Lição 09 - 3º trimestre 2022 - O tesouro no céu, a candeia e a busca do reino

 SLIDES / VISUALIZAR / BAIXAR



HINOS SUGERIDOS

♫ Hino 2 

♫ Hino 77 

♫ Hino 432 

♫ Hino 620 

Sobre a busca do Reino, o tesouro no céu e a candeia

Mateus 6.19-23 – Aqui começa a quarta secção do sermão: a dedicação a Deus em religião autêntica (versículos 19 a 34). Esta secção aborda especialmente o materialismo, em contraste com a espiritualidade. Constitui o “Manifesto contra o Materialismo” dos ensinos de Jesus. Estes versículos, que abrangem mais da metade do capitulo, nos ensinam a verdade dos cuidados de Deus por nós, e, em consequência, o fornecimento para nossas necessidades materiais. Esse ensino tem passado despercebido, tanto que por muitas vezes aqueles que não têm riquezas, não as têm somente porque não encontraram a oportunidade ou a habilidade para adquiri-las, e não porque não tivessem a vontade de possuídas. O deus mamom os atrai mais fortemente que o Cristo da Galiléia. E possível que até mesmo pessoas que não são ricas tenham como deus a mamom. O resumo deste ensino é: — “Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. ” Mateus 6.33.

Jesus não alude aqui aos tesouros, mas à acumulação das riquezas propriamente ditas (a palavra aqui usada pode significar uma ou outra coisa).

Traça. É mencionada porque os tesouros orientais incluíam roupas de grande valor (Jó 27.16; Isaías 50.9; 51.8).

Ferrugem. Vem de uma palavra genérica que indica diversos agentes que desgastam as coisas de valor, e não só os objetos de metal.

Escavam (minam). Os gregos chamavam os ladrões de os que escavam a lama, porque geralmente escavavam as paredes feitas de barro (lama secada ao sol), a fim de penetrarem em alguma casa. Era mais fácil fazer buracos nas paredes do que arrombar portas trancadas. Nota-se que os tipos de tesouro, os lugares onde estes eram acumulados e a maneira de adquirir tais tesouro, são todos terrenos, mundanos.

Tesouros nos céus. Em contraste com os tesouros da terra, os próprios tesouros celestes, o lugar onde são acumulados e a maneira de ser adquiridos, tudo é do outro mundo. Além desses contrastes com os tesouros terrenos, os tesouros nos céus são eternos e não estão sujeitos aos assaltos dos ladrões.

Nota-se que, em contraste com outras promessas existentes neste sermão, Jesus não promete galardão ou tesouro algum nesta terra, e nem mesmo no reino que Ele vai estabelecer. Tais tesouros estão reservados nos céus. A maior parte da multidão para a qual falou provavelmente já compreendera a verdade desse ensino. Os maiores tesouros nos esperam no outro mundo.

Os discípulos de Jesus devem ser ricos em boas obras (1 Timóteo 6.18), ricos na fé (Tiago. 2.5), e são herdeiros das insondáveis riquezas de Cristo (Efésios 3.8).

Essa verdade também é ilustrada pela história de Henry van Dyke, The Mansion, que narra que um homem riquíssimo, dono de vasta mansão na terra, ao chegar no céu encontrou uma minúscula cabana a esperá-lo. Essa cabana representava todos os materiais que ele enviara à sua frente, para serem utilizados na edificação de sua morada celeste. Mas um médico pobre, que enquanto na terra costumava vir tratá-lo, ao chegar ao céu encontrou uma mansão real, e foi-lhe esclarecido que a mesma fora construída com os materiais que ele enviara à sua frente para serem usados com esse propósito. De maneira muito real, ainda que não materialista, como nessa ilustração, construímos nossa própria mansão no outro lado da existência. Provavelmente compreendemos pouquíssimo do que está subentendido nessas palavras. O Novo Testamento não ensina a igualdade na outra vida, entre os salvos, como também não ensina o nivelamento do castigo para os que estão perdidos.

Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Estas palavras indicam a verdade, dita mais adiante, de que é impossível a alguém servir a dois senhores: a mamom, que personifica as riquezas, sendo o deus das riquezas; ou ao Pai Celeste, Deus (versículo 24).

Finalmente, temos de declarar nossa preferência e escolha. Lutero disse que o deus de um homem é aquilo que ele ama. Não é pecado amealhar dinheiro, como vemos em II Coríntios 12.14, quando visa a segurança do futuro ou o emprego em algo importante; mas desgastar os pensamentos e as próprias forças para fazer isso, é pecado. Quando não amamos muito as coisas mundanas, não temos grande cuidado em aumentá-las, mas importa-nos apenas obter o necessário para a existência. O que consideramos tesouro é aquilo que atrai a nossa atenção e que nos desgasta as forças. Paulo escreveu: “...buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. ” (Colossenses 3.1).

A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus forem bons, todo o teu corpo terá luz. Os versículos 22 e 23 formam uma pequena parábola cuja conexão, dentro do texto, não é inteiramente clara. Provavelmente essas palavras não significam:

1. O olho como símbolo da luz ou da inteligência interior de que precisamos para cumprir bem os nossos deveres (assim interpretou Crisóstomo).

