras alegraram os ouvintes; houve perfeita unidade na Igreja. E o Senhor acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.
O Chamado para Antioquia
Ao perceber a obra esplêndida que se poderia realizar em Antioquia, Barnabé só pôde pensar num único homem - alguém que encontrara em Jerusalém, que fora criado numa cidade gentia, e que possuía muitas das qualificações exigidas para uma grande liderança. E mais que isso: o Senhor lhe colocara no coração o ministério para os gentios.
A imagem de Saulo de Tarso formou-se na mente de Barnabé. Tempos atrás, vira-o arder com a missão de pregar a CRISTO aos estrangeiros. Se Saulo pudesse ir a Antioquia com seu fervoroso zelo e suas palavras poderosas!
Sem mais delongas, Barnabé percorreu os 25 quilômetros até o porto de Selêucia. Encontrou aí um barco e, após um longo dia no mar, chegou ao rio Cnido, onde as velas foram amadas e os compridos remos o levaram corrente acima, até o porto de Tarso.
Será que encontraria Saulo? Quando Barnabé finalmente o encontrou, ambos se abraçaram. Eles não se viam há oito anos. Barnabé Contou a história, e Saulo prestou atenção a cada palavra. Havia de fato uma grande obra a ser feita em Antioquia, e essa era a porta que DEUS lhe estava abrindo! Saulo assentiu em partir imediatamente.
Saulo em Antioquia
Com meio milhão de habitantes, Antioquia da Síria era a terceira maior metrópole do Império Romano. Os muros da cidade eram tão fortes, que as suas ruínas ainda podem ser visitadas. Eram largos e possuíam muitas torres. O monte Silpio levantava-se no centro da cidade, e achava-se coalhado de barracas, onde aquartelavam-se os soldados romanos que guardavam a região.
Muitos reis haviam despendido grandes somas para tornar Antioquia ainda mais bela. Ali havia jardins, lagos e palácios magníficos. Herodes adornara uma de suas ruas com colunas de mármore, numa extensão de cerca de três quilômetros. Fora da cidade, encontrava-se um grande anfiteatro onde eram realizados jogos e corridas.
O povo de Antioquia adorava as estrelas e vários ídolos, em cuja honra tinham construído majestosos templos. No lado oposto da cidade, o grande escultor Licos modelara uma enorme cabeça adornada com uma coroa. Esculpira-a num grande bloco de pedra que se projetava do solo. A figura tornou-se o símbolo de Antioquia, assim como a Estátua da Liberdade viria a ser o símbolo da América. Até hoje ela pode ser vista em muitas das moedas de Antioquia.
Como em todo o império era intensa a busca pelo prazer e ociosidade. Antioquia não fugia à regra. Da porta de Dafne, uma estrada estendia-se por oito quilômetros, até o bosque de Dafne e o templo de Apolo, pontilhada pelas casas e jardins dos mais abastados. O bosque, um dos lugares mais aprazíveis de toda a região, era palco de orgias tão desenfreadas que até os próprios romanos delas se escandalizavam. Visitantes chegavam a Antioquia, vindos de todas as partes do mundo: africanos, gregos, romanos, persas, egípcios e judeus. As pessoas enchiam as ruas e, num espírito de permanente feriado, consideravam o bosque de Dafne o lugar mais interessante e animado do mundo.
Saulo foi levado à cidade. O Evangelho de JESUS CRISTO penetrara em alguns corações e o poder do ESPÍRITO SANTO operava nos judeus e gentios igualmente. Apesar de toda a sua grandeza, Antioquia continuava faminta e necessitada.
Barnabé levou o amigo a reunião da igreja. Era uma assembléia quase tão forte quanto a de Jerusalém. Saulo conheceu vários líderes da igreja, entre os quais Manaem, um parente de Herodes Antipas. Ele era um homem de alta posição em Antioquia. Havia também Simeão, o Africano, Lúcio de Cirene e tantos estrangeiros de rincões desconhecidos que Saulo foi levado a regozijar-se em seu meio.
Em Jerusalém e em todos os outros lugares, os seguidores de JESUS eram chamados de nazarenos, mas em Antioquia receberam outro nome. O povo chamou-os de "cristãos" para zombar deles. O nome outrora pronunciado em tom de desprezo nos é hoje motivo de orgulho. Como qualquer rabino em Israel, Saulo estabeleceu-se em seu ofício, pois os fabricantes de tendas sempre encontravam trabalho. Dessa forma, ganhava seu sustento, mas a principal razão de sua presença em Antioquia era ajudar a Igreja a fortalecer-se na fé.
Saulo visitava diariamente a sinagoga e os bazares, e muitas vezes ficava à beira da estrada enquanto o povo ia lotando as pistas de corridas. Ele chamava a todos ao arrependimento, exortando-os a se voltarem para DEUS. Dizia-lhes que JESUS de Nazaré - que há dez anos fora crucificado em Jerusalém e ressuscitara ao terceiro dia - era o CRISTO das Escrituras: o Filho de DEUS enviado ao mundo para salvar os homens do pecado.
Saulo chamou-os do vazio da idolatria para a plenitude da vida cristã. Os amantes do prazer, mercadores, turistas, e mulheres da sociedade - ninguém podia ingorar a eloqüência de Barnabé e a grande sabedoria de Saulo. Não Podiam deixar de admirar-lhes a coragem e o zelo, mesmo em face da multidão escarnecedora. Pelo menos não havia sumo sacerdote ali para levantar a mão contra eles. O ministério do Evangelho estava desimpedido e a Igreja crescia rapidamente; cada cristão era uma incansável testemunha de JESUS.
Durante um ano, Saulo trabalhou pelo Evangelho nessa importante cidade. Falava com empenho, e o Senhor tornava produtivos o seu ensino e pregação. Não demorou muito, e Antioquia já era um centro cristão mais forte que Jerusalém, pois a igreja, aqui, não sofria quaisquer distúrbios.
Outras Perseguições aos Cristãos
Quando o imperador Calígula foi assassinado, Herodes Agripa achava-se em Roma. Por ter ajudado o novo imperador, foi ele honrado com o governo das terras de seu avô, Herodes, o Grande. Houve júbilo em Jerusalém quando ele passou a reinar, pois sabia-se ter sido ele fariseu; a rigidez da religião judaica não lhe era estranha.
Seu primeiro ato como rei foi remover Anás, o saduceu, do cargo de sumo sacerdote, e indicar Gamaliel para presidente do Sinédrio. Tudo isso parecia promissor aos fariseus, que se alegraram ao ver surgir um defensor de sua causa. Todavia, quando Agripa desceu ao seu palácio em Cesaréia, tirou o manto farisaico, passando a viver abertamente como um romano irrefletido e profano.
Como Herodes Agripa quisesse cair na graça dos rabinos, pôs-se a perseguir os cristãos. Ordenou que se prendesse e decapitasse a Tiago, irmão de João. Tiago foi o primeiro dos apóstolos a morrer. Vendo que o Sinédrio muito se agradara disso, e estimulado com o crescimento de sua popularidade, Herodes ordenou ainda a detenção de Pedro. Lançou-o na prisão, pretendendo matá-lo depois da Páscoa. No entanto, um anjo de DEUS, abrindo as portas do cárcere, soltou o apóstolo.
Presentes para os Cristãos de Jerusalém
No auge da perseguição, um certo profeta chamado Ágabo, que morava em Jerusalém, visitou Antioquia. Levantando-se na assembléia, deu a entender, pelo ESPÍRITO do Senhor, que DEUS enviaria uma grande fome sobre o império. Isso significava que tempos difíceis abater-se-iam sobre todos. Isso realmente aconteceu no tempo de Cláudio César (At 11:28). Ato contíno, os cristãos de Antioquia levantaram ofertas e as enviaram aos santos da Judéia pelas mãos de Barnabé e Saulo.
Despedindo-se da igreja de Antioquia, partiram ambos para Jerusalém, levando Tito consigo. Nos anos seguintes, viria este a ser um excelente líder, sendo o encarregado de supervisionar as igrejas de Creta.
Quão tocante não deve ter sido quando Barnabé e Saulo depuseram as provisões diante dos irmãos de Jerusalém. Todas aquelas dádivas lhes haviam sido enviadas por homens e mulheres que jamais tinham visto. E muitos deles eram gentios!
A Grande Controvérsia
A questão dos gentios na Igreja era uma das pendências que Saulo pretendia resolver em sua estadia em Jerusalém. Contrariando seus hábitos, não foi pregar nas sinagogas. Em vez disso, reuniu-se com os líderes a fim de fazê-los entender que os gentios tinham o direito de fazer parte da Igreja sem ter de se submeter aos ritos e cerimônias da sinagoga.
Foi aí que Saulo veio a constatar: ainda tinha inimigos entre os próprios cristãos, pois alguns achavam que Tito, por ser grego, não tivera uma real experiência com o Senhor. Na igreja-mãe, havia também alguns fariseus que alegavam ser seguidores de JESUS, mas não passavam de traidores; sua presença na Igreja prejudicava o crescimento do Evangelho. Eram espiões do inimigo, e faziam o máximo para levar os nazarenos de volta ao Judaísmo.
Saulo os enfrentou, provando-lhes que a graça de DEUS se havia estendido também aos gentios. Ele animou-se ao ver que Pedro, João e outros discípulos o aprovavam. Estes concordaram com Saulo e Barnabé para que fossem pregar aos gentios, e os admitissem na Igreja sem sujeitá-los aos ritos judaicos.
Mas a questão ainda não fora resolvida; alguns continuavam a ensinar que a Lei de Moisés era necessária; outros diziam que não. Preocupados, Barnabé e Saulo deixaram a igreja de Jerusalém, e prepararam-se para a longa viagem de volta a Antioquia.
A casa de Maria, parente de Barnabé, era o ponto de encontro dos líderes cristãos. Saulo e Barnabé haviam desfrutado de sua hospitalidade durante a viagem, e sentiram-se especialmente atraídos por seu filho, Marcos. Apesar de ser ainda um rapazinho, Marcos seguia sinceramente a JESUS. Quando criança, conhecera o Senhor e, mediante a pregação de Pedro e João, passara a ser um fiel nazareno. Naturalmente Barnabé via grandes possibilidades no jovem; Saulo também impressionou-se com sua dedicação. Ambos persuadiram-no a acompanhá-los até Antioquia. Aquela seria sua primeira viagem para lugares distantes. O chamado da aventura era forte, e ele Partiu entusiasmado.
O Retorno a Antioquia
A igreja de Antioquia recebeu os seus líderes de braços abertos, alegrando-se com as notícias dos cristãos de Jerusalém. Era bom saber que seus presentes serviram para encorajá-los num período tão difícil.
Antioquia estava tornando-se rapidamente o centro das atividades da Igreja. O braço da perseguição não era tão pesado lá como o era em Jerusalém à sombra do Templo. A igreja cresceu sem o rancor dos sacerdotes e principais da sinagoga, até que outras comunidades cristãs menores começaram a aceitar-lhe a liderança.
Muitos dos cristãos de Antioquia procediam de lares gentios. Eles lembravam-se naturalmente de seus parentes dispersos por todo o império, e achavam que o Evangelho também lhes deveria ser pregado. Uma vez que Saulo fora chamado pelo Senhor para ministrar aos gentios, esses cristãos concluíram que se deveria formar um grupo missionário, e enviá-lo aos países vizinhos.
A Primeira Viagem Missionária
Depois de várias reuniões de jejum e muita oração, os líderes da igreja entenderam que era a vontade de DEUS que enviassem Barnabé e Saulo nessa missão, Isso foi decidido e comunicado a eles pelo ESPÍRITO SANTO. Quem seria melhor qualificado para ela? Eram homens experimentados, e ambos defendiam a idéia de que os gentios deviam ser participantes da promessa juntamente com os judeus. Haviam ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam capacitados a representar a CRISTO; para isto haviam sido chamados. Os líderes, levantando-se numa reunião de jejum e oração da igreja, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo, abençoando-os e encarregando-os solenemente da tarefa missionária.
Com as mochilas cheias de provisões e presentes oferecidos pelos membros da igreja, Barnabé e Saulo partiram numa jornada que os manteria longe de casa por mais de dois anos. Deixaram atrás de si uma igreja que jamais haveria de se esquecer deles em suas orações.
Os missionários levaram consigo o jovem Marcos. Quando a primavera chegou aos montes da Síria, os três partiram; muitos irmãos estavam lá pra se despedirem deles. Os missionários caminharam pela longa estrada pavimentada que os levaria ao porto de Selêucia, onde havia grande atividade. Navios mercantes chegavam e partiam para outros portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de pequeno porte, levando frutas de Chipre, distante dali cerca de 113 quilômetros, navegavam regularmente pela estreita faixa de água azulada, num percurso de seis horas, com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles certamente seriam bem acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha alguns cristãos que tinham sido expulsos de Jerusalém quando da perseguição geral.
A Ilha de Chipre
O pequeno navio bordejou a ilha, e navegando junto à costa escura e rochosa, chegou à principal cidade, Salamina, na foz do rio. A atividade no porto era enorme. Dois grandes diques de pedra estendiam-se como braços protetores para o belíssimo azul das águas, convidando os navios de todo o globo a ancorarem ali. As ruas da cidade comparavam-se às de Tarso. Em toda parte avistava-se santuários de ídolos e templos erigidos aos deuses gregos. O prédio mais popular da cidade era o templo de Afrodite, a deusa que representava a beleza feminina, e cuja adoração era acompanhada por ritos vergonhosos e pecaminosos.
Os sacerdotes desse templo costumavam contar como, há muito tempo, a bela Afrodite surgira dentre a espuma das ondas e, vendo as areias macias da praia, fizera de Chipre sua residência permanente. Essa, segundo eles, era a razão de as mulheres de Chipre serem tão altas e belas. O aniversário de Afrodite era celebrado com um festival.
A vida na ilha era fácil e despreocupada; o povo tinha como principal objetivo a busca do prazer. Com certeza, Barnabé conhecia muito bem a essa gente. Depois de visitar os amigos e parentes, passou a freqüentar as sinagogas. Enquanto isso, Saulo anunciva o Evangelho, afirmando que CRISTO cumprira as promessas feitas a Israel, e viera para ser o seu Messias.
Como houvesse várias sinagogas em Salamina, Barnabé e Saulo narraram a história de JESUS de modo que todo judeu pudesse ouvi-la. Sem dúvida, Saulo contou que fora educado para ser rabino e fariseu, e que passara anos perseguindo os cristãos antes de encontrar o Senhor ressurreto na estrada de Damasco - o encontro que mudara-lhe a vida. Não se sabe se alguém foi levado a CRISTO em Salamina. Depois de haverem passado algum tempo ali, os três obreiros viajaram a pé de uma ponta à outra da ilha.
Eles pregavam a CRISTO sempre que tinham oportunidade. É possível que o fizessem nas minas de cobre, nas salinas, nos pomares, nas fábricas, ou onde quer que houvesse grupos de pessoas. É certo que visitaram as sinagogas nas aldeias, e finalmente, depois de várias semanas, entraram no vale que descia para o mar ocidental e a cidade de Pafos. Aqui, na praia beijada pelo sol, achava-se o lugar onde, supostamente, Afrodite saíra das ondas. Seu templo, com grandes pilares de mármore, marcava o local onde chegara à praia, e que era considerado sagrado. Pafos era a capital de Chipre.
Como na maioria das cidades, havia ali um bairro judeu. E Saulo e Barnabé, acompanhados por Marcos, conseguiram descobri-lo. De acordo com o seu costume, Saulo pregou CRISTO à sua gente. Alguns creram; outros sentiram-se insultados.
Sérgio Paulo, o governador enviado por Roma à ilha, era um homem culto e que se interessava pela ciência da sua época. Uma ciência, porém, estranhamente misturada à feitiçaria e à astrologia. Sérgio Paulo, embora estivesse acostumado aos deuses e deusas de Roma, continuava procurando algo que lhe satisfizesse a alma.
Quando o governador soube da chegada de Saulo e Barnabé, mandou chamá-los; queria ouvir a nova doutrina. Essa era a grande oportunidade de Saulo, e ele a encarou como se fora uma porta aberta para o Evangelho. Com humildade, mas cheio de entusiasmo, foi encontrar-se com o ilustre romano e sua mulher. Outros religiosos e supersticiosos também se achavam ali, querendo conhecer a nova crença.
