Lição 12 – 20 de março de 2022 – Editora BETEL
Visões do afastamento e retorno da glória de Deus
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Sobre o afastamento e retorno da glória de Deus
Ezequiel, capítulo 11. Aqui temos:
1. A partida da presença de Deus da cidade e do templo. Depois que a mensagem foi entregue ao profeta e ele tomou pleno conhecimento dela e foi plenamente instruído como apartar o precioso do vil, então os querubins elevaram as suas asas e as rodas as acompanharam (v. 22), como antes, (Ez 10.19). Os anjos, depois que cumprem suas missões neste mundo inferior, já elevam suas asas para partir, pois não perdem tempo. Nós vimos a glória do Senhor, pela última vez, na porta oriental do templo (cap. 10.19) e aqui está escrito que ela está no meio da cidade.
Agora, lemos que, percebendo e imaginando que não havia ninguém que intercedesse, ninguém que defendesse o seu retorno, ninguém que convidasse ao retorno, ela se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade (v. 23). Este era o monte das Oliveiras. Sobre este monte, eles tinham colocado seus ídolos, para confrontar a Deus no Seu templo, quando Ele habitava ali (1Rs 11.7), e por isto ele foi chamado de “monte da Destruição” (2Rs 23.13, na versão RA). Por isto, ali Deus, de certa forma, coloca o Seu estandarte, o Seu tribunal, como para confrontar aqueles que pensavam ter a posse do templo para si mesmos, agora que Ele o tinha abandonado. De cima daquele monte havia uma visão completa da cidade.
Para lá foi Deus, para cumprir o que tinha dito (Dt 32.20): “Esconderei o meu rosto deles e verei qual será o seu fim”. Foi deste monte que Cristo contemplou a cidade, e chorou por ela, prevendo a sua destruição final pelos romanos. A glória do Senhor foi para lá, para ficar ali, como ainda dentro do alcance para ser chamada e pronta para retornar se agora, por fim, sendo este o seu dia, eles tivessem compreendido as coisas que pertenciam à sua paz. Aquele que se nega a partir se despede.
Deus, partindo desta maneira, lentamente, gradualmente, indicava que Ele os deixava com relutância e não teria ido, se eles não o tivessem forçado a sair completamente do meio deles. Agora, Ele realmente diz, “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel?” Mas embora Ele tolere por muito tempo, não tolerará para sempre, mas, no final, abandonará e expulsará, para sempre, àqueles que o abandonaram e expulsaram.
2. O afastamento desta visão do profeta. No final, ela se foi dele (v. 24). Ele a viu subir, até desaparecer da sua vista, o que seria uma confirmação, para a sua fé, de que ele tinha tido uma visão celestial, que desceu do alto, pois para lá retornou. Observe que as visões que os santos têm da glória de Deus não se cumprirão, até que retornem ao céu. Eles têm lampejos desta glória, que logo perdem novamente, visões que se afastam deles, amostras de prazeres divinos, mas não uma celebração contínua. Foi do monte das Oliveiras que a visão subiu, como um tipo da ascensão de Cristo aos céus, daquele mesmo monte, quando aqueles que o tinham visto manifesto em carne não mais o viram. Foi predito (Zc 14.4) que os Seus pés estariam sobre o Monte das Oliveiras, que ali seria a sua última parada.
3. O retorno dos profetas àqueles que estavam em cativeiro. O mesmo espírito que o tinha levado a um êxtase, à Jerusalém, o trouxe de volta à Caldéia. Pois ali estão, atualmente, os laços da sua habitação e ali é o lugar da sua adoração. O Espírito veio a ele, não para libertá-lo do cativeiro, mas (o que era equivalente) para sustentá-lo e consolá-lo no seu cativeiro.
