Lição 2, A Inspiração Divina Da Bíblia



Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2022 - CPAD - Para adultos

Tema: A Supremacia das Escrituras, a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de DEUS
Comentário: Pr. Douglas Baptista (Pr. Pres. Assembleia de DEUS Missão, Brasília, DF)
Complementos, ilustrações, questionário e vídeos: Pr. Henrique
 
 
 
 
Lição 2, A Inspiração Divina Da Bíblia
 
TEXTO ÁUREO
“Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.”  (2 Tm 3.16)
 
VERDADE PRÁTICA
A inspiração da Bíblia Sagrada é divina, verbal e plenária. Portanto, a Bíblia toda nos ensina, corrige e instrui.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 2 Pe 1.21 Os autores bíblicos escreveram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO
Terça - Rm 15.4 Tudo o que está escrito serve para o nosso ensino
Quarta - 2 Co 4.7 As Escrituras não estão condicionadas às limitações de seus autores humanos
Quinta - 1 Co 14.9-11 A linguagem bíblica busca alcançar a compreensão de todos
Sexta - Lc 24.44 CRISTO reconheceu a inspiração divina do Antigo Testamento
Sábado - 1 Pe 1.23 A Palavra inspirada pelo ESPÍRITO SANTO opera na regeneração dos pecadores

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 2 Timóteo 3.14-17; 2 Pedro 1.19-21
2 Timóteo 3
14 - Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, 15 - E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS. 16 - Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17 - Para que o homem de DEUS seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.
2 Pedro 1
19 - E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração. 20 - Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 - Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de DEUS falaram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO.

PALAVRA-CHAVE - Inspiração
 
 

Resumo Lição 2, A Inspiração Divina Da Bíblia

I – A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO BÍBLICA
1. A inspiração bíblica é divina.
2. A inspiração bíblica é verbal.
3. A inspiração bíblica é plenária.
II – INSPIRAÇÃO DIVINA E OS AUTORES DA BÍBLIA
1. A Inspiração dos autores.
2. As limitações dos autores.
3. Os diferentes gêneros literários e figuras de linguagem.
4. A linguagem do senso comum.
III – O ESPÍRITO SANTO E A BÍBLIA
1. A inspiração do Antigo Testamento.
2. A inspiração do Novo Testamento.
3. A obra da regeneração e a iluminação.
 
 
Questionário
Cite pelo menos dois textos da Bíblia que comprovem a sua inspiração divina.

Cite as três evidências da inspiração divina da Bíblia e explique-as.
 
 
A INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS - BEP - CPAD
2Tm 3.16,17 “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de DEUS seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.”
O termo “Escritura”, conforme se encontra em 2Tm 3.16, refere-se principalmente aos escritos do AT (3.15). Há evidências, porém, de que escritos do NT já eram considerados Escritura divinamente inspirada por volta do período em que Paulo escreveu 2Tm (1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós, hoje, a Escritura refere-se aos escritos divinamente inspirados tanto do AT quanto do NT, i.e., a Bíblia. São (os escritos) a mensagem original de DEUS para a humanidade, e o único testemunho infalível da graça salvífica de DEUS para todas as pessoas.
Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por DEUS. A palavra “inspirada” (gr. theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que significa “DEUS”, e pneuo, que significa “respirar”. Sendo assim, “inspirado” significa “respirado por DEUS”. Toda a Escritura, portanto, é respirada por DEUS; é a própria vida e Palavra de DEUS. A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação, dos valores éticos e da moral, como também está isenta de erro em tudo aquilo que ela trata, inclusive a história e o cosmos (cf. 2Pe 1.20,21; note também a atitude do salmista para com as Escrituras no Sl 119).
Os escritores do AT estavam conscientes de que o que disseram ao povo e o que escreveram é a Palavra de DEUS (ver Dt 18.18; 2Sm 23.2). Repetidamente os profetas iniciavam suas mensagens com a expressão: “Assim diz o Senhor”.
JESUS também ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de DEUS até em seus mínimos detalhes (Mt 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26). Ele falou da revelação divina ainda futura (i.e., a verdade revelada do restante do NT), da parte do ESPÍRITO SANTO através dos apóstolos (Jo 16.13; cf. 14.16,17; 15.26,27).
Negar a inspiração plenária (total - de todo seu conteúdo) das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o testemunho fundamental de JESUS CRISTO (Mt 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25-27, 44,45; Jo 10.35), do ESPÍRITO SANTO (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13; 1Tm 4.1) e dos apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar a sua inerrância é depreciar sua autoridade divina.
Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu ESPÍRITO, DEUS, sem violar a personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (3.16; 2Pe 1.20,21; ver 1Co 2.12,13).
A inspirada Palavra de DEUS é a expressão da sabedoria e do caráter de DEUS e pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em CRISTO (Mt 4.4; Jo 6.63; 2Tm 3.15; 1Pe 2.2).
As Sagradas Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de DEUS, na sua atividade salvífica a favor da humanidade, em CRISTO JESUS. Por isso, as Escrituras são incomparáveis, eternamente completas e incomparavelmente obrigatórias. Nenhuma palavra de homens ou declarações de instituições religiosas igualam-se à autoridade delas.
Qualquer doutrina, comentário, interpretação, explicação e tradição deve ser julgado e validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt 13.3).
As Sagradas Escrituras como a Palavra de DEUS devem ser recebidas, cridas e obedecidas como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mt 5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2Tm 3.15,16; ver Êx 20.3). Na igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2Tm 3.16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de CRISTO sem estar submisso a DEUS e à sua Palavra como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37).
Só podemos entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o ESPÍRITO SANTO. É Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu sentido, e quem dá testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co 2.12).
Devemos nos firmar na inspirada Palavra de DEUS para vencer o poder do pecado, de Satanás e do mundo em nossas vidas (Mt 4.4; Ef 6.12,17; Tg 1.21).
Todos na igreja devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a única verdade de DEUS para um mundo perdido e moribundo. Devemos manter puras as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos, proclamando a sua mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e defendendo-as contra todos que procuram destruir ou distorcer suas verdades eternas (ver Fp 1.16; 2Tm 1.13,14; 2.2; Jd 3). Ninguém tem autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer coisa da Escritura (ver Dt 4.2; Ap 22.19).
Um fato final a ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente no texto original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos nas Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o escritor daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três possibilidades no tocante a um tal suposto problema: (a) as cópias existentes do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão; (b) as traduções atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem conter falhas; ou (c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou incorreta.
 
 
Capítulo I - Teologia Sistemática Pentecostal
Bibliologia — A Doutrina das Escrituras - Claudionor de Andrade
 
A POSIÇÃO CONSERVADORA
 
Os ortodoxos afirmamos que a Bíblia é a Palavra de DEUS. Dessa forma, colocamo-la no lugar em que ela tem de estar: como a nossa suprema e inques­tionável arbitra em matéria de fé e prática. Se a Escritura diz, é a nossa obrigação ser-lhe obediente sem quaisquer questionamentos. Ela é soberana! Os cristãos jamais deixaram de ser dogmáticos quanto à origem divina da Bíblia.
A Igreja Primitiva. Firmados, principalmente, em 2 Timóteo 3.16 e 2 Pedro 1.20,21, os cristãos primitivos tinham os profetas hebreus como oráculos de DEUS. Igual deferência concediam eles aos escritos dos apóstolos de nosso Senhor e daqueles que lhes foram íntimos seguidores — Marcos e Lucas, por exemplo.
No século II, quando o herege Marcião se insurgiu contra as Sagradas Escrituras, tentando extirpar do cânon os livros apostólicos, por considerá-los escandalosa­mente judaicos, os líderes da igreja condenaram-no em uníssono e energicamente. Atuando como porta-voz dos pastores e bispos, Tertuliano escreveu Contra Marcião, numa apaixonada apologia do cânon atual da Bíblia Sagrada.
Orígenes de Alexandria, nascido no Egito por volta de 185, também saiu com presteza, a fim de defender o cânon das Sagradas Escrituras. Ele asseverou que tanto as Escrituras do Antigo quanto as do Novo Testamentos foram ins­piradas pelo mesmo ESPÍRITO SANTO. Logo, acrescenta o doutor alexandrino, “as Escrituras Sagradas foram redigidas pelo ESPÍRITO de DEUS”.
Nascido em 296, Atanásio tornou-se conhecido como o pai da ortodoxia em virtude de seu apaixonado zelo pela pureza doutrinária da fé cristã. A semelhança de seus predecessores, fez ele uma brilhante apologia da inspiração divina das Escrituras Sagradas como a Palavra de DEUS.
Os reformadores. Ao deflagrar a Reforma Protestante, Martinho Lutero fez questão de ressaltar a importância da Bíblia Sagrada como a Palavra de DEUS. Se até àquele dia a igreja de Roma tinha as suas tradições como mais importantes que as Sagradas Escrituras, veio Lutero e afirmou que estas são a nossa única norma em matéria de fé e prática. Foi a partir desse ponto doutrinai que Lutero revolucionou espiritualmente a igreja de CRISTO, levando os fiéis a depositarem toda a sua confiança no Antigo e no Novo Testamento.
Cognominando a Bíblia como o berço que traz o CRISTO, Lutero — natural de Eisleben, na Alemanha— defendeu ardorosamente a inspiração divina das Sagradas Escrituras. Exortava ele os cristãos a lerem a Palavra de DEUS sob a luz de CRISTO.
João Calvino, de igual modo, sustentava a origem divina da Bíblia:
Visto que DEUS se comunicou por sua Palavra de Vida a todos os que Ele recebeu por sua graça, disso devemos inferir que os fez participantes da vida eterna. Eu digo que na Palavra de DEUS há tal eficácia de vida que a sua comunicação é uma segura e certa vivificação da alma. Entendo por comunicação não a geral e comum, que se propaga por céus e terra sobre todas as criaturas do mundo. Porque, conquanto esta vivificação que todas as coisas conforme a sua respectiva natureza diversa, todavia não livra nada nem ninguém da corrupção. Mas a comunicação a que me refiro ê especial, e por esta a alma dos crentes é iluminada no conhecimento de DEUS e de algum modo é ligada a Ele.
Os pentecostais. A comunidade de fé pentecostal, formada principalmente pelas Assembleias de DEUS, sempre acreditou ser a Bíblia a inspirada, inerrante, infalível e completa Palavra de DEUS. Vejamos como se posicionaram alguns de nossos maiores e mais respeitados teólogos.
O missionário finlandês Lars Eric Bergstén, que, durante cinco décadas pe­regrinou pelo Brasil, ensinando a lídima doutrina bíblica, assim se posicionou acerca das Sagradas Escrituras:
DEUS, que antigamente falou “muitas vezes e de muitas maneiras aos país”, queria que a sua Palavra não jicasse guardada pelos homens apenas através da experiência com Ele ou pela tradição falada, isto é, os país contando para os seus filhos, etc. DEUS queria que as verdades reveladas fossem conservadas em um autêntico documento. Por isso, Ele mesmo tomou as providências para que suas palavras, revelações e acontecimentos — maravilhas operadas em meio ao seu povo —fossem escritos.
Antonio Gilberto, um dos maiores teólogos do Brasil, afirmou acerca da origem divina da Bíblia:
E a revelação de DEUS à humanidade. Seu autor ê DEUS mesmo. Seu real intérprete é o ESPÍRITO SANTO. Seu assunto central é o Senhor JESUS CRISTO.
 