Como Saulo também era romano, começou a falar desenvolta e habilmente. Expôs o amor romano à verdade e à justiça, e sua aceitação e tolerância com todas as religiões. A seguir contou, um a um, os grandes fatos do Evangelho - a vinda de JESUS CRISTO, a rejeição de seu próprio povo, sua crucificação e, finalmente, sua ressurreição. Recapitulou sua experiência pessoal como opositor do Cristianismo, e como certo dia o Senhor o cativara e transformara-lhe completamente a vida.
Sérgio Paulo ficou impressionado. As palavras de Saulo agradaram-lhe os ouvidos. Seu coração inclinou-se para DEUS e a luta por sua alma já estava quase ganha. Mas Barjesus, um mágico e feiticeiro da corte, também chamado de Elimas, negava vigorosamente as palavras de Saulo. Barjesus era judeu e estava vivendo em oposição à Lei de Moisés, pois esta condenava a feitiçaria. Todavia, diante da pregação de Saulo, seu judaísmo veio à tona; seus argumentos tornaram-se fortes.
Paulo discutiu com ele, e vendo que se vendera a Satanás e estava agora obstruindo a palavra de DEUS, clamou contra ele:
Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão (At 13.8-12).
Enquanto Sérgio Paulo observava, os olhos de Elimas embaçaram e a escuridão caiu sobre si. O homem estendeu desesperadamente a mão, tateando para encontrar o caminho, e teve de ser guiado através do aposento.
O governador romano vira a poderosa mão de DEUS sobre uma alma rebelde, e deixou- se convencer. Levantou-se do divã; não pôde mais resistir ao Evangelho. Creu e foi contado entre os cristãos. Esse foi um grande avanço. DEUS honrara o ministério de Saulo, dando-lhe o homem mais importante da ilha.
Paulo, um NOVO Homem
Movimentando-se entre os gentios, Saulo passou a ser chamado de Paulo, pois essa era a forma romana de seu nome. Enquanto estava na sinagoga, e mesmo depois de tornar-se cristão, era conhecido pelos amigos como Saulo. Mas esse nome era israelita, e de certa forma representava tudo o que ele fora como judeu e fariseu. O nome Paulo indicava o novo homem e seu novo trabalho. Enquanto permaneceu entre os gentios das províncias, foi se tornando cada vez mais conhecido como Paulo. Com o correr dos anos, até o fim de sua vida, usou o nome romano para assinar todas as suas cartas.
A Caminho de Perge
Em Chipre, as circunstâncias eram favoráveis a Paulo, Barnabé e Marcos. Sem que o percebessem, transcorreram-se vários meses. Mas eles não haviam planejado passar o inverno lá. O verão já se fora e a colheita terminara, quando os três despediram-se dos amigos, e começaram a viagem de dois dias para a província da Panfília, no continente. Esta ficava somente a 160 quilômetros a oeste da casa de Paulo, em Tarso, sendo porém uma porta de saída para as cidades gentias da Ásia Menor.
O pequeno barco foi navegando pela costa rochosa da Panfília, procurando encontrar a foz do rio Cestro. A 13 quilômetros rio acima, chegaram à cidade de Perge. As velas foram baixadas e os compridos remos levaram o barco finalmente ao molhe. Ali, na encosta do morro, ficavam o anfiteatro, a pista de corridas e o templo de Diana.
As casas eram semelhantes às de Tarso - em estilo grego e de grande beleza. Naquela época do ano, muitos habitantes de Perge iam aos passos, nas montanhas, que levavam à cidade de Antioquia, no interior da Galácia. Marcos, porém, desanimou. As montanhas da Panfília eram perigosas e as passagens infestadas de assaltantes. Plínio fizera um discurso grandioso contra a pirataria em mar aberto, diante do tribunal de Roma, e o resultado foi uma campanha para expulsar dos mares os navios piratas. Os meliantes retiraram-se, então, para as montanhas, tornando-se ladrões de estrada, molestando freqüentemente os viajores. É possível que, pensando nessas coisas e nos animais selvagens à espera nos desfiladeiros, Marcos haja sentido medo. E, pensando nas possíveis conseqüências, decidiu voltar para casa.
Após a partida de Marcos, Paulo e Barnabé continuaram viagem pelas trilhas montanhosas, seguindo o curso do rio. Algumas vezes as rochas eram íngremes e o caminho estreito; outras, viajavam por vastas planícies onde o sol tostava as pastagens. Levaram uma semana para chegar às terras altas e frias, onde era mais saudável viver. Ali, no sopé das Montanhas Sultão, a cidade de Antioquia florescia, com fileiras e fileiras de construções.
O Ministério em Antioquia da Pisídia
Antioquia da Pisídia era a porta de saída para o interior da Ásia Menor. Fora antes uma cidade grega, mas agora havia nela uma fortaleza romana. Os prédios de mármore branco brilhavam ao sol, emprestando-lhe uma beleza singular. Os judeus sempre eram bem acolhidos pelos moradores de Antioquia, e Paulo e Barnabé encontraram um bom local para estabelecer-se. Fabricante de tendas, Paulo gostava de ganhar seu sustento, aonde fosse, a fim de não ser pesado à Igreja. Além disso, seus contatos com mercadores e suas viagens às lojas para vender as mercadorias, davam-lhe muitas oportunidades de falar de JESUS.
Aos sábados, Paulo e Barnabé iam juntos à sinagoga, e eram convidados pelos líderes a tomar parte na adoração e falar aos presentes. Havia sempre orações seguidas por leituras da Lei e dos Profetas. A reunião terminava com um discurso ou um debate entre os principais membros da sinagoga sobre alguma passagem das Escrituras. Quando os líderes perceberam que Paulo e Barnabé eram homens cultos, e pareciam ser portadores de uma mensagem, disseram-lhes: "Varões irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai" (At 13-15).
Um Importante Sermão de Paulo
Havia um bom número de pessoas presentes, tanto judeus como prosélitos (gentios convertidos ao Judaísmo). Barnabé reconheceu que a experiência de Paulo qualificava-o como mensageiro. Olhou para ele com um sorriso que dizia: "Essa é a sua oportunidade, aproveite-a!"
Paulo estava pronto. Levantando-se, pediu silêncio com um gesto. Como de costume, os judeus estavam sentados no chão, de pernas cruzadas, com os xales de oração sobre os ombros. Os olhares voltaram-se para ele quando começou a falar lentamente:
Varões israelitas, e os que temeis a DEUS, ouvi: O DEUS desse povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo sendo eles estrangeiros na terra do Egito, e com braço poderoso o tirou dela; e suportou os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos; e destruindo a sete nações na terra de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles. E, depois disso, por quase quatrocentos e cinqüenta anos, lhes deu juizes, até o profeta Samuel.
E depois pediram um rei, e DEUS lhes deu, por quarenta anos, a Saul, filho de Quis, varão da tribo de Benjamim.
E, quando esse foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade (At 13.16-22).
Esse retrospecto da história era familiar aos judeus, que o acompanharam com grande interesse e aprovação. Mas o objetivo de Paulo ao recapitular tais fatos era apresentar-lhes JESUS. Então prosseguiu:
Da descendência desse, conforme a promessa, levantou DEUS a JESUS para Salvador de Israel; Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel, o batismo do arrependimento. Mas João, quando completava carreira, disse: Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o CRISTO; mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as sandálias dos pés.
Varões irmãos, filhos da geração de Abraão e os que dentre vós temem a DEUS, a vós vos é enviada a palavra dessa salvação. Por não terem conhecido a este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se lêem todos os sábados. E embora não achassem alguma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E havendo eles cumprido todas as coisas que deles estavam escritas, tirando-o do madeiro, puseram-no na sepultura (At 13 23-29).
Paulo preparava-se para a parte principal do sermão. As palavras saíam-lhe mais rápidas. Sua voz elevou-se; ele foi tomado de fervor espiritual ao exclamar triunfante:
Mas DEUS o ressuscitou dos mortos; E ele por muitos dias, foi visto pelos que subiram com ele da Galiléia a Jerusalém, e são suas testemunhas para com o povo. E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, DEUS a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a JESUS, como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje eu te gerei.
Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado, todo aquele que crê (At 1330-33,38-39).
O sermão de Paulo terminara. Os ouvintes estavam atônitos. Ele era um pregador corajoso e todos sentiram-se dominados pelo seu zelo e intrepidez.
Alguns dentre os principais da congregação começaram a murmurar, mas grande número de judeus e gentios saíram naquele dia indagando-se: "Será que isso é verdade? Será mesmo verdade?"
Quando Paulo e Barnabé voltaram para casa, pequenos grupos seguiam-nos pela rua estreita pedindo para ouvir mais sobre o novo ensino. Ansiosos, queriam saber tudo a respeito de JESUS. Naquela noite, quando o sol se pôs e as velas foram acesas em Antioquia, muitos judeus e gentios tinham o coração aberto ao Salvador e os olhos voltados ao céu.
No dia seguinte, o discurso de Paulo era o tema das conversas nos lares judeus. Os gentios também souberam do acontecido, e suplicaram-lhe que repetisse o sermão no sábado seguinte.
No dia marcado, pessoas vieram de todas as direções. A sinagoga sombria, com uma única lâmpada acesa, estava repleta como nunca. Muita gente teve de ficar do lado de fora. Mais tarde, escrevendo a respeito, Lucas conta que quase a cidade inteira se reunira para ouvir a Palavra de DEUS. Paulo repetiu o sermão e o povo escutou. Mas quando declarou que JESUS era o CRISTO, vozes elevaram-se contra ele. Alguns judeus, movidos pela inveja, contradisseram-no publicamente. Era costume interromper o orador na sinagoga. Paulo acostumara-se a isso, e não esperava outra coisa.
De repente, os líderes judeus puseram-se a gritar. A violência cresceu. Já agora atacavam selvagemente a Paulo, pontuando suas palavras com maldições e blasfêmias. Os dois discípulos elevaram as vozes acima do tumulto, chamando os ouvintes à razão. Porém os judeus continuaram gritando cada vez mais alto, na tentativa de calar Paulo.
Dirigindo-se aos líderes, o apóstolo declarou: "Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais e vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios" (At 13.46).
O Ministério de Paulo É Abençoado
A multidão bloqueava a saída e enchia a rua, ansiosa por ouvir falar da vida eterna. Paulo e Barnabé deixaram a sinagoga em meio ao murmúrio e maldições dos judeus, mas na porta foram saudados por um brado de alegria. Os gentios, cansados de sua religião vazia, tinham ouvido falar pela primeira vez de JESUS, da ressurreição e da vida eterna. Aquele foi um dia cheio para os apóstolos. Quando a noite chegou, estavam cansados, mas alegres por tantas almas salvas naquela cidade gentia.
Durante toda a semana, a oficina de tendas e a casa onde estavam foram invadidas por pessoas de todas as classes sociais. Queriam saber mais de CRISTO, que lhes havia preenchido o vazio dos corações e satisfizera-lhes a maior necessidade da vida: a salvação. A casa dos apóstolos passou a sediar uma nova igreja. Quando o inverno chegou, o testemunho da graça salvadora de JESUS era dado diariamente nos bazares. E, indo às cidades do interior a fim de cuidar de seus negócios, os crentes aproveitavam para contar as boas novas de como nossos pecados eram perdoados em CRISTO. Antes de completar um ano, a Palavra de DEUS estava sendo pregada em toda a região, e muitos grupos de cristãos reuniam-se no Dia do Senhor para adorar a DEUS e receber as bênçãos da vida eterna.
Com a chegada da primavera, as estradas nas passagens das montanhas foram abertas e o comércio ganhou vida nova. Os bazares enchiam-se de estrangeiros vindos de lugares distantes. Os pregadores não descansavam em seus esforços por ganhar homens e mulheres para CRISTO. Os judeus continuavam aborrecidos com o sermão de Paulo, e opunham-se vigorosamente à formação de igrejas cristãs em sua cidade. Não conseguiríam descansar enquanto não dessem fim àquele movimento.
A adoração no templo de Baco e nos templos do deus-lua era exclusivamente para satisfazer aos homens. As mulheres sofriam quando seus maridos entregavam-se às orgias e bebedeiras em honra a Baco. A adoração paga, portanto, nunca foi popular entre as mulheres. Em vista disso, muitas delas começaram a freqüentar a sinagoga, tornando-se prosélitas da religião judaica, pois encontravam ali algo infinitamente melhor que tudo quanto haviam conhecido. Os líderes das sinagogas instigaram essas mulheres - principalmente as casadas com cidadãos importantes de Antioquia - a convencer os maridos de que deviam proibir a pregação dos discípulos e expulsá-los da região.
Paulo e Barnabé Forçados a DeIxar Antioquia
Paulo e Barnabé foram intimados a comparecer perante os magistrados, e receberam ordens para deixar a cidade. As autoridades cuidaram para que as ordens fossem obedecidas. Enviaram um guarda para acompanhar os apóstolos até bem longe dos portões de Antioquia, advertindo-os a que saíssem da província e jamais voltassem. Os líderes dos judeus acompanharam os guardas, contentes por se verem livres daqueles mestres cristãos. Seguindo a recomendação do Senhor, os viajantes tiraram os sapatos e sacudiram destes o pó de Antioquia da Pisídia, como sinal de desprezo pela cidade que os expulsara.
Não obstante, antes de partirem, haviam reunido os líderes da nova igreja e insistido a que permanecessem fiéis, mesmo se perseguidos. Quando as torres de Antioquia desapareceram na distância, um sentimento de alegria inundou o coração dos deportados. A viagem para Antioquia da Pisídia não fora em vão. DEUS abençoara sua obra ali, e centenas de crentes estavam testemunhando de CRISTO na cidade, nas aldeias e povoados de toda a região. O ESPÍRITO de DEUS certamente os guiara, pois a semente havia sido plantada.
A estrada para o leste era sinuosa e íngreme, mas bem pavimentada; era a principal rota comercial, ligando a Síria às cidades do mar Egeu.
Dias Produtivos em Icônio
Icônio era a capital da Licaônia e distava de Antioquia mais de 96 quilômetros. Paulo e Barnabé decidiram ir para lá. Era uma velha cidade murada que prosperara com a fertilidade das planícies que a cercavam. A jornada era tensa, pois passava por um território bravio e cheio de bandoleiros.
Os muros de Icônio podiam ser vistos a quilômetros de distância, enquanto a caravana descia as montanhas. A região era rica, e a primavera mostrava-se em toda a sua plenitude nos vinhedos e jardins.
Os principais ídolos de Icônio eram Adônis e Cibele. Adônis era um belo jovem, amado pela mitológica Afrodite, e morto por um javali durante uma caçada. Cibele, filha de Arano, era representada sobre um trono ladeado por enormes leões. Segundo a lenda, ela fizera Adônis voltar à vida.
Planejando passar algum tempo em Icônio, Paulo e Barnabé procuraram um alojamento e voltaram a praticar o seu comércio. Milhares de judeus moravam em Icônio, por isso foi fácil encontrar abrigo na cidade. O propósito deles era fazer o mesmo que haviam feito em Antioquia. Quando chegou o sábado, foram à sinagoga e aguardaram uma oportunidade para falar. O sermão assemelhava-se ao de Antioquia, pois esse era o grande peso do coração de Paulo. Havia algo divinamente sedutor na maneira como falavam, e a sua mensagem era tão atraente que muitos judeus e gregos creram em JESUS.
Início da Igreja em Icônio
A princípio, os líderes da sinagoga não se opuseram a Paulo e a Barnabé. pois interessava-lhes aquele novo ponto de vista. Porém, ao verem quantos da sua congregação creram e quantos gentios estavam aceitando a CRISTO, aborreceram-se com a pregação. Proibiram então os discípulos de freqüentar a sinagoga, mas não puderam impedir que falassem nas ruas. O Senhor abençoou tanto o trabalho em Icônio que grande número de pessoas veio a crer. Estava iniciada ali uma forte igreja.