4. O relato que ele fez aos seus ouvintes de tudo o que tinha visto e ouvido, v. 25. Ele recebeu, para que pudesse dar, e foi fiel ao que o constituiu. Ele entregou a sua mensagem com muita honestidade. Ele lhes falou aquilo que Deus lhe tinha mostrado, e somente aquilo. Ele lhes falou da grande iniquidade que tinha visto em Jerusalém, e da destruição que se precipitava sobre a cidade, para que não se arrependessem de ter se rendido ao rei da Babilônia, como Jeremias lhes tinha aconselhado, e não se culpassem por isto. Nem invejassem àqueles que tinham ficado para trás, e riram deles, por partirem. Nem desejassem estar ali outra vez, mas ficassem satisfeitos no seu cativeiro. Quem cobiçaria estar em uma cidade tão cheia de pecado e tão próxima à destruição? E melhor estar na Babilônia, sob a benevolência de Deus, do que em Jerusalém, sob a Sua ira e maldição. Mas, embora isto fosse transmitido imediatamente aos do cativeiro, podemos supor que eles enviassem o conteúdo desta mensagem aos de Jerusalém, com quem tinham correspondência. E teria sido bom que Jerusalém tivesse aceitado o aviso dado aqui.
Ezequiel, capítulo 43. Depois de Ezequiel ter pacientemente feito um levantamento das medidas do templo de Deus, a maior glória desta terra, lhe é permitido conhecer uma forma mais elevada, ele é honrado com uma visão das glórias do mundo superior; é dito a ele: “Sobe aqui”. Ele tinha visto o templo e viu que era muito espaçoso e suntuoso. Mas até a glória de Deus entrar no templo, ele era apenas como os cadáveres que ele tinha visto na visão (cap. 37), que não tinham fôlego até que o Espírito de vida entrou neles. Aqui, portanto, ele vê a casa cheia da glória de Deus.
Ele tem uma visão da glória de Deus (v. 2), a glória do Deus de Israel, o Deus que está em aliança com Israel e a quem eles servem e adoram. Os ídolos dos gentios não têm glória alguma além daquela que devem ao ourives ou ao pintor. Mas esta é a glória do Deus de Israel. Esta glória vem “do caminho do oriente”. Portanto, Ezequiel foi levado “à porta que olha para o caminho do oriente”, para esperar a manifestação e a aproximação dela. A estrela de Cristo foi vista no oriente e Ele é aquele outro anjo que sobe da “banda do sol nascente”, ou oriente, (Ap 7.2). Porque ele é a estrela da manhã, Ele é o sol da justiça. Ezequiel observou duas coisas nesta manifestação da glória de Deus:
1. Ele ouviu o poder da palavra de Deus: “A sua voz era como a voz de muitas águas”, que é ouvida muito longe e impressiona. O ruído de rios em remoinho é agradável, de um mar rugidor é assustador, (Ap 1.15; 14.2). O Evangelho de Cristo, em cuja glória Ele brilha, deve ser proclamado em voz alta, o seu estrondo deve ser ouvido longe. Para alguns ele é cheiro de vida, para outros, cheiro de morte, dependendo da maneira como vivem.
2. Ele viu o brilho da manifestação da glória de Deus: “A terra resplandeceu por causa da sua glória”. Deus é luz e ninguém pode suportar o resplendor da sua luz, ninguém já viu nem pode vê-la. Observe que a glória de Deus que brilha na igreja, brilha no mundo. Quando Deus apareceu para Davi, o resplendor da Sua presença espalhou as nuvens, (Sl 18.12). Ezequiel observou que o aparecimento da glória de Deus a ele era o mesmo que ele tinha visto na visão que tinha tido quando recebeu a sua comissão pela primeira vez (cap. 1.4), similar à que viu junto ao rio Quebar (v. 3). Pelo fato de Deus ser o mesmo, Ele se agradou em se manifestar do mesmo modo, porque nele não há mudança. “O aspecto da visão que vi era (ele diz) como o da visão que eu tinha visto quando vim destruir a cidade, isto é, quando vim predizer a destruição da cidade” – ele o fez com tanta autoridade e eficácia, que o evento atendeu tanto certamente a predição, que poderia se dizer que ele a destruiu. Como um juiz, em nome de Deus, ele passou uma sentença sobre ela, que foi logo executada. Deus se manifestou da mesma maneira quando o enviou para proferir palavras de terror e quando o enviou para falar palavras de consolação. Porque nos dois casos, Deus é e será glorificado. “Eu mato e eu faço viver. Eu firo e eu saro”, (Dt 32.39). Devemos buscar o livramento da mesma mão que destruiu. Ele “fez a ferida e a ligará”. Una eademque manus vulnus opemque tulit -A mesma mão que infligiu a ferida, a curou.
