Wilma Rejane
“Vocês me peguem e me joguem no mar, que ele ficará calmo. Pois eu sei que foi por minha causa que essa terrível tempestade caiu sobre vocês” Jonas 1:9
Profeta Jonas estava em meio a uma tempestade, não estava sozinho, com ele havia muitos tripulantes sofrendo as mesmas consequências. Aquela tempestade não era apenas um fator natural do tempo, era uma reação de Deus a desobediência de Jonas. E logo aqui aprendemos que há tempestades na vida que são igualmente consequências de desobediência a Deus, de pecados não confessados. Enquanto a tempestade acontece, Jonas dorme tranquilamente no porão do navio, até que alguém vai até ele e provoca sua consciência:
“Diga: quem é o culpado de tudo isso? O que você está fazendo aqui? De onde você vem? De que país você é? Qual o seu povo? Que devemos fazer com você para o mar se acalmar?” Jonas 1: 8-11.
Jonas não tinha ideia da dimensão de seu erro até ser provocado pelas interrogações de alguém que estava no barco com ele. E através dessa provocação o profeta confessa sua culpa, seu erro, e de modo nobre escolhe ser sacrificado em detrimento da salvação de uma maioria inocente, grande Jonas!
Relendo o relato sobre Jonas sou provocada a compreender sobre a necessidade do arrependimento e do perdão, da importância de não menosprezar a tempestade que pode atingir nossa família, País, ambiente de trabalho, enfim "nossos barcos da vida"...
A provocação interrogativa dirigida a Jonas é uma espécie de “exame de consciência” que muitas vezes somos levados a fazer por ocasião das tempestades. A fragilidade humana não assegura a descoberta das causas do sofrimento; por quê estamos “nessa tempestade”? A grande teia social em que vivemos faz com que direta ou indiretamente outras pessoas sejam atingidas por nossos sofrimentos. E da mesma forma, a sociedade cobra respostas: “o que devemos fazer com você para o mar se acalmar?”.
O que fazer com quem sofre? Geralmente, o sofrer humano é algo solitário. Haviam tantas pessoas no barco com Jonas, mas ninguém quis pagar o preço por (e com) ele, preferiram “se livrar” dele. “Que pague sozinho pelos seus erros”. Claro, Jonas precisava se consertar com Deus, essa missão era dele, pois a responsabilidade do pecado é individual (Ezequiel 18: 1-32 ). Porém, na tempestade vivida por Jonas naquele barco, fica evidente a aversão humana ao sofrimento e a necessidade de se encontrar “um bode expiatório" para tal.
Lembro do sofrimento do Cristo e de como Ele foi abandonado por seus discípulos naquela hora. Ele se sentiu tão fragilizado que interrogou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 15:34). Cristo já conhecia a fraqueza da estrutura humana e sua aversão ao sofrer, porém, se sentir abandonado por Deus corroeu sua alma de tal forma que apagou de sua mente quem era e o inabalável amor de Deus para com Ele, Seu filho.
É isso que o sofrimento faz conosco: fragiliza nossas certezas.
O sofrimento de Jonas nos ensina muito sobre “tempestades”. É capaz que em meio ao açoite das ondas, da força das águas, nos sintamos sozinhos. É capaz que as expectativas em relação a consolo e solidariedade falhem. É possível que nos sintamos esquecidos até mesmo de Deus. Porém, todas as indicativas Bíblicas apontam que: “ Deus assiste seus filhos no sofrimento”.
“E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe. E disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e Ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz. ”Jonas 2:1,2.
Podemos assim extrair lições práticas da história de Jonas, entre as quais:
- Em meio a uma tempestade da vida, se estivermos afastados dos caminhos do Senhor Jesus, busquemos reconciliarmo-nos. Arrependamo-nos do pecado para encontrarmos novamente o caminho de “Nínive”, a rota da vontade de Deus para Jonas.
- Abandonemos “o barco” que está nos levando na direção contrária aos caminhos de Deus.
- Persistamos em fazer aquilo que alegra o Espírito Santo, nosso coração sentirá paz e nossa consciência não nos acusará.
- Jesus pagou o preço de nossa salvação, Ele se sacrificou por nós, assim, mediante a graça Divina, nos reergueremos diante de Deus, é Ele que nos levanta.
- Lembremos: Deus não esqueceu de nós.
- A responsabilidade pelo pecado é individual, as consequências são coletivas.
- Nem toda tempestade é consequência do pecado (vide Jó e Cristo)
- Por último: as tempestades da vida podem não representar um fim, mas novos começos permeados pela realização de um futuro marcado pelo sucesso. E sucesso aqui não significa fama, mas alegria e paz na presença de Deus e dos homens.
- Arrependimento e oração é uma necessidade no processo de reconciliação com Deus.
- Jonas sabia que Deus era longânime, misericordioso e cheio de graça para perdoar os pecadores de Nínive, porém, em sua limitada concepção de justiça, Jonas aguardava a destruição e morte daquelas pessoas. São muitos os profetas da destruição hoje em dia, apregoam destruição, morte e castigo para os pecadores. Lembre-se: Deus é bom e longânime, não tem prazer na morte e na destruição, antes quer que todos se salvem. Deus também é justo, portanto, sempre convida, avisa, fala sobre arrependimento e nada faz sem antes alertar através dos profetas. Jonas foi exemplo para Nínive e sua voz deve ecoar fortemente nos dias de hoje: "arrependam-se"!
- A graça de Deus para perdoar é maior que o juízo dos homens para julgar. Olhar para Deus e confiar em seu perdão e amor é restaurador.
Deus o abençoe, em nome de Jesus. via https://www.atendanarocha.com