Quanto maior a oposição, tanto mais ousadamente os discípulos falavam. A opinião do povo dividiu-se: alguns eram a favor do novo ensinamento; outros não queriam saber dele. Os inimigos - judeus e gentios - opuseram-se abertamente, e várias vezes os ameaçaram nas ruas. Mas a jovem igreja firmara-se na fé e Paulo sabia que, quando partissem, os irmãos não voltariam aos ídolos. Adônis perdera. Quem reinava agora nos corações era CRISTO! Ao serem informados por alguns crentes de que os inimigos planejavam apedrejá-los até a morte, os missionários despediram-se dos cristãos e deixaram rapidamente a cidade. Seguiram pela estrada pavimentada até Listra e Derbe, cidades da grande planície, a cerca de 29 quilômetros ao sul.
O Milagre em Listra
Mal haviam chegado a Listra e arranjado acomodações, surgiram oportunidades para pregar em cada esquina. Na praça do mercado e em qualquer lugar onde as pessoas se aglomerassem, Barnabé e Paulo falavam de JESUS, o Filho de DEUS, e da vida cheia do ESPÍRITO. O contraste entre a nova vida e as orgias do templo pagão, a que o povo se acostumara, era de fato notável.
Um grande templo dedicado a Júpiter ocupava o centro de Listra. O poeta Ovídio conta que há muito tempo, Júpiter e Mercúrio desceram à terra disfarçados de viajantes. Procuraram alojamento e alimentação de porta em porta, mas foram repetidamente escorraçados. Chegaram finalmente a uma casa humilde, onde vivia um casal idoso. Filemom e sua mulher, Baucis, acolheram os dois e os alimentaram com seus parcos recursos. Quando a refeição terminou, os estranhos revelaram que eram deuses e concederam ao casal vida longa como guardiães de um templo sagrado.
Os moradores de Listra ouviram atentamente os apóstolos, enquanto estes pregavam a CRISTO, e muitos deixaram a idolatria, tornando-se cristãos.
Numa tarde, quando Paulo discorria sobre o DEUS Único e Verdadeiro, viu entre a multidão um homem paralítico de nascença. Alguma coisa no sermão comoveu o homem, e Paulo sentiu que o ESPÍRITO de DEUS estava agindo poderosamente. De repente, Paulo virou-se para o aleijado e ordenou em alta voz: "Levanta-te direito sobre os teus pés!" (At 14.10).
Todos os olhos fitaram o infeliz. No mesmo instante, este se pôs em pé e começou a andar e a saltar. Ninguém podia acreditar! Seria um sonho?!
Os Apóstolos são Recebidos como Deuses
Uma exclamação de surpresa seguida de um grande grito fez-se ouvir na multidão. O povo presenciara um milagre. Embora fosse o grego a língua oficial, na intimidade do lar, todos falavam o licaônico. Vendo o paralítico andar, maravilharam-se de tal forma que abandonaram por um instante o grego e gritaram no dialeto nativo: "Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós" (At 14.11).
A notícia espalhou-se. Milhares de pessoas vieram ver os discípulos. A lenda de Júpiter e Mercúrio estava se repetindo diante de seus olhos, confirmando a sua religião. Enquanto os observava, o povo chamou Barnabé de Júpiter, por causa da sua altura e porte atlético. A Paulo chamaram de Mercúrio, por ser o portador da palavra.
Quando os sacerdotes do templo de Júpiter, no bosque junto à cidade, ouviram falar disso, trouxeram touros e grinaldas até o portão da casa onde os discípulos estavam hospedados. Homens e mulheres corriam agitados pelas ruas, contando a todos que os deuses tinham descido até eles. Uma grande multidão, guiada pelos sacerdotes, adentrou os portões para oferecer sacrifícios aos deuses recém-chegados. Os gongos soavam; os tambores batiam. Grinaldas de flores foram colocadas nos chifres dos touros. Aquele era um grande dia para Listra!
Quando ficou evidente a Paulo e Barnabé que o povo queria adorá-los, ambos perturbaram-se imensamente. Só de pensar, sentiam-se repugnados! De acordo com o costume oriental, eles rasgaram as vestes em sinal de grande angústia e correram gritando em meio a multidão.
Os gongos e címbalos silenciaram e a multidão se calou. Os "deuses" estavam falando!
Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos as mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao DEUS vivo, que fez o céu e a terra, o mar e tudo o quanto há neles; o qual, nos tempos passados, deixou andar todos os povos em seus próprios caminhos; contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dan-do-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria o vosso coração" (At 14.15-17).
Não foi sem razão que chamaram Paulo de Mercúrio - o mensageiro dos deuses. A oratória que o povo ouvia de seus lábios era refinada e bela, muito superior a qualquer outra que já tivessem ouvido.
As multidões debandaram com resmungos duvidosos, e os sacerdotes voltaram com os touros aos estábulos do templo. O entusiasmo diminuíra, mas o povo comentou o episódio durante vários dias. Aos poucos, homens e mulheres foram conhecendo a JESUS CRISTO, e convencendo-se da verdade do Evangelho. A igreja em Listra começava a crescer.
Timóteo e Seu Lar
Um dos novos crentes era o jovem Timóteo. Sua mãe, Lóide, e sua avó, Eunice, viviam em Listra e abriram sua casa aos discípulos. Paulo e Barnabé passaram bastante tempo com a família e, enquanto o jovem Timóteo os ouvia contar repetidamente a história de CRISTO, descobriu que também queria ser pregador do Evangelho. Seu coração foi aquecido pela forma como o ESPÍRITO de DEUS usava os discípulos.
Porém, era inevitável que judeus de Antioquia e Icônio visitassem amigos em Listra, ou fossem ali vender suas mercadorias. A história de Paulo e Barnabé continuava viva em suas mentes; a presença de igrejas cristãs cheias de gentios em suas cidades ainda machucava os rabinos. Estes achavam-se furiosos porque ambos continuavam pregando o que, para eles, era uma religião falsa. Decidiram deliberadamente acabar com aquilo. Não foi difícil instigar os judeus de Listra contra os discípulos. E, com mentiras e informações manipuladas, fizeram brotar tamanho ódio no coração dos conterrâneos que logo decidiram agir por conta própria e matar os discípulos, especialmente o seu porta-voz.
O Apedrejamento de Paulo
Certo dia, estando Paulo falando a seus amigos cristãos, um grupo de judeus de Icônio e Antioquia aproximou-se deles, e opôs-se abertamente às verdades pregadas. Agitavam-se enraivecidos, enquanto Paulo respondia-lhes usando a mesma Escritura. Até que, aos berros, aqueles homens correram em meio aos ouvintes procurando dispersá-los. Punhos ergueram-se acompanhando o grito: "Apedrejem-no! Ele merece morrer. Qualquer homem que pregue contra a Lei de Moisés é um traidor. Apedrejem-no!"
As pedras zumbiam no ar, vindas de todas as direções. Paulo continuou firme onde estava, suplicando-lhes em nome do Senhor JESUS. A essa altura, já se achava ferido e sangrando, mas ainda podia ver a crescente ira do povo. Finalmente, um homem atirou uma pedra mais pesada, atingindo a testa do apóstolo. Sangrando e inconsciente, Paulo caiu. A multidão rodeou-lhe o corpo e pôs-se a chutá-lo. Agarrando-o pelas roupas, arrastaram-no para fora da cidade, e abandonaram-no em uma vala ao lado da estrada. "Esse é o fim de Paulo!", pensaram satisfeitos, e voltaram às suas casas.
O pequeno grupo de amigos ficara indefeso ante a multidão. Acompanharam a turba que arrastava o corpo de Paulo e temeram o pior. A voz de um grande apóstolo fora silenciada. Já tinham visto muita gente morrer assim, mas... quem sabe ainda estivesse vivo!
Fora da cidade, é possível que Barnabé, com seus braços fortes, tenha recolhido e levado o corpo de Paulo à sombra fresca de uma árvore. Alguém deve ter ido buscar água a fim de lavar o sangue e a sujeira. A ansiedade dos amigos foi aliviada quando viram o apóstolo abrir os olhos, recuperando a consciência. Alguém glorificou: "Louvado seja DEUS, que poupou o seu servo, livrando-o dos nossos inimigos".
Os corações dos crentes foram reanimados. Ajudaram Paulo a levantar-se e o levaram até a casa de Timóteo. As fiéis Eunice e Lóide trataram-lhe os ferimentos e ajudaram-no a se recuperar.
Ao amanhecer, antes que os mercadores enchessem as ruas com suas mercadorias e gritos, dois vultos saíram pelo portão sul da cidade. O mais baixo mancava e apoiava-se no braço de seu alto companheiro. Eles seguiram pela estrada pavimentada e depois por um caminho secundário, que passava por uma região montanhosa. Esse era o caminho para as Portas da Cilícia, que Paulo chamava de lar. A cidade aonde estavam indo, porém, era Derbe, distante cerca de quarenta quilômetros ao sul. Era um posto alfandegário, onde Roma recolhia os impostos sobre todas as mercadorias embarcadas.
O Inverno em Derbe
Não havia sinagoga em Derbe, mas ali viviam muitos conterrâneos de Paulo. Como ele falasse com a autoridade de um rabino, os judeus escutavam-no de boa vontade. O inverno chegara e as estradas logo estariam cobertas de neve. Nas montanhas, as passagens ficariam bloqueadas durante meses, e ninguém viajaria até a volta da primavera, quando a neve se derretia.
Paulo e Barnabé permaneceram tranqüilamente em Derbe, durante todo o inverno. Paulo fez e vendeu tendas, enquanto ensinava a nova fé em sua casa ou nos lares que se lhe ofereciam. Embora nada espetacular acontecesse ali, uma forte igreja foi fundada, pois muitos não puderam resistir à lógica do ensino, convertendo-se dos ídolos a CRISTO. Durante os longos meses de inverno, os dois discípulos estiveram completamente ocupados, chamando homens e mulheres a JESUS, e o Senhor concedeu-lhes grande sucesso.
A neve derreteu-se nos vales e a brisa da primavera encheu o ar. A igreja de Derbe já estava forte e capaz de continuar sem a ajuda de Paulo. Fazia mais de dois anos que a igreja da Síria enviara os dois missionários; sementes haviam sido plantadas e cresceriam para a vida eterna. O caminho fora difícil, mas o Senhor estivera com eles e honrara-lhes o trabalho.
A Volta para Casa
A viagem de regresso teria sido fácil, se viessem pelas montanhas e pelas portas da Cilícia até Tarso, passando depois por terreno muito familiar até chegar à Síria. Paulo, porém, tinha bem vivido na mente o furor de Listra, Icônio e Antioquia. Sem dúvida seria mais fácil voltar pelo caminho de Tarso; mas, e as igrejas recém-fundadas? Como estariam suportando o chicote da perseguição? Teriam crescido, ou algum membro enfraquecera, voltando a Adônis? Estava claro que ele deveria visitar todas as igrejas e confirmar os cristãos na fé. Eram seus amigos, e o apóstolo jamais cessara de orar por eles, mencionando-os pelo nome. E se essa visita resultasse realmente em perseguição? O Senhor não os protegera sempre? Paulo e Barnabé resolveram, então, voltar pelo mesmo caminho.
Em Listra, as cenas eram familiares; já sabiam onde encontrar os cristãos. Foram até à casa de Timóteo e ficaram contentes por saber que o povo de DEUS continuava firme, apesar da perseguição. Paulo e Barnabé sentiam-se confiantes; os cristãos de Listra estavam suficientemente fortes para se organizarem. Portanto, em cada igreja, ordenaram presbíteros para supervisionar espiritualmente a família cristã. A seguir, orando por todos, ambos partiram para Icônio.
Depois de alguns meses, a igreja de Icônio fizera um verdadeiro progresso e achava-se também pronta para ser organizada. Os discípulos fizeram isso e continuaram o caminho de volta para casa.
Ao chegarem aos portões de Antioquia, de onde tinham sido expulsos alguns meses antes, lembraram como os gentios daquela cidade haviam acolhido o Evangelho. Foram recebidos com alegria pelos velhos amigos e informados de que os cristãos de Antioquia haviam permanecido firmes durante todos aqueles meses.
Paulo pregou-lhes novamente e, antes de partir com Barnabé, nomearam homens de confiança, provados durante a perseguição, para dirigir a igreja.
A primavera já estava bem avançada, e os discípulos queriam chegar ao porto de Perge antes que aumentasse o calor do verão. Lembravam-se dos dias e noites quentes quando chegaram a Perge, e como fora agradável o frio das montanhas em sua viagem a Antioquia. Na planície que beirava a costa, o verão chegara em toda a sua força. Como na visita anterior haviam passado pouco tempo pregando em Perge, decidiram-se demorar ali e testemunhar de CRISTO. Dia após dia foram usados por DEUS, e fundaram na cidade uma igreja.
Enquanto pregavam, esperavam por um navio que os levasse para casa. Havia barcos de muitos lugares, mas nenhum que fosse para Selêucia. Despediram-se dos crentes e continuaram a viagem pela planície até o mar, e depois ao longo da estrada costeira até Atália, um dos maiores portos marítimos de todo o império. Atália era grande e importante, e, como em qualquer outra cidade dessa região, havia nela muitos judeus. Mas Paulo e Barnabé estavam ansiosos por encontrar um navio que os levasse de volta, e seguiram imediatamente para o porto. Sua busca teve sucesso; havia ali uma porção de barcos grandes e pequenos, oriundos de terras estrangeiras de todas as partes do mundo.
Eles pagaram a passagem e, quando se levantaram os ventos matutinos, as velas foram desfraldadas e o barco partiu, acompanhando a costa rochosa até Selêucia. Durante todo aquele primeiro dia, puderam ver as altas montanhas da Panfília elevarem-se sobre a vasta planície costeira. Haviam passado dois invernos naquelas montanhas. O trabalho fora difícil, mas enquanto os morros desapareciam na distância, os dois homens de DEUS recordavam-se de como o Senhor havia honrado Sua Palavra. Em cada cidade, muitos que, há apenas um ano, viviam nas trevas, estavam agora servindo a DEUS.
Todas as noites, enquanto navegavam e oravam sob as estrelas, Barnabé e Paulo lembravam-se de cada crente fiel, agradecendo ao Senhor e entregando-os ao seu cuidado. Até que a viagem chegou ao fim.
A GRANDE CONTROVÉRSIA
Paulo e Bamabé animaram-se ao avistar Selêucia. Ali estava o porto de Antioquia, protegido pelo quebra-mar. Para os apóstolos era como voltar à casa paterna; estar naquela igreja era o mesmo que estar em família. Era uma igreja forte; maior que a igreja-mãe em Jerusalém. Paulo gostava dos cristãos de Antioquia da Síria, e considerava-os uma igreja modelo. Afinal, haviam aberto o coração aos gentios, recebendo-os juntamente com os descendentes de Abraão no Reino de DEUS.
Os missionários mal tinham posto os pés no portão da cidade, e a notícia de sua chegada já se espalhara. Naquela noite, uma grande multidão reuniu-se à volta deles. Dois anos antes, aqueles crentes haviam acompanhado Paulo e Barnabé até o navio que os levaria em sua primeira viagem missionária. Agora estavam de volta, e todos queriam ouvi-los. Foi uma noite emocionante. Jovens e velhos sentaram-se no chão, de pernas cruzadas, e ouviram-nos discorrer sobre a atuação do poder de DEUS em cada cidade.
É provável que tenham contado toda a história; primeiro Barnabé e depois Paulo. Ninguém se cansou de ouvi-los, e muitos choraram de alegria ao saber dos caminhos de DEUS para os gentios. Os missionários falaram da viagem até Chipre; de Sérgio Paulo em Pafos; do calor de Perge e da deserção de Marcos, que muito os desapontara. Descreveram seu primeiro inverno passado na outra Antioquia, e como muitos ali haviam se tornado cristãos. As fugas para Icônio e Listra, onde Paulo tinha sido apedrejado, foram contadas rapidamente. Por último veio a história do segundo inverno, passado em Derbe.
Em todas as cidades, tiveram de enfrentar a oposição dos judeus nas sinagogas; mas na praça do mercado, os gentios tinham-nos ouvido de boa vontade e, deixando os ídolos, haviam se voltado para DEUS. Centenas tinham aberto o coração para JESUS! Em cada cidade visitada pelos missionários, uma igreja havia sido estabelecida.