 
A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA SAGRADA

As palavras escritas nas Escrituras devem ser consideradas palavras dadas pelo ESPÍRITO SANTO. Basta ler a Bíblia para sentir, logo em suas palavras iniciais, a presença do ESPÍRITO SANTO.
Que outro livro trouxe tanta mudança à humanidade como a Bíblia Sagrada? Homero, Aristóteles, Camões, Karl Marx? O Capital de Marx, por exemplo, embora considerado a “bíblia” do comunismo, é tão seco e árido que dificilmente alguém consegue lê-lo do início ao fim. A Escritura, porém, vem sendo lida de geração em geração com o mais vivo interesse. O imperador brasileiro Dom Pedro II revelou que a lia cotidianamente.
Qual a diferença entre ela e os demais livros? Sem dúvida, a sua inspiração.
Definição etimológica. A palavra “inspiração” vem de dois vocábulos gregos: theo, “DEUS”; e pneustos, “sopro”. Literalmente, significa: “aquilo que é dado pelo sopro de DEUS”. Dado pelo ESPÍRITO SANTO.
Definição teológica. “Ação sobrenatural do ESPÍRITO SANTO sobre os escritores sagrados, que os levou a produzir, de maneira inerrante, infalível, única e sobrenatural, a Palavra de DEUS — a Bíblia Sagrada” (Dicionário Teológico, de Claudionor de Andrade, CPAD).
Em português, a palavra “inspirar” é originária do verbo latino inspirare, que significa: “introduzir ar nos pulmões”. È um processo fisiológico tão necessário à vida, que a mantém em pleno funcionamento. È algo automático; independe de nossa vontade. Basta estarmos vivos para que o ar nos entre pela boca e pelas narinas e nos chegue até os pulmões.
Assim também ocorreu com os santos profetas e apóstolos usados para escrever a Bíblia Sagrada. O ESPÍRITO SANTO insuflou-lhes a Palavra de DEUS de tal forma, que foram eles impulsionados a registrar os arcanos e desígnios divinos de maneira sobrenatural, inerrante, infalível e singular. Nenhum outro livro foi inspirado dessa forma; foi um milagre que se deu na área do conhecimento humano e nunca mais se repetiu.
Inspiração verbal e plenária da Bíblia. È a doutrina que assegura ser a Bíblia, em sua totalidade, produto da inspiração divina. Plenária: todos os livros da Bíblia, sem qualquer exceção, foram igualmente inspirados por DEUS. Verbal: o ESPÍRITO SANTO guiou os autores não somente quanto às idéias, mas também quanto às palavras dos mistérios e concertos do Altíssimo (2Tm 3.16).
A inspiração plenária e verbal, todavia, não eliminou a participação dos autores humanos na produção da Bíblia. Pelo contrário: foram eles usados de acordo com seus traços personais, experiências e estilos literários (2 Pe 1.21).
Se no profeta Isaías deparamo-nos com um estilo sublime e clássico, em Amós encontramos um prosa simples e humilde, como os campos palmilhados pelo mensageiro campesino. E, se em Paulo encontramos um grego que se amolda à dicção do heleno ático, em Marcos encontramos um grego humilde como humilde era o seu autor. Contudo, tanto nos primeiros como nos segundos, não podemos negar a exatidão e a ortodoxia da inspirada Palavra de DEUS.
A inspiração da Bíblia ê única. Conforme já dissemos, além da Bíblia, nenhum outro livro foi produzido de maneira sobrenatural e inconfundivelmente divina. Eis porque a Palavra de DEUS é a obra-prima por excelência da raça humana. Até mesmo os seus mais arrebatados inimigos são obrigados a se curvar ante a sua beleza suprema e célica. Haja vista em todas as universidades realmente importantes haver uma cadeira dedicada ao idioma hebraico por causa da crescente importância da Bíblia.
Aliás, não fora a Palavra de DEUS, a civilização ocidental, como a conhecemos, seria impossível. O que os gregos não lograram com a sua filosofia e lógica, a Bíblia alcançou através de sua mensagem, que, embora singela, derrubou grandes reinos e impérios.
Declaração doutrinária das Assembléias de DEUS no Brasil. “Cremos na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão”. A maioria das denominações evangélicas, realmente conservadoras, tem a Bíblia como a inspirada Palavra de DEUS. Sem esse artigo de fé, o evangelismo perde todo o seu conteúdo.
Evidências da inspiração divina da Bíblia. Há evidências que nos indicam ser a Bíblia a Palavra inspirada de DEUS? Basta uma leitura das Sagradas Escrituras para se concluir, de imediato, terem sido elas produto da ação direta do ESPÍRITO SANTO sobre os hagiógrafos, levando-os a escrever os livros que fazem parte do cânon bíblico.
Entre as evidências, que nos indicam a procedência divina das Escrituras Sagradas, podemos citar:
A influência na vida do ser humano. Que outro livro, a não ser a Bíblia, é capaz de transformar radicalmente o homem? Temos testemunhos emocionantes de homens, mulheres, jovens e crianças que, no contato com a Palavra de DEUS, se tornaram novas criaturas.
A influência na história da humanidade. Ultrapassando as fronteiras de Israel, de onde provieram quase todos os seus escritores, a Bíblia foi a responsável direta pela criação da cultura ocidental. A influência do SANTO Livro, aliás, ultrapassou o Ocidente e, hoje, faz com que a Palavra de DEUS seja admirada em países que sempre se opuseram ao cristianismo. Haja vista a China e o Japão. Até mesmo nos países árabes, que se deixam conduzir pelo Alcorão, a influência das Escrituras é mais que notória.
A influência na vida moral da humanidade. Sem a Bíblia Sagrada, estaria a humanidade mergulhada em densas trevas espirituais e morais. O homem em nada haveria de diferir das bestas feras. Todavia, a moralidade que a Bíblia vem exigindo do ser humano, desde os Dez Mandamentos, vem elevando os filhos de Adão aos mais altos ideais, impedindo que se degenerem.
 
 
CAPÍTULO TRÊS - TEOLOGIA SISTEMÁTICA STANLEY M. HORTON
A Palavra Inspirada de DEUS - John R. Higgins


A teologia, na sua tentativa de conhecer a DEUS e de tornado conhecido, parte do princípio de que o conhecimento a respeito do Supremo Ser já tenha sido revelado. Esta revelação é o fundamento de todas as afirmações e pronunciamentos teológicos. O que não foi revelado não pode ser conhecido, estudado ou explicado.
Noutras palavras, a revelação é o ato de tornar conhecido algo que antes era desconhecido. O que estava escondido passa a ser conhecido. A mãe revela o que está sendo assado no forno; o mecânico, o que deu pane no motor. Cada um destes mistérios termina aí.
Embora a revelação ocorra em todas as áreas da vida, o termo acha-se especialmente associado à religião. "Onde houver religião, aí haverá uma reivindicação de revelação". As questões da fé centralizam-se no fato de que DEUS fez-se conhecido aos seres humanos. O cristianismo é a religião baseada na revelação que DEUS fez de si mesmo.
A Bíblia emprega vários termos em grego e hebraico para expressar o conceito da revelação. O verbo hebraico gãlãh significa revelar por meio do ato de descobrir ou de arrancar alguma coisa que cobre (Is 47.3). Frequentemente, é usado no tocante à revelação (comunicada) que DEUS faz de si mesmo às pessoas: "Certamente, o SENHOR DEUS não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Am 3.7). A palavra grega apokalupsis (revelação) está associada a esta ideia: tornar conhecido o Evangelho. Paulo afirmou que não recebeu o Evangelho mediante instrução humana, mas "pela revelação de JESUS CRISTO" (Gl 1.12). J. Oliver Buswell alega que a palavra apokalupsis pode ser usada a respeito de pessoas, ou de objetos, mas que, usualmente, refere-se a alguma verdade revelada. Por outro lado, é DEUS quem manifesta ou se mostra (gr. phaneroõ) a si mesmo (1 Tm 3.16).
A revelação, noutras palavras, envolve não somente informações a respeito de DEUS, mas a revelação que DEUS fez de si mesmo. Isso não significa, porém, que devemos rejeitar a revelação proposicional e preferir a existencial.  Pelo contrário: "a revelação a respeito de DEUS é crucial para o conhecimento de DEUS". Através de suas palavras e ações, DEUS torna conhecida a sua Pessoa, seus caminhos, valores, propósitos e o seu plano de salvação. O alvo final da revelação divina é que as pessoas venham a conhecer a DEUS de modo real e pessoal.
Embora a revelação divina esteja frequentemente limitada ao desvendamento que DEUS faz da própria Pessoa, em atos ou palavras, pode ela também ser considerada a concatenação maior de eventos revelados. Essa definição da revelação divina incluiria a reflexão e a inscrição (registrar a revelação na forma escrita) pelos escritores inspirados, o processo da canonização desses mesmos escritos e a iluminação pelo ESPÍRITO SANTO daquilo que DEUS de fato revelou.