Eis que do caminho do oriente vinha a glória do Deus de Israel. Como o sol se levanta no oriente e ilumina o céu, de horizonte a horizonte, assim a glória de Jeová, o Sol da alma, iluminará todos os homens. A chegada da presença divina é anunciada universalmente, e o grito de triunfo é como o som de muitas águas, ouvido por todos os homens da terra. Todo o globo terrestre brilha com a Sua glória que vem depois de uma noite escura de sofrimentos, quando o povo desiste de praticar sua idolatria-adultério-apostasia. A luz de um novo dia brilha sobre o povo renovado.
A glória do Senhor entrou no templo pela porta que olha para o oriente. A glória de Jeová, vinda do oriente, entrou no templo pelo Portão Oriental e foi diretamente para o Santo dos Santos. Dessa maneira, a glória Shekinah foi restaurada a Israel. O velho dia de iniqüidades terminou. Com o Novo Dia, o Reino do Messias (nos seus passos iniciais) se iniciou. Esta visão foi tão dramática quanto aquela da destruição de Jerusalém. Os capítulos 1, 9 e 10 de Ezequiel descrevem este acontecimento em detalhes. A primeira visão foi recebida perto do rio Quebar, onde o profeta se prostrou, com o rosto no chão, tão aterrorizado estava. Agora, no novo templo, o dia escuro esvanece na luz do novo dia.
Assim Israel renovado e dedicado fica esperando por Deus. Ele volta da mesma maneira grandiosa que tinha saído. O autor aqui consegue captar uma partícula da essência do Evangelho. O Deus que julgou é o mesmo que restaura, anulando deslealdades do passado. Seu amor nos ganha de volta, e o que Ele ganhou, Ele transforma.
A glória de Jeová era tão grande que encheu o templo inteiro, não meramente o Santo dos Santos. A mesma glória encheu o tabernáculo (Êx. 40.34-38; Lev. 9.23). No fim, a própria Terra será o templo que Deus encherá com Sua glória (Is 11.9 e Ag 2.7,9). O profeta foi sujeito a uma experiência mística, visionária, de grandes proporções. A experiência do versículo 5 é atribuída à presença e atuação do Espírito. O Espírito é o principal fator do misticismo bíblico.
Embora na nova aliança, nós sejamos a habitação de Deus, o Templo continua sendo o lugar de adoração do povo de Deus. Sendo assim, devemos respeitá-lo e demonstrar reverencia o entrar para adorar.
A queixa de Deus com os israelitas é que eles estavam profanando o Templo com idolatria, ofertas impuras e pecado. Ou seja, o Senhor está atento ao nosso comportamento e ao que é feito no Templo. Por isso, devemos estar atentos quando entrarmos na Casa de Deus.
Assim como o Templo de Deus deve ser o lugar de adoração a Ele, através do Espírito Santo que em nós habita, somos templo do Senhor, portanto, devemos ser santos como Ele é santo. As atitudes, a reverência, o temor e o tremor que devotamos a Deus devem ser constantes para que, aos Seus olhos sejamos agradáveis e alcancemos graça. Simples assim.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 1º Trimestre de 2022, ano 32 nº 122 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – Ezequiel –O profeta com a mensagem de juízo, arrependimento, restauração e manifestação da glória de Deus – Pastor Valdir Alves de Oliveira.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.
fonte https://www.revistaebd.com