Importância da Primeira Viagem Missionária
Enquanto os cristãos de Antioquia ouviam as histórias missionárias, grande alegria inundava-lhes o coração. DEUS estivera trabalhando. O plano de pregar o Evangelho até os confins da terra estava se cumprindo com tremendo sucesso. Em toda parte, apesar da oposição, lâmpadas estavam sendo acesas para brilhar e dissipar as trevas do mundo. A semente fora plantada e regada, não só em Jerusalém e Antioquia, mas também na Ásia Menor e em Chipre. Agora estava crescendo e produzindo frutos. Nada mais restava a fazer a não ser convocar uma reunião de oração e agradecer a DEUS por sua graça. Os cristãos oravam e regozijavam-se por serem embaixadores a serviço de DEUS, arrancando homens e mulheres de suas vidas vazias e trazendo-os para a vida abundante; da morte para a vida eterna.
Paulo ficou vários meses em Antioquia, trabalhando na fabricação e comércio de tendas, enquanto expunha as grandes verdades do Evangelho. Falava especialmente da justiça de DEUS, que não pode ser obtida pela guarda da Lei, mas recebida como um dom da sua maravilhosa graça. Homens e mulheres passaram a ver que todas as suas esperanças e necessidades eram satisfeitas em JESUS CRISTO, o Salvador.
Crescentes Dissensóes na Igreja
Até essa época, a oposição encontrada por Paulo na pregação do Evangelho viera de uma única fonte: o judeu incrédulo que, de tão enfurecido com o ensino cristão, tornara-se cego. O desgosto dos judeus era aumentado pelo fato de Paulo ter sido antes fariseu, rabino, amigo da sinagoga e inimigo dos nazarenos. Todo judeu leal acreditava que Paulo fosse um traidor da Lei de Moisés, e por causa disso, perdera o direito de ser respeitado. Paulo sabia como se sentiam e simpatizava com eles. Não tivera os mesmos sentimentos antes de sua conversão? Ele estava preparado para enfrentar a oposição e considerava um privilégio argumentar com os que negavam sua mensagem.
O problema, porém, surgiu dentro da própria igreja: alguns judeus cristãos, de mente estreita, não haviam aberto o coração aos gentios. Queriam que a Igreja fosse uma seita judaica, do mesmo modo que o farisaísmo o era em Israel. Não concordavam em receber os gentios, a não ser que se submetessem primeiro às cerimônias da sinagoga. Achavam que os crentes gentios deviam tornar-se prosélitos, e manter as leis judaicas referentes aos alimentos, festas, abluções e ofertórios.
Pedro era amigo de Paulo. Desde que o Senhor lhe ensinara que os gentios também faziam parte do seu plano e o guiara até o gentio Cornélio, tornara-se ele favorável ao posicionamento de Paulo. Ao ouvir sobre a sólida congregação de Antioquia, decidiu fazer-lhes uma visita.
A Visita de Pedro
Paulo recebeu Pedro com grande entusiasmo. Repetiu-lhe a história da primeira viagem missionária à Ásia Menor, e contou-lhe como DEUS o abençoara, juntamente com Barnabé, na pregação aos gentios. O coração do velho pescador aqueceu-se com cada palavra. Comoveu-se com a fraternidade que observou em Antioquia. Judeus e gentios reuniam-se ao redor da mesma mesa, compartilhando as refeições como membros de uma única família. Isso seria algo inconcebível em Jerusalém; proibido pela Lei Mosaica. E, infelizmente, os crentes em CRISTO ainda levavam em conta tal proibição.
Encontrar e ouvir Pedro, o velho pescador que conhecera JESUS pessoalmente e que podia descrever as histórias ocorridas em seu ministério terreno, foi uma experiência memorável para os cristãos de Antioquia.
Pedro estava vendo e experimentando uma liberdade em CRISTO que nunca antes conhecera. Em Antioquia, um negro e um branco sentavam-se juntos. Um escravo e seu senhor eram um em CRISTO. Não havia diferença entre judeu e gentio, desde que ambos tivessem sido batizados pelo ESPÍRITO de DEUS na igreja. Estavam unidos por um laço mais forte que qualquer outra coisa neste mundo.
A Propagação da Discórdia
Pedro alegrou-se com tudo o que viu, até o dia em que mensageiros autonomeados chegaram a Jerusalém para espalhar a discórdia. Eles sabiam tudo sobre Barnabé e Paulo, e a história do seu trabalho no Ocidente os desagradara. Resolveram então ir a Antioquia, e interromper quaisquer o era em mais gentios à Igreja. Por serem da igreja de Jerusalém, julgavam-se revestidos de autoridade. Com ousadia, advertiram os gentios de que não seriam cristãos, a não ser que se submetessem primeiro aos mandamentos dados por Moisés aos israelitas.
Pedro ouviu falar deles, e reconheceu tratarem-se dos fariseus que criam em JESUS, mas não conseguiam desistir do Judaísmo. Eles representavam muitos de seus conterrâneos, e o seu zelo em purificar a Igreja de todos os gentios era suficientemente grande para levá-los a fazer uma viagem tão longa. Pedro não concordava, mas temendo que viessem a perturbar seu ministério em Jerusalém, decidiu que enquanto estivessem presentes, se afastaria dos gentios. Isso lhe pareceu necessário porque alguns daqueles homens tinham grande influência na igreja e eram nitidamente sinceros.
Paulo Enfrenta os Perturbadores da Ordem
Nem Pedro nem os visitantes da Judéia tinham qualquer idéia da grande força e convicção de Paulo. Em dias passados, Paulo tinha sido um deles e sabia exatamente quais eram os pensamentos de um fariseu. Portanto, não teve piedade; lutou com todas as forças contra aqueles homens que estavam tentando destruir a liberdade desfrutada pelos cristãos mediante a graça de DEUS. Eles afirmavam não haver salvação sem observância da Lei. Eram um inimigo formidável, pois até Barnabé ficou impressionado e, por um momento, começou a duvidar se agira corretamente ao admitir os gentios (Gl 2.12,13).
Certo dia, numa assembléia da igreja, os visitantes falaram tão convicta-mente, que uma sombra de incerteza pairou sobre a congregação.
Paulo subiu à plataforma. Já vira e ouvira o suficiente! Era hora de colocar aqueles perturbadores no seu devido lugar! Eles haviam confundido muitos dos gentios cristãos com a sua estreiteza de espírito. Ou não compreendiam a graça de DEUS, ou eram inimigos da Igreja, como os lobos que se insinuam para espalhar o rebanho. Disse então a Pedro e aos outros judeus:
Nós somos judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em JESUS CRISTO, temos crido em JESUS CRISTO, para sermos justificados pela fé de CRISTO e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Pois, se nós, que procuramos ser justificados em CRISTO, nós mesmos também somos achados pecadores, é porventura, CRISTO ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para DEUS. Já estou crucificado com CRISTO; e vivo não mais eu, mas CRISTO vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de DEUS, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2.1521).
Enquanto Paulo continuava argumentando, Barnabé compreendeu que errara ao dar ouvidos aos visitantes da Judéia, e pensou na forma como DEUS movera o coração dos gentios em toda a Ásia. Estava convencido de que Paulo tinha razão, e agradeceu ao Senhor pela coragem que o levara a opor-se aos falsos mestres.
A resposta era clara. A igreja tinha de chegar a uma decisão definitiva sobre a questão dos gentios. A controvérsia não poderia ser resolvida em Antioquia, mas apenas em Jerusalém, onde muitos queriam que a Igreja continuasse como mera seita judaica.
O Apelo a Jerusalém
Embora o argumento de Paulo tivesse vencido temporariamente, e todos tivessem ficado felizes na igreja de Antioquia, eles compreendiam que, para o futuro da Igreja, alguma norma definitiva tinha de ser estabelecida. O conselho concordou então que Paulo e Barnabé fossem enviados a Jerusalém, onde deliberariam com os apóstolos e resolveriam essa importante questão.
Era inverno, e os barcos costeiros permaneceriam ancorados até a primavera. Portanto, teriam de viajar cerca de 11.200 quilômetros por terra. Isso significava seis longas semanas, ou mais, e embora a viagem não fosse novidade para Paulo, ele achou mais seguro viajar em caravana.
Providos de alimentos, roupas quentes e dinheiro dado pela igreja, Paulo e Barnabé partiram pela estrada do litoral. O céu estava carregado e cinzento, mas os cristãos de Antioquia acompanharam-nos até certo ponto do caminho. Após a despedida, os crentes voltaram às suas casas a fim de orar pela segurança dos amigos e para que tivessem êxito em sua missão.
Dia após dia, os três cavalgaram pela estrada pavimentada. Os rios tinham se tornado caudalosos com as chuvas, mas havia pontes de pedra para atravessá-los. Ao cair da noite, apressavam-se para chegar a algum vilarejo onde encontrar abrigo. No pátio da estalagem, armavam a tenda e acomodavam-se para passar a noite.
Os apóstolos pararam em muitas aldeias por toda a província da Fenícia, e quando chegaram a Tiro e Sidom, ficaram por alguns dias, encontrando vários grupos de crentes e confirmando-os na fé. Paulo recapitulou, para ouvidos atentos, a história da sua viagem à Panfília, Pisídia e Licaônia. Os cristãos agradeceram a DEUS, e animaram a Paulo com suas orações. Rogaram que o Senhor protegesse o grupo que se dirigia a Jerusalém com o propósito de resolver a questão dos gentios.
Em Samaria havia muitos cristãos e, em cada igreja, os discípulos contaram a história do seu trabalho em Antioquia e na Ásia Menor. Os cristãos de Samaria ficaram contentes com o relato. Eles nunca tinham ficado presos às regras dos rabinos de Jerusalém, e quando Paulo contou sobre os gentios que aceitaram a CRISTO, alegraram-se muito. Fortaleceram os apóstolos em sua jornada, com a esperança de que DEUS honraria o seu testemunho em Jerusalém.
Quando foram avistadas as montanhas da Judéia, os três servos do Senhor estavam realmente completando outra viagem missionária, pois haviam fortalecido e confirmado as igrejas ao longo de todo o trajeto até a Cidade Santa. Fazia seis anos que Paulo visitara Jerusalém, levando as ofertas dos santos de Antioquia. Mas dessa vez, encontrava-se ali para defender a si mesmo e aos cristãos gentios dos ataques dos falsos mestres, que procuravam destruir-lhe a liberdade.
Na casa da mãe de Marcos, encontraram vários líderes da igreja. Esses homens os receberam cordialmente, e ouviram de boa vontade a narrativa de como DEUS operara por meio de Barnabé e Paulo na grande viagem. Paulo ficou sabendo que os falsos mestres, que tanto perturbaram os crentes de Antioquia, não haviam sido enviados oficialmente pela igreja de Jerusalém, nem eram líderes desta.
Diante de uma grande platéia, Barnabé e Paulo discorreram sobre as suas viagens e sobre o poder de DEUS para salvar pessoas que antes adoravam ídolos. Mesmo assim, houve quem se levantasse e declarasse que todos esses estrangeiros não eram cristãos de verdade porque não obedeciam à Lei de Moisés. Estavam até comendo carne que não fora preparada de acordo com a lei! Enquanto esses homens estreitavam as portas do reino, Paulo argumentava que a retidão jamais seria conferida a qualquer homem por obedecer à Lei de Moisés, mas sim pela fé no Senhor JESUS, que tinha os braços abertos a todos.
A Solução da Grande Controvérsia
A solução não foi encontrada de imediato. Após muita disputa e acirradas discussões, os apóstolos e presbíteros convocaram uma reunião para considerarem as várias opiniões e chegarem a uma decisão. Participaram da reunião representantes dos dois partidos. Suas opiniões eram tão inflexíveis que a amargura insinuou-se no debate. Só com grande dificuldade Tiago, o irmão do Senhor, e líder reconhecido da igreja-mãe, conseguiu manter a ordem.
A seguir, Pedro, o discípulo que falara com JESUS exatamente sobre o assunto, e que conhecera a vontade de DEUS através de uma visão repetida três vezes, levantou-se e exigiu atenção de todos:
Varões irmãos, bem sabeis que já há muito DEUS me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e cressem. E DEUS, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o ESPÍRITO SANTO, assim como também a nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração pela fé. Agora, pois, por que tentais a DEUS, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor JESUS, como eles também (At 157-11).
Pedro sentou-se e a multidão ficou em silêncio. Todos os olhos voltaram-se a Barnabé e Paulo, esperando que dessem a última palavra. Mas Paulo já dera sua opinião e só lhe restava confirmá-la, descrevendo os sinais e prodígios operados por DEUS quando ele e Barnabé pregaram o Evangelho em terras distantes.
Depois disso, ninguém mais falou. Até os que se opunham ferozmente a Paulo não puderam mais defender sua posição. Alguns ainda não se achavam inteiramente convencidos, mas não puderam argumentar contra o poder de DEUS.
Após alguns minutos de silêncio, Tiago, respeitado por todos como irmão do Senhor, resumiu os pensamentos colhidos na reunião:
"Varões irmãos, ouvi-me", disse ele solenemente e com grande dignidade. Os ouvintes inclinaram-se para ouvir cada sílaba, pois ele era o seu chefe e diria, sem dúvida, palavras de sabedoria.
Varões irmãos, ouvi-me: Simão relatou como, primeiramente DEUS visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isso concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Pelo que julgo que nào se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a DEUS, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e, cada sábado, é lido nas sinagogas (At 15.1315,19-21).
A Primeira Carta Circular as Igrejas
Para tornar oficial a decisão, Tiago e os outros discípulos escreveram uma carta para ser lida e explicada na igreja de Antioquia. Judas e Silas foram escolhidos para a levar o documento até lá. Era tão importante a decisão do primeiro concilio, que eles enviaram seus principais membros como portadores das notícias; homens revestidos da maior dignidade aos olhos da igreja.
Essas foram palavras sábias, com as quais todos os apóstolos e presbíteros concordaram. Paulo vencera a grande controvérsia: estrangeiros de todo o mundo, de qualquer procedência, poderiam ser cristãos sem prestar obediência à lei judaica. Resgatada da estreiteza do Judaísmo, a Igreja estender-se-ia ao mundo todo. Os cristãos estavam livres da sinagoga!
Essa foi a primeira das cartas circulares às igrejas. O próprio Paulo, em anos posteriores, usaria esse método de escrever às igrejas, assim como Pedro e João.
Paulo e Barnabé viajaram para casa com o coração leve. Seu entusiasmo não conhecia limites! Agora, podiam fazer um relatório alegre a todas as congregações. A Igreja dera finalmente um grande passo e removera suas cadeias para sempre. Que imensurável satisfação para os crentes gentios!
Retornando a Antioquia, Paulo e Barnabé convocaram os cristãos a fim de comunicar- lhes o resultado da reunião em Jerusalém. O silêncio reinou quando Judas e Silas foram apresentados. Seus nomes eram bastante conhecidos na igreja de Jerusalém, e os crentes de Antioquia tiveram grande satisfação em recebê-los.
Os dois contaram sobre as reuniões em Jerusalém e do debate acalorado com respeito aos gentios. A seguir mostraram a carta assinada por Tiago, onde estava escrito.
Os apóstolos, e os anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia, saúde.
Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento), pareceu- nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que expuseram a vida pelo nome do nosso Senhor JESUS CRISTO. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao ESPÍRITO SANTO e a nós não vos impor maior encargo, senão essas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada, e da fornicação; dessas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At 15.23-29).
A congregação louvou a DEUS pela notícia e decidiu, mais fervorosamente que nunca, propagara mensagem da salvação por JESUS CRISTO a todo o mundo gentio - até à própria Roma!
