A conduta do cristão no relacionamento familiar
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Sobre o cristão e a família
O estudo a seguir deve ser colocado sob o princípio da submissão, conforme está implícito em Efésios 5.21: "Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus". Esse princípio põe em destaque a autoridade de Deus sobre as coisas criadas. A relação entre marido e esposa está debaixo desse princípio de autoridade e sujeição. A esposa submete-se ao marido, como ao Senhor; o marido, por sua vez, ama a esposa e submete-se ao Senhor. A autoridade do marido não é independente, mas é sujeita à autoridade divina. Da mesma forma, os filhos sujeitam-se à autoridade dos pais no temor do Senhor.
"Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor". A sujeição das esposas a seus maridos tem um novo sentido no Novo Testamento, visto que no Antigo Testamento havia maior restrição às mulheres em relação aos seus direitos. Foi no Novo Testamento que se deu nova dimensão aos privilégios femininos, mui especialmente às mulheres casadas. A sujeição das esposas não significa escravidão, pelo contrário, dignifica sua posição na sociedade por causa de Cristo.
A Bíblia define a posição da mulher em relação ao homem e a coloca não em superioridade, mas em certa posição inferior ao homem. Não há posição de igualdade entre ambos. E uma questão bíblica e divina. Entretanto, a Bíblia não diminui o valor moral e espiritual da mulher, mas coloca-a no seu devido lugar. Deus não dá o direito ao homem de desrespeitar a sua mulher nem de desmerecê-la.
A sujeição das esposas deve ser espontânea, porque é uma sujeição baseada no amor e no temor do Senhor. O apóstolo diz que a sujeição deve ser "como ao Senhor".
Essa sujeição não é cega, mas consciente. O apóstolo Paulo, ao falar do assunto na carta aos Colossenses 3.18, diz às casadas: "... estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém ao Senhor". O final da frase explica o tipo de sujeição das casadas a seus maridos — "como convém no Senhor". A sujeição da mulher ao marido tem um sentido espiritual. Na criação, o homem foi feito cabeça da mulher, isto é, o líder da família, mas essa sujeição da mulher não anula a sua personalidade.
A conduta dos maridos é baseada na mesma regra exposta no texto, quando fala de Cristo e sua Igreja. O amor é a expressão máxima desse relacionamento. O senhorio do esposo sobre a esposa não é o mesmo de senhor e escravo. O senhorio dele baseia-se na autoridade que lhe é própria e que lhe foi dada desde a criação da mulher. O amor do marido pela esposa pode ser comparado ao amor de Cristo pela sua Igreja (2Co 11.2,3; Ap 19.7; 21.2). Esse amor é manifesto no plano espiritual. Trata-se de um tipo de amor ágape, que se expressa no bem querer ao próximo. O modelo desse amor é Cristo, que amou de tal forma a sua esposa que deu sua vida por ela.
"... como também Cristo amou a igreja". Cristo é o modelo do amor que o marido deve oferecer à esposa — um amor capaz de dar de si mesmo. A continuação do versículo — "... e a si mesmo se entregou por ela" — fala de um amor destituído de egoísmo; amor que é capaz de dar sua vida em sacrifício por ela.
"... para a santificar" implica numa atitude de proteção, tomar a iniciativa de separar para si e não permitir que coisas estranhas a toquem. Santificar é separar e proteger dos perigos. A Igreja é representada como esposa.
A conduta do crente no relacionamento familiar não é menos importante que a conduta entre marido e mulher. Na verdade, o mau ou bom relacionamento entre os pais refletirá sobre os filhos. Se o marido souber amar sua esposa, como convém a um bom marido, e for correspondido pela esposa com respeito e com o mesmo amor, não haverá dificuldade na formação moral e espiritual dos filhos. O pai dentro do lar é o sacerdote da família, e o seu sacerdócio deve refletir o ensino das Escrituras. Se ele é obediente a Deus, e a esposa, por sua vez, é obediente a ele, não haverá problemas para que os filhos sejam também obedientes e tementes a Deus.
"Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais". A obediência é um princípio que deve ser ensinado aos filhos. Esse princípio deve nortear suas vidas para que sejam felizes. A natureza humana é ardorosa e rebelde, independentemente da idade. Se um filho menor não for contido e levado à obediência poderá correr o risco de perder-se em rebeldia. A obediência deve ser ensinada com firmeza e com amor.
"... no Senhor, porque isto é justo". A expressão "no Senhor" indica a razão do ensino. Por que obedecer "no Senhor"? Primeiro, porque é uma ordem d’Ele, não do apóstolo especificamente. A Bíblia deve ser nossa regra de fé e conduta; a ela devemos submissão.
