Por que os israelitas levaram 40 anos para atravessar o deserto do Sinai, se este só tem 200km de largura?
A Bíblia nos relata que Moisés levou 40 anos para atravessar o deserto do Sinai com os israelitas, que saíram da escravidão do Egito. Porém, o deserto do Sinai ocupa uma península de apenas 200 quilômetros de largura. A estrada que liga o norte do Egito à Palestina pode ser percorrida em duas horas de carro (100km/h). Por que, então, a Bíblia diz que o povo levou tanto tempo para atravessá-lo?
Êxodo 13:17-18 declara:
“Quando o faraó deixou sair o povo, Deus não o guiou pela rota da terra dos filisteus, embora este fosse o caminho mais curto, pois disse: ‘Se eles se defrontarem com a guerra, talvez se arrependam e voltem para o Egito’. Assim, o Senhor fez o povo dar a volta pelo deserto, seguindo o caminho que leva ao mar Vermelho. Os israelitas saíram do Egito preparados para lutar.”
Apesar de a rota da terra dos filisteus ser o caminho mais curto para se chegar à Canaã, Deus fez o povo dar a volta no deserto, seguindo o caminho que leva ao Mar Vermelho. Por isso, a travessia levou mais tempo.
Deus estava realizando no meio dos israelitas diversos sinais miraculosos, desde que os tirou do Egito:
- Abriu o Mar Vermelho para que eles pudessem atravessar e não permitiu que os egípcios os alcançassem (Êxodo 14:21-28; Hebreus 11:29);
- Fez cair pão do céu – maná (Êxodo 16:16-21, 35);
- Fez sair água das rochas para que eles tivessem o que beber (Números 20:11);
- Fez o vento soprar forte e levar até eles codornizes do mar para que comessem, já que queriam carne (Números 11:4-6, 18, 31).
E, mesmo assim, eles duvidaram do poder de Deus de conduzi-los à Terra Prometida, Canaã. Em consequência da incredulidade, infidelidade e desobediência do povo, Deus fez com que eles levassem 40 anos para atravessar o deserto.
“E o Senhor disse a Moisés: ‘Até quando este povo me tratará com pouco caso? Até quando se recusará a crer em mim, apesar de todos os sinais que realizei entre eles? Eu os ferirei com praga e os destruirei…’” (Números 14:11-12).
O povo se queixava contra Moisés e Arão e toda a comunidade. Eles preferiam ter morrido no Egito ou no deserto, pois ficaram com medo de entrar na Terra Prometida por causa dos inimigos que lá estavam. Eles inclusive planejavam eleger outro chefe e voltar para o Egito (Números 14:1-4). Assim, eles duvidaram da fidelidade de Deus, que tinha prometido conduzi-los em segurança à Canaã, dizendo que estava com eles e lutaria contra os seus inimigos para defendê-los (Números 14:9; ver Êxodo 14:14).
Como muitos deles preferiam ter morrido no deserto, Deus enviou diversas pragas e fez com que eles morressem mesmo:
“Disse mais o Senhor a Moisés e a Arão: ‘Até quando esta comunidade ímpia se queixará contra mim? Tenho ouvido as queixas desses israelitas murmuradores. Diga-lhes: ‘Juro pelo meu nome, declara o Senhor, que farei a vocês tudo o que pediram: Cairão neste deserto os cadáveres de todos vocês, de vinte anos para cima, que foram contados no recenseamento e que se queixaram contra mim. Nenhum de vocês entrará na terra que, com mão levantada, jurei dar-lhes para sua habitação, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Mas, quanto aos seus filhos, sobre os quais vocês disseram que seriam tomados como despojo de guerra, eu os farei entrar para desfrutarem a terra que vocês rejeitaram. Os cadáveres de vocês, porém, cairão neste deserto. Os filhos de vocês serão pastores aqui durante quarenta anos, sofrendo pela infidelidade de vocês, até que o último cadáver de vocês seja destruído no deserto. Durante quarenta anos vocês sofrerão a consequência dos seus pecados e experimentarão a minha rejeição; cada ano corresponderá a cada um dos quarenta dias em que vocês observaram a terra’. Eu, o Senhor, falei, e certamente farei essas coisas a toda esta comunidade ímpia, que conspirou contra mim. Encontrarão o seu fim neste deserto; aqui morrerão’” (Números 14:26-35; veja o Salmo 95).
Deus ficou irado contra o Seu povo e fez com que ele pagasse todos os seus pecados durante quarenta anos no deserto.
Os israelitas não ficaram os quarenta anos apenas andando pelo deserto, como pensam aqueles que não leram o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia). Eles faziam acampamentos em diversos locais em muitos momentos (cf. Números 21:10-20), onde se estabeleciam por meses. Toda aquela geração literalmente passou a “morar” no deserto, até que fossem morrendo com as pragas. Esse fator contribuiu para que a viagem demorasse tanto tempo. E, assim, Deus os puniu pelos seus pecados.
Aplicações para nós
Deus tinha feito a promessa a todo o povo, mas, por causa da sua incredulidade, apenas dois entraram na Terra Prometida: Calebe e Josué. Isso nos serve de lição: Não devemos duvidar da fidelidade e do poder de Deus!
O apóstolo Paulo disse que todos esses acontecimentos foram escritos para a nossa instrução:
“Porque não quero, irmãos, que vocês ignorem o fato de que todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem e todos passaram pelo mar. Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar. Todos comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo. Contudo, Deus não se agradou da maioria deles; por isso os seus corpos ficaram espalhados no deserto. Essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram. Não sejam idólatras, como alguns deles foram, conforme está escrito: ‘O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra’. Não pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram — e num só dia morreram vinte e três mil. Não devemos pôr o Senhor à prova, como alguns deles fizeram — e foram mortos por serpentes. E não se queixem, como alguns deles se queixaram — e foram mortos pelo anjo destruidor. Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos. Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia! Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar. Por isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria. Estou falando a pessoas sensatas; julguem vocês mesmos o que estou dizendo.” (1 Coríntios 10:1-15)
O autor de Hebreus nos diz:
“Assim, como diz o Espírito Santo: ‘Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião, durante o tempo de provação no deserto, onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova, apesar de, durante quarenta anos, terem visto o que eu fiz. Por isso fiquei irado contra aquela geração e disse: Os seus corações estão sempre se desviando, e eles não reconheceram os meus caminhos. Assim jurei na minha ira: ‘Jamais entrarão no meu descanso’.
Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama ‘hoje’, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio. Por isso é que se diz: ‘Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião’. Quem foram os que ouviram e se rebelaram? Não foram todos os que Moisés tirou do Egito? Contra quem Deus esteve irado durante quarenta anos? Não foi contra aqueles que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou que nunca haveriam de entrar no seu descanso? Não foi àqueles que foram desobedientes? Vemos, assim, que foi por causa da incredulidade que não puderam entrar.” (Hebreus 3:7-19)
Por isso, os erros dos israelitas devem nos servir de lição. Não duvidemos do poder de Deus em cumprir Suas promessas e confiemos sempre no Senhor!
fonte https://defendendoafecrista.wordpress.com