Embora para os discípulos a grande disputa houvesse terminado, muitos em Jerusalém não estavam plenamente convencidos. Com o passar dos anos, em diversas igrejas por todo o império, Paulo os encontraria pregando seus padrões farisaicos. Alguns argumentavam que a liberdade da Igreja corria risco e que a obra de CRISTO estava dividida. Mas agora, finalmente, os apóstolos tinham liberdade para pregar aos gentios e recebê-los com todos os direitos na Igreja. A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA
Paulo permaneceu em Antioquia durante todo o inverno. As estradas das montanhas estavam cobertas de neve e os barcos ancorados no cais, onde permaneceriam até que as brisas da primavera enchessem o ar. A oficina onde Paulo fabricava suas tendas era um ponto de comércio e local de encontro para os cristãos, que gostavam de levar os amigos não convertidos para ouvirem-no falar de JESUS. Barnabé era o amigo e companheiro constante de Paulo. Com eles, a igreja tinha uma liderança leal e criara novas forças.
Além de Paulo e Barnabé, outros homens vindos de Jerusalém ocupavam posições de liderança em Antioquia, e pregavam na cidade e aldeias vizinhas. Um deles, chegado recentemente, era Silas. Depois de cumprir sua missão na igreja de Antioquia, Silas decidira deixar sua antiga casa e encontrar trabalho na Síria, onde poderia desfrutar da amizade dos novos irmãos.
A Separação de Paulo e Barnabé
Quando o clima se tornou favorável às viagens, Paulo sentiu que deveria visitar outra vez as igrejas do Ocidente. Eram igrejas novas; precisavam ser orientadas. Paulo carregava no coração um peso constante por esses cristãos novos, e à medida que o plano foi-se-lhe formando na mente, procurou o amigo Barnabé, na esperança de viajarem juntos outra vez.
Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estáo (At 15-36).
Barnabé concordou, e imediatamente tiveram início os preparativos para a partida. Todavia, Barnabé achou que deveriam levar João Marcos, seu primo, para ajudar no trabalho. Mas Paulo recusou terminantemente. Marcos tivera a sua oportunidade e os abandonara nas montanhas da Panfília, justamente quando mais precisavam dele. Desde que Marcos optara pela segurança da cidade, Paulo não estava disposto a repetir a experiência. Certamente, a mão de DEUS não estivera na primeira associação de Marcos com os dois apóstolos. Por que haveriam de supor que as coisas fossem diferentes agora?
Barnabé, porém, estava decidido a ponto de pôr em risco o sucesso do empreendimento. Sua determinação colidiu com a recusa direta de Paulo e houve discussão entre ambos. Era a primeira vez que isso acontecia. As palavras trocadas foram tão ásperas que os planos para viajarem juntos tiveram de ser cancelados. Um motivo tão insignificante serviu para separar os amigos que juntos haviam enfrentado tantos perigos. Mas cada um julgava estar com a razão, e nenhum quis ceder.
DEUS finalmente transformou o mal em bem: em vez de um, dois grupos foram formados. Barnabé navegou para Chipre, levando consigo seu jovem primo Marcos, enquanto Paulo convidou Silas a acompanhá-lo às igrejas da Ásia Menor.
A briga foi violenta e áspera, mas de pouca duração. Com o passar dos anos, Marcos justificaria plenamente a confiança do primo, e Paulo alegrar-se-ia em recebê-lo e servir-se dele como um honrado ministro. Prevaleceria o amor de DEUS, e o sentimento provocado pela disputa dissipar-se-ia ante a necessidade de espalhar o Evangelho.
A Segunda Viagem Missionária
Barnabé e Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram por terra ao longo da estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias de Listra. O zelo demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e dera-lhe a certeza de que DEUS honraria o seu testemunho onde quer que fosse. Silas, como Paulo, era cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar grandes coisas para DEUS, enquanto visitavam as cidades gentias.
Com as mochilas às costas, e os jumentos carregados de provisões, despediram-se dos irmãos e partiram para o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo viajara quando criança para ir a Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e ele tinha a sensação de conhecer cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em grupos, juntando-se aos mercadores e peregrinos.
Provavelmente, Paulo conhecia bem a Síria e a Cilícia. Bem pode ser que tenha pregado em muitas aldeias e cidades dessa região, enquanto aguardava o chamado de DEUS em Tarso. Havia diversas pequenas igrejas em lugarejos perto da estrada, e Paulo pretendia visitá-las, confirmando-as na fé e encorajando-as a manter firme lealdade a CRISTO.
As igrejas precisavam realmente dessa visita. Não tinham o Novo Testamento para orientá-las na vida cristã e, às vezes, as ondas da perseguição eram enormes. Receber a visita do apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da igreja-mãe, e ouvir sobre os cristãos de outras cidades, era sem dúvida de grande ajuda.
Na Cilícia
Paulo e Silas viajaram por estradas acidentadas e trilhas pedregosas. Foram de cidade em cidade, algumas vezes seguindo o curso do rio, outras, subindo as trilhas das montanhas. Mas seguiam conscientes da presença de DEUS e de que seu povo carecia de encorajamento. Onde chegavam, encontravam amigos que lhes ofereciam hospitalidade e convidavam outros crentes para conhecerem os apóstolos. Atravessaram assim a passagem elevada da montanha, que levava à Cilícia. As estradas eram íngremes nos Montes Amanos, e havia poucas cidades na parte ocidental da província. Essa era a terra natal de Paulo, e ele estivera muitas vezes em cada vilarejo, vendendo suas tendas. Mais tarde, pregara o Evangelho nessa região. Agora, portas amigas abriam-se para eles em todos os lugares. Os cristãos reuniam-se com os apóstolos e ouviam Silas ler a carta de Jerusalém. Também compraziam-se com a pregação de Paulo.
No Lar em Tarso
Finalmente, deixaram o desfiladeiro e os rochedos escarpados, descendo à vasta planície no vale do Cnido. Tarso continuava sendo o lar de Paulo, embora seus pais já houvessem falecido. Havia uma igreja em Tarso, e muitos amigos que Paulo conhecera na sinagoga faziam agora parte dela. Eles alegraram-se com a sua volta e o acolheram juntamente com Silas. Era um privilégio conhecer aqueles homens a quem DEUS escolhera para levar o Evangelho ao mundo. A igreja havia prosperado e contava com muitos gentios entre seus membros. Não havia diferenças na comunhão; amavam-se como membros de uma mesma família.
A carta de Tiago foi lida aos cristãos de Tarso. Paulo advertiu-os a que se mantivessem firmes na liberdade cristã, sem se contaminarem com a idolatria.
Na Licaônia
Paulo e Silas pretendiam visitar as igrejas recém-estabelecidas. Portanto, despedindo-se dos cristãos de Tarso, juntaram-se ao fluxo constante de mercadores na importante estrada que seguia para a província da Licaônia, atravessando os Portões da Cilícia, no lado norte do Monte Tauro. Apenas um ano se passara desde que Paulo e Barnabé haviam deixado Derbe. Quando a cidade surgiu à sua frente, animaram-se com a expectativa de uma recepção amigável.
Lembranças dos santos de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia inundaram a mente de Paulo. Lembrou-se da disposição com que receberam o Evangelho e de seu zelo face à perseguição. O coração do apóstolo aqueceu-se com a idéia de revê-los. Estariam todos lá, ou alguns teriam voltado aos ídolos?
Os dois homens alegraram-se ao ver a fidelidade desses irmãos em CRISTO. Como ficaram felizes por rever Paulo! Mas este não pôde demorar muito em qualquer desses lugares. Sua missão não era fundar igrejas. Isso já fora feito e ele notou que, desde sua primeira visita, a Igreja crescera em cada cidade. Isto foi um grande incentivo a Paulo. Depois de falarem sobre a decisão do concilio de Jerusalém e lerem a carta de Tiago, Paulo e Silas partiram apressados, desejosos de chegar a novos lugares.
Não enfrentaram perseguição nessa viagem, porque não fazia parte de seus planos pregar nas praças do mercado. Isto estava sendo feito por outros, e o Senhor vinha acrescentando diariamente à igreja os que aceitavam a CRISTO.
Em Listra, Paulo visitou a casa de Timóteo, recordando a bondade de Lóide e Eunice, especialmente quando fora apedrejado e jogado quase morto numa vala fora da cidade. O testemunho de Timóteo agradou tanto a Paulo e Silas, que ambos pensaram em convidar o jovem a acompanhá-los na jornada. Ele substituiria João Marcos, que desertara na primeira viagem.
Listra e Timóteo
No ano em que Paulo e Barnabé ali estiveram, Timóteo trabalhara tão fielmente na igreja que os membros mais velhos tinham muitos elogios a fazer-lhe. Timóteo era filho de pai grego e mãe judia. Seu pai, como muitos gregos cultos da época, talvez não tivesse encontrado qualquer satisfação em seus deuses pagãos. Ele aparentemente concordara, de boa vontade, que sua esposa ensinasse ao menino a religião judaica. Timóteo ouvira desde a infância as histórias do Antigo Testamento, e podia descrever os tratos de DEUS com seu povo e sua promessa do Messias. No correr do tempo, a mãe de Timóteo, Eunice, ouvira o Evangelho. Assim como o jovem Timóteo, ela e sua mãe idosa, Lóide, creram em JESUS como o CRISTO e foram recebidas na igreja.
Agora, de boa vontade, Eunice entregava a DEUS o rapazinho, deixando que acompanhasse os missionários numa viagem a terras distantes - talvez ao estrangeiro - levando as Boas Novas. Paulo amava o rapaz, chegando até a chamá-lo de filho. Orgulhosa por um de seus jovens estar sendo convocado por DEUS, a igreja de Listra fez uma reunião especial. Os presbíteros, com Paulo e Silas, impuseram as mãos sobre Timóteo, em oração solene, separando-o para o ministério.
A Mensagem de Icônio
A cidade de Icônio ficava a apenas quarenta quilômetros de distância, e os cristãos de lá souberam da chegada de Paulo. Quando o pequeno grupo de viajantes se aproximou, a notícia correu, e muitos crentes foram cumprimentar Paulo. Eles lembravam-se de sua primeira visita e dos muitos milagres que operara naquela ocasião. Aqueles cristãos amavam o apóstolo Paulo; deviam a salvação ao seu esforço incansável na pregação do Evangelho. Silas leu a carta de Tiago aos cristãos judeus e gentios, que se rejubilaram ao saber que eram um só em CRISTO e membros do mesmo corpo. Não era sempre que podiam ouvir homens como aqueles, por isso ficaram até tarde fazendo perguntas e tirando as dúvidas que tinham em seu primeiro ano de vida como igreja. Paulo teve prazer em ajudá-los e fortalecê-los com palavras de exortação, animando-os a manterem-se firmes na fé em CRISTO JESUS e a pregar acerca dEle, aonde quer que fossem.
Em Antioquia da Pisídia
A mesma advertência foi repetida em Antioquia, e o coração dos cristãos animou-se com a visita e as notícias das outras igrejas. Em toda parte houve júbilo com o conteúdo da carta de Tiago. Era como se um grande fardo tivesse sido removido dos ombros dos cristãos gentios. Antes, sentiam-se infelizes pela incerteza da sua posição. A própria igreja sentia-se inquieta ao pensar que alguns discípulos de Jerusalém não admitiriam gentios em sua comunhão. Mas agora, tudo fora resolvido e a igreja desfrutou de grande paz.
Sensibilidade à Liderança divina
Paulo, Silas e o novo companheiro, Timóteo, gostaram das visitas, mas queriam seguir para um território onde o Evangelho ainda não tivesse penetrado. Sentindo que já haviam ficado o suficiente em Antioquia da Pisídia, despediram-se dos amigos. Juntando-se a um grupo de viajantes, seguiram na direção nordeste, para a província da Galácia. Sua idéia era ir até as colônias judaicas do mar Negro. A estrada era boa, não muito íngreme nem perigosa. Saía dos montes Sultão e estendia-se por planícies cobertas de matas, passando por vales aprazíveis e chegando ao mar distante. Viajar sozinhos, porém, não era recomendável, pois os lobos, leopardos e leões eram comuns no planalto, para além das montanhas. As feras não molestavam os grupos grandes; os que viajavam sozinhos, porém, jamais chegavam ao seu destino.
Depois de percorrerem cerca de 160 quilômetros, chegaram às exuberantes florestas da Bitínia, onde as encostas desciam suavemente até o mar Negro. Estavam aproximando-se do seu objetivo, e a viagem parecia convidativa. Mas, de repente, Paulo compreendeu que DEUS não queria que fossem à Bitínia. Quer tivesse sonhado ou tido uma visão, ficou cada vez mais claro que deveriam voltar. Paulo vivia bem perto do Senhor, e era sensível à sua orientação; jamais começava qualquer viagem sem primeiro colocar seus planos diante de DEUS. De alguma forma, tornou-se evidente que deveria desistir daquela viagem e seguir noutra direção.
Paulo Adoece na Galácia
Consultando-se entre si, decidiram ir para a Ásia, pregando ao longo do caminho. Mas o ESPÍRITO de DEUS falou-lhes claramente que não deveriam se demorar pregando na Ásia. Ficaram perplexos, imaginando aonde DEUS finalmente os levaria. Voltando pela estrada em direção ao ocidente, Paulo adoeceu e o grupo teve de parar em uma das cidades da Galácia. Prosseguir era impossível; Paulo estava fraco e precisava descansar. Os irmãos daquela igreja cuidaram bondosamente dele e fizeram o possível para que se restabelecesse. Trataram-no como a "um anjo de DEUS".
Bem mais tarde, Paulo escrever-lhes-ia, recapitulando toda a história:
E vós sabeis que primeiro vos anunciei o Evangelho estando em fraqueza na carne. E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne; antes, me recebestes como a um anjo de DEUS, como JESUS CRISTO mesmo. Qual é, logo, a vossa bem- aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daria (Gl 4.13-15).
Podemos supor que Paulo sempre tenha tido problemas com os olhos, e sua enfermidade talvez tivesse sido uma recidiva que provocou uma inflamação. Considerando isto um obstáculo ao seu ministério, orou ao Senhor, em três ocasiões, rogando que lhe removesse a doença. Embora DEUS ouvisse e atendesse às orações de Paulo, sua resposta foi um não. Em vez de curá-lo, DEUS concedeu-lhe forças para vencer e provar que o sofrimento e a fraqueza podem ser suportados com dignidade.
Em Trôade
Com a ajuda de DEUS, Paulo recuperou-se o suficiente para continuar viagem. Sem saber o que o Senhor lhes reservava, os três viajaram para o Oeste, e atravessaram a província de Mísia, onde não tiveram oportunidade de pregar. Certo dia, encontraram-se no porto de Trôade, à beira das águas azuis do mar Egeu. Trôade era um porto famoso. Era a Tróia* da conhecida poesia de Homero e palco de muitas batalhas. A história do cavalo de Tróia desperta hoje o mesmo interesse que despertava nos dias de Homero.
Paulo, porém, não tinha tempo para pensar no passado; ele refletia sobre o presente e o futuro. Do alto dos montes que circundavam a cidade, podia-se ver as ilhas gregas estendendo- se como degraus para que um gigante atravessasse o mar a seco. Os viajantes sabiam que além delas achava-se o grande continente europeu, que abrangia as extremidades das terras conhecidas, pelo homem. Ali encontrava-se o abismo da ignorância paga, e também o centro da cultura grega; para além, a grande cidade de Roma, a terra dos Césares.
Essa era uma civilização rica em estátuas, templos e palácios senhoriais. O povo adorava nos santuários da lascívia e do prazer, rendendo homenagens a Júpiter, Saturno e Juno, assim como a um exército de deuses menores.
Paulo e Silas permaneceram ali, perguntando-se aonde o Senhor desejaria levá-los. Ansiavam por envolver-se na pregação do Evangelho. Estavam perplexos por DEUS não lhes ter aberto uma porta em quaisquer cidades ou metrópoles do norte da Ásia Menor. Agora encontravam-se em Trôade, uma cidade-fortaleza romana. Seria esse o lugar escolhido por DEUS, ou teriam de continuar viajando?
Enquanto esperavam dia após dia, travaram conhecimento com um pequeno grupo de cristãos. Paulo não lhes ministrou, mas encontrou entre eles aquele que veio a ser seu melhor amigo: Lucas. O médico amado, escritor do Evangelho que lhe leva o nome e do livro de Atos, juntou-se aos três viajantes em Trôade. Ele já era cristão e, apesar de muito respeitado como médico, estava disposto a passar a vida curando almas.
*Há divergências quanto à nomenclatura utilizada. Trôade não deve ser confundida com a Tróia dos relatos de Homero.
O Chamado para a Macedônia
Certa noite, DEUS falou a Paulo num sonho. Paulo podia ver as ilhas da Grécia estendendo-se como uma ponte sobre o mar Egeu, até as ilhas distantes... Um homem da Macedônia, de pé, com os braços estendidos, suplicava-lhe que cruzasse o mar e fosse ajudá-lo e a seus conterrâneos. O chamado há tanto esperado chegara afinal. O suspense terminara. Pela manhã, Paulo contou o sonho a Silas, Timóteo e Lucas, e todos concordaram que o Senhor queria que fossem à Europa. Não havia tempo a perder. Naquela mesma manhã, com suas bagagens às costas, saíram à procura de um navio que fosse para o Ocidente. Quando a fresca da noite desceu sobre a cidade e o vento sul assoprou, o navio desfraldou as velas iniciando a jornada de 160 quilômetros, que levaria os apóstolos até Filipos, na Macedônia.
No dia seguinte, alcançaram a ilha de Samotrácia; à noite, desembarcaram em Neápolis. Após uma noite de descanso, fizeram uma viagem curta, pegando a estrada pavimentada que seguia o rio para o interior, até a cidade de Filipos.
A Obra de Paulo em Filipos
"Passa à Macedônia e ajuda-nos!" tinha sido o grito do macedônio. É claro que a ajuda de que precisavam não se tratava de instrução. Pois eles tinham escolas muito melhores que as da Judéia. Tão pouco necessitavam ajuda para se tornarem fortes ou ricos. Filipos tinha riqueza, e aqueles quatro homens nada poderiam lhes acrescentar. O que nem os romanos nem os gregos possuíam era a felicidade verdadeira. Os prazeres eram abundantes, mas sem CRISTO não havia como serem saciados. Filipos tinha sido capturada anos antes por Roma, e muitos cidadãos romanos vieram morar na cidade. Ela tornara-se parte do grande Império Romano que se estendia por toda a terra, desde a Bretanha até a Palestina. Era agora uma colônia livre de impostos, e tinha entre seus habitantes muitos romanos de alta categoria.
Não havia sinagoga na cidade, porque o número de judeus era pequeno. Os poucos que havia reuniam-se todos os sábados para orar num lugar afastado, fora da cidade, às margens de um rio. O pequeno grupo compunha-se em sua maioria de mulheres. Algumas delas eram prosélitas que, abandonando a idolatria, haviam encontrado na religião de Israel algo infinitamente melhor.
Lídia, a Vendedora de Púrpura
Os quatro homens destacavam-se entre as mulheres. E quando Paulo começou a pregar, o coração de uma determinada gentia comoveu-se grandemente. Tratava-se de Lídia, comerciante de Tiatira, do outro lado do mar. Lídia era uma viúva que se vira forçada a manter o próprio negócio, como vendedora de tecidos feitos de púrpura. Tiatira era conhecida pela sua tinta de púrpura, e Lídia enriquecera vendendo suas mercadorias às mulheres romanas da cidade.
O coração de Lídia sensibilizou-se com o sermão. Ela cria no DEUS dos hebreus e, como eles, esperava o Messias. Paulo pregou. O ESPÍRITO de DEUS abriu o coração dessa mulher especial, e ela recebeu JESUS. As margens do rio, tendo as outras mulheres por espectadoras, Lídia foi batizada. E toda a sua casa seguiu-lhe o exemplo!
Grande hospitaleira, Lídia insistiu que Paulo e seus companheiros ficassem em sua casa. A princípio eles rejeitaram o oferecimento para não constrangê-la. O plano de Paulo fora sempre sustentar-se com a fabricação de tendas, mas Lídia não aceitou qualquer desculpa e obrigou-os a acatar o convite.
No decorrer das semanas, os quatro homens não perderam qualquer oportunidade de dar testemunho de CRISTO. Todos os sábados, reuniam-se no lugar de oração dos judeus, junto ao rio, e falavam aos presentes sobre as riquezas insondáveis do Evangelho. Só algumas mulheres tornaram-se cristãs. Evódia e Síntique creram, juntamente com dois homens - Epafrodito e Clemente - e alguns outros cujos nomes constam do Livro da Vida. Ainda que os resultados fossem pequenos, eram reais. Paulo animou-se a ficar e pregar não só perto do rio, mas também nos bazares e praças.
A ESCRAVA (Ptonisa)
Tudo parecia ir bem, quando a oposição surgiu de fonte inesperada. Havia uma jovem escrava possuída por um espírito maligno, que fazia adivinhações. As pessoas procuravam-na para conhecer o futuro, e seus donos muito lucravam com o preço das consultas. Ela atraía homens inseguros que não se aventuravam a fazer negócios, ou resolver casos de amor, sem primeiro consultar um médium que afirmasse manter contato com o mundo espiritual.
Da mesma forma que o espírito maligno reconhecera JESUS como o Filho de DEUS, o espírito nessa moça percebeu que os apóstolos eram enviados do Senhor. Seguindo-os diariamente pelas ruas e na praça do mercado, a escrava gritava aos passantes: "Esses homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do DEUS Altíssimo" (At 16.17). Seus donos ficaram aborrecidos, mas ela não se importou porque na verdade os odiava. A mensagem de Paulo cativara-a de tal forma, que ela esperava todos os dias na rua até que os apóstolos aparecessem.
Paulo, no entanto, não se agradou do testemunho dos demônios. Indignado com aquela importunação diária, voltou-se à escrava e ordenou, em nome do Senhor JESUS, que o espírito a deixasse. A moça ficou parada, atônita; estava finalmente livre, senhora de suas faculdades.
A Prisão de Paulo e Silas
Vendo seu meio de vida ser tirado por aqueles judeus, os donos da escrava ficaram furiosos. Enraivecidos, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram pelas ruas, gritando aos que passavam. Uma grande multidão os acompanhou, pensando tratar-se de algum ladrão. Paulo e Silas foram levados à praça do mercado, sob a acusação de haverem perturbado a paz. Foi fácil colocar o povo contra eles, uma vez que os judeus eram muito odiados. O imperador Cláudio não mandara banir todos os judeus de Roma?
Numa extremidade da praça, dois magistrados romanos estavam sentados numa plataforma elevada, sob um dossel que os abrigava do sol. A tarefa deles era ouvir e julgar as queixas do povo. Esse foi o primeiro tribunal de justiça. Arrastando os apóstolos pelas vestes e pelos cabelos, os perseguidores levaram-nos aos magistrados.
"Esses homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade." Acusaram-nos aos berros. "E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos" (At 16.20-21). A multidão gritava: "Fora com eles! Fora com os judeus!"
Os magistrados deixaram-se convencer. Não permitiram aos prisioneiros qualquer julgamento ou defesa. Se soubessem que Paulo era cidadão romano, sem dúvida o tratariam com respeito, mas nada lhe perguntaram. Os juizes deram ordens para que fossem publicamente açoitados. Depois de descobrirem as costas dos presos, os pretores avançaram e levantaram as varas. Enquanto os apóstolos encolhiam-se de dor sob os açoites, a plebe gritava: "Prendam os judeus!"
Machucados e sangrando, Paulo e Silas foram levados à prisão e entregues ao carcereiro, com instruções para guardá-los com toda a segurança. Os dois foram então levados para um cárcere interior, onde ficaram com os pés presos ao tronco. Ao deixá-los naquele lugar úmido e frio, o carcereiro ficou imaginando o porquê daqueles homens que não pareciam marginais serem julgados tão perigosos.
Na casa de Lídia, Timóteo e Lucas passaram uma noite angustiosa, e oraram em companhia da dona da casa e de outros cristãos. Mas não foram os únicos a orar: Paulo e Silas também não conseguiam dormir. Suas costas continuavam doendo por causa dos açoites e o tronco tornava o sono impossível. Entretanto, podiam orar, e foi o que fizeram. A paz caiu sobre eles, e começaram a cantar alguns dos salmos que conheciam desde a infância - salmos de louvor a DEUS. "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?" (SI 27.1).
A Conversão do Carcereiro
Aqueles sons no meio da noite eram sem dúvida estranhos. Os outros prisioneiros estavam acostumados com gemidos e maldições, mas jamais tinham ouvido algo assim. O que poderia ser? Estavam escutando os cânticos em silêncio quando, de repente, um som baixo e ameaçador fez-se ouvir. Aquilo que a princípio parecia um trovão à distância foi aumentando cada vez mais. O chão começou a tremer. Um terremoto! O chão balançava, subindo e descendo; as portas foram arrancadas dos batentes e as cadeias dos prisioneiros abriram-se, libertando-os.
O carcereiro acordou com o choque. Saltando da cama, seu primeiro pensamento foi para os prisioneiros sob seus cuidados. Teria algum escapado? Em caso afirmativo, como se explicaria com Roma? Ao primeiro olhar, viu que as portas estavam escancaradas. Lá estava a pesada porta de madeira, arrancada dos gonzos. Com uma tocha na mão, apressou-se pelo corredor.
As celas interiores estavam danificadas; suas portas, completamente abertas. O homem puxou rapidamente a espada. Era melhor acabar logo com tudo, escapando ao horror de um julgamento e da execução pública. Paulo viu quando ele pôs a espada na garganta para suicidar- se. Uma voz alta e clara, saída da escuridão, assustou o carcereiro: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos" (At 16.28).
Trêmulo, ele pegou a tocha e entrou na cela, onde caiu prostrado aos pés de Paulo e Silas. O homem sentia-se tremendamente perplexo. Não conseguia entender porque não haviam escapado. Paulo explicou-lhe que eram cidadãos romanos e não tinham necessidade de fugir; além disso, eram servos do Senhor DEUS e levavam a mensagem de salvação aos gentios.
Encontrado o caminho que procurara durante toda a vida, o carcereiro exclamou: "Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?" (16.30).
Sem hesitar, Paulo respondeu: "Crê no Senhor JESUS CRISTO e serás salvo, tu e a tua casa" (16.31).
No pátio da prisão, com a poeira do terremoto ainda pesando no ar e o ruído da confusão nas ruas escuras lá fora, Paulo pregou as boas-novas de grande alegria, e explicou o significado de crer. Imediatamente, o brutal carcereiro passou das trevas para a luz.
Solícito, levou os apóstolos para sua casa, onde se achavam sua esposa e filhos. Ali, lavou-lhes as costas doloridas. Depois de limpar o sangue, esfregou ungüento nas feridas abertas pelas varas dos pretores. Naquela noite Paulo contou-lhes tudo sobre JESUS e, antes do dia amanhecer, uma família inteira tornou-se cristã e foi batizada.
Quando raiou o dia, mensageiros dos magistrados bateram à porta da prisão. Traziam uma mensagem amedrontada dos seus senhores: "Soltai aqueles homens" (v. 35).
Na mente dos magistrados estava claro que a catástrofe fora um castigo de DEUS por terem colocado dois de seus servos na prisão. Entretanto, quando o carcereiro levou a Paulo e Silas a notícia da sua liberdade, estes não a receberam de bom grado.
Diga a seus senhores - declarou Paulo - que somos romanos e eles não podem encobrir sua injustiça, livrando-se de nós às ocultas.
Paulo conhecia os direitos da cidadania romana; podia apelar à própria Roma, se quisesse. Sabia que os magistrados estavam agora à sua mercê.
Diga aos seus senhores que venham pessoalmente e nos ponham em liberdade.
Os orgulhosos magistrados, com medo de perderem o cargo, viram que não havia outra opção senão atender ao desejo dos prisioneiros. Sem perda de tempo, apresentaram suas humildes desculpas em pessoa, suplicando aos apóstolos que nada dissessem sobre o erro cometido, e deixassem a cidade o mais rápido possível. Eles levaram Paulo e Silas para a rua e, publicamente, os libertaram.
Os apóstolos não deixaram imediatamente a cidade. Procuraram a paz e tranqüilidade da casa de Lídia, até que suas feridas sarassem e pudessem viajar. Receberam os cuidados de Timóteo e do doutor Lucas, e foram visitados pelos poucos que haviam levado a CRISTO.
A Primeira Igreja na Europa
Durante aqueles dias de restabelecimento, Paulo e Silas tiveram a alegria de acolher na nova igreja de Filipos ao homem que lhes prendera os pés ao tronco, assim como todos os de sua casa. Mediante sofrimento e fidelidade, o pequeno grupo cresceu até tornar-se uma das mais fortes igrejas.
Quando Paulo e Silas sentiram-se suficientemente curados para deixar Filipos, despediram-se dos crentes e partiram para Tessalônica, a capital da Macedônia. Lucas e Timóteo ficaram em Filipos por algum tempo, a fim de fortalecer a igreja.
A estrada que os dois apóstolos escolheram era a melhor da província, pavimentada com blocos de mármore. Depois de cerca de 169 quilômetros, chegaram a Anfípolis, uma cidade maior que Filipos. Ansiosos, não ficaram ali; prosseguiram para o sul e para o oeste, passando por Apolônia e descendo a grande Via Inácia, até a cidade que Alexandre, o Grande, chamara de Tessalônica, em homenagem à sua irmã.
Paulo em Tessalônica
Ao sair da região montanhosa, eles contemplaram as águas azuis do golfo e entraram na cidade passando por um enorme arco de mármore, esculpido com cinco cabeças de touros enfeitadas de guirlandas. Esse monumento era uma lembrança perpétua de que Otávio e Antônio haviam ganho a batalha de Filipos. Tessalônica, por ter apoiado os generais conquistadores, tornara-se uma cidade livre. Isto significava que podia escolher seus próprios magistrados, livrar-se das guarnições romanas, e não sujeitar-se de forma alguma ao governador romano da Macedônia.
Os apóstolos hospedaram-se na casa de Jasom, parente de Paulo, e testemunharam na sinagoga durante três sábados. Paulo começava com as profecias do Antigo Testamento, explicando aos conterrâneos que elas foram cumpridas em JESUS de Nazaré. Alguns murmuraram depois de seus apelos veementes, e os líderes da sinagoga opuseram-se à sua doutrina, proclamando que era falsa. Todavia, outros creram e tornaram-se amigos de Paulo, seguindo-o por toda parte e encorajando-o em sua pregação. A maioria dos convertidos era formada por prosélitos gregos e esposas de oficiais, que haviam abandonado os ritos imorais da adoração aos ídolos. Elas haviam encontrado no Judaísmo uma religião onde a mulher era respeitada.
Paulo e Silas não se limitaram a pregar apenas na sinagoga, mas aproveitavam todas as oportunidades para dar testemunho de JESUS. Em três semanas, conseguiram reunir um número suficiente de cristãos para formar uma igreja. Não perderam tempo. Os cristãos reuniam-se todas as noites com Paulo e Silas, que lhes explicavam as verdades do Evangelho. À medida que outros enxergavam a luz, também eram recebidos na congregação. Estabelecer uma igreja em três semanas era uma tarefa colossal, mas foi o que Paulo e Silas fizeram, não só levando os convertidos a CRISTO como também instruindo-os na fé. Antes dessas breves semanas terminarem, Paulo falou-lhes sobre a volta do Senhor e os sinais dos tempo. Advertiu-os sobre o abandono da fé, que precederia a vinda do anticristo.
Paulo É Obrigado a Deixar Tessalônica
Paulo era um trabalhador incansável, capaz de formar uma comunidade forte de cristãos quase da noite para o dia. Mas, como de costume, os judeus incrédulos levantaram-se contra ele. Instigaram um grande grupo de malfeitores, que rodearam a casa de Jasom atirando pedras no pátio e exigindo que Paulo e Silas lhes fossem entregues. Enfurecidos, derrubaram a porta e procuraram em cada aposento, descobrindo que os dois não se encontravam na casa. Jasom providenciara em tempo a fuga de ambos, mas ele mesmo não escapou. A turba agarrou-o, como também a outros cristãos, e arrastou-os até a praça do mercado, onde as autoridades mantinham seu tribunal:
Esses que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui, os quais Jasom recolheu. Todos esses procedem contra os decretos de César, dizendo que há outro rei, JESUS (At 17.6,7).
A acusação era grave e não podia ser ignorada. Os magistrados tomaram nota e ficaram muito perturbados; o assunto poderia acabar em desastre. Ordenaram que Jasom e seus amigos pagassem fiança e voltassem no dia do julgamento.
Como Jasom era homem de posses, a fiança foi paga e todos tiveram permissão de voltar para casa. Naquela mesma noite, depois de conferenciarem, os irmãos procuraram Paulo e Silas e explicaram como seriam prejudicados se eles ficassem. Então, enquanto a cidade dormia, os dois saíram disfarçados pelos portões, e dirigiram-se ao sul, para a cidade de Beréia.
A Acolhida em beréia
Timóteo juntou-se a Paulo e Silas em Beréia. Ele chegara de Filipos, onde ficara com Lucas para fortalecer a igreja, e encontrou-os na sinagoga. Timóteo sabia que era costume de Paulo procurar a casa de adoração dos judeus, portanto esperou lá por ele. Quando os apóstolos chegaram, ensinaram na sinagoga que JESUS era o CRISTO e provaram isso pelas Escrituras. Paulo ficou surpreso e contente ao ver que os judeus o ouviam sem fazer oposição. De fato, mostraram verdadeiro interesse, devorando cada palavra pregada. A seguir, foram buscar os grandes rolos guardados numa caixa por trás da cortina azul, e examinaram diligentemente as palavras de Isaías, de outros profetas e da Lei de Moisés, traçando a história do Messias até no seu livro de hinos. Não aceitariam a mensagem até provarem pelas Escrituras a sua autenticidade. Ao descobrirem que as citações de Paulo não continham qualquer erro, receberam alegremente a mensagem e creram em JESUS.
Tudo ia bem até que as notícias chegaram a Tessalônica, levadas por algum judeu ingênuo, que não pretendia fazer mal. Uma onda de oposição rebentou quase que imediatamente sobre a igreja recém-formada. Um bando de judeus zelosos precipitou-se de Tessalônica e, com mentiras, incitaram os membros da sinagoga contra Paulo. Principal alvo do ataque maldoso, Paulo achou melhor seguir o conselho dos irmãos e deixou a cidade.
Atenas, uma Cidade Idolatra
Um grupo de cristãos conduziu Paulo ao porto de Dio, onde ele embarcou para Atenas, a maior cidade da Grécia. Seus amigos acompanharam-no até chegar a Atenas, mas deixaram- no ali e regressaram.
Silas e Timóteo ficaram em Beréia para fortalecer os cristãos. Quando terminassem o trabalho, iriam encontrar-se com Paulo em Atenas. Ambos permaneceram com relativa segurança em Beréia, pois os inimigos achavam que, sendo Paulo o chefe, não precisavam preocupar-se com eles.
Depois da retirada dos amigos, Paulo ficou absolutamente só em uma das cidades mais belas do mundo: Atenas - a "Mãe da Grécia". A cidade era dominada pela Acrópole, um monte com a parte superior plana e rochosa, que servia de base a vários templos. Quinhentos anos antes, Atenas estivera no apogeu da sua glória, mas desde que fora saqueada pelos romanos, encontrava-se sob o seu domínio. Paulo estivera em muitas cidades, mas nunca visitara um lugar tão belo e cheio de esculturas de mármore brilhando ao sol. Os edifícios em estilo clássico eram elegantes e graciosos. O povo era culto e orgulhava-se de sua liberdade de pensamento. Arquitetura, pintura, escultura e grandes bibliotecas podiam ser encontradas em toda parte. Ao longo de cada rua, e em cada praça, havia estátuas e altares - santuários construídos para a adoração de muitos deuses. Paulo ficou surpreso ao ler as inscrições. Seu coração acelerou-se ao admirar o esplendor das estátuas, algumas feitas por Fídias, o maior de todos os artífices em mármore. Mas também apiedou-se ao pensar na cegueira do povo ateniense.
Naquelas mesmas ruas e naquela mesma praça ao pé da Acrópole, Sócrates ensinara ao povo; Platão instruíra seus seguidores naquele mesmo lugar; Demóstenes, o grande orador, era uma lembrança do passado. A marca de todos eles fora deixada na cultura daquele povo altivo. Abaixo dos templos da Acrópole, ficava o teatro de Dionísio com seus assentos de mármore estendendo-se sobre o vale. Todas as noites as multidões aglomeravam-se nele para assistir às importantes peças teatrais. Não havia dúvida de que aquele povo era o mais inteligente, refinado e complacente que Paulo já encontrara.
O apóstolo alojou-se perto da sinagoga e decidiu ficar ali até a chegada de Silas e Timóteo. Porém não estava satisfeito. Aqueles ídolos e seus templos não lhe suscitaram admiração, mas preocupação e piedade. Gostaria que todos fossem derrubados e, ao invés da confusão dos deuses, o povo pudesse ver o DEUS vivo e verdadeiro. Todas aquelas estátuas desonravam ao Senhor, e Paulo queria ver em Atenas uma igreja que apagasse cada ídolo do coração de seus habitantes.
No sábado, ele foi pregar o Evangelho aos seus conterrâneos na sinagoga, mas não conseguiu ganhar nenhum deles. Desanimado, saiu de lá e começou a pregar nas ruas e praças. Muita gente dispôs-se a ouvi-lo; havia nas ruas um grande número de pessoas que apreciavam uma discussão. Elas passavam o dia indo de um filósofo a outro, à procura de alguma doutrina nova que pudesse tornar-se moda em Atenas.
Em toda parte havia sinais de idolatria. Queimavam incenso diante de cada imagem. Num altar próximo, Paulo viu mulheres levantando as crianças até o ídolo, num oferecimento. O apóstolo sentiu o coração confranger-se ao ver a cidade completamente entregue à idolatria.
Certo dia, descobriu numa única rua os templos de Atena, Artemis e Afrodite. Ao lado deles havia altares dedicados à Guerra, Fama, Piedade e Modéstia. Em toda a cidade havia três mil estátuas e altares onde os atenienses ofereciam sua adoração vazia. Paulo leu muitas inscrições enquanto caminhava pelas ruas, e ficou imaginando como um povo tão religioso poderia ser tão cego. Sondou as faces das pessoas e percebeu que estavam cansadas dos seus deuses.
Alguns filósofos, estóicos e epicureus, encontraram Paulo numa praça e indagaram: Que quer dizer esse paroleiro?... Parece que é pregador de deuses estranhos... Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos pois saber o que vem a ser isso (At 17.18-20).
O Sermão da Colina de Marte (Areópago)
Logo depois do mercado barulhento, na metade do caminho que levava aos templos da Acrópole, ficava um semicírculo rochoso, conhecido como a colina de Marte. Paulo foi conduzido a esse lugar para contar sua história.
Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais náo o conhecendo, é o que eu vos anuncio
(At 17.22,23).
Imediatamente interessada, a platéia inclinou-se à escuta. Com um olhar para o conjunto de templos no topo do monte, e ao próprio Parthenon - edifício mais perfeito do mundo - Paulo continuou:
O DEUS que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. E de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.
Sendo nós, pois, geração de DEUS, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens" (At 27.24-29).
A audiência agradou-se do discurso e, animada, ficou à espera de mais. Sem dúvida, ali estava alguém de grande cultura. Era judeu, mas conhecia os poetas gregos. E Paulo então continuou:
Mas DEUS, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam. Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos (At 1730-31).
Um cascatear de risos ouviu-se entre o povo, quando ele falou em ressurreição. "Esse homem deve estar louco para pregar tais asneiras!" E não quiseram mais ouvi-lo.
Alguns mais educados sugeriram que o ouviriam noutra ocasião, mas Paulo percebeu tratar-se de uma desculpa amável para se livrarem dele.
O apóstolo já encontrara todas as formas de oposição, mas aquela era a primeira vez que alguém ria de suas palavras. Isso silenciou-o mais que os insultos e pedradas. Com um sentimento de fracasso, deixou a colina de Marte; desceu às praças logo abaixo e perdeu-se na multidão. Enquanto lutava com a crescente sensação de desânimo, ouviu passos às suas costas.Voltando-se, deparou com um pequeno grupo de homens e mulheres que se apressava para alcançá-lo. Seus rostos eram amigáveis; queriam fazer mais perguntas sobre a nova doutrina. Dionísio, um membro do conselho da sinagoga de Atenas, e uma mulher chamada Dâmaris, além de outros atenienses não nomeados, creram em suas palavras e receberam a JESUS CRISTO.
Paulo começou a inquietar-se em Atenas. Pensava nos cristãos de Beréia, onde Silas e Timóteo se encontravam, e imaginava a razão de não ter notícias de lá. Sentiu-se tentado a viajar novamente para o norte e até planejou voltar a Tessalônica, mas as circunstâncias o impediram. Será que o longo silêncio significava oposição? Teriam os judeus de Tessalônica continuado a perseguir Silas e Timóteo? Paulo temia pela igreja de Tessalônica. A perseguição ali fora penosa, e ele ficava a pensar se a fé dos irmãos resistiria à prova. Ele só estivera com aqueles crentes durante três semanas...
Paulo em Corinto
Não mais suportando a longa espera, Paulo enviou um cristão ateniense para indagar sobre o bem-estar dos crentes de Tessalônica, e deixou uma mensagem avisando que ia para Corinto. Se Timóteo e Silas chegassem, deveriam ir à capital, onde ele os esperaria.
Com uma sensação de liberdade, deixou para trás Atenas e seus templos de mármore. A lembrança dos risos no dia em que pregou sobre o CRISTO ressurreto ainda queimava-lhe no peito. Perguntava-se porque o Senhor não lhe dera mais almas naquela cidade.
Com o espírito abatido, Paulo encontrou um navio que ia para Corinto, capital da Acaia. Sabendo que seu dinheiro estava acabando, começou a questionar o significado exato da visão sobre o homem da Macedônia. Até então, só tivera uma série de decepções; fugira de cada cidade a fim de salvar a vida, deixando aos companheiros de viagem a tarefa de estabelecer a nova igreja.
Áquila e Priscila
Embora desanimado, Paulo procurou um local onde pudesse usar a arte que aprendera em Tarso. Encontrou uma rua onde os fabricantes de tendas tinham suas lojas, e entrou na oficina de Áquila. O Senhor parecia tê-lo encaminhado justamente àquele lugar, pois Áquila era um refugiado judeu banido de Roma pelo imperador Cláudio. Ele e sua mulher, Priscila, haviam se estabelecido no negócio de tendas em Corinto, poucas semanas antes da chegada de Paulo.
Áquila gostou da ajuda extra, e Priscila, ao saber que Paulo era judeu, acolheu-o de bom grado. Bastaram alguns dias de trabalho para que Áquila apreciasse ainda mais a habilidade de Paulo na fabricação de tendas. Enquanto costurava o couro, Paulo contava as maravilhosas experiências que tivera; como DEUS o protegera das dificuldades e o livrara da prisão. O casal ficou espantado por aquele artesão ter sido um rabino, e haver perseguido ardentemente a seita dos nazarenos. Pouco a pouco, abriram seus corações a CRISTO e foram salvos.
A antiga Corinto, mais velha que Atenas, tivera tantas batalhas travadas em suas ruas que só restaram ruínas. Reconstruída por Júlio César, era agora uma bela cidade e, durante cem anos, ocupara na Grécia uma posição de proeminência. Grande centro comercial, atraiu logo os judeus da região. A adoração à Afrodite, deusa do amor, também centralizava-se ali. Famosa por suas riquezas e inclinação aos prazeres e vida fácil, Corinto tornou-se símbolo do pecado. Marinheiros e mercadores do mundo inteiro levavam a história de Corinto às suas terras, aumentando-lhe a fama de pecado e encanto.
Paulo foi apresentado na sinagoga como um judeu que freqüentara o templo de Jerusalém, e recebeu permissão para falar. Mas discursou com um sentimento de fraqueza. Embora houvesse argumentado, provado e persuadido tanto judeus quanto gregos, teve de lutar contra o crescente desânimo que começara a envolvê-lo.
SILAS, TIMÓTEO E PAULO EM CORINTO
Silas e Timóteo finalmente chegaram. Tinham estado em Atenas e souberam que Paulo havia partido para Corinto. Que alívio vê-los e ouvir as notícias! Agora Paulo sabia que não estavam presos e que tudo ia bem. E as igrejas de Beréia e Tessalônica? Tinham notícias de Lucas em Filipos? Os cristãos estavam firmes?
Sim, as notícias eram boas. As igrejas em toda parte continuavam firmes na fé. E mais: estavam testemunhando em toda a Macedônia e muitos haviam se rendido a CRISTO nas últimas semanas. DEUS estava operando nas igrejas e abençoando o testemunho de seus seguidores. Os irmãos não haviam esquecido Paulo; lembravam-se diariamente dele em suas orações, do mesmo modo que este se lembrava deles. Como demonstração do seu amor, tinham enviado uma oferta em dinheiro para o seu sustento; assim, em vez de trabalhar, Paulo poderia dedicar-se integralmente ao ministério. O coração do apóstolo alegrou-se grandemente ao ouvir essas notícias. Seu desânimo desapareceu como a neblina da manhã ao nascer do sol. O antigo zelo voltou, e com grande vigor, deu início a uma campanha para a conversão dos coríntios.
Quando, porém, os judeus se lhe opuseram, blasfemando contra o Senhor, Paulo os abandonou, advertindo-os de que o sangue deles cairia sobre as suas próprias cabeças.
"Desde agora parto para os gentios" (At 18.6).
E foi o que fez. Como resultado, muitos coríntios creram e foram batizados. Todavia, antes de partir, teve a grande alegria de ganhar Crispo, o principal da sinagoga. Seu coração aqueceu-se ao vê-lo ser batizado com a mulher e os filhos!
Depois da chegada de Timóteo e Silas, a casa de Áquila ficou pequena para abrigar todos eles. Foram então alojar-se ao lado da sinagoga, na casa de um cristão chamado Justo. Paulo, porém, continuou trabalhando sempre que necessário.
Com o passar dos dias, a enorme tarefa de testemunhar àquela cidade sem CRISTO começou a pesar-lhe nos ombros. Enquanto refletia no assunto, um temor sorrateiro foi tomando conta de seu coração. Corinto era, indiscutivelmente, a cidade mais perversa do mundo, e Paulo perguntava a si mesmo se haveria ali qualquer esperança de sucesso.
Certa noite, deitado em seu leito na casa de Justo, Paulo teve uma visão. O Senhor disse-lhe palavras semelhantes às que DEUS dissera a Josué, muitos anos atrás, quando o coração dele se acovardara:
Não temas, mas fala e não te cales. Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nessa cidade (At 18.9,10).
Isso era tudo o que Paulo precisava saber. Lembrou-se então do dia em que estivera face a face com JESUS, na estrada de Damasco, e pôde ouvir novamente as palavras do Senhor repetidas por Ananias:
Esse é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (At
9.15,16).
Paulo passou a pregar com zelo renovado. Os missionários trabalharam durante um ano e meio, procurando converter homens e mulheres, tanto judeus quanto gentios. Empregavam todos os esforços para trazê-los das trevas do pecado para a família de DEUS. Muitos vieram a conhecer a verdade e separaram-se da sua antiga e corrupta religião, ganhando uma nova vida em CRISTO.
A Primeira Epístola Aos Tessalonicenses
Paulo ficou tão comovido com a oferta de Tessalônica e o relatório positivo a respeito daquela igreja, que resolveu escrever-lhes uma carta. Esta pode ter sido a sua primeira carta. Era dirigida a todos os discípulos de Tessalônica, e elogiava-os por sua firmeza na fé, mesmo em face à perseguição. Agradecido pela ajuda, Paulo escreveu-lhes uma carta de conselhos paternais, recordando-lhes os ensinamentos que lhes ministrara, e insistindo para que crescessem na graça e andassem como verdadeiros filhos de DEUS. Deveriam ser cada vez mais profícuos no testemunho e no viver diário, atentos à aproximação da volta do Senhor para buscar os salvos - tanto os mortos como os vivos. Era uma linda carta, expressando o afeto do apóstolo por seus filhos na fé.
Paulo e seus amigos demoraram-se bastante em Corinto, e seu ensino teve maior sucesso ali que em qualquer outro lugar. A igreja aumentava a cada dia, à medida que o povo mais humilde tornava-se cristão. Mas nem tudo foi fácil e bem-sucedido; alguns judeus detestaram a mensagem de Paulo, e ficaram à espera de uma oportunidade para dar vazão ao seu ódio. Certo dia, conforme planejado, eles incitaram um grupo de ociosos a agarrarem o apóstolo enquanto este pregava. Paulo foi levado diante do tribunal de Gálio, o procônsul romano. Gálio era um homem bondoso; recebera o cargo porque o imperador Cláudio conhecia a sua sabedoria e capacidade. Diante de Gálio, os judeus não sabiam como apresentar uma acusação válida contra aquele prisioneiro que não oferecia resistência. A única acusação que podiam formular era fraca aos seus próprios ouvidos. Não podiam culpar o apóstolo de perturbar a paz ou instigar uma revolta, e disseram contrafeitos: "Esse persuade os homens a servir a DEUS contra a lei" (At 18.13).
Enquanto Paulo preparava-se para responder à acusação, Gálio levantou-se e declarou:
Se houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos sofreria. Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós há, vede-o vós mesmos; porque eu não quero ser juiz dessas coisas (At 18.14,15).
Impaciente e irado, expulsou-os do tribunal. Muitos gregos que haviam testemunhado a cena ressentiram-se contra os judeus. Ofendidos, agarraram Sóstenes, o principal da sinagoga, e espancaram-no diante do tribunal. Gálio ficou sentado calmamente, sem aplaudir nem censurar. Desde que a raiva deles não fosse dirigida a Roma, tudo o mais lhe era indiferente.
Depois de vários meses, o homem que levara a primeira carta de Paulo a Tessalônica voltou e contou como a epístola fora recebida. Ela resolvera algumas das dificuldades dos tessalonicenses, mas aparentemente suscitara outras, especialmente com respeito à volta de CRISTO. Alguns entenderam que o tempo era tão curto, que deveriam parar de trabalhar e viver do que haviam poupado, pois em questão de dias, seriam recebidos nos céus para estar com o Senhor.
A Segunda Epístola aos Tessalonicenses
Paulo discutiu o problema com Silas e Timóteo e decidiu enviar uma segunda carta. Elogiou os tessalonicenses por sua paciência na tribulação e suplicou-lhes que não se deixassem perturbar com palavras de homens ou cartas falsas, que julgavam ser dele. Alguém lhes forjara uma carta em nome de Paulo, afirmando que a volta de CRISTO aconteceria naqueles dias, e que talvez até já houvesse acontecido. Paulo recordou-lhes o grande plano de DEUS; lembrou-os de que nos últimos dias muitos se desviariam do Senhor, e o homem da iniqüidade viria para se opor a tudo o que era de DEUS. Assegurou-lhes ainda de que as perseguições que estavam sofrendo não eram, absolutamente, a Grande Tribulação:
Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer bem. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por essa carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe (2 Ts 2.15; 3.13-14).
A Volta de Paulo a Antioquia da Síria
Pouco depois desses acontecimentos, Paulo admitiu que a igreja de Corinto já estava suficientemente forte; podia deixá-la e dedicar-se a outro trabalho. De algum modo, sentiu-se impelido a voltar a Antioquia da Síria. Queria igualmente visitar Jerusalém por ocasião da festa. Áquila e Priscila estavam indo para Éfeso, e Paulo decidiu ir com eles. Silas e Timóteo não os acompanharam; permaneceram em Corinto para continuar o trabalho.
A viagem marítima para Cencréia, porto de Corinto, foi agradável e sem incidentes. O navio permaneceu em Éfeso o tempo suficiente para Paulo visitar a sinagoga, onde discutiu com os judeus e mostrou-lhes JESUS, o CRISTO das Escrituras. Os judeus não se opuseram ao apóstolo dos gentios, nem à sua mensagem. Ao contrário, pediram-lhe que ficasse mais tempo. Não sendo possível, Paulo prometeu visitá-los em breve. Deixando Áquila e Priscila testemunhando em Éfeso, voltou ao navio que o levou em segurança para Cesaréia, o porto mais próximo de Jerusalém.
Não se demorou na cidade santa. Sua principal preocupação ali era visitar outra vez a igreja-mãe. A época era de festa e as ruas estavam repletas de peregrinos. Paulo cumprimentou os cristãos e renovou sua amizade com Tiago, Pedro e os demais discípulos que se reuniam na casa de Maria. Depois voltou a Antioquia, a igreja que o enviara em todas as suas viagens. 1 Co 3.3 AINDA SOIS CARNAIS - Tres classes de pessoas - BEP CPAD
1Co 2.14,15 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do ESPÍRITO de DEUS, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido”.
DIVISÃO BÁSICA DA RAÇA HUMANA.
As Escrituras dividem todos os seres humanos em geral, em duas classes.
(1) O homem/mulher natural (gr. psuchikos, 2.14), denotando a pessoa irregenerada, i.e., governada por seus próprios instintos naturais (2Pe 2.12). Tal pessoa não tem o ESPÍRITO SANTO (Rm 8.9), está sob o domínio de Satanás (At 26.18) e é escravo da carne com suas paixões (Ef 2.3). Pertence ao mundo, está em harmonia com ele (Tg 4.4) e rejeita as coisas do ESPÍRITO (2.14). A pessoa natural não consegue compreender a DEUS, nem os seus caminhos; pelo contrário, depende do raciocínio ou emoções humanas.
(2) O homem/mulher espiritual (gr. pneumatikos, 2.15; 3.1) denota a pessoa regenerada, i.e., que tem o ESPÍRITO SANTO. Essa pessoa tem mentalidade espiritual, conhece os pensamentos de DEUS (2.11-13) e vive pelo ESPÍRITO de DEUS (Rm 8.4-17; Gl 5.16-26). Tal pessoa crê em JESUS CRISTO, esforça-se para seguir a orientação do ESPÍRITO que nela habita e resiste aos desejos sensuais e ao domínio do pecado (Rm 8.13,14).Como tornar-se um crente espiritual? Aceitando pela fé a salvação em CRISTO, a pessoa é regenerada; o ESPÍRITO SANTO lhe confere uma nova natureza mediante a concessão da vida divina (2Pe 1.4; ver o estudo A REGENERAÇÃO ). Essa pessoa nasce de novo (Jo 3.3,5,7), é renovada (Rm 12.2), torna-se nova criatura (2Co 5.17) e obtém a justiça de DEUS mediante a fé em CRISTO (Fp 3.9).
UMA DISTINÇÃO ENTRE OS CRENTES.
Embora o crente nascido de novo receba a nova vida do ESPÍRITO, ele tem residente em si a natureza pecaminosa, com suas perversas inclinações (Gl 5.16-21). A natureza pecaminosa que no crente existe, não pode ser mudada em boa; precisa ser mortificada e vencida pelo poder e graça do ESPÍRITO SANTO (Rm 8.13). O crente obtém tal vitória negando-se a si mesmo diariamente (Mt 16.24; Rm 8.13; Tt 2.11,12), deixando todo impedimento ou pecado (Hb 12.1), e resistindo a todas as inclinações pecaminosas (Rm 13.14; Gl 5.16; 1Pe 2.11). Pelo poder do ESPÍRITO SANTO, o próprio crente guerreia contra a natureza pecaminosa e diariamente a crucifica (Gl 5.16-18,24; Rm 8.13,14) e a mortifica (Cl 3.5). Pela abnegação e submissão à obra santificadora do ESPÍRITO SANTO em sua vida, o crente em CRISTO experimenta a libertação do poder da sua natureza pecaminosa e vive como um crente espiritual (Rm 6.13; Gl 5.16).
Nem todo crente se esforça como devia para vencer plenamente sua natureza pecaminosa. Ao escrever aos coríntios, Paulo mostra (3.1,3) que alguns deles viviam como carnais (gr. sarkikos), i.e., ao invés de resistirem com firmeza às inclinações da sua natureza pecaminosa, entregavam-se a algumas delas. Embora não vivessem em contínua desobediência, estavam em parceria com o mundo, a carne e o diabo em certas áreas das suas vidas, e mesmo assim querendo permanecer como povo de DEUS (10.21; 2Co 6.14-18; 11.3; 13.5).
(1) A figura do crente carnal. Embora os crentes de Corinto não vivessem em total carnalidade e rebeldia, nem praticassem grave imoralidade e iniqüidade, que os separaria do reino de DEUS (ver 6.9-11; cf. Gl 5.21; Ef 5.5), estavam vivendo de tal maneira que já não cresciam na graça, e agiam como recém-convertidos, sem divisar o pleno alcance da salvação em CRISTO (13.1,2). A carnalidade deles era vista na “inveja e contendas” (3.3). Não se afligiam com a imoralidade dentro da igreja (5.1-13; 6.13-20). Não levavam a sério a Palavra de DEUS, nem os ministros do Senhor (4.18,19). Moviam ação judicial, irmãos contra irmãos, por razões triviais (6.6-8). Observe-se que aos crentes coríntios que estavam vivendo em imoralidade sexual ou pecados semelhantes, Paulo os têm como excluídos da salvação em CRISTO (5.1,9-11; 6.9,10).
(2) Perigos para os cristãos carnais. Os cristãos carnais de Corinto corriam o perigo de se desviarem da pura e sincera devoção a CRISTO (2Co 11.3) e de se conformarem cada vez mais com o mundo (cf. 2Co 6.14-18). Caso isso continuasse, seriam castigados e julgados pelo Senhor, e se continuassem a viver segundo o mundo, acabariam sendo excluídos do reino de DEUS (6.9,10; 11.31,32). Realmente, alguns deles já estavam mortos espiritualmente, por viverem em pecados que levam a isso (ver 1Jo 3.15 nota; 5.17 nota; cf. Rm 8.13; 1Co 5.5; 2Co 12.21; 13.5).
(3) Advertências aos cristãos carnais. (a) Se um crente carnal não tomar a resolução de se purificar de tudo quanto desagrada a DEUS (Rm 6.14-16; 1Co 6.9,10; 2Co 11.3; Gl 6.7-9; Tg 1.12-16), ele corre o risco de abandonar a fé. (b) Devem tomar como exemplo o fato trágico dos filhos de Israel, que foram destruídos por DEUS por causa de seus pecados (10.5-12). (c) Devem entender que é impossível participar das coisas do Senhor e das coisas de Satanás ao mesmo tempo (Mt 6.24; 1Co 10.21). (d) Devem separar-se completamente do mundo (2Co 6.14-18) e se purificar de tudo quanto contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a sua santificação no temor do Senhor (2Co 7.1). SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 7 - Paulo, o Plantador de Igrejas - 4º TRIMESTRE DE 2021 - CPAD OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mostrar que Paulo foi um desbravador sob uma gloriosa obrigação;
Sinalizar Antioquia como ponto de partida para o crescimento da igreja;
Pontuar as características de um plantador de igrejas.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Nesta lição, perceberemos o quanto o espírito desbravador do apóstolo Paulo se relaciona com a origem do Movimento Pentecostal no mundo. Em seus primórdios, e durante a sua rica história, plantar igrejas a partir de círculos de oração nas casas, ponto de pregações foram estratégias dadas pelo ESPÍRITO para que hoje tornássemos um dos maiores seguimentos do mundo.
Solicite aos alunos para relacionar o processo de plantação de igrejas que vemos na vida e no ministério do apóstolo Paulo com a realidade atual na dimensão concreta do nosso bairro, cidade, estado e país.
PONTO CENTRAL - A experiência com CRISTO é o fator motivacional para plantar igrejas. SÍNTESE DO TÓPICO I - O apóstolo Paulo foi um desbravador de CRISTO sob uma gloriosa obrigação.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A igreja de Antioquia foi o ponto de partida para Paulo plantar inúmeras igrejas.
SÍNTESE DO TÓPICO III - Paulo tinha em CRISTO a sua motivação para plantar igrejas.
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO TOP1
Leve em conta as seguintes estratégias para começar a aula na classe a partir dos seguintes fatores:
Inicie a aula com uma oração;
Distribua sete tirinhas com a referência bíblica de acordo com a ordem da seção LEITURA DIÁRIA;
Peça para cada aluno ler a referência bíblica recebida. Entretanto, leve em conta a ordem conforme a seção LEITURA DIÁRIA;
Essa ação ajuda quebrar o gelo na classe e introduzir o assunto CONHEÇA MAIS TOP2
*Plantando Igrejas
“Não onde CRISTO houvera sido nomeado. O esforço ministerial de Paulo centralizava-se nas missões. Optou por concentrar seus esforços nas áreas onde o evangelho não tinha sido pregado suficientemente e assim facultou àqueles que não tinham ouvido a oportunidade de aceitarem a CRISTO.” Para ler mais, consulte a “Bíblia de Estudo Pentecostal”, editada pela CPAD, p.1726.
DEUS nos chama e confirma esse chamado no Corpo de CRISTO (At 9.17-22). SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP2
“Atos 13 foi o início da primeira viagem missionária de Paulo. A igreja estava envolvida no envio de Paulo e Barnabé, mas o plano era de DEUS. Por que Paulo e Barnabé foram a tais lugares? (1) Por que o ESPÍRITO SANTO os dirigiu. (2) Eles seguiram pelas estradas do Império Romano, o que tornou a viagem mais fácil. (3) Visitaram populações e centros culturais importantes, a fim de alcançarem tantas pessoas quanto fosse possível. (4) Foram as cidades que possuíam sinagogas; falaram primeiro aos judeus, com esperança de que estes recebessem a JESUS como o Messias e ajudassem a divulgar as Boas Novas aos demais povos.
Paulo e Silas iniciaram uma segunda viagem missionária, com a finalidade de visitar cidades onde Paulo já havia pregado. Desta vez, fizeram um trajeto maior por terra, não por mar; viajaram ao longo da estrada romana (por um desfiladeiro em meio às montanhas Taurus), que ligava a Cilicia às cidades de Derbe, Listra e Icônio, a noroeste. O ESPÍRITO SANTO lhes instruiu a não irem à Ásia; por esta razão, dirigiram-se a Bitínia, no norte. Novamente o ESPÍRITO SANTO lhes disse não, então passaram pela parte ocidental, por Misa, a fim de chegarem à cidade portuária de Trôade” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, pp.1508,29).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP3
“Paulo ressalta o fato de que todas as nossas considerações a respeito da Igreja e de sua missão não são meras abstrações, nem simples assuntos a serem estudados ou debatidos. A Igreja é uma comunidade visível que reflete a missão de um DEUS reconciliador. A Igreja deve ser a ‘hermenêutica do Evangelho’, o lugar onde as pessoas poderão ver o Evangelho retratado em cores vivas (2 Co 3.3). Como o Evangelho pode ser suficientemente fidedigno e poderoso a ponto de levar as pessoas a crerem que um homem pendurado na cruz realmente tem a derradeira palavra nos assuntos humanos? Sem dúvida, a única resposta, a única hermenêutica, é uma congregação que crê nisso e que vive à altura de sua fé (Fp 2.15,16). Isso quer dizer: somente uma igreja ativa na missão pode dar a razão adequada para a necessidade da reconciliação que o mundo está pedindo aos brados sem ter consciência disso” (KLAUS, Byron D. A Missão da Igreja. 19.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.585).
PARA REFLETIR - A respeito de “Paulo, o Plantador de Igrejas”, responda:
A que a vida e o ministério de Paulo nos constrangem? Sua vida e ministério nos constrangem a semear o Evangelho e a plantar igrejas em lugares onde pessoas nunca ouviram falar do Evangelho (Rm 15.20).
Qual o trabalho duplo que envolve a plantação de igreja? A plantação de igreja envolve um trabalho duplo: do homem e de DEUS.
Qual foi o ponto de partida no ministério do apóstolo Paulo? A igreja em Antioquia foi o ponto de partida de Paulo para a extraordinária obra de plantar igrejas entre os gentios.
Qual foi a mudança de rumo no ministério de Paulo? De fato, nessa segunda viagem houve uma mudança de rumo sob a direção do ESPÍRITO, quando ele teve a visão de um macedônio que dizia: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9).
Onde o apóstolo foi experimentado? O apóstolo foi experimentado no deserto da Arábia (Gl 1.17,18).
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 87 p. 39.
fonte http://www.apazdosenhor.org.br