 
A revelação divina é uma proclamação de vida, mas quando rejeitada, é uma proclamação de morte (Dt 30.15; 2 Co 2.16).
Graciosamente, DEUS revelou-se a si mesmo, bem como os seus caminhos ao ser humano. Sua autorrevelação abran­ge os séculos; é variada na sua forma, e oferece comunhão privilegiada com o Criador. Essa revelação abundante, toda­via, não esgotou o mistério do DEUS eterno. Há aspectos de sua Pessoa e do seu propósito que Ele optou por não tornar conhecidos (Dt 29.29; Jó 36.26; SI 139.6; Rm 11.33). A retenção deliberada de tais informações serve-nos de lem­brança: DEUS transcende a própria revelação. O que DEUS não revelou está além das necessidades e possibilidades da descoberta humana.
A revelação tem sua base, mas também os seus limites, na vontade de DEUS... Os seres humanos universalmente não possuem recursos naturais para delinearem a natureza e a vontade divina. Nem sequer os dotados de capacidades especiais, ou de notáveis qualidades religiosas, poderão, mediante as próprias capacidades, aprofundar-se nos segredos do Infinito... e esclarecer, com o próprio poder e iniciativa, os mistérios da eternidade

JESUS e seu Conceito das Escrituras
No fim do século I (no mais tardar) os escritos do Novo Testamento já haviam sido completados; muitos destes, entre 20 e 30 anos apenas após a morte e ressurreição de JESUS. Temos ainda a garantia de que até mesmo a narração dos eventos foi orientada pelo ESPÍRITO SANTO a fim de que fossem evitados os erros ocasionados por eventuais esquecimentos (Jo 14.26). Os evangelhos, que contam detalhadamente a vida de JESUS, foram escritos por contemporâneos e testemunhas oculares. Tais escritos, fartamente corroborados, fornecem informações fidedignas a respeito de CRISTO e de seus ensinos. A autoridade da Palavra escrita está ancorada na autoridade de JESUS. Posto que Ele nos é apresentado como o DEUS encarnado, seus ensinos são verdadeiros e plenos de autoridade. Por isso, o que JESUS ensina a respeito das Escrituras, determina sua justa reivindicação à autoridade divina. JESUS dá testemunho consistente e enfático de que elas são, de fato, a Palavra de DEUS.
Em especial, JESUS dirigia a sua atenção ao Antigo Testamento. Quando falava de Adão, de Moisés, de Abraão ou de Jonas, Ele os tratava como a pessoas reais e históricas. Às vezes, correlacionava situações que lhe diziam respeito com um evento histórico do Antigo Testamento (Mt 12.39,40). Noutras ocasiões, buscava num determinado fato do Antigo Testamento apoio, ou reforço, para alguma coisa que estava ensinando (Mt 19.4,5). JESUS honrava as Escrituras do Antigo Testamento, e enfatizava que Ele não viera abolir a Lei e os Profetas, mas cumpri-los (Mt 5.17). As vezes, fustigava os líderes religiosos por haverem elevado as próprias tradições acima das Escrituras (Mt 15.3; 22.29).
JESUS, nos seus ensinos, citou pelo menos quinze livros do Antigo Testamento, e fez alusão a muitos outros. Tanto no modo de falar quanto nas declarações específicas, demonstrava com clareza a sua estima pelas Escrituras do Antigo Testamento como a Palavra de DEUS. Era a palavra e o mandamento de DEUS (Mc 7.6-13). Citando Gênesis 2.24, JESUS declarou: "O Criador [não Moisés]... disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe" (Mt 19.4,5). Disse que Davi fez uma declaração "pelo ESPÍRITO SANTO" (Mc 12.36). A respei­to de uma declaração registrada em Êxodo 3.6, Ele perguntou: "Não tendes lido o que DEUS vos declarou?" (Mt 22.31). Repetidas vezes, JESUS apelou à autoridade do Antigo Testamento, citando a fórmula: "Está escrito" (Lc 4.4). John W. Wenham assevera que JESUS entendia essa fórmula no sentido de "DEUS diz!"
"Há uma objetividade grandiosa e sólida no uso do tempo pretérito perfeito gegraptai, 'permanece escrito': 'aqui está o testemunho eterno e imutável do DEUS Eterno, registrado por escrito para a nossa instrução'." O modo decisivo de JESUS utilizar essa fórmula revela de modo enfático como ele considerava a autoridade das Escrituras. "A Palavra escrita, portanto, é a autoridade de DEUS para solucionar todas as disputas a respeito da doutrina ou da prática. E a Palavra de DEUS nas palavras humanas; é a verdade divina em linguagem humana". Os que gostariam de alegar que JESUS simplesmente se acomodava ao modo judaico de entender as Escrituras, acompanhando passivamente as supostas falsas crenças dos judeus nesse assunto, deixam totalmente desapercebidos o seu tom enfático de plena aceitação e autoridade. Em vez de acomodar-se às opiniões religiosas dos seus dias, Ele as corrigia, e colocava as Escrituras de volta à sua suprema posição. Além disso, a acomodação à mentira não é moralmente possível para o DEUS que é a mesma verdade (Nm 23.19; Hb 6.18).
JESUS reivindicava a autoridade divina, não somente para as Escrituras do Antigo Testamento, como também para seus próprios ensinos. O que ouve as suas palavras e as pratica é sábio (Mt 7.24), porque os seus ensinos provêm de DEUS (Jo 7.15-17; 8.26-28; 12.48-50; 14.10). JESUS é o semeador que semeia a boa semente da Palavra de DEUS (Lc 8.1-13). Sua expressão frequente: "Eu, porém, vos digo" (Mt 5.22), usada lado a lado com a total compreensão do Antigo Testamento, demonstrava que "suas palavras levam toda a autoridade das palavras de DEUS". "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" (Mt 24.35).
JESUS indicou, também, que haveria uma característica divina e especial no testemunho que seus seguidores dariam dEle. O Senhor os havia treinado mediante suas palavras e seu exemplo, e os comissionara para serem testemunhas até aos confins da terra, ensinando as pessoas a guardar todas as coisas que Ele lhes mandara (Mt 28.18-20). Ele lhes ordenara ainda que esperassem, em Jerusa­lém, a vinda do ESPÍRITO SANTO, a quem o Pai enviaria em seu nome, para que tivessem poder a fim de lhe servirem como testemunhas (Lc 24.49; Jo 14.26; At 1.8). O ESPÍRITO SANTO faria os discípulos lembrar-se de tudo quanto JESUS lhes dissera (Jo 14.26). O ESPÍRITO lhes ensinaria todas as coisas, guia-los-ia em toda a verdade, contar-lhes-ia o que havia de acontecer, lançaria mão das coisas de CRISTO e as faria conhecidas aos discípulos (Jo 14.26; 15.26,27; 16.13-15).
Foram cumpridas as promessas que JESUS fizera aos seus discípulos. O ESPÍRITO SANTO inspirou alguns deles a escreverem a respeito do seu Senhor. Consequentemente, tanto os escritos do Antigo, quanto os do Novo Testamento; enfim, a Bíblia toda reivindica, de modo específico e direto, que é a revelação especial da parte de DEUS.


A Inspiração das Escrituras
DEUS se revelou à sua criação. A inspiração diz respeito ao registro, ou à escrita, dessa revelação divina. Posto que a Bíblia foi escrita por autores humanos, devemos perguntar: "Em que sentido seus escritos poderão (ou não) ser chamados a Palavra de DEUS?" Uma questão correlata diz respeito ao grau (ou extensão) em que seus escritos podem ser considerados revelação de DEUS.

A Base Bíblica para a Inspiração
Considerando que toda testemunha tem o direito de se expressar por si mesma, será examinada, em primeiro lugar, a reivindicação que os próprios escritores bíblicos fazem à inspiração divina. Muitos dos que compuseram as Escrituras eram participantes, ou testemunhas oculares, dos eventos a respeito dos quais escreveram.
O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada), o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos (1 Jo 1.1-3).

