Lições Bíblicas nº 65
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Romanos 14.1-8
1- Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas.
2- Porque um cré que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
3- O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu.
4- Quem és tu que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar.
5- Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo.
6- Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.
7- Porque nenhum de nós vive para si e nenhum morre para si.
8- Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.
TEXTO AUREO
Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus. Romanos 15.7
SUBSIDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira 1 Coríntios 8.11-13
O cuidado do crente com os novos convertidos
3ª feira Romanos 14.3
Ninguém despreze o de pouca compreensão
4ª feira - 1 Tessalonicenses 5.11
Toda exortação mútua deve ser feita em amor
5ª feira - Romanos 14.3
Não devemos julgar um ao outro
6ª feira - Romanos 16.17
Noteis os que promovem dissensões
Sábado - Romanos 14.22
Tens tu fé? Tem-na para ti mesmo
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Vivemos em um mundo de intolerâncias. Em certa medida, a intransigência é razoável e salutar; por exemplo, não podemos ser complacentes diante do cometimento de um crime ou de uma contravenção.
Há um caso de intolerância na igreja de Roma, contra o qual o apóstolo Paulo pronunciou-se, exortando os intolerantes a que mudassem o modo de tratar o outro lado, em nome do amor cristão e do bom relacionamento entre eles.
1. A IGREJA DE ROMA
A igreja de Roma foi fundada, provavelmente, por forasteiros romanos que estavam em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.10). Havia dois grupos étnicos na igreja de Roma: os romanos nativos e os judeus convertidos que lá habitavam. Entre esses judeus, havia os radicais nos costumes, provavelmente essênios. Estes demonstravam pouco entendimento na fé e na conduta cristã.
1.1. A intolerância dos judeus
Os romanos não tinham qualquer liturgia alimentar: eles, por exemplo, comiam carne; já os judeus radicais eram vegetarianos, não por uma simples questão de saúde, mas por capricho religioso.
Os judeus radicais exigiam que todos os membros da igreja de Roma adotassem as mesmas práticas alimentares que eles.
Surgiu uma tão grande discussão sobre dieta alimentar, que abou por prejudicar a comunhão entre os irmãos. O problema agravou-se a ponto de o apóstolo Paulo precisar intervir (Rm 14.1-13).
1.2. A fragilidade na fé
Paulo era um homem sábio em suas instruções. Como judeu ele conhecia bem a faceta legalista do judaísmo e sabia lidar com a situação. Sua primeira percepção, no capítulo14 da carta aos romanos, volta-se para o que está enfermo na fé (v. 1).
A fragilidade espiritual, principalmente dos recém-chegados ao evangelho, precisa ser respeitada. Nem todos têm a mesma compreensão e maturidade espiritual. A tolerância do forte em relação ao fraco tem de ir até o limite do seu sacrifício, pela preservação da fé daquele que ainda é fraco, para
que este não se perca.
1.3. O desprezo pelo divergente
Ainda no capítulo 14 da carta aos romanos, lemos: O que come não despreze o que não come (v. 3). Desprezar significa "não prezar", "desconsiderar", "ter por indigno". Será esse o comportamento próprio de um filho de Deus?
É verdade que há pessoas, cuja postura é inconveniente e das quais queremos escapar, seja porque falam mal dos outros, ou porque não dão bom testemunho de Cristo, ou por outra razão qualquer. Mesmo assim, devemos ser tolerantes para com elas e jamais desprezá-las; e, na medida do possível, prestar-lhes ajuda em amor para que elas se adequem ao padrão de Cristo (1 Ts 5.11).
1.4. O julgamento ao divergente
Nem todos são capazes de conviver com o contraditório. Se, de um lado, os irmãos romanos cansados da intolerância dos irmãos judeus desprezavam-nos; do outro lado, os irmãos Judeus julgavam os irmãos romanos por sua teimosia.
Ao que Paulo advertiu: (...) E o que não come; não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu (Rm 14.3).
As avaliações são necessárias. É da natureza humana fazer julgamentos, adotando, por via de regra, critérios de valores para dar o seu veredito.