2. Ou que precisamos preservar a habilidade de receber luz moral e espiritual, assim como o olho recebe e usa a luz natural para guiar o corpo, a vida física. Provavelmente isso faz parte do sentido total.

3. Talvez não esteja em vista somente a idéia comum entre os judeus, que achavam que o olho mau era símbolo da avareza.

4. O sentido principal fala da simplicidade, em contraste com a duplicidade. Provavelmente os fariseus e outras autoridades religiosas deram ensejo a essa ilustração. Tais homens transformavam a religião em um grande drama mundano, motivados somente pelos interesses pessoais. Não se pode dizer que nunca tiveram algum impulso espiritual, mas este sempre surgia mesclado com considerações individuais. Jesus acabara de dizer a verdade sobre os tesouros na terra e nos céus. Alguns desejam possuir ambas as coisas, e assim pretendem servir aos dois senhores, ao Deus dos céus e a mamom, na terra. Tais indivíduos praticam a duplicidade, e não possuem olhos simples.

Bons. A tradução mais certa é simples, ou não múltiplos. No grego clássico o vocábulo era usado para significar simplicidade de propósitos ou de intenção. (Ver Provérbios 4.25-27). O olho saudável vê uma imagem só, e não duas, como sucede no caso de certas doenças dos olhos. Assim também, a alma banhada de luz espiritual vê somente uma imagem, é orientada por um só propósito, serve a um só Deus, busca as riquezas celestes e não também as terrenas, e serve a um só código de moral. O olho natural é o órgão que capta a luz e que guia todos os membros do corpo em suas ações. A alma, a mente simples, recebe luz espiritual para guiar a vida toda no caminho de Deus.

Olhos...maus. Significa olhos enfermos, não funcionam corretamente, especialmente (conservando a idéia do vs. anterior) os olhos que não podem captar uma única imagem, mas sempre enxergam duas imagens distintas. Jesus fala da faculdade espiritual, utilizando-se do símbolo da visão. Se essa faculdade não for normal, mas enfermiça e fraca, dificilmente o indivíduo poderá praticar bom senso espiritual para evitar servir a dois senhores. Os fariseus sofriam dessa duplicidade espiritual, e o tipo de religião por eles praticado demonstrava que resultado se pode esperar desse tipo doentio de visão.

Paulo também lançou mão do termo olho como símbolo da faculdade espiritual. “...iluminados os olhos do vosso coração” (Efésios 1.18) disse ele, referindo-se à iluminação da alma pela ação do Espírito, cujo resultado é dado em seguida; “para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos, e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos” (Efésios 1.18,19). Mediante a faculdade espiritual do homem, o Espirito ilumina, mostrando aquilo que é mais importante para o homem: as riquezas espirituais, o destino do homem no plano de Deus, e a sua herança em Cristo. Se essa faculdade for fraca, treinada incorretamente, cheia de sombras, então o homem terá uma idéia distorcida sobre os propósitos e desígnios da vida.

A luz seja trevas. Há diversas ideias sobre o sentido dessas palavras:

1. Idéia moderna: expressão forte para indicar a grandeza das trevas espirituais.

2. A luz seria a mente humana, a faculdade de receber a luz de Deus.

3. O resto da natureza divina (aquela porção que o homem ainda não perdeu totalmente) que ainda perdura no homem. Ver João 8.47; 18.37.

4. A faculdade de raciocinar, que permite receber a luz de Deus e interpretar corretamente. Provavelmente isso é que Jesus queria indicar, se juntarmos essa idéia ao testemunho do Antigo Testamento e a outros meios utilizados por Deus para nos iluminar (por exemplo, a luz). Se esses meios de iluminação forem transformados em trevas, por meio da natureza pervertida do homem, então as trevas resultantes serão maiores do que as trevas que usualmente acompanham a natureza humana que de forma alguma é iluminada. Da mesma maneira que a lei provoca ao pecado (ver Romanos 5.20), assim também, a luz pervertida produz trevas ainda mais densas.

A visão celestial não pode ser cristalina enquanto os nossos olhos não forem límpidos. O mundo não pode ser novo enquanto não for renovada a nossa visão interior. A impressão que recebemos de todo o mundo visível depende da qualidade de nossa visão material. Outro tanto diz respeito à visão íntima de Deus. Possuímos olhos espirituais com os quais podemos contemplar essa glória.

É importante frisar que, enquanto o autêntico e esforçado cristão procura constantemente purificar-se de forma a clarear a visão espiritual, o inimigo de nossas almas, a cada dia que passa, encontra novos meios de embaçar nossos olhares através da exposição ostensiva de todos os tipos de símbolos satânicos, inseridos na cultura do mundo pós-moderno.

Resta a nós o exercício constante de auto aprimoramento e da disciplina, a busca de intimidade com o divino através da Palavra de Deus, da presença do Espírito Santo e da obediência fiel ao Senhor, como armas efetivas de combate contra as hostes espirituais, para que não deixemos que nossos pés vacilem durante a nossa caminhada rumo ao céu.

Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 3º Trimestre de 2022, ano 32 nº 124 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens e Adultos – Professor – Sermão do Monte – A ética, os valores e a relevância dos ensinos de Jesus Cristo – Bispo Abner Ferreira.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.  https://www.revistaebd.com