Cada um deles, seja Moisés, Davi, Jeremias, Mateus, João, Pedro, ou Paulo, escreveu com base em suas próprias experiências à medida que DEUS se revelava a eles (Ex 4.1-17; SI 32; Jr 12; At 1.1-3; 1 Co 15.6-8; 2 Co 1.3-11; 2 Pe 1.14-18). Mas seus escritos eram mais que relatos de pessoas envolvidas. Declaravam que escreviam não somente a respeito de DEUS, mas também em prol de DEUS. A sua palavra era a Palavra de DEUS; a sua mensagem era a mensagem de DEUS.
Em todo o Antigo Testamento, deparamo-nos com expressões tais como: "Falou o SENHOR a Moisés, dizendo" (Ex 14.1); "A palavra que veio a Jeremias, da parte do SENHOR, dizendo" (Jr 11.1); "Tu, pois, ó filho do homem, profetiza... e dize: Assim diz o SENHOR DEUS" (Ez 39.1); "Assim diz o SENHOR" (Am 2.1). Tais declarações são usadas mais de 3.800 vezes, e demonstram com clareza que os escritores tinham consciência de estar entregando uma mensagem autorizada da parte de DEUS.
Os escritores do Novo Testamento não tinham, também, a menor dúvida de estarem falando em nome de DEUS. JESUS não somente ordenou que os discípulos pregassem, mas também lhes disse o que deviam pregar (At 10.41-43). Suas palavras não eram "palavras de sabedoria humana, mas com as que o ESPÍRITO SANTO ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais" (1 Co 2.13). Esperavam que as pessoas reconhecessem que, por escrito, estavam elas recebendo "mandamentos do Senhor" (cf. 1 Co 14.37). Paulo podia garantir aos gálatas que, "acerca do que vos escrevo, eis que diante de DEUS testifico que não minto" (Gl 1.20), porque o tinha recebido da parte de DEUS (Gl 1.6-20). Os tessalonicenses foram elogiados por terem recebido a mensagem "não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como palavra de DEUS" (1 Ts 2.13). Preceitos e mandamentos eram escritos à comunidade em nome de JESUS, e deixar de observá-los podia ocasionar motivo para a exclusão do desobediente (2 Ts 3.6-14). Assim como DEUS tinha falado através dos santos profetas, agora o Senhor dava mandamentos através dos seus apóstolos (2 Pe 3.2). Receber a vida eterna está vinculado com o ato de crer no testemunho de DEUS (registrado pelos discípulos) a respeito do seu Filho (ljo 5.10-12).
Nestes trechos, e em outros semelhantes, fica evidente que os escritores do Novo Testamento estavam convictos de estarem declarando "todo o conselho de DEUS" em obediência ao mandamento de CRISTO e sob a orientação do ESPÍRITO SANTO (At 20.27). Os escritores do Novo Testamento também reconheciam a autoridade total das Escrituras do Antigo Testamento, porque DEUS "falou pelo ESPÍRITO SANTO" através dos autores humanos (At 4.24,25; Hb 3.7; 10.15,16).
Paulo escreveu a Timóteo, asseverando que as Escrituras podiam fazê-lo "sábio para a salvação, pela fé que há em CRISTO JESUS" (2 Tm 3.15). O valor das Escrituras deriva-se de sua origem. Paulo indica que o mérito das Escrituras não está no escritor humano, mas no próprio DEUS. Ele afirma: "Toda Escritura é inspirada por DEUS" (2 Tm 3.16). O termo "inspiração" é derivado desse versículo, e aplicado à escrita da Bíblia. A palavra grega empregada aqui é theopneustos que, literalmente, significa "soprada por DEUS". As versões mais recentes dizem com razão: "Toda Escritura é inspirada [soprada] por DEUS" (NVI). Paulo não está dizendo que DEUS soprou alguma característica divina nos escritos humanos das Escrituras, ou que toda a Escritura respira um ambiente de DEUS, que fala dEle. O adjetivo grego (theopneustos) é claramente predicativo, e é usado para identificar a fonte originária de todas as Escrituras. DEUS é o Autor, em última análise. Logo, toda a Escritura é a voz de DEUS, a Palavra de DEUS (At 4.25; Hb 1.5-13).
O contexto de 2 Timóteo 3.16 tem em vista as Escrituras do Antigo Testamento. A declaração de Paulo é que a totalidade do Antigo Testamento é a revelação inspirada da parte de DEUS. O fato de que o Novo Testamento ainda estava sendo escrito, exclui a mesma reivindicação interna e explícita para ele. Mesmo assim, algumas declarações específicas feitas pelos escritores do Novo Testamento subenten­dem que a inspiração das Escrituras estende-se à Bíblia inteira. Por exemplo, em 1 Timóteo 5.18 Paulo escreve: "Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário". Paulo está citando Deuteronômio 25.4 e Lucas 10.7, considerando "Escritura" as citações tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Além disso, Pedro refere-se a todas as epístolas de Paulo que, embora tratassem a respeito da salvação divina, contêm "pontos difíceis de entender". Por isso, algumas pessoas as "torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pe 3.16, grifos nossos). Note que Pedro coloca todas as Epístolas de Paulo na categoria de Escritura. Torcê-las é torcer a Palavra de DEUS, resultando na destruição do transgressor. Os escritores do Novo Testamento comunicam "com as palavras que o ESPÍRITO SANTO ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais" (1 Co 2.13), assim como JESUS prometera (Jo 14.26; 16.13-15).
Na sua segunda epístola, Pedro fala de sua morte iminente e do seu desejo de que seus leitores se mantenham na verdade que ele já lhes havia compartilhado. Mostra-lhes que a fé em CRISTO não é nenhuma invenção, e lembra-lhes de que ele mesmo era testemunha ocular daqueles eventos. Pedro estava com CRISTO, vendo-o e ouvindo-o pessoalmente (2 Pe 1.12-18). O apóstolo passa, então, a escrever de algo mais firme que seu testemunho pessoal (2Pe 1.19). Falando das Escrituras, afirma que os autores humanos eram "levados adiante" (pheromenoi) pelo ESPÍRITO SANTO ao comunicarem as coisas de DEUS. O resultado disso era uma mensagem não iniciada pelos desígnios humanos nem produzida pelo mero raciocínio e pesquisa humanos (sem serem excluídas tais coisas). Pedro afiança: "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de DEUS falaram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO" (2 Pe 1.20,21).
O emprego que Pedro faz da expressão "profecia da Escritura" é um caso de pars pro tota. Ou seja: uma parte da Escritura representa a totalidade desta. "O ímpeto que levou à escrita provinha do ESPÍRITO SANTO. Por essa razão, os leitores de Pedro devem prestar atenção... pois não é simplesmente a palavra dos homens, mas a Palavra de DEUS".
Em virtude de sua inspiração pelo ESPÍRITO SANTO, toda a Escritura é fonte de autoridade. JESUS garante que até o menor dos mandamentos bíblicos é importante e obrigatório:
"Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus" (Mt 5.18,19).

A recompensa, ou o castigo, depende de nosso relaciona­mento com todos os mandamentos, incluindo-se o menor deles. Acusado de blasfêmia por haver reivindicado a própria divindade, JESUS apelou à expressão "sois 'deuses", que se acha no Salmo 82.6. Contra essa acusação, edificou a sua defesa na verdade, já bem aceita, de que até mesmo uma frase relativamente obscura das Escrituras não pode ser anu­lada (Jo 10.34,35). A razão por que não podia ser anulada era que, mesmo como fragmento da Escritura, não deixava de ser a Palavra de DEUS.

Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que CRISTO morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, 1 Coríntios 15:3,4 Paulo enfatiza as escrituras como base de sua fé.
 

Modos de Inspiração
Uma vez aceito o testemunho que as Escrituras dão acerca de si mesmas, fica mais que clara a sua divina inspiração. A medida que os autores humanos da Bíblia a compunham, o próprio DEUS dava mostras inequívocas de achar-se envolvido neste processo de comunicação. E posto que na maioria dos casos a Bíblia não revela a forma de sua inspiração, várias teorias têm surgido a respeito. Cinco opiniões básicas são consideradas resumidamente nesta seção.
Intuição natural. A inspiração é meramente uma perspi­ácia natural nos assuntos espirituais, exercida por pessoas bem dotadas. Assim como alguns têm aptidão para a matemática ou para a ciência, os escritores bíblicos teriam aptidão para as ideias religiosas. Não se vê nisso qualquer envolvimento especial de DEUS. A pessoa poderia ter a mesma inspiração natural para escrever uma poesia ou para compor um hino.
Iluminação especial. A inspiração seria uma intensificação, ou exaltação, divina das percepções religiosas que todos os cristãos têm em comum. Os dons naturais dos escritores bíblicos teriam sido aguçados de alguma maneira pelo ESPÍRITO SANTO, mas sem nenhuma orientação especial, ou comunicação da verdade divina.
Orientação dinâmica. A inspiração é a orientação especial pelo ESPÍRITO SANTO, dada aos escritores bíblicos, para garantir toda mensagem divina que trata de matérias concernentes à fé religiosa e ao viver piedoso. A ênfase recai nos pensamentos ou conceitos que DEUS, querendo fossem comunicados, fornecia aos escritores humanos, aos quais dava plena liberdade quanto à expressão natural. Os elementos da fé e da prática religiosas eram assim orientados, mas as chamadas matérias não-essenciais dependiam totalmente (segundo essa opinião) dos conhecimentos, experiências, e escolhas dos próprios autores humanos.
Plenária verbal. A inspiração é a combinação entre a expressão natural dos escritores e a iniciação e orientação especiais dos seus escritos concedidas pelo ESPÍRITO SANTO. Mas o ESPÍRITO SANTO não somente dirigia os pensamentos, ou conceitos dos escritores, como também supervisionava a seleção das palavras para a totalidade do texto (e não somente para as questões de fé e prática). O ESPÍRITO SANTO garantia a exatidão e a suficiência de tudo quanto era escrito como a revelação da parte de DEUS.
Ditado divino. A inspiração é a superintendência infalível da reprodução mecânica das palavras divinas à medida que o ESPÍRITO SANTO as ditava aos autores bíblicos. Estes, como obedientes estenógrafos, tudo registravam segundo as ordens especiais do ESPÍRITO SANTO quanto ao conteúdo, vocabulário e estilo.
Formulando um Conceito da Inspiração
O conceito de inspiração deve levar em conta tudo quanto é necessário para a revelação divina ser comunicada com exatidão. O modo correto de inspiração deve incluir todos os elementos que a Bíblia postula tanto no ato de inspirar quanto nos efeitos desse ato. Deve também reservar um lugar apropriado à atividade de DEUS e à atividade humana.
Ao examinarmos os dados fornecidos nas Escrituras, vários elementos envolvidos no ato de inspirar são apresentados com clareza.
(1) Toda a Escritura é respirada por DEUS, procede da boca de DEUS (2 Tm 3.16).
(2) Os autores da Escritura falaram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO (2 Pe 1.21).
(3) Os escritores sagrados não falavam segundo a própria vontade, mas de acordo com a vontade divina.
(4) Todavia, eles tomavam parte ativa e dinâmica na produção das Escrituras. Não eram meros robôs (Lc 20.42; Jo 12.39; At 3.22).
Semelhantemente, a Escritura fornece soluções quanto ao ato de inspirar.
(1) Toda a Escritura é respirada por DEUS e, portanto, toda a Escritura é a Palavra de DEUS (1 Co 14.37; 2 Tm 3.16).
2) Toda a Escritura é proveitosa; é uma regra completa e suficiente para a fé e prática (2 Tm 3.16,17).
(3) Nenhuma linha da Escritura pode ser deixada de lado, anulada ou destruída; a totalidade da Escritura tem de ser aceita em sua integridade e plenitude (Jo 10.35).
(4) A Escritura é mais fidedigna que qualquer observação meramente humana, seja empírica, seja científica, seja filosófica (2 Pe 1.12-19).
(5) Nenhuma parte da Escritura é condicionada, quanto à sua veracidade, por nenhuma limitação de seu autor humano (2 Pe 1.20). O condicionamento histórico normal, bem como a pecaminosidade e finitude humanas, são contrabalançados pela supervisão do ESPÍRITO SANTO.
À luz dessas observações, extraídas da própria Escritura, pode-se fazer uma avaliação dos cinco modos de inspiração sugeridos. Tais conceitos, por considerarem a inspiração meramente um dom natural de iluminação, não prestam a devida atenção ao fato de DEUS haver "soprado"'a Escritura. O conceito da orientação dinâmica, que entende serem as questões de fé e práticas devidamente inspiradas, em contraste com os assuntos mais corriqueiros, não fornece nenhum método seguro para determinar o que é inspirado e o que não o é. Nem sequer leva em conta a declaração bíblica de que toda a Escritura é inspirada, inclusive os versículos tidos como obscuros.
O conceito do ditado divino na inspiração não reconhece devidamente o elemento humano - os estilos, expressões e ênfases específicos dos escritores de per si.
O conceito da inspiração verbal e plenária evita os exageros de se enfatizar a atividade de DEUS a ponto de negligenciar a participação humana, ou de enfatizar a contribuição humana a ponto de desprezar o envolvimento divino na produção da Escritura. A totalidade da Escritura Sagrada é inspirada, pois seus autores a escreviam sob a supervisão e orientação do ESPÍRITO SANTO. Isto permite variedades de estilo literário, gramática, vocabulário e outras peculiaridades humanas. Afinal, alguns escritores bíblicos tinham, sob o apanágio da providência de DEUS, passado por longos anos de experiência e preparo incomparáveis. Eis por que foram usados por DEUS para comunicar a sua mensagem (Moisés, Paulo).
Os conceitos da orientação dinâmica e os da inspiração verbal e plenária são sustentados por muito eruditos; tais conceitos reconhecem a obra do ESPÍRITO SANTO, bem como as diferenças óbvias nos vocabulários e estilos dos escritores. Uma diferença importante entre as duas opiniões envolve a extensão da inspiração. Reconhecendo ter havido orientação do ESPÍRITO SANTO, até onde esta se estende? No tocante aos escritos bíblicos, os defensores das várias opiniões dinâmicas sugeriram que a orientação do ESPÍRITO estendeu-se aos mistérios além do alcance da razão humana, ou somente até à mensagem da salvação, ou ainda até as palavras de CRISTO, ou talvez até certos assuntos (tais como as seções didáticas ou proféticas, ou talvez a todas as matérias que se relacionam com a fé e prática cristãs).
A inspiração plenária e verbal sustenta, porém, que a orientação do ESPÍRITO SANTO estendia-se a todas as palavras dos documentos originais (os autógrafos).
No tocante à orientação do escritor pelo ESPÍRITO, tem-se sugerido que a influência do ESPÍRITO estendeu-se somente ao impulso original para se escrever, ou somente à seleção dos tópicos, ou apenas aos pensamentos ou ideias do autor, conforme este achasse melhor.
Na inspiração plenária e verbal, todavia, a orientação do ESPÍRITO estendia-se até às próprias palavras que o escritor selecionava para expressar os seus pensamentos. O ESPÍRITO SANTO não ditava as palavras, mas guiava o escritor para que este, livremente, escolhesse as palavras que realmente expressavam a mensagem de DEUS. (Por exemplo, o escritor poderia ter escolhido "casa" ou "construção", segundo a sua preferência, mas não poderia ter escolhido "campo", pois isso teria mudado o conteúdo da mensagem.)
Qualquer combinação das sugestões no conceito da orientação dinâmica coloca-nos numa posição de relatividade quanto à extensão da inspiração das Escrituras. Esse posicionamento relativo requer seja aplicado algum princípio para diferenciar as partes inspiradas das não-inspiradas (ou mais inspiradas e menos inspiradas) da Bíblia. Vários princípios têm sido sugeridos: tudo quanto é razoável; tudo quanto é necessário para a salvação; tudo quanto é valioso para a fé e a prática; tudo quanto traz o Verbo; tudo quanto é querigma genuíno, ou tudo aquilo sobre o qual o ESPÍRITO dá testemunho especial. Todos os princípios desse tipo são subjetivos e centralizam-se no homem. Além disso, há o problema de quem aplicará o princípio de modo decisivo. A hierarquia eclesiástica, os estudiosos bíblicos e os teólogos, os cristãos individuais, todos desejariam o poder de escolha. Em última análise, o conceito da orientação dinâmica acaba derivando do homem a autoridade da Bíblia, em vez de derivá-la de DEUS. Somente o conceito da inspiração plenária e verbal evita o problema da relatividade teológica, sem deixar de levar em conta a variedade humana ao reconhecer que a inspiração estende-se à totalidade das Escrituras.
A inspiração plenária e verbal contém uma definição essencial no próprio nome. E a crença de que a Bíblia é inspirada nas próprias palavras (verbal) escolhidas pelos escritores. É inspiração plenária (plena, total, inteira) porque todas as palavras-, em todos os escritos originais (autógrafos), são inspiradas. Uma definição mais técnica da inspiração segundo a perspectiva plenária e verbal poderia ser esta: A inspiração é o ato especial do ESPÍRITO SANTO mediante o qual motivou os escritores bíblicos a escrever, orientando-os até mesmo no emprego das palavras, preservando-os de igual modo de todos os erros ou omissões.
Apesar de cada palavra da Bíblia ser inspirada por DEUS, a sua veracidade depende do contexto, isto é: ela pode registrar autoritativamente o conteúdo inspirado e verídico de uma mentira. Quando, por exemplo, a serpente disse a Eva que esta não morreria se comesse do fruto proibido, estava, sem dúvida alguma, mentindo - pois Eva morreria! (Gn 3.4,5). No entanto, posto que a totalidade da Bíblia seja inspirada, as palavras do tentador, embora falsas, foram registradas com exatidão.
A inspiração verbal e plenária era a opinião da Igreja Primitiva.
Durante os oito primeiros séculos da Igreja, nenhum líder eclesiástico, de vulto, ousou sustentar outra opinião. Procedimento similar foi adotado pelas igrejas cristãs ortodoxas até ao século XVIII. A inspiração plenária e verbal continua sendo o conceito sustentado pelo evangelicalismo.
A inspiração verbal e plenária eleva o conceito da inspiração até à plena infalibilidade, posto que todas as palavras são, em última análise, palavras de DEUS. A Escritura é infalível porque é a Palavra de DEUS, e DEUS é infalível.
Nas últimas décadas do século XX, alguns procuraram apoiar o conceito da inspiração plenária e verbal sem o corolário da infalibilidade. Como resposta, livros foram escritos, conferências, realizadas, e organizações formadas na tentativa de firmar o modo histórico de se entender a inspiração das Escrituras Sagradas. Uma fileira de fortes adjetivos tem sido acrescentada à expressão "plenária e verbal" até ao ponto de alguns insistirem que esta opinião teológica seja chamada "inspiração verbal plenária, infalível, inerrante, ilimitada". Quando investigamos o significado de tantos qualificativos, constatamos que é exatamente isto o que significa a "inspiração plenária e verbal"!



O ESPÍRITO SANTO e a Palavra
A Inspiração

As Escrituras eram sopradas por DEUS a medida que o ESPÍRITO SANTO inspirava seus autores a escrever em prol de DEUS. Por causa de sua iniciação e superintendência, as palavras dos escritores eram verdadeiramente a Palavra de DEUS. Pelo menos em alguns casos, os escritores bíblicos tinham consciência de que a sua mensagem não era meramente sabedoria humana, mas "as palavras que o ESPÍRITO SANTO ensina" (1 Co 2.13).
Os próprios autores sagrados tinham consciência da qualidade inspirada dos escritos que compunham a Palavra de DEUS, conforme o demonstram expressões tais como: "O próprio Davi disse pelo ESPÍRITO SANTO" (Mc 12.36); "O ESPÍRITO do SENHOR falou por mim" (2 Sm 23.2); "Varões irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o ESPÍRITO SANTO predisse pela boca de Davi" (At 1.16); "Bem falou o ESPÍRITO SANTO a nossos pais pelo profeta Isaías" (At 28.25); "Portanto, como diz o ESPÍRITO SANTO, se ouvirdes hoje a sua voz" (Hb 3.7); "E também o ESPÍRITO SANTO no-lo testifica, porque, depois de haver dito: Este é o concerto que farei" (Hb 10.15,16). Sendo assim, sejam quais forem os escritores - Moisés, Davi, Lucas, Paulo, ou desconhecidos (a nós) - escreveram eles "inspirados pelo ESPÍRITO SANTO" (2 Pe 1.21 ou "movidos pelo ESPÍRITO SANTO" ARA).
Alguns consideram (erroneamente) que a inspiração pelo ESPÍRITO envolvia um ditado mecânico da Escritura, apelando ao notável teólogo João Calvino. Várias vezes, Calvino realmente emprega o termo "ditado" em conjunção com a inspiração pelo ESPÍRITO. Por exemplo: "Seja quem for que serviu de escrevente dos Salmos, parece que o ESPÍRITO SANTO ditou pela sua boca uma forma comum de oração para a Igreja na sua aflição”.
O ESPÍRITO SANTO, fazendo uso das respectivas personalidades dos vários autores, e de suas experiências, capacidades e estilos, supervisionava-lhes os escritos a fim de garantir que a mensagem de DEUS fosse comunicada integralmente e com toda a exatidão. Conforme JESUS prometera aos seus discípulos, o ESPÍRITO os guiaria à verdade, trazendo-lhes à lembrança as suas palavras, e ensinar-lhes-ia tudo quanto era necessário à revelação divina (Jo 14-16).
 


A doutrina da iluminação do ESPÍRITO envolve a obra do ESPÍRITO SANTO na pessoa, levando-a a aceitar, entender e apropriar-se da Palavra de DEUS. Anteriormente, já havíamos considerado várias evidências internas e externas que confirmam ser a Bíblia a Palavra de DEUS. No entanto, mais poderosa e mais convincente que todas elas é o testemunho interior do ESPÍRITO SANTO. Embora as evidências sejam importantes, e o ESPÍRITO SANTO possa fazer uso delas, em última análise é a voz autorizada do ESPÍRITO, no coração humano, que produz a convicção de que a Escritura é, de fato, a Palavra de DEUS.
Sem o ESPÍRITO SANTO, a humanidade nem aceita, nem entende as verdades oriundas de DEUS. A rejeição da verdade divina pelos incrédulos acha-se vinculada à sua falta de entendimento espiritual. As coisas de DEUS são por eles consideradas loucuras (1 Co 1.22,23;2.14). JESUS descreveu os incrédulos como aqueles que ouvem mas não compreendem (Mt 13.13-15). Por causa do pecado "se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato" (Rm 1.21 - ARA). "O DEUS deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho" (2 Co 4.4). Sua única esperança para receberem o entendimento espiritual, ou para perceberem a verdade da parte de DEUS, é a iluminação do ESPÍRITO (Ef 1.18; 1 Jo 5.20). Essa percepção espiritual inicial resulta na regeneração, mas também abre a porta para uma nova vida de crescimento no conhecimento divino.
Embora as promessas de João 14-16, a respeito da orientação e ensino a serem ministrados pelo ESPÍRITO SANTO, façam referência especial aos discípulos de JESUS que seriam usados para escrever o Novo Testamento, há um sentido contínuo em que esse ministério do ESPÍRITO relaciona-se a todos os cristãos. "O mesmo Ensinador também continua a sua obra de ensino dentro de nós, não por meio de trazer uma nova revelação, mas por meio de trazer novo entendimento, nova compreensão, nova iluminação. Mas Ele faz mais do que nos mostrar a verdade. Ele nos coloca dentro da verdade, e ajuda-nos a pô-la em prática".
É importante manter juntas a Palavra escrita de DEUS e a iluminação do ESPÍRITO SANTO: O que o ESPÍRITO ilumina é a verdade da Palavra de DEUS, e não algum conteúdo místico oculto nessa revelação. A mente humana não é deixada de lado, mas vivificada à medida que o ESPÍRITO SANTO elucida a verdade. "A revelação é derivada da Bíblia, e não da experiência, nem do ESPÍRITO SANTO como uma segunda fonte de informação paralela à Escritura e independente desta". Nem sequer os dons de expressão vocal, dados pelo ESPÍRITO SANTO, têm a mínima igualdade com as Escrituras, pois eles também devem ser julgados pelas Escrituras (1 Co 12.10; 14.29; 1 Jo 4.1), pois podem a pessoa pode alterar a mensagem do ESPÍRITO SANTO quelhe foi dada. O ESPÍRITO SANTO nem altera nem aumenta a verdade da revelação divina dada nas Escrituras. Estas servem como padrão objetivo necessário e exclusivo através das quais a voz do ESPÍRITO SANTO continua a ser ouvida.
A iluminação do ESPÍRITO SANTO não visa ser um atalho para se chegar ao conhecimento bíblico, nem um substituto do estudo sincero da Palavra de DEUS. Pelo contrário: é à medida que estudamos as Escrituras que o ESPÍRITO SANTO vai nos outorgando entendimento espiritual, que inclui tanto a crença quanto a persuasão. "As pesquisas filológicas e exegéticas não são usualmente "locais" para sua operação, pois é no coração do próprio intérprete que Ele opera, criando aquela receptividade interior pela qual a Palavra de DEUS é realmente 'ouvida'."  O crente cheio do ESPÍRITO, fazendo como que a Palavra seja ouvida pelo coração, e não apenas pela cabeça, produz uma convicção a respeito da verdade que resulta numa apropriação zelosa desta mesma Palavra (Rm 10.17; Ef 3.19; 1 Ts 1.5; 2.13).
A neo-ortodoxia tende a confundir a inspiração com a iluminação ao considerar que as Escrituras "se tornam" a Palavra de DEUS quando o ESPÍRITO SANTO aplica seus escritos aos corações humanos. Segundo a neo-ortodoxia, a Escritura é revelação somente quando e onde o ESPÍRITO SANTO fala de modo existencial. O texto bíblico não tem nenhum significado objetivo específico. "Posto que não existem verdades reveladas, mas somente verdades da revelação, o modo de uma pessoa interpretar um encontro com DEUS pode ser diferente da maneira como outra pessoa entende igual situação".
Os evangélicos, contudo, consideram a Escritura como a Palavra escrita e objetiva de DEUS, inspirada pelo ESPÍRITO na ocasião em que foi escrita. A comunicação verdadeira a respeito de DEUS está presente na forma proposicional, quer a reconheçamos, quer a rejeitemos. A autoridade da Escritura é intrínseca devido à inspiração, e não depende da iluminação. E independente do testemunho do ESPÍRITO SANTO, e antecede a este. O ESPÍRITO SANTO ilumina o que Ele já tem inspirado, e a sua iluminação encontra-se vinculada exclusivamente com a Palavra escrita e a vontade de DEUS.
 

A Palavra Escrita e o Verbo Vivo
A revelação que DEUS fez de si mesmo centraliza-se em JESUS CRISTO. Ele é o Logos de DEUS. Ele é o Verbo Vivo, o Verbo encarnado, que revela o DEUS eterno em termos humanos. O título Logos só pode ser encontrado nos escritos joaninos, embora o emprego do termo haja sido relevante na filosofia grega daqueles dias. Alguns têm procurado uma ligação entre a linguagem de João e a dos estóicos, dos primeiros gnósticos, ou dos escritos de Filo de Alexandria. Estudos mais recentes sugerem que João foi influenciado primariamente pelos seus alicerces no Antigo Testamento e na fé cristã. E provável, porém, que tivesse consciência das conotações mais amplas do termo, e que a tivesse empregado deliberadamente, com o propósito de transmitir um significado adicional e especial.
O Logos é identificado com a Palavra de DEUS na Criação e também com sua Palavra autorizada (a lei para toda a humanidade). João deixa nossa imaginação atônita quando introduz o Logos eterno, o Criador de todas as coisas, o próprio DEUS, como o Verbo que se encarnou a fim de habitar entre a sua criação (Jo 1.1-3,14). "DEUS nunca foi visto por alguém. O filho unigénito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer" (Jo 1.18). O Verbo Vivo tem sido visto, ouvido, tocado, e agora proclamado mediante a Palavra escrita (1 Jo 1.1-3). Quando do encerramento do cânon sagrado, o Logos vivo de DEUS, o Fiel e Verdadeiro, está em estado de prontidão no Céu, prestes a voltar à Terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.11-16).
A suprema revelação de DEUS acha-se no seu Filho. Durante muitos séculos, mediante as palavras dos escritores do Antigo Testamento, DEUS havia se revelado progressivamente. Tipos, figuras, sombras e prefigurações desdobravam paulatinamente o plano de DEUS para a redenção da humanidade (Cl 2.17). Depois, na plenitude dos tempos, DEUS enviou o seu Filho para revelar o Pai de forma mais perfeita e para executar aquele gracioso plano mediante a sua morte na Cruz (1 Co 1.17-25; Gl 4-4). Toda a revelação bíblica, antes e depois da Encarnação de CRISTO, centraliza-se nEle. As muitas fontes originárias e maneiras da revelação anterior indicavam e prenunciavam a sua vinda à terra como homem. Toda a revelação subsequente engrandece e explica a sua vinda. A revelação que DEUS fez de si mesmo começou pequena e misteriosa, progrediu no decurso do tempo, e chegou ao seu ponto culminante na Encarnação do seu Filho. JESUS é a revelação mais completa de DEUS. Todos os escritos inspirados que se seguem após a sua vinda não acrescentam nenhuma revelação maior, mas engrandecem a importância de sua Encarnação. "[O ESPÍRITO] não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir" (Jo 16.13).
Na Pessoa de JESUS CRISTO, coincidem entre si a Fonte e o Conteúdo da revelação. Ele não era mais um meio de comunicar a revelação divina, conforme o foram os profetas e apóstolos. Ele mesmo é "o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa" (Hb 1.3). Ele é "o caminho, e a verdade, e a vida"; conhecer a Ele é conhecer também o Pai (Jo 14-6-7). Os profetas diziam: "Veio a mim a Palavra do Senhor", mas JESUS afirmava: "Eu vos digo"! JESUS inverteu o uso do termo "amém", começando assim as suas declarações: "Na verdade [hb. Amen], na verdade te digo" (Jo 3.3). Tendo Ele falado, a verdade foi declarada de modo imediato e inquestionável.
CRISTO é a chave que revela o significado das Escrituras (Lc 24.25-27; Jo 5.39,40; At 17.2,3; 28.23; 2 Tm 3.15). Elas testificam dEle e da salvação que Ele outorga mediante a sua morte. O enfoque que as Escrituras dedicam a CRISTO não justifica, porém, o abandono irresponsável do texto bíblico nas áreas que parecem ter poucas informações abertamente cristológicas. Clark H. Pinnock lembra-nos, com toda a sabedoria, que "CRISTO é o Guia hermenêutico no significado das Escrituras, e não seu bisturi crítico". A atitude do próprio CRISTO para com a totalidade das Escrituras era de total confiança e de plena aceitação. A revelação especial em CRISTO e nas Escrituras é consistente, coerente e conclusiva. Encontramos CRISTO através das Escrituras, e estas nos revelam a vida eterna em CRISTO. "Estes, porém, foram escritos para que creiais que JESUS é o CRISTO, o Filho de DEUS, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20.31).
 

Perguntas do Estudo
1. O animismo usualmente envolve a adoração de certos aspectos da Natureza. Reflita sobre o relacionamento entre o animismo e a revelação geral. Como a revelação geral serviria de ponto de contato para testemunhar aos animistas? Como?
A Bíblia reafirma o valor da revelação geral. Mesmo assim, o pecado tem tido um impacto negativo sobre a revelação geral. Como se deve entender a revelação geral antes da queda do homem e atualmente ao peca­dor e ao redimido?
A doutrina da inspiração das Escrituras não insiste tenham os autores transcrito mecanicamente o que DEUS queria fosse comunicado. Os escritores retinham seu próprio estilo e forma literários específicos. Selecione dois autores bíblicos, e anote algumas das suas características.
Tanto a profecia bíblica quanto a arqueologia bíblica têm sido conclamadas a fornecer evidência em prol da incomparabilidade da Bíblia. Compile uma lista de profecias bíblicas e seus cumprimentos, bem como uma lista de descobertas arqueológicas que confirmem o conteúdo da Bíblia.
A doutrina da inerrância bíblica refere-se aos autógrafos bíblicos. Posto não possuirmos nenhum dos autógrafos, como a inerrância relaciona-se com as versões e traduções da Bíblia que hoje usamos?
A maioria das religiões não-cristãs tem seus próprios livros sagrados. De quais maneiras a Bíblia é incomparável com tais escritos?
Escolha dois textos bíblicos que parecem se contradizer, ou um trecho que parece conter erro. Sugira uma solução possível.
Como os dons de expressão vocal, tais como a profecia, as línguas e a interpretação relacionam-se com um cânon fechado das Escrituras?
 
 
TEOLOGIA SISTEMÁTICA - Govaski
TEORIA DA INSPIRAÇÃO PLENÁRIA OU VERBAL
Todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas e os escritores não foram usados inconscientes, mas cooperava com eles o ESPÍRITO SANTO, que os capacitava. Homens santos escreveram a Bíblia com as palavras de seu vocabulário, mas numa influenciante presença do ESPÍRITO SANTO, escrevendo a PALAVRA DE DEUS.
 
 
REVELAÇÃO X INSPIRAÇÃO:
Revelação é a ação de DEUS que se dá a conhecer ao Escritor e que o homem sozinho, nada pode saber (Dn.12.8; 1 Pe. 1:10,11). Inspiração não implica em revelação. Toda a Bíblia foi inspirada, mas nem toda ela foi revelada: Ex. de Revelação: Gênesis, sonhos de José, escritos de Paulo (Gl. 1:11; Ef.3:3).
 
DECLARAÇÃO BÍBLICA X DECLARAÇÃO NA BÍBLIA
A Bíblia não mente, mas registra mentiras de ímpios e do diabo, declarações não inspiradas por DEUS, mas registradas; verifique quem, para quem, e quando se fala.
 
 
 
BIBLIOLOGIA - As Grandes Doutrinas da Bíblia - Raimundo de Oliveira
 
INTRODUÇÃO
Chamada "Escritura Sagrada", "Sagradas Escrituras", simplesmente "Escrituras" ou "Palavra de DEUS", a Bíblia se constitui na única regra de fé e de conduta do cristão. Ela contém a mente de DEUS, o estado espiritual do homem, o caminho da salvação, a condenação dos impenitentes, e a felicidade dos santos. Suas doutrinas são santas, seus preceitos são leis, suas histórias são verídicas e suas decisões irrevogáveis. Compreender a origem, propósito e alcance da Bíblia Sagrada é condição indispensável a todos quantos buscam compreender a boa, santa e agradável vontade de DEUS, e a estarem habilitados a cumpri-la em suas vidas diariamente.

 A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS
O uso do termo inspiração tem a finalidade de designar a influência controladora que DEUS exerceu sobre os escritores da Bíblia. Tem a ver com a habilidade comunica­da pelo ESPÍRITO SANTO, de receber a mensagem divina e de registrá-la com absoluta exatidão. O que diferencia a Bíblia dos demais livros do mundo é a sua inspiração divina. É devido à sua inspiração que a Bíblia é chamada A Palavra de DEUS.

1. O Fato da Inspiração das Escrituras
É muito interessante compreendermos a contribuição exata do fato de que a inspiração divina das Escrituras re­sume o propósito divino da revelação (2 Pd 1.19-21). Este é um assunto que precisa ser exposto com a mais absoluta clareza face às objeções contra ele levantadas.Contra a crença de que as Escrituras resumem em si a totalidade do propósito da revelação divina, levantam-se os seguintes argumentos:
a) CRISTO Versus Apóstolos
Este conceito consiste em distinguir entre a crença de CRISTO e a dos apóstolos, supostamente em níveis diferen­tes. Tem o propósito de apresentar CRISTO em oposição aos apóstolos, procurando salvá-los das errôneas tradições dos judeus, incluindo evidentemente a crença na inerrância das Escrituras. Procurando dar bases escriturísticas a essa errônea interpretação, os seus defensores valem-se de pas­sagens bíblicas isoladas, tais como: Mateus 22.29; Marcos 12.24 e João 5.39.
b) Acomodação
Segundo este argumento, os apóstolos criam que a inerrância das Escrituras judaicas se constituía numa teo­ria insustentável. Deste modo, em vez de adotarem uma linha de interpretação revolucionária, os escritores do Novo Testamento teriam decidido por acomodar a sua linguagem à realidade espiritual dos seus dias. Um dos principais defensores deste argumento disse que "as Escrituras do Novo Testamento estão completamente dominadas pelo espírito de sua época. Assim o seu testemunho concernente â inspiração das Escrituras carece de valor independente".
c) Ignorância
Os defensores deste argumento dizem que os apóstolos eram "homens sem letras e indoutos" (At 4.13), e, portanto, estavam sujeitos a errar, e que CRISTO, devido à sua encarnação, sabia apenas um pouco acima dos seus contemporâ­neos. Ainda, segundo este argumento, uma vez que CRISTO não teve acesso às descobertas científicas do nosso tempo, não podia ter estado muito acima do nível cultural da sua própria época.
d) Contradição
Sempre tem havido quem discuta no tocante à supos­ta "contradição", "inexatidão" e "inconsistência" das Escrituras. Segundo esses críticos, um livro não pode ter tão grande valor como o atribuído à Bíblia, quando contém to­dos estes elementos. Esses argumentos quanto à inspiração e inerrância das Escrituras, não têm nada de novo. A negação da origem divina da Bíblia tem aparecido em todas as gerações com maior ou menor intensidade neste mundo onde medra a incredulidade. A raiz do problema está no que se há de aceitar como última palavra no assunto: Devemos aceitar o ensinamento da Bíblia acerca de si mesma, ou aceitar o ensinamento contraditório de homens?
 

2. O Que a Bíblia Diz Acerca da Sua Inspiração
Como qualquer outra doutrina bíblica, a doutrina da inspiração deriva das Escrituras. A Bíblia mesma testifica abundantemente da sua inspiração e sustenta o ponto de vista mais estrito com respeito ao assunto. Os escritores do Antigo Testamento tinham consciência de que escreviam aquilo que o Senhor lhes mandava (Ex 17.14; 34.27; Nm 33.2; Is 8.1;30.8; Jr 25.13;30.2; Ez 24.1; Dn 12.4) Os profetas tinham consciência de que eram portadores duma mensagem divi­na, e, portanto, a introduziam com fórmulas, como: "As­sim diz o Senhor" - "Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo" - "Assim me mostrou o Senhor Jeová", etc. Estas fórmulas se referem à palavra falada, porém se aplicam também à palavra escrita (Jr 36.27,32; Ez 24.1; Dn 12.4). Os escritores do Novo Testamento com freqüência citam passagens do Antigo Testamento como palavra de DEUS ou do ESPÍRITO SANTO (Mt 15.4; Hb 1.5; 3.7; 4.3; 5.6; 7.21). Paulo fala de suas próprias palavras como palavras que o ESPÍRITO lhe havia ensina­do (1 Co 2.13), e alega que é CRISTO quem fala a ele (2 Co 13.3).Sua mensagem aos tessalonicenses é "a palavra de DEUS” (1 Ts 2.13). Finalmente, diz na passagem clássica da inspiração: "Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça " (2 Tm 3.16).
 
3. A Natureza da Inspiração das Escrituras
Ao considerar a natureza da inspiração das Escrituras, atente-se primeiramente para dois conceitos errôneos, porém comuns, conhecidos como: "inspiração mecânica" e "inspiração dinâmica".
a) Inspiração Mecânica
Com freqüência se tem concebido o processo da inspiração das Escrituras duma maneira mecânica. Segundo este conceito, DEUS simplesmente ditava o que os autores humanos dos livros da Bíblia deviam escrever. Estes escri­tores seriam qual amanuenses do ESPÍRITO SANTO, regis­trando seus pensamentos em palavras que Ele escolhia. As faculdades mentais dos escritores se encontravam em re­pouso e não contribuíam de forma alguma no conteúdo ou forma dós seus escritos.
Ê assim que o estilo das Escrituras é o estilo do ESPÍRITO SANTO. As investigações, porém, têm mostrado que este con­ceito é insustentável. A Bíblia mesma dá prova de que os seus escritores não eram meros instrumentos passivos na produção dos seus livros, mas sim, eles eram autores no verdadeiro sentido da palavra. Em alguns casos os escritos da Bíblia são resultados de investigações históricas, pois se referem a essas investigações (Lc 1.1-4), e às vezes fazem menção de suas fontes, como os livros de Samuel, Reis, Crônicas, etc. Noutros casos os autores registram as suas próprias expe­riências pessoais, como nos Salmos, nos livros proféticos, em Atos, e nas Epístolas. Cada escritor tinha estilo pró­prio. O estilo de Isaías não é como o de Ezequiel, nem o es­tilo de Paulo ê como o de Pedro.
b) A Inspiração Dinâmica
Face ao conceito mecânico da inspiração das Escritu­ras, vários eruditos nos séculos XVIII e XIX optaram pelo que chamaram "inspiração dinâmica". Esta teoria rejeita a idéia duma operação direta do ESPÍRITO SANTO sobre a produção dos livros da Bíblia, isto é, uma operação que te­ria como propósito específico a produção desses livros, e põe em seu lugar a idéia duma inspiração geral dos escrito­res. Essa inspiração teria sido uma característica permanente dos escritores. Ela não difere em essência, mas somente em grau, da iluminação espiritual do crente em geral. Ela penetra em todas as partes das Escrituras, ainda que não em todas na mesma medida. Os livros históricos, por exemplo, não seriam inspirados na mesma medida que os livros doutrinários. Desse modo, ainda que em geral os escritos bíblicos sejam confiáveis, eles estão sujeitos a erros principalmente os livros históricos.Evidentemente, este conceito não faz justiça aos da­dos bíblicos sobre a inspiração das Escrituras, uma vez que ele despoja a Bíblia do seu caráter sobrenatural, reduzindo-a ao nível da revelação geral, destruindo, portanto, a sua infalibilidade.
c) A Inspiração Orgânica
O conceito de Inspiração geralmente aceito nos círculos cristãos conservadores, se denomina inspiração "plená­ria" ou "orgânica". O termo "orgânico" põe em relevo o fato de que DEUS não usou os escritores da Bíblia, no sentido mecânico, como se eles fossem robôs, mas que atuou sobre eles de forma orgânica, em harmonia com as leis do ser interior desses escritores. Isto é, DEUS os usou tal qual eram, com seu caráter e temperamento, seus dons e talentos, sua educação e cultura, seu vocabulário e estilo; iluminou as suas mentes, os impulsionou a escrever, excluindo a influência do pecado sobre suas atividades literárias.
Na verdade, DEUS os guiou na seleção de suas palavras e na ex­pressão de seus pensamentos.Este conceito apresenta os escritores da Bíblia, não como simples amanuenses, mas como verdadeiros autores da Bíblia. Ás vezes eles registravam comunicações diretas de DEUS, e em outras ocasiões escreviam os resultados de suas próprias investigações históricas, ou registravam suas experiências. Isto explica a individualidade dos livros da Bíblia, posto que cada escritor tinha seu próprio estilo e firmou em sua produção literária seu selo pessoal e as mar­cas da época em que viveu.
 
4. Provas da Inspiração da Bíblia
Dentre outras provas da inspiração da Bíblia, a dar-lhe patente divina, destacam-se as seguintes:
a) A Aprovação da Bíblia por JESUS
JESUS aprovou a Bíblia ao lê-la, ao ensiná-la, ao cha­má-la "a palavra de DEUS", e ao cumpri-la (Lc 4.16-20; 24.27; Mc 7.13; Lc 24.44).Quanto ao Novo Testamento, em João 14.26, o Senhor antecipadamente pôs nele o selo de sua aprovação divina, ao declarar: "Mas aquele Consolador, o ESPÍRITO SANTO, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito". As­sim sendo, o que os apóstolos ensinaram e escreveram não foi a recordação deles mesmos, mas a do ESPÍRITO SANTO.
JESUS disse ainda que o ESPÍRITO nos guiaria em "toda a verdade" (Jo 16.13,14). Portanto, no Novo Testamento temos a essên­cia da revelação divina.
b) O Testemunho do ESPÍRITO SANTO no Crente
O mesmo ESPÍRITO que conduz o pecador a aceitar a JESUS como Salvador pessoal, convence o neoconvertido da origem divina das Escrituras. Não é necessário que o novo crente faça um curso neste sentido, não. A crença na auto­ria e inspiração divina das Escrituras é algo que se dá ins­tantaneamente.
Samuel Rutherford, num tratado contra a teologia vaticana, pergunta: "Como sabemos que a Escritura é a Pa­lavra de DEUS?" Se já houve um lugar onde se poderia es­perar que um teólogo empregasse o estilo de argumentos ra­cionais dos próprios teólogos católicos, conforme fizeram alguns teólogos protestantes do passado, seria aqui. Rutherford, ao invés disto, apelou ao ESPÍRITO de CRISTO fa­lando na Escritura: "As ovelhas são criaturas dóceis (Jo 10.27). As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as co­nheço, e elas me seguem... assim o instinto da Graça co­nhece a voz do Amado entre muitas vozes (Ct 2.8), e este poder de discernimento está no sujeito" (O alicerce da Autoridade Bíblica – Edições Vida Nova - Págs. 50,51).
c) O Fiel Cumprimento da Profecia
Inúmeras profecias se cumpriram no passado, em sen­tido parcial ou total; inúmeras outras cumprem-se em nos­sos dias, e muitas outras cumprir-se-ão no futuro.O cumprimento contínuo das profecias bíblicas é uma prova da sua origem divina. O que DEUS disse, sucederá (Jr 1.12).Glória, pois, a DEUS, por tão sublime livro!
d) A Perenidade das Escrituras
O tempo não exerce nenhuma influência sobre a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo, e ao mesmo tempo o mais moderno. O jornal de amanhã não se lhe sobrepuja em atualidade. Em mais de vinte séculos de progresso em todas as áreas da ciência, homem algum tem sido capaz de melhorar a Bíblia, nem de fazer outro livro que lhe exceda em valor. Um livro de origem puramente humana, após tantos milênios de uso, já teria caducado e, se conservado, com certeza estaria guardado nalgum museu, ou então já teria sido consumido pelas traças. Esta é mais uma irrefu­tável prova da origem sobrenatural das Escrituras.

5. A História da Igreja Aprova a Inspiração das Escrituras
Os grandes líderes espirituais cujos nomes a História da Igreja faz menção elevam as suas vozes em defesa da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras.Seja qual tenha sido o meio pelo qual Agostinho chegou ao entendimento de que a Bíblia é a Palavra de DEUS, sua posição quanto a inspiração e inerrância das Escrituras, brota espontânea e abundantemente nos seus escritos. Ele escreve que "nenhuma palavra e nenhuma sílaba é su­pérflua" nas Escrituras. Confessa: "Aprendi a dar a eles (os Livros canônicos) tal honra e respeito a ponto de crer com muita firmeza que nenhum destes autores errou ao es­crever qualquer coisa que seja". As "mãos dos autores das Escrituras escreviam aquilo que a cabeça ditava", insistia. "Nenhuma discordância de qualquer tipo teve permissão de existir" na Bíblia de Agostinho. Conforme escreve See-berg: "A mais alta autoridade normativa e a única infalí­vel é, para Agostinho, a Sagrada Escritura" (O Alicerce da Autoridade Bíblica – Edições Vida Nova – Págs. 50,51).
Os Reformadores adotaram sem questionar e sem re­servas a declaração acerca da inspiração, e até mesmo da inspiração verbal da Bíblia. Lutero se mostra consistente quando o ouvimos trovejar no fim da sua vida: "Logo, ou cremos redondamente, e totalmente e completamente, ou nada cremos: o ESPÍRITO SANTO não se deixa cortar ou sepa­rar, de modo que deixasse uma parte ser ensinada ou crida de modo verdadeiro, a outra parte de modo falso... Pois é moda dos hereges começarem primeiramente com um úni­co artigo, mas depois todos devem ser totalmente negados, como um anel que não tem mais valor quando tem uma quebra ou corte, ou um sino que, quando está rachado num lugar, não soará mais, e é totalmente inútil".João Wesley levanta quatro argumentos grandes e po­derosos que nos induzem a crer que a Bíblia precisa ser de origem divina: os milagres, as profecias, a bondade da dou­trina e o caráter moral dos escritores. Todos os milagres fluem do poder divino; a bondade da doutrina, da bondade divina, e o caráter moral dos escritores, da santidade divina.Deste modo o cristianismo é constituído sobre quatro grandes pilares: o poder, a compreensão, a bondade e a santidade de DEUS.
O poder divino é a fonte de todos os mi­lagres; a compreensão divina, a da bondade da doutrina; a santidade divina, a do caráter moral dos escritores.Prosseguindo no seu esforço de provar a origem divina das Escrituras, Wesley diz o seguinte:A Bíblia deve ser a invenção de homens bons ou de an­jos; de homens maus ou de demônios; ou de DEUS.
a)Ela não podia ser a invenção de homens bons ou de anjos, pois eles não fariam nem poderiam fazer um livro contando mentiras durante todo o tempo em que o esta­vam escrevendo, dizendo: "Assim diz o Senhor" quando o livro era a sua própria invenção.
b)Ela não podia ser invenção de homens maus ou de demônios pois eles não fariam um livro que impõe todos os deveres, proíbe todos os pecados e condena as suas almas ao inferno por toda a eternidade.
c)Eu tiro, portanto, a conclusão de que a Bíblia preci­sa ter sido dada por inspiração divina (Coletânea da Teologia de João Wesley – Imprensa Metodista – Pág. 18).


JESUS Chamou a Bíblia de "a Palavra de DEUS"
"Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor; nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, invalidando assim a palavra de DEUS pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas" (Mc 7.11-13).
c) JESUS Cumpriu a Bíblia
"E disse-lhes [JESUS]: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco. Que convinha que se cum­prisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos Salmos" (Lc 24.44). JESUS também afirmou que as Escrituras são a verdade (Jo 17.17). Ele viveu e procedeu de acordo com elas (Lc 18.31). Declarou que o escritor Davi falou pelo ESPÍRITO SANTO (Mc 12.35,36). No deserto, ao derrotar o inimigo, fê-lo citando a Palavra de DEUS (Dt 8.3; 6.13,16; Mt 4.1-11).


 
SINÓPSE I - A Bíblia é a inspirada Palavra de DEUS. Seus autores a escreveram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO e os seus livros têm o mesmo grau de autoridade.
SINÓPSE II - As limitações humanas, o uso de diferentes gêneros literários e o emprego de linguagem comum não anula a inspiração divina dos autores da Bíblia.
SINÓPSE III - A Bíblia reivindica a inspiração do ESPÍRITO SANTO em todas as palavras das Escrituras.

AUXÍLIO TEOLÓGICO TOP1
“A Inspiração Divina da Bíblia
O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina (Jó 32.8; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). É devido à inspiração divina que ela é chamada a Palavra de DEUS [...] ­ ̶ Que vem a ser ‘inspiração divina’? ­ ̶ Para melhor compreensão, vejamos primeiro o que é inspiração. No sentido fisiológico, é a inspiração do ar para dentro dos pulmões. É pela inspiração do ar que temos fôlego para falar. Daí o ditado ‘Falar é fôlego’. Quando estamos falando, o ar é expelido dos pulmões: é o que chamamos de expiração. Pois bem, DEUS, para falar a sua Palavra através dos escritores da Bíblia, inspirou neles o seu ESPÍRITO! Portanto, inspiração divina é a influência sobrenatural do ESPÍRITO SANTO como um sopro, sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro. A própria Bíblia reivindica para si a inspiração de DEUS, pois a expressão ‘Assim diz o Senhor’, como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus 66 livros; isso além de outras expressões equivalentes” (GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos Séculos: A história e formação do Livro dos livros. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p.41).
 
AMPLIANDO O CONHECIMENTO TOP2
A Inspiração
“As Escrituras eram sopradas por DEUS à medida que o ESPÍRITO SANTO inspirava seus autores a escrever em prol de DEUS. Por causa de sua incitação e superintendência, as palavras dos escritores eram verdadeiramente a Palavra de DEUS. Pelo menos em alguns casos, os escritores bíblicos tinham consciência de que a sua mensagem não era meramente sabedoria humana, mas ‘as palavras que o ESPÍRITO SANTO ensina’ (1 Co 2.13)”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD, p.115.

AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ TOP2
“Fundamentos bíblicos para uma filosofia de ensino
Uma filosofia cristã de ensino começa na Bíblia e faz parte do conceito maior de educação cristã. A Palavra de DEUS oferece mais do que o conteúdo do ensino cristão; fornece também a estrutura filosófica essencial. Questões fundamentais, como: ‘Por que ensinar?’; ‘Que resultados devemos esperar?’; ‘Quem é o mediador do ensino cristão?’; ‘Como devemos ensinar?’; e ‘A quem devemos ensinar?’ encontram respostas provocativas na Bíblia. Um mandato e uma meta claramente definidos emaranham-se de forma precisa com os notáveis discernimentos das Escrituras sobre o professor, o aluno e DEUS para, com isso, formar uma superestrutura estável. Cada ensinador cristão constrói uma filosofia pessoal de ensino ao entender, correta ou incorretamente, a estrutura bíblica. Portanto, o desafio de construir uma filosofia verdadeiramente cristã começa de maneira correta examinando cada parte do componente fornecido pela Bíblia” (GANGEL, Kenneth O; HENDRICKS, Howard G (Eds.). Manual de Ensino para o Educador Cristão: Compreendendo a natureza, as bases e o alcance do verdadeiro ensino cristão. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.66).

VOCABULÁRIO
Alegoria: Modo de expressão que procura representar pensamentos e ideias sob forma figurada.
Hipérbole: Figura de linguagem que consiste no exagero de uma expressão ou ideia. Exemplos: “Morrer de rir”, “chorar rios de lágrimas”.
Símile: Figura de linguagem que denota o que é semelhante, análogo. Exemplos: “Sedes prudentes como a serpente”.
Sinal diacrítico: Sinal gráfico que junto à letra altera sua fonologia. Exemplos: acento agudo, cedilha, til etc.

REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que as Escrituras reivindicam?
As Escrituras reivindicam que a mensagem bíblica veio da parte de DEUS.
2. O que é Inspiração Plenária?
A inspiração plenária da Bíblia é a inspiração total e completa, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.
3. Cite um gênero literário e três figuras de linguagens.
Narrativa; parábola, hipérbole e metáforas.
4. Quais os dois pressupostos básicos de inspiração divina do Novo Testamento?
O Novo Testamento possui dois pressupostos básicos de sua inspiração: a) a promessa de CRISTO de enviar o ESPÍRITO SANTO para guiar os discípulos (Jo 14.26); b) os escritos bíblicos que vindicam esse cumprimento (At 2.4; 1 Co 2.10; Ef 3.5).
5. O que não é possível acontecer sem que haja o mover do ESPÍRITO SANTO?
Sem o mover do ESPÍRITO não é possível nem aceitar e nem entender a Palavra de DEUS (Mt 13.15; 1 Co 2.14).
fonte  http://www.apazdosenhor.org.br