Mas o nosso critério de avaliação pode, eventualmente, seguir os contornos de uma análise equivocada, trazendo consigo uma conclusão tão negativa, que nos poderá levar a uma atitude condenatória ou discriminatória contra alguém, coisa que a Bíblia condena (Rm 2.1).
2. OUTROS MALEFÍCIOS DA INTOLERÄNCIA
2.1. A intolerância pode destruir a obra de Deus
Não é comum haver entre nós a mesma pauta que gerou a discussão na igreja de Roma - no caso, ser ou não vegetariano -; no entanto, lidamos com outras questões nas quais a intolerância é gritante.
Paulo, firmado na tese de que coisas irrelevantes podem afetar a vida de um irmão débil na fé, preocupou-se também com a possibilidade de coisas desimportantes afetarem a obra de Deus. No capítulo 14 da carta aos Romanos, o apóstolo diz: Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo (v. 20). Comida, nesse verso, faz referência às questões litúrgicas, teológicas, éticas, administrativas ou similares, que, não raramente, levam comunidades eclesiásticas à divisão ou ao esfacelamento, em função da intolerância de alguns.
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É grande a responsabilidade de alguém que, em seu zelo excessivo, leva um irmão mais fraco a tropeçar na fé, levando-o a desviar-se do evangelho (Rm 14.15).
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2.1.1. A intolerância litúrgica
Na intolerância litúrgica, há discussão sobre a forma de culto.
Por que não buscar um caminho de entendimento? Nesses casos, temos de entender não apenas as motivações da igreja local ao adotar esse ou aquele modo litúrgico, mas também considerar a relevância desses gostos. Fazem diferença aos olhos de Deus?
2.1.2. A intolerância teológica
Nas questões teológicas, é comum haver divergências com irmãos de outras denominações, tais como: ser ou não ser pentecostal; crer ou não na atualidade dos dons do Espírito; ser pré-tribulacionista, mesotribulacionista ou pós-tribulacionista etc.
Devemos manter a crença na inspiração plenária das Escrituras e na salvação pela graça, rejeitando veementemente as heresias. Os divergentes, nas questões doutrinarias essenciais, promovem escândalo ao evangelho; com esses, devemos, sequer, ter comunhão (Rm 16.17). No entanto, debates teológicos não podem, jamais, dividir o povo de Deus.
2.1.3. A intolerância ética
A maior de todas as discussões na história da igreja evangélica, deu-se em torno da "ética de estética": as questões que envolvem a vestimenta, o uso de adornos e maquiagens e os cortes de cabelo.
O apóstolo Paulo, sabiamente, atribui a cada indivíduo a responsabilidade por aquilo que adota como certo (Rm 14.22).
3 - EM QUE CONSISTE A TOLERÂNCIA
A tolerância é o ato ou efeito de dar ao outro o direito à sua própria maneira de pensar. Trata-se, portanto, do respeito à opinião divergente. Para encontrar o equilíbrio, o apóstolo Paulo advoga a unidade da fé (1 Co 1.10).
3.1. O caminho da paz
O caminho da tolerância, que produz a paz é uma convivência harmônica no Corpo de Cristo, tem o seu preço: ele pode custar o nosso conforto (ou apreciação por alguma coisa), levando-nos a cortar de nossa vida algo que jamais nos faria mal, mas que faz mal ao que é fraco na fé (1 Co 8.13).
Significa dizer que, em algumas situações, devemos pensar mais no outro do que em nós mesmos: Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para a edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo (...) (Rm 15.2,3).
CONCLUSÃO
A intolerância é algo crescente no mundo atual, em todos os ambientes e situações, inclusive dentro da Igreja do Senhor Jesus.
É preciso, portanto, parar, refletir e avaliar a postura do outro, antes de julgá-lo ou criticá-lo. Paulo apresenta a soluções para esse desafio: entender a diferença entre o forte e o fraco, tomando cuidado com o que ainda é fraco, ajudando-o, amorosamente, a compreender as coisas de maneira correta.
Tolerar é aceitar o diferente. E é assim que o apostolo Paulo encerra a discussão sobre a divergência, que gerou intolerância entre os irmãos da igreja de Roma: Portanto, receber aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus (Rm 15.7).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Como Paulo distingue os grupos divergentes na igreja de Roma?
Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 65 - Central Gospel
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