Em segundo lugar, "porque isto é justo". Equivale a dizer que é um ensino fundamentalmente correto e indiscutível. Porque o que é justo tem sua base na justiça. Portanto, a obediência é necessária e justa.
O valor da obediência é facilmente percebido na palavra "honra", que traduzida do grego timão quer dizer: valorizar, estimar, dar preço a. Os filhos devem ser ensinados a honrar os pais, porque assim a Bíblia ordena: "Honra a teu pai e à tua mãe".
A desobediência desonra os pais, visto que é a obediência o alicerce da felicidade de um lar. A obediência deve ser racional, passível e cheia de amor. Há muitos pais que exigem obediência dos filhos, mas um tipo de obediência cega e irracional. Os valores da vida devem ser colocados em destaque. Quando os filhos tiverem consciência desses valores, a obediência aos pais será questão de honra para eles.
O apóstolo declara que é "o primeiro mandamento com promessa". Por que Deus faz promessas aos obedientes nesse mandamento? Porque a célula mater da sociedade é a família. O bom relacionamento entre pais e filhos dignificados com a honra, o amor e o respeito trará resultados positivos. E a promessa surge logo no versículo seguinte: "... para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra" (v. 3). Na verdade, Paulo faz a citação e reafirma o texto que está em Êxodo 12.20. A promessa tem um sentido presente e futuro. A obediência desse mandamento para os filhos lhes trará bênçãos materiais e espirituais. O crente deseja o Céu antes de tudo, mas a promessa é também "sobre a terra".
A obediência deve ser aplicada dentro do padrão divino. Esse padrão não admite qualquer violência que anule o sentido moral e espiritual da obediência. A obediência não deve ser exigida, mas ensinada de modo claro e conciso. Muitas vezes, a razão da desobediência dos filhos é por não entenderem porque devem obedecer a determinada ordem.
Paulo destaca um obstáculo capaz de levar os filhos à desobediência. Está escrito: "E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos". O sentido da palavra "ira" nesse versículo é represália ou repulsa. Um tipo de exigência irracional e incompreensível não oferece aos filhos a condição espontânea de obedecer. Ao contrário, cria neles a revolta e uma espécie de antipatia em relação ao tipo de obediência exigida. O mesmo versículo apresenta o caminho para que os pais levem seus filhos à obediência, que é a disciplina: "..., mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor". A disciplina deve ser coerente com os padrões familiares expostos na Bíblia. A disciplina deve ser consistente, ainda que flexível, isto é, ela deve ser aplicada com firmeza e não deve sofrer alteração depois de emitida uma ordem disciplinar. Entretanto, a disciplina deve ser flexível quanto ao método aplicado. Os pais não devem persistir num método cujo efeito não alcance o objetivo educacional. Os filhos devem sentir a força e o peso da disciplina aplicada e mantida, para que os pais não caiam em descrédito perante eles.
Não provocar "a ira" a nossos filhos equivale a reconhecer que eles são iguais a nós como pessoas dotadas de sentimentos. A ira pode ser representada por aqueles sentimentos que criam o ódio, a amargura, o rancor. Os pais, quando tratam com os filhos, devem lembrar-se de que eles são seres humanos, não máquinas nem robôs. Deve-se respeitar o sentimento deles. A provocação da ira nos filhos afasta-os da comunhão com os pais e os torna, muitas vezes, alienados dentro do lar.
A disciplina feita na "admoestação do Senhor" formará personalidades fortes e sadias, moral e espiritualmente. A disciplina dentro dos padrões bíblicos corrige não só os filhos, mas também os pais quanto aos métodos aplicados. O padrão bíblico de disciplina familiar equilibra os métodos aplicados. Esses métodos não devem ser excessivos nem permissivos. A disciplina excessiva traz amargura e alienação dentro do lar. A disciplina permissiva satisfaz todos os desejos dos filhos maus ou bons, e os transforma em tiranos e libertinos. A Bíblia também é instrumento de correção, conforme está escrito: "Toda a escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir e para instruir em justiça" (2Tm3.16).
Essa disciplina deve ser feita sempre na "admoestação do Senhor", isto é, sua aplicação deve ser feita com a lembrança de que Deus assim o quer.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de 2021, ano 31 nº 121 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – Efésios – Uma exposição sobre as riquezas da graça, misericórdia e glória de Deus – Bispo Abner Ferreira.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen. fonte https://www.